Você deveria assumir, Haruyoshi — aquela frase saia de sua mente.

Porque não assumi de verdade? Porque não diz que gosta dela? Que ama a voz dela? Que deseja que ela seja sua? Apenas diga, diga, diga, mas Haruyoshi mantinha-se em silêncio quanto aqueles sentimentos traiçoeiros que começaram a rastejar de sua mente buscando algum reconhecimento.

Ele jamais diria que aquela frase que repetiu várias vezes em tom de brincadeira, era na verdade real. Não podia, pois sabia que seu coração seria quebrado no momento que pronunciasse seriamente aquela sentença, e havia o medo da rejeição dela.

Da rejeição de Miou.

“Eu gosto de você, Miou”.

Não importava quantas vezes repetisse para ela aquelas palavras – Miou nunca o ouviria de verdade, e “Não imposta quantas vezes eu ouça, e muito engraçado”, e logo depois ela sorria daquele jeito e voltava a ser a Miou que ele adorava, e ele passava as mãos pelos cabelos dela, e fingia que era apenas uma piada, mas no fundo do seu coração não era uma piada.

Era a mais dolorosa e pura verdade.

Ele gostava de Miou, era apaixonado por aqueles olhos e pela voz dela.

Para ele, Miou, era a sua Alice, porém Miou queria pertencesse a Yuzu –, quantas vezes fingiu que aquilo era uma brincadeira? Quantas vezes a fez rir por causa do Yuzu? Quantas vezes quebrou seu coração para que ela parasse de chorar? Ou sentir qualquer sentimento ruim por Yuzu? Aquele baixinho viciado em leite que não percebia o quanto Miou gostava dele.

Mas é claro, Alice... Yuzu só pensava em Alice, e apenas Alice – não havia lugar em sua mente para Miou –, e na pequena e apaixonada cabeça de Miou, não havia lugar para ele.

“Me enxergue, Miou, me enxergue”, a cada segundo que Miou olhava para Yuzu – Haruyoshi observava ela, e silenciosamente no fundo de seu coração desejava que Miou olhasse para ele, e que ela observava e visse seus sentimentos por ela.

Queria que fosse sua Alice – apenas dele, e de mais ninguém – Haruyoshi apenas iria ajudar como poderia, mas desejava do fundo do seu coração aquele sentimento para si.

Um sentimento reciproco ao dele.