***POV STEVE***

— Dance comigo?

Ela sorriu e meu coração pulou. Cristo! Ela é tão especial para mim que me dá até medo de que algo aconteça

— Nós dançamos na ilha

— Eu vou te mostrar o quanto é bom do nosso jeito aqui no "Mundo dos Homens"

— Humm tudo bem, Major Trevor, você me convenceu

Eu só podia agradecer a suas divindades por tê-la em meus braços mesmo que fosse por minutos passageiros.

A segurei firme e me aproximei totalmente encantado por essa mulher. Nós nunca hesitamos a troca de olhares.

— Não há música

— A gente inventa. Se deixe ser guiada, saia do controle ao menos uma vez, senhorita Prince – ao lado dela eu me tornava tão corajoso, perdia até a cautela –

Não sabia se seu silêncio era um bom ou mau indicativo.

— No que está pensando?

— Em como minha vida mudou em tão pouco tempo e que o mundo dos homens não é nada do que eu pensei que fosse

— É horrível? – de novo esse sorriso, de repente eu só queria sempre ser o motivo dele –

— Sim

Essa não era a resposta que eu queria ouvir, parecia que um soco tinha sido dado na boca do meu estômago. De repente me veio a culpa por fazê-la sair do seu lar.

— Diana, eu só... sinto muito por ter causado todo esse tumulto e se eu pudesse mudar isso... – ela pôs a mão em minha boca ao mesmo tempo que encostou nossas testas –

— Não precisa se sentir responsável, Steve. Os deuses quiseram assim, você está no meu destino e ninguém tomou essa decisão, eu quis vir, sabia das consequências. É muito bom ter você me guiando aqui

Tínhamos fechados os olhos, de alguma forma era mais fácil das palavras saírem, de serem ouvidas. Eu não consegui segurar a vontade de abraça-la, não estava tão frio, mesmo assim ela tremeu suavemente e eu gostei disso.

— Nunca me perdoaria se te fizesse infeliz, Di

Não precisava tocar naquele lasso, só em estar perto dela a verdade simplesmente saía facilmente.

— Eu não acho que tive tão bons momentos como os que tenho com você.

Agora estávamos envergonhados e tentando esconder num potinho o que sentíamos, porque a guerra não tinha acabado.

//

***POV DIANA***

Já era noite e um dos companheiros próximo a Steve tombou em combate. Ele estava calado e recluso, olhando o rio, os dias eram desgastantes, mas ele não reclamava em nenhum momento, com toda essa tensão ele não derramou uma lágrima, mas eu posso sentir sua dor, pois seus olhos cheios de vida, estavam tristes. Ele não tinha noção do quanto eu o admirava por ser justo, nobre e até seu cinismo era um charme.

Deitei ao seu lado para olharmos o céu. 

— Oi – digo meio incerta 

Ele dá um meio sorriso

—Você devia descansar

— O mesmo para você – ignoro isso, ele sabe que sou imortal –

— Como está se sentindo?

— Vazio. – ele faz uma pausa, talvez escolhendo as próximas palavras – Por um lado ele não está sofrendo aqui como outros, agora ele descansa. 

Eu entrelacei nossas mãos, a dele era tão fria e a minha era quente, naquele momento eu só queria cuidar dele.

— Ele era um bom homem

— Sim e gostava muito de tê-la por perto. Sabe, quando eu era pequeno, ficava com minha mãe formando animais imaginários nessas constelações.  

— Onde está sua família, Steve?

— Minha mãe morreu quando eu tinha 11 anos, meu pai nunca foi encontrado enquanto pilotava numa missão. Eu e minha irmã fomos criados por parentes mais distantes, ela fugiu da guerra para o Brasil com meu casal de sobrinhos. Eles iriam adorar conhecer você

— E eu a eles. Sinto muito por trazer à tona lembranças dolorosas – senti sua mão apertar a minha –

— Hey! Não é culpa sua, anjo – toda vez que eu ouvia isso, eu ficava sorrindo que nem uma boba –

Ele levou nossas mãos para o peito e pude sentir seu coração acelerado, assim como o meu era naquele instante. Eu achava que meu coração era protegido, mas Steve soube se infiltrar e isso me apavorava. Foi a primeira vez que dormi completa e era por estar ao lado dele.

//

Quando eu ouvi a notícia de que Steve tinha se ferido, uma angústia tomou conta do meu peito, voei mais rápido que uma bala até o hospital mais próximo.

Havia um congestionamento de enfermos na minha frente e eu só buscava o meu sobrevivente, repentinamente eu me senti mal por ser tão egoísta, sabia a todo momento que ficaria e ele não, mas nem quero pensar nisso, espero que demore bastante tempo para isso acontecer. Hera me dê forças. 

— Ele está ali, senhora.

Estava dormindo e com uma faixa na cabeça, seu peito e braços nus com cicatrizes recentes e antigas. As pontinhas dos meus dedos deslizaram por seu rosto inconsciente. Lentamente ele foi abrindo os olhos, aqueles os quais eu me perdia completamente, eu acho que nunca iria me acostumar com o azul deles.

— An...jo – balbuciou

— Não faz mais isso

— Na...o ... vou... te... dei..xar – ele voltou a dormir e eu orei aos meus deuses por tê-lo de volta 

A semana passou e vinha sempre aqui ficar com ele quando não estava no campo de batalha, Steve já estava melhor, porém o curativo na cabeça precisava cicatrizar para que não infeccionasse.

— Sabe, não é direito uma moça ficar olhando o tórax nu de um cara indefeso

Pelos Deuses! Ele tinha me flagrado

— Eu não sou daqui mesmo e também não tem nada aí que eu já não tenha visto. 

— Vou te contar a história de cada uma delas, senta que é longa...

— Mas e essa daqui que parece ser nova?

Ele corou

— Ah essa foi do lasso

— Não lembro de você ter mentido

— Bem, foi logo depois que você saiu para vestir a armadura. A rainha, sua mãe, o que seja, o colocou em mim e perguntou se eu tentaria fazer algo com você.

— E?

— Por que não esquecemos isso?

— Porque eu quero saber, não me faça colocar ele para saber a verdade

— Tá bom, eu conto. Ela perguntou se eu tinha sentimentos profundos por você e eu disse que não, aí ele me queimou, satisfeita?

Fiquei sem saber o que fazer diante dessa revelação

— Mas... nós mal nos conhecíamos

— É, eu também não entendi na época, agora tudo faz sentido, o que eu achava que era carinho e amizade, era muito mais. Bom, agora que você já sabe, pode dizer que sou um idiota mortal, que não tem nenhuma...

— Quieto, Steve. Eu acho que... eu te amo

— Diana, um dia vou morrer e você tem... O que?

Pulei na sua cama e o beijei, como eu queria isso fazia tempo, só estava esperando esse tonto tomar a iniciativa, mas ele precisava de um empurrãozinho.

— Eu te amo, anjo e vou fazer de você, a mulher mais feliz do mundo.

//

***POV STEVE***

Quando a guerra acabou e Diana deteve Ares, finalmente pudemos namorar em paz e eu nem acreditava que estávamos aqui, vivos e felizes, só faltava uma coisa para ficar completo.

— Eu te disse que sabia da biologia humana

— Sou a prova de que sabe. Depois eu vou te ensinar uma coisinha nova

— O que? Me conta

— Surpresa não se conta. Agora, o que acha desse anel dourado no seu dedo

— Steve, isso significa o que?

— Isso simboliza o nosso amor e que ao seu lado, eu mudei, você me deu esperança e me fez sentir coisas que eu jamais senti por nenhuma outra mulher. Nós passamos por várias situações, mas eu quero estar sempre com você, te protegendo, mesmo que você não precise. Quero te abraçar, quero olhar esse seu sorriso lindo... Significa que anseio passar o resto dos meus dias ao seu lado, nos bons e nos maus momentos. Você aceita ser minha esposa?

Eu estava emocionado e ela também

— Claro que eu aceito e quero tudo com você. Eu não me sinto Deusa com você, eu me sinto apenas Diana, seu anjo. Nosso vínculo é tão forte, Steve que eu até tenho medo, me sinto vulnerável, mas eu gosto. Eu achava que era feliz lá na Ilha, porém no fundo eu me sentia incompleta até conhecer você e me apaixonar verdadeiramente.

Pus o anel em seu dedo e beijei o local. Fiz uma promessa de nunca deixaria de amá-la. Mais uma vez concretizamos nossas juras de amor, sem pressa de sentir a plenitude de tudo que nos envolvia.

(...)

Iriamos fazer uma cerimônia simples, Etta e o seu namorado eram nossos padrinhos, fora difícil fazer meu anjo entender que tinha que usar um vestido branco e não sua armadura, esse era um dos encantos de Diana. Quase tudo correu bem até o momento que as amazonas apareceram aqui e Hipólita, minha sogra, queria me decapitar.

— Mãe, se você for matar o Steve, vai ter que me matar primeiro. Ele é o homem que eu amo e você nada pode fazer contra isso

— Minha filha, você não sabe o que diz, mas eu vou respeitar sua decisão. Quanto a você, forasteiro, cuide bem da minha filha, senão eu cumpro o que estava disposta a fazer.

Ela podia ser filha de deuses, imortal e ter sido exilada do lar das amazonas e eu, um mero piloto da força aérea americana, mas algo maior nos uniu e nada, nem ninguém separaria.

FIM