O despertador vibrava ao lado da cama do garoto de onze anos, uma mão jovem percorria as cegas pelo criado mudo para desligar o objeto e acabava pousando um um envelope que lhe despertava completamente, ele se sentava e observava atentamente cada uma das letras douradas que decoravam o pedaço de papel. Estava sorrindo e antes de tudo olhava em volta, devagar ele abria o papel e tirava um pedaço de pergaminho que segurava com cuidado como se qualquer movimento pudesse amassa-lo. Era dia 1 de Janeiro.
Ele corria imediatamente para o corredor, seus gritos eram animados e suas risadas faziam eco por toda a extenção daquele local, disparava para o quarto de sua mãe ainda adormecida e pulava na cama enquanto gritava varias vezes, o mal-humor da mulher ao acordar era nitido em sua face, o garoto por sua vez não se importava e continuava a pular até que ela o olhava ameaçadoramente.
—São 7:30 ainda, não acha que é muito cedo para alguem da sua idade estar acordado? -Ela dizia, agora parecia mais simpatica e bocejava durante a frase, se o garoto não estivesse acostumado poderia não ter entendido.
—Chegou, chegou a lista para o meu primeiro ano. - Ele mostrava imediatamente o pergaminho para a mãe, ele mantinha um sorriso e olhava atentamente para sua mãe enquanto ela lia.
Ainda sorria ao ver que a expressão de sua mãe se transformava de mau-humor para um sorriso acolhedor de acordo que seus olhos passavam em cada linha daquela lista, ela se levantava rapido e se dirigia ao banheiro, o garoto teria seguido ela se não fosse impedito por uma porta, ficara parado ali no corredor em frente ao banheiro durante um tempo antes de correr para o andar de baixo, ele pensava muito sobre o que fazer assim que chegasse na escola e finalmente pudesse usar algo como uma varinha.
Sentava-se no sofá de couro da sala e pegava um jornal da mesa de centro "Diario dos Bruxos", logo na primeira pagina tinha a foto de um garoto se mexendo , parecia ter mais ou menos a mesma idade que ele, tinha uma cicatriz na testa notara ele. Logo abaixo da foto haviam grandes letras dizendo ''HARRY POTTER INGRESSARA ESTE ANO EM HOGWARTS''. Dava para ouvir passos na escada atraz de si o que dava a entender que sua mãe estava descendo, ela vestia uma camiseta branca com o nome dela bordado "Marcela Ribeiro", tambem vestia uma saia que terminava nos joelhos e botas.
—Já esta pronta para o trabalho? - Ele perguntava triste, olhava sua mãe de alto a baixo analisando que ja estava completamente uniformisada para o trabalho no governo, não sabia exatamente o que ela fazia, apenas sabia que tinha contato direto com o Bruxo que era responsavel por todo o estado de São Paulo.
—Sim mas antes vou levar você para comprar seu material e depois vou te deixar para pegar o navio que vai para o Castelobruxo. - Ela dizia sorrindo para ele enquanto se aproximava e lhe bagunçava os cabelos, não que fizesse diferença- Ainda vou ficar um tempo com você, viu?
Ele a observava pegar um pequeno saco onde continha uma quantidade consideravel de pó de Flu e estender para o garoto, ja tinha feito isso antes quando visitaram seu avô antes dele morrer e tambem quando foram no quartel da Guarda Magica quando seu pai morreu durante uma luta contra bruxos das trevas. Ele enchia a mão com o pó de Flu e se dirigia a lareira que ficava ao lado da televisão, eles moravam em um bairro de trouxas apesar da casa deles serem camuflada para que a magia ali não fosse vista. Entrava na lareira e olhava inseguro para a mãe, esperava que ela dissesse para onde ele tinha que ir.
—Vale dos sonhos. -Ela dizia baixo para o garoto, ela ja pegava um pouco do pó de Flu tambem e colocara o saquinho na bolsa.
—VALE DOS SONHOS. - Repetia ele com firmeza e então começara a girar na lareira saindo em uma outra, era uma loja muito bonita e estava repleta de roupas e tecidos, haviam muitas crianças e todas elas acompanhadas de seus pais, ele saia devagar da lareira e sua mãe surgia girando logo depois.
Ela colocava a mão no ombro do menino e o guiava pela multidão até chegar no balcão onde haviam algumas pessoas trabalhando, fazendo caixas flutuarem para os clientes e pegando o dinheiro do mesmo jeito, sua mãe ja pegara uma pequena quantidade de ouro quando um dos funcionarios daquela loja vieram atende-la.
—Um uniforme para o primeiro ano no Castelobruxo por favor. - Logo uma caixa voava para as mãos dela enquanto que o dinheiro ia para o funcionario, ela agradecia sorrindo e eles saiam da loja pela porta.
Era uma enorme praça circular fechada por construções de lojas, no centro havia uma fonte onde a estatua de um bruxo adulto soltava agua pela ponta da varinha que ele mantinha erguida, de vez em quando a agua parava e ele cumprimentava todos com um sorriso e dava bom dia para as pessoas antes de começar a soltar agua novamente. Agora era levado pela mão para uma loja, uma grande varinha no letreiro que fazia aparecer e desaparecer as palavras "Varinhas Amigas", ao entrar la eram atendidos imediatamente por um adolescente que era no maximo 4 ou 5 anos mais velho que o garoto.
—Sim, o que desejam? - Perguntava ele para a mãe do garoto, logo ele abria um sorriso e olhava da mulher para o menino.- TIA MARCELA? Não me diga que esse ai é o Luquinhas? Nossa, como o tempo passa, ja esta na idade de comprar a varinha.
—Sim, tem razão Pedro, mas... sera que pode trazer logo as varinhas, é que tenho que ir para o escritorio ainda. - Ela dizia, sorria para o garoto mas batia a sola da bota no chão mostrando impaciencia e pressa.
—Claro claro. - Ele adentrava no meio das caixas e logo voltava com uma na qual ele entregava para Lucas. -Tente.
Ele chacoalhava a varinha de leve e umas faiscas fracas saiam da ponta, ele dava risada e Pedro tambem, aparentemente aquela varinha havia escolhido Lucas logo na primeira tentativa e portanto agora era dele. A mãe de Lucas pagava pela varinha e se despedia do adolescente, ele acenava para Lucas ao passarem pela porta.
—NOS VEMOS NA ESCOLA LUCAS. -Ele gritava da porta da loja quando o garoto estava entrando com sua mãe na livraria, esta por sua vez estava lotada, demorou um pouco mas logo em seguida ja saiam de la com livros os livros nescessarios para o primeiro ano.
—Agora só falta o caldeirão... os ingredientes eles vão fornecer na escola... -Ela dizia analizando o pergaminho antes de guiar o garoto para uma loja que parecia meio empoeirada, um idoso de expressão mau-humorada vinha para atende-los.
—O que querem? - ele dizia olhando da mãe para o garoto, e em seguida balançava a cabeça alertando que não precisavam responder. - Esqueçam eu ja sei. Aqui esta. - Ele colocava um pequeno caldeirão no balcão empoeirado e em seguida pedia o dinheiro.
Agora eles tinham todo o nescessario para começar o ano letivo no Castelobruxo, só precisavam ir para o Porto de Santos, perto da fonte central da praça havia uma concentração de pessoas que iriam começar o ano letivo tambem, ele tentava puxar sua mãe para la mas ela aparentemente não saia do lugar, apenas dava um sorriso do garoto antes de se despedir.
—Desculpe-me querido, mas vai ter que ir sozinho, olha aqui suas coisas. - Ela entregava as sacolas para o garoto, nada mais alem disso.
—Mas mãe, eu não trouxe nenhuma mala. -Ele dizia preocupado, não queria se separar de sua mãe agora, ela lhe dava um beijinho na testa.
—Eu ja enviei, suas coisas estarão na escola quando chegar la. -Ela dizia calma olhando para ele, de seus olhos brotavam lagrimas que ela enxugava aos poucos- Ali vai ter uma chave de portal, tera que segurar nela na hora certa ou vai perder, são 9:30 as 10:00 ela vai partir para o Porto de Santos, peça ajuda para o Pedro.
Ela mal terminava a frase e desaparatava com um estalo, Pedro vinha busca-lo logo após fechar as portas das lojas, e ele apenas se deixava guiar, tinham varias chaves por conta da quantidade de alunos e eles se seguravam na que tinha menos gente, enquanto esperavam Pedro resolveu que seria legal conversar com o garoto para quebrar o gelo.
—Sabe, eu sou seu primo. - Ele dizia tentando parecer simpatico, e sorria.- Eu estou no sexto ano, então eu sei um pouco mais que você e não precisa se preocupar, sempre recebemos cartas de casa e a tia Marcela vai enviar sempre, tenho certeza.
—Certo...- ele dizia meio desanimado e notara que Pedro agora suava, parecia nervoso.- O que foi?
—Eu não gosto muito de usar Chaves de Portal. -Dizia enquanto puxava a gola mais para longe do pescoço.
—Por que?
Mal terminara a conversa e ja era 10:00 imediatamente seus pés perdiam o chão e ele sentia que era puxado pelo umbigo através de um anzol invisivel. Quando voltava ao chão estavam parados em um enorme porto e a sua frente havia um enorme navio.