Eles por ela e ela por gatos escrita por Airi


Capítulo 4
Uma estranha conversa entre gato e menina


Notas iniciais do capítulo

Pronto! Ai está o quarto capitulo da historia povo ; Esse não tem muito o que falar aqui sabe... então boa leitura!



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Me sentei na cama esperando que... aquele ser se levantasse, mas ele continuou ali deitado.

– Vai continuar ai deitado que nem um morto?

– Se eu quiser eu fico menina, isso não é da sua conta... como você é chata... – ele disse se virando para o meu lado – meu nome é Serafim e estou aqui porque fui mandando para cuidar de você depois que você tirou a rosa do lugar... legal não? – ele disse sem muito animo – Ah... e antes que pergunte, sim, eu sou aquele gato branco que vive brincando com você quando você tem que guardar os gatos... você fica tão engraçada nervosa...

Nem preciso dizer o quanto irritada eu fiquei né?

– Você não pode ficar me fazendo de trouxa o tempo todo sabia?

Enquanto falava me levantei indo na direção do interruptor, mas ele puxou meu pé antes que eu chegasse até lá.

– A onde pensa que vai? – ele perguntou assustado.

– Acender a luz, a onde pensa que vou no meio da madrugada? Dar uma volta no parque? – falei enquanto tentava me soltar.

– Não, não faça isso por favor! – ele disse em pânico – Eu não gosto dessas coisas modernas que vocês tem para iluminar, não gosto mesmo...

– Você tem medo de uma lâmpada? 

– É... sabe como é, sou um gato...tenho medo de muitas coisas... – ele tentou se justificar.

– Posso pelo menos acender uma vela?

Ele não respondeu e soltou minha perna. Levei isso como um “pode” e abri a gaveta de cômoda pegando uma vela e um fósforo que minha avo tinha deixado ali para casos de emergência. Depois que a vela estava acesa me senti um pouco mais aliviada. Sabe, eu não gosto muito de ficar no escuro com um ser que eu nunca vi na vida.

– O que você é na verdade? Você escreveu o bilhete de uma forma como se não fosse humano...

– Dãããã! Se eu escrevi que não sou humano é porque não sou sua burra... – ele falou calmo como se fosse obvio.

– Ei! Quem te deu o direito de me xingar no meu próprio quarto! – falei irritada

– Isso, fala bem alto, talvez elas escutem você e venham ver com que tipo de gente você anda... – Serafim disse quase rindo da minha cara.

O problema é que ele tem razão, se elas vierem aqui e ver ele, a situação não vai ficar nada boa. Porque isso está acontecendo justo agora? Num momento tão importante da minha vida?

– Tá, mas pode responder o que você é?

– Os japoneses nos chamam de neko, então acabamos pegando esse apelido para nossa raça...

– Meio humano meio gato?

– Huum.. é... isso mesmo – ele falou meio impaciente – E você é a escolhida, por isso estou aqui te protegendo... Ah, e antes que pergunte o porque foi escolhida é o seguinte: Você tirou aquela florzinha ali – ele apontou para a rosa – você teve coragem para isso e esse é o teste, ver se você tem coragem ou não e não sei se você percebeu mais a flor não murchou... isso porque ela esta se alimentando do sangue que você deu a ela e quando ela se abrir você vai comigo pelo portal até o meu mundo salvar todos eles e... fim...

– Você tá falando serio? – perguntei assustada

– Não...era só uma historia para você dormir... O que acha? Eu não tenho capacidade e nem tempo suficiente para ficar brincando! É claro que estou falando serio Amélia...

– É a primeira vez que você me chama pelo nome...

– Nossa, grande coisa! Vai se acostumando a me ver menina, vou ter que ficar com você até tudo isso dar certo...

Coloquei a vela na cômoda e me aproximei dele

– Posso ver você? Assim, mais de perto para ver se você é real?

Ele não disse nada, apenas ficou parado enquanto eu me aproximava.

– Só me responde uma coisa – ele acabou abrindo o bico – você tem medo de escuro?

– Não! Não é medo de escuro, eu só queria te ver...

– Amélia, você é tão medrosa... tem certeza de que quer me ver?

– Não vou ter medo de você...

– Não tenho tanta certeza...

Constatei o que ele disse logo que cheguei mais perto. Os cabelos dele eram brancos e finos, com um par de orelhas felinas em cima que estavam se mexendo um pouco, minha curiosidade foi um pouco mais longe e então coloquei minhas mãos nas orelinhas que automaticamente se mexerem, por serem sensíveis ao toque, passei minhas mãos pelos cabelos, depois pelos olhos, azuis bem intensos e redondos que esbanjavam expectativa quanto ao meu julgamento, o nariz fino, a pele macia, a boca fina com um par de caninos ponti-agudos e curvada num pequeno sorriso. O rosto perfeito. Para mim a mistura da inocência de uma criança com feições de um homem. Único. Não é a toa que ele se acha tanto. Passando para o resto do corpo, os braços eram fortes e deixando bem claro que ele estava sem camisa, então dava para ver a barriga bem definida que ele tinha... resumindo, eu tinha uma tentação no quarto e não podia fazer nada... opa, perai, eu também não queria mesmo! Toquei levemente a barriga dele e o corpo dele estremeceu.

– É o seguinte, se passar daí o negocio complica... – ele falou em tom malicioso.

Acabei acordando dos meus sonhos e dei um leve soco na barriga dele antes de me afastar.

– Idiota... eu estava só vendo se você era de verdade...

– Porque?Costuma sonhar com pessoas como eu?

– Não... porque meu sonho era conhecer pessoas de... é...outro mundo... ter uma vida diferente...

– Então, acabou de conseguir! Mas vou logo avisando... isso aqui não é nenhuma brincadeira...

– Acha que eu consigo... digo... acha que sou forte o suficiente para agüentar o tranco?

Eu tinha sido sincera e queria uma resposta sincera dele.

– Quer mesmo saber? Acho que não.. você é muito criança para tudo o que esta por vir, mas boa sorte...

É... não precisava ser tãããão sincero assim, podia mentir um pouquinho. Voltei para a minha cama e me sentei. Serafim ficou lá sentado que nem um bobo apenas olhando para mim, não dava para ver direito as expressões dele com apenas uma vela acesa, mas já que não dava para acender a luz eu tinha que me contentar com aquilo.

– Você não é assustador, é só... diferente... – falei por fim

– Ah... eu sei disso... eu sou perfeito, não tem como alguém se assustar comigo...

– Então porque falou aquilo?

– Simples, pensei que você se assustaria com as minhas orelhas e o meu rabo, por isso te alertei... mas parece que você gostou muito do conjunto todo não é mesmo? – mais uma vez ele tinha usado aquele tom malicioso.

Serafim se levantou e veio até a minha cama se sentando ao meu lado.

– Agora você pode me responder a mais algumas perguntas?

– Como quiser... não tenho mais nada para fazer durante essa madrugada...

Os tons irônicos dele me davam vontade de soca-lo, mas faço isso depois... ele precisa me responder mais algumas coisinhas.

– Para que exatamente precisam de mim?

– Olha... na nossa profecia diz que um humano iria roubar a rosa e se tornaria o salvador e todas aqueles enigmas de profecias... só não contávamos com o humano ser uma menina de...

– 16 anos... - terminei a frase dele.

– Está mesmo com medo né?

– Não... apenas me acostumando com a idéia... nada demais... é coisa demais para entrar na minha cabeça Serafim, só isso...

– Olha... eu sei que pode soar como uma coisa louca para você.. mas eles.. alias nós, estou nisso também, e eu não acredito que vou falar isso para uma garota de 16 anos, mas precisamos de você então é bom se acostumar logo com essa idéia.

Quando ele terminou ele deitou na minha perna e acreditem ele estava ronronando, e a agarrou. Meu coração vai ser destruído em poucos minutos se ele não me largar, eu juro!

– E outra... como uma rosa pode se alimentar de sangue...

– Existem muitas coisas que se alimentam de sangue para viver Amélia... – ele levantou a cabeça me olhando -...e ela não é uma simples rosa, ela simboliza o meu mundo e quando estiver aberta irá representar a união do meu mundo com o seu...

– Interessante e desconfortante ao mesmo tempo...E o que vai acontecer?

– Na verdade eu não sei... só consigo te dizer isso... estou tão tonto e cego com isso quanto você...estamos nessa juntos...

– Mas porque não outra pessoa ou ... outro neko?

– Acredite, me pergunto a mesma coisa todos os dias... ninguém sabe...

Bom, a única coisa que eu queria fazer agora era gritar, muito mais MUITO alto, mas são 3h da manhã e não dá pra fazer isso. O mais engraçado é que eu esperei isso a minha vida toda e agora que aconteceu eu quero simplesmente me matar de tanto ódio que eu estou dessa situação. Mas com toda essa confusão eu me esqueci de uma coisa muito importante..

– Você é mesmo o gato Serafim também?

– Sou eu mesmo... porque?

– Então você tem contas a pagar com a minha tia seu folgado! Porque não volta a ser um gato amanhã de manhã? Ela está morrendo pensando que o gato dela sumiu e está por ai desamparado precisando de comida, água e carinho... e eu não posso falar que VOCÊ é o gatinho, não faz sentindo! – fiz uma pausa – Não pra ela.

Ele ficou quieto me olhando torto pelo ataque que eu tinha acabado de dar. Mas pensem comigo: Minha tia está toda preocupada com um gato que provavelmente é só um disfarce, e imaginem eu tendo que esconder isso da minha tia? Quem morre de culpa sou eu! Alias, eu acabo morrendo de vez! Porque uma menina que foi rejeitada pelo próprio melhor amigo, que fugiu nas férias pra casa da avó e que agora precisa tomar conta de um grande segredo é loucura! Apesar de ser o que eu sempre quis e sonhei. Droga! Porque as coisas que você sonha simplesmente não vem em momentos calmos?

– Sinto muito pela sua tia... – Serafim se levantou da minha perna se sentando na cama ao meu lado - ...mas não posso fazer nada por ela...

– Não pode se transformar novamente em gato?

– Exato...

– Ah, perai Serafim, tem que ter algo que eu possa fazer para compensar! Sempre tem! Me fala, qualquer coisa... – supliquei.

Ele virou o rosto na minha direção olhando interessado na proposta.

– Bom... ter tem mas...

– Ótimo! Eu faço.. – falei animada

– Você não quer nem ouvir o que é primeiro? – Serafim perguntou confuso

– Não!

Nessas horas, quanto menos eu saber melhor. Eu vou precisar fazer de todo jeito...

– Terá que ser toda noite... tudo bem pra você?

Ele perguntou de forma maliciosa se aproximando de mim, alias, ficando em cima de mim para ser mais precisa.

– Tudo bem... seja lá o que for vai ajudar a minha tia não vai?

Serafim apenas balançou a cabeça positivamente. Então não tinha muita coisa a temer, acho que o preço vale a pena... não é?

Quando ele estava totalmente em cima de mim eu não me senti nervosa, os olhos dele me transmitiam conforto e constrangimento, por isso não consegui identificar qual deles vinha de mim, não dava nem para pensar direito numa situação dessas, por mais que eu odiasse ele não posso negar o quanto ele é bonito e consegue mexer com o coração de uma mulher... ou garota, no meu caso.

Resolvi fazer um teste, desviei o meu olhar do dele e aqueles dois sentimentos sumiram dando lugar ao verdadeiro. Insegurança.

– Posso te fazer uma ultima pergunta? – voltei a olhar para ele, seria.

– Fala... – ele retrucou entediado

– Você consegue controlar o sentimento das pessoas? Ou... algo do tipo?

Minha pergunta foi incerta já que fiquei com medo de não ser nada disso e ele começar a rir da minha cara como das outras vezes.

Serafim ficou quieto, com uma expressão pensativa no rosto. Não consegui conter minha mãos que praticamente voaram para as orelhinhas que se mexiam conforme ele virava o rosto. Ao meu toque elas se mexerem para baixo e depois se acostumaram enquanto eu as apertava levemente. Olhando assim, parecia até uma cena bonitinha. 

– É... algo do tipo... – ele respondeu por fim.

Serafim tirou as minhas mãos das orelhinhas dele com cuidado dessa vez, as prendendo na cama.

– Relaxa... não vai acontecer nada que você não tenha concordado aqui... – ele falou calmo se aproximando de mim.

EU QUERO TE MATAAAAAAAR SERAFIM!

Quando ele chegou perto do meu rosto ele me deu um leve beijo na ponta do nariz e passou para o meu pescoço. Voltei a sentir aquela sensação de que iria apagar. Isso é péssimo! Estava na cara que ele queria fazer aquilo comigo, seja lá o que fosse, apagada.

– Serafim, o que está fazendo, eu não quero dormir..

– Deixa de ser curiosa Amélia... – ele falou perto do meu ouvido como um sussurro - ...e dorme logo...

A voz saiu calma, doce e precisa. Era tudo o que ele precisava para me fazer apagar. Meu corpo ficou mole e ele me pegou, colocando sentada na cama. Eu parecia uma boneca de pano, pronta para ele dar vida aos meus movimentos. Admito que naquele momento eu não tinha vontade nenhuma, eu estava completamente a mercê de todas as vontades dele, o que é estranho porque eu não sou desse jeito. Depois de um tempinho eu não me lembro de mais nada, eu realmente apaguei.

Fui acordar no outro dia. A luz do sol que entrava pela janela estava incomodando meus pobres olinhos. Quer horas eram? E o pior, tudo aquilo tinha mesmo acontecido noite passada? Abri os olhos fitando o teto branco do quarto. Aparentemente tudo normal. Mexi as pernas, os braços... nada danificado. Menos mal. O problema foi quando tentei me levantar, senti um choque percorreu meu corpo todo e chegar ao canto direito do meu pescoço que começou a latejar muito. A dor era insuportável, mas eu não podia gritar. O que ele tinha feito comigo?

Com muita dificuldade me levantei e coloquei a mão no meu pescoço. Estava melado e tinha pegado parte do meu cabelo, tirei a mão para ver o que era e o liquido era vermelho. Era sangue. Desesperada olhei o travesseiro e vi uma cena horrível. O travesseiro estava todo manchado de sangue, alias, todo coberto de sangue. Então o que ele precisava para se transformar era sangue? Ele precisava beber o meu sangue!

Ah, mais essa historia não vai ficar assim.

– Amélia?

Era a voz da minha avó que estava subindo as escadas. Serafim tinha me deixado um problema e tanto para resolver agora. Brilhante. 



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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? ; O proximo capitulo virá... bom, depende de vocês ! xDBeijos!



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