O amor existe escrita por Amy


Capítulo 5
Amor de motel


Notas iniciais do capítulo

O nome da banda, da música e da academia são reais



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Sexta-feira. Oito horas da manhã. Ouço meu telefone tocar ao lado da minha cama. Olho pro visor e vejo o nome do Viny. Deixa eu apresenta-lo, esse é o traste do meu irmão, oito anos mais velho. Atendo o telefone já sabendo que ele iria querer algo.

— Fala praga

— Oh meu, vamos sair hoje a noite? Tem uma baita de uma festa e aposto que tu vai gostar. Aliás, tu precisa começar a sair mais, tem que esquecer esses trouxas que ousaram magoar você.

— Lá vem você com teu ciúmes - gargalhei - Mas bora, quem mais vai?

— A princípio só nós dois. É lá na academia Tiaraci. Vai tocar JJSV

— Beleza. Passa aqui me buscar as 22h?

— Ok

Desliguei o telefone, levantei da cama e fui tomar café. Coloquei pra tocar Acabou, é o fim e enquanto cantarolava a música aproveitei pra colocar minhas redes sociais em dia. Fazia dois meses que estava trabalhando meio turno, não tinha mais muito tempo para mim mesma. Ás vezes ia nessa academia de dança, a Tiaraci, foi a melhor coisa que me aconteceu. Conheci pessoas maravilhosas e aproveitava pra não ficar pensando em ninguém mais do meu passado.

Algumas horas depois

O dia tinha passado rápido e podemos dizer que até que foi tranquilo. Tive a sorte do meu serviço não ter sido puxado, se não já teria perdido o ânimo para ir a tal festa. Talvez vocês não entendam o que direi a seguir, mas trabalhar com o público não é nada fácil. Aguentar vários ânimos, varias exigências e humores diferentes, diariamente, da um desânimo e esgotamento psicológico.

Cheguei em casa e já passava um pouco depois das 20h. Fui direto pro banho, comi algo e fui me arrumar. Coloquei um shorts, uma camisa regata e uma sandália. Fiz uma make meio forte, cacheei o cabelo e exatamente as 22h estava pronta. Confesso, mesmo tendo a auto estima meio baixa, eu estava me sentindo tremendamente linda. Me olhei rápido pelo espelho, esbocei um sorriso e disse pra mim mesma: "Agora eu quero festa, só quero curtição. Romance e compromisso quero não".

Pensei que não teria muita gente, engano meu, o local estava praticamente lotado. Já não havia mais mesas livres, então pedimos a um casal se poderíamos dividir apenas pra colocar os cascos de cerveja. E bom, eu achei que seria apenas isso e mais nada, mas, por incrível que pareça, nada é tão simples na minha vida.

Meu irmão fez amizade com eles muito fácil. Lembro dele me apresenta-los.

— Essa é minha irmã, Addison

— Simon Lightwood - disse ele apertando minha mão

— Prazer

O resto da festa transcorreu super normal. Dancei com meu irmão praticamente a festa toda, até recebi elogios do tal Simon, pelo fato de ter aprendido alguns passes que tantos diziam ser difíceis de fazer.

Alguns dias depois

Quarta-feira. Me acordei com o barulho na janela do quarto, abri os olhos e vi um beija-flor, dei um sorriso de lado e levantei. Abri a janela e me debrucei no parapeito, fiquei observando o sol batendo no meu rosto e me senti completamente renovada.

Sabe quando você acorda inspirada? Quando tudo ao teu redor parece mais colorido, mais vivo, mais alto astral? Estava me sentindo exatamente assim, e fazia muito tempo que não me sentia dessa forma. Ainda mais depois das mágoas que eu havia sentido até então.

Deixei a brisa tocar de leve meu rosto por longos minutos e, com ela, senti aquele cheiro de flores e frutas cultivadas ao redor da casa. Liguei o computador e coloquei Jéf pra tocar na guia do spotify.

Comecei a arrumar a casa, já que hoje era meu dia de folga do serviço. Ajudei minha mãe a fazer o almoço enquanto cantarolávamos Rema e Acredita. Senti meu telefone vibrar no bolso da bermuda, e lá estava uma mensagem, no whatsapp, de quem eu menos poderia imaginar

— Oi linda - disse ele - lembra de mim? É o Simon, nos conhecemos na academia

Não sabia o que pensar, tão pouco o que responder. Na verdade, até fiquei pensando comigo mesma de onde ele poderia ter pegado meu número.

— Oi, lembro sim - respondi sem rodeios ou segundas intenções

— Teu irmão me passou teu número, tava pensando em ti

Só poderia ter sido a praga do meu irmão mesmo pra me aprontar uma dessas.

— Ah legal - respondi sarcasticamente

— Não pensou em mim nesses dias? - perguntou-me

— Não, nem por um minuto. Na verdade, tu deveria ta pensando na tua esposa e não em mim

— A Julia? Ela não é minha esposa, apenas uma ficante. Bom, eu peguei teu número para te convidar pra sairmos no final de semana, quem sabe tu não me ensina a dançar

— Olha, vou ser bem realista contigo. Se eu sair contigo é apenas na amizade, pra te dar aulas de dança, nada mais - argumentei

— Ok, nos encontramos na Tiaraci sábado então?

— Blz

Confesso que fiquei com uma pulga atrás da orelha em relação à ele com a tal mulher, não sabia nada sobre ele ou, tão pouco, se ele estava a dizer a verdade. Mas isso era o de menos, eu não estava querendo nada com ele ou com quem fosse, eu ainda estava muito segura comigo mesma para me envolver romanticamente com alguém.

Passei o resto do dia pelas redes sociais, conversei com o James e com o Lucas durante inúmeras horas, ambos conseguiam tirar um sorriso muito fácil do meu rosto.

Enfim havia chegado sábado. Meus dias tinham ocorrido normalmente, às vezes Simon mandava mensagens me trovando, mas eu logo cortava-o, não iria querer me envolver tão cedo, ainda mais com ele. Não entendam mal, ele era lindo. Era alemão, olhos claros, alto e tinha uma voz linda; mas é como eu já havia dito, eu não estou preparada para me apegar em ninguém.

Meu dia havia passado voando e completamente corrido, estava perdendo a vontade de sair, mas como eu já havia marcado pra uma amiga ir junto, não podia deixar ela pra trás. Coloquei uma saia e uma blusa, fiz uma make mais leve e coloquei um scarpin.

Camily chegou aqui em casa bem na hora que estava praticamente pronta e fomos direto pra academia. Mal chegamos lá e já dou de cara com o Simon e mais dois amigos dele. Sebastian e Miguel. Confesso que Sebastian havia chamado minha atenção. Tinha cabelos pretos, olhos cor de mel e basicamente da minha altura.

A noite passou tranquila, Simon não havia dado em cima de mim e eu agradeci isso internamente. Mas, convenhamos, ele era querido e eu não poderia negar isso, ainda mais depois dele perceber que eu não daria mole tão fácil assim pra ele. Pelo menos era o que eu pensava naquele momento até então

Algum tempo depois

Já fazia alguns poucos meses que havia conhecido o Simon pela primeira vez e, confesso, havia algo nele que me deixava bem, levantava meu astral e tudo mais. E eu estava começando a ter uma leve queda, ou paixão como queira chamar, por ele. Mas o Sebastian também estava na minha cola, porém não era tão interessante, por assim dizer, quanto o Simon.

Era sexta-feira e iriamos nos encontrar, o que já estava virando rotina nesse tempo. Saíamos juntos sempre que pudéssemos e, vez ou outra, rolava algum beijo. Mas era só isso, um beijo qualquer, poderia ser de qualquer um ali na festa. Beijo que não me fazia sentir nada demais. Até essa noite.

Coloquei um vestido, fiz a make mais caprichada e fomos pra academia. A noite foi tranquila, pelo menos o início. Bebemos, nos divertimos, até que numa certa altura do campeonato:

— Vamos sair daqui? - perguntou-me

Apenas assenti que sim. Me senti completamente fora de mim, havia exagerado um pouco na bebida, coisa que eu não fazia. Entramos no carro dele e pegamos a rodovia, me senti meio tonta, mas estava sorriso, o motivo eu não sei. Senti o carro dar uma leve puxada pra direita e entrarmos num portão. Foi aí que caiu a ficha de onde ele havia me levado. É, pro motel.

Não se preocupe, não contarei os detalhes da noite, até porque isso deve ficar entre quatro paredes. Mas, você deve ta se perguntando se ele se aproveitou de mim? Bom, no fundo eu acho que até queria. Mas sim, ele só errou por ter aproveitado o momento que estava meio frágil, podemos dizer. Mas, ei, não se preocupe, isso não foi apenas o começo da história.

Lembram do Sebastian? Após isso ele começou a ficar mais em cima de mim e, bom, eu não tinha absolutamente nada com o Simon, então eu comecei a corresponder. O que eu não podia imaginar é que metade disso era verdade e a outra metade um joguinho que ambos fizeram comigo.

Continuei minha vida normal desde o ocorrido. Simon continuava o mesmo comigo, me tratava super bem, mas não assumia nada, nem tão pouco dizia que éramos algo. Sempre deixou implícito e isso pra mim sempre contou como "somos conhecidos que ficam vez em quando". Até que uns quinze dias depois cai uma bomba no meu colo.

Minha menstruação estava atrasada, coisa que raramente ela fazia. Comecei a ficar com medo, eu não poderia ficar grávida. Não dele, de alguém que nem sabia o que queria da vida ou, tão pouco, comigo. E, convenhamos, eu também não queria assumir algo com ele, não sentia nada além de atração. Foi então que resolvi falar com ele

— Precisamos conversar

— O que foi?

— Minha menstruação ta atrasada

— Problema não é meu 

— Não? Tu acha que eu fiz talvez filho sozinha é? - disse-lhe enquanto sentia a raiva crescer dentro de mim

— Ué, vai saber se não existe outros caras

— Não existe, foi só você

— Vai que seja do Sebastian, eu sei que tu anda dando moral pra ele

— E dai? Que eu saiba não temos nada, tu nunca deixou nada explícito comigo pra querer exigir algo de mim. E não poderia ser dele, já que não houve nada entre nós.

— Te vira, só digo isso. Até porque estou voltando pra minha ex, ela tá grávida de mim

— E depois quer prioridade de mim quando nem tu me deu prioridade - falei debochadamente

— Cala boca vadia, te vira. E para de me mandar mensagem, não quero mais saber de você. Deve ter dado pra Deus e o mundo e agora quer alguém pra assumir.

Senti o sangue ferver por entre minhas veias, estava espumando de raiva

— Vadia? Tu nem me conhece direito pra falar algo de mim. Pode deixar que não irei atrás de ti, a menos que o teste de positivo, mas aí não irei sozinha. Tu não sabe com quem tu mexeu

Não esperei ele nem me responder, dei block e segui com minha vida. O teste deu negativo, graças a Deus. E eu tirei um aprendizado disso, pelo menos de algo serviu.

Agora tu deve ta se perguntando por que ele esta na lista, dos que me machucaram, já que eu não sentia nada por ele. Bom, o que me machucou foi achar que eu conhecia alguém quando na verdade eu conhecia a máscara que ele havia posto na minha frente. Não doeu o fato dele ter ido embora, deu até um alívio. O que doeu foi ler aquelas palavras de baixo calão, eu não era nada daquilo, apenas havia me entregado pra alguém que sentia desejo, isso não é errado. Doeu o fato de saber que quando eu era útil pra ele, eu era muita coisa, mas, quando bateu o medo, eu virei uma vagabunda. Essas palavras doem e muito.

Passei o resto do dia conversando com o James e com o Lucas, contando tudo o que havia acontecido e eles, sem eu nem se quer dizer algo, começaram a mudar de assunto e quando percebi já nem lembrava direito o que havia ocorrido, parecia outra época. Eles sabiam como me animar, como me fazer esquecer qualquer coisa que eu queria. Eles me faziam sentir como se não tivesse em mim, ainda, um coração remendado com band-aid e que com um simples puxão seria fácil dele ser quebrado novamente.

E, infelizmente, mais tarde ambos acabariam me machucando. Me causando uma dor e uma sensação de que, na minha vida, nada duraria por muito tempo. Como se eu tivesse um feitiço que seria incapaz de ser realmente amada, que fizesse alguém ficar independente do meu jeito ou dos meus defeitos. E, em uma das histórias, eu iria estar na cama, chorando. Mas, bem, pelo menos nessa eu saí com apenas alguns arranhões e uma certeza. Certeza de que eu era forte pra enfrentar o que ainda poderia vir pela frente. Ou não. 


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