(In) Fortuna escrita por Alex Jackalope


Capítulo 3
La tristesse durera toujours


Notas iniciais do capítulo

Aqui teve um pequeno time skip de alguns dias. Só pra situar. Que eu normalmente faço os time skips e não aviso e todo mundo fica perdido. Q



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— Então… A guerra é inevitável? — Flores estava indo ao banheiro quando ouviu, por acaso do destino, a famigerada frase.

— Sim, Hector… Mas veja bem, você pode ficar fora disso. Você tem uma vida aqui. Eu não tenho nada a perder. Só quero acabar com DW para que nenhuma criança do nosso povo tenha que sofrer com as merdas que eu sofri. Nunca mais.

— Eu entendo, Themas… Mas com você e Cedric indo e mamãe e papai mortos… Eu me sentiria um traidor se desertasse. E não é como se você não tivesse ninguém. Glock e…

— Eles são Transcendentes, Hector, querendo ou não. Flores é uma pessoa de carne e osso; um homem debilitado que precisa da sua ajuda no dia a dia. Que ama você de verdade. Eu não tive a chance de ter isso em DW e provavelmente nunca vou ter… Se não pará-los.

Houve um momento de silêncio entre os irmãos e Flores aproveitou para sair de fininho dali. Não queria ouvir mais nada; já sabia demais.



Foi horas depois, quando o sol estava nascendo, que Hector saiu do quarto onde estivera conversando com o irmão e viu Flores parado no balcão da cozinha, com uma caneca de chá esquentando seus dedos. Parecia pensativo demais e mesmo desligado como estava nos últimos tempos, Hector percebeu que havia algo de errado.

— Flores, pensei que você estava me esperando na cama… — Passou os braços pela cintura do loiro e beijou sua nuca. — Sem sono?

— Uhum — foi a resposta breve que Flores deu.

— O que houve? Quer conversar sobre? — Hector olhou para a caneca por sobre os ombros do namorado e pousou outro beijo em sua bochecha.

— Não sei, Hector… — Flores levou a caneca à boca e esquentou os lábios em sua borda, mas acabou por não tomar nenhum gole da bebida, porque o que precisava tomar era coragem. Respirou fundo e virou um pouco a cabeça na direção que sentia estar o rosto de Hector. — Ouvi você e Themas conversarem. Sobre guerra. Você vai mesmo?

Um silêncio desconfortável se instalou no ambiente, mas Flores não se arrependeu de ter perguntado. Seria muito mais amargo do que tomar café acordar para descobrir que a pessoa que mais amava poderia não voltar nunca mais.

— Quanto você ouviu? — Hector perguntou, cauteloso.

— Só que haveria uma guerra e que você queria ir com seu irmão. Não gosto de ficar bisbilhotando, então vim para a cozinha, esperar.

Hector suspirou. Pressionou os lábios contra a pele exposta do ombro de Flores e beijou suavemente.

— Flores. Amor. Desculpa não conversar com você sobre isso antes de decidir, mas eu preciso…

— Eu só fico triste de saber que você pode morrer e nós nem contamos um ao outro nossos verdadeiros nomes — Flores interrompeu, categórico, e uma lágrima escorreu por seu rosto retorcido pelo luto antecipado.

Hector ficou sem ação por um momento.

— O que quer dizer com “verdadeiros nomes”? — tentou desconversar, mas a risada amarga de Flores respondeu por si só.

— Você acha que eu não percebi que você é um dos descendentes? Que conversa com seu Transcendente toda noite e às vezes escapa para o Limbo enquanto dorme? Olha, não é porque eu sou cego que eu não tenho tudo que você tem, Hector, mas…

— Hypnos — sussurrou suavemente no ouvido de Flores, que teve que se interromper para ter certeza de que havia escutado direito.

— Fortuna — devolveu, com um sorriso tímido no rosto. — Já fazem bons anos que ninguém me chama pelo meu nome. É meio solitário quando ninguém sabe além de você mesmo, não acha?

— Acho — Hypnos admitiu.

Os dois ficaram ali na cozinha por um momento, abraçados, como se quisessem se esquentar no inverno.

— Fortuna — Hypnos sussurrou, como se tivesse medo de que mais alguém descobrisse aquele nome tão precioso que lhe havia sido confiado. — Eu sei que não vai compensar o fato de eu ter decidido correr em direção à morte quase certa a essa altura… Mas eu tenho um presente para você. Antes de ir.

— Tem? — Fortuna mal teve tempo de largar a caneca e logo se sentiu erguido da cadeira, nos braços de Hypnos como uma noiva recém-casada.

Sem andar, não tinha muito como saber para onde estavam indo, mas reconheceu o cheiro pungente de tinta invadindo suas narinas quando Hypnos abriu as portas de seu atelier. Ele andou mais um pouco carregando o namorado em seus braços até que parou e colocou-o de costas para si.

— Estica as mãos para a frente — ordenou e Fortuna obedeceu. Seus dedos logo esbarraram em algo em alto relevo e seus olhos se arregalaram.

Deu um passo para frente, se distanciando de Hypnos para sentir melhor a textura e seus dedos foram deslizando por relevos de texturas diferentes. Uma parte lembrava muito grama, outra era quase tão macia quanto pele humana e então, chegou em uma parte que lembrava muito a textura de seus próprios cabelos. Entendeu, então, o que era aquilo.

— Hypnos… Você… — Seus olhos encheram d’água e caiu para trás aos soluços, tendo que ser amparado pelo outro.

— Sim. Eu sei o quanto você se ressente de não poder nunca ver nenhuma das minhas obras, então fiz uma que você possa enxergar, a seu modo.

— Você não devia ter me mostrado isso… — soluçou, buscando o peito do outro para enterrar o rosto.

— Por quê? — Hypnos ficou confuso.

— Porque agora eu não quero que você vá embora de jeito nenhum; se você for, eu vou junto.


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Notas finais do capítulo

Apresentei rapidinho o Themas e deu até pra rever An! Mas Éros não teve muita participação, não, ele só tava lá. Espero que tenham gostado anyways. :3 E desculpa se algum leitor novo está extremamente confuso. ;w; Eu juro que eu vou postar, muito em breve, Eye Candy aqui no Nyah. Até lá... Perdoem-me. q