O Fim de Connie - Para Sempre Gem escrita por TopsyKreets


Capítulo 1
Capítulo Único




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O Fim de Connie – Para Sempre Gem

 

 

Diretiva 23

 

Art. 1°: Após os conflitos com as criaturas metamórficas conhecidas como Gems, deste dia em diante, por meio deste decreto, fica proibido qualquer interação com as alienígenas descritas anteriormente;

 

Art. 2°: Qualquer Gem encontrada deve ser considerada uma ameaça, devendo ser, portanto, neutralizada – através de execução primária;

 

Art. 3°: A execução também deve ser aplicada a qualquer um que abrigue ou forneça auxílio a tais criaturas, bem como a híbridos entre Gems e outras espécies.

 

Deus salve a América, lar de humanos

Presidência dos Estados Unidos Confederados – Ano 2, pós-Guerra Gem.

 

....

 

Connie acelerou o carro o máximo que o motor permitira.

O sangramento no lado esquerdo do corpo era contínuo. No entanto, não havia tempo para cuidados médicos naquela viagem.

 

Os caçadores de alienígenas não eram conhecidos por sua piedade. Ela os tinha despistado por hora, mas isso não duraria para sempre.

 

....

 

Ela dirigiu por toda a madrugada. Com sorte, chegaria ao destino antes que apagasse de vez, para nunca mais acordar.

Com uma das mãos no volante do Sedan, ela mantinha a outra pressionando a ferida do tiro à queima roupa.

 

Encostada em seu ombro, a filha cochilava tranquilamente.

— Já chegamos? – Perguntou Nina, enquanto coçava os olhos com as mãos.

— Ainda não, amor. Quase lá.

 

 O cansaço começara a cobrar seu preço, ao passo que a visão de Connie embaçava.

Mas ela tinha que manter alerta. Pela filha.

 

— Me conta de novo, mãe. Como vai ser lá?

— Vai ser incrível, você vai adorar. E todas elas vão te amar, quase tanto quanto eu amo.

Ela tossiu de leve antes de prosseguir. A dor chegava a um nível nauseante agora, acompanhada de um frio intenso.

— Obedeça a tia Garnet, tá bom? Ela vai ser como uma segunda mãe.

E faça tudo o que a tia Pérola disser. Ela vai te ensinar a lutar. E vai te colocar para dormir.

— E a tia Ametista?

 

Connie riu.

 

— Ela vai te acordar no meio da noite com doces e filme de terror.

Mas é melhor não se acostumar.

— Você não vai comigo, não é?

 

A mulher olhou para Nina com pesar. Gostaria de se lembrar de mais ocasiões onde a menina sorrira, mas isso era algo raro.

 

Aflição e medo eram constantes.

 

— Vou estar atrás de você. Todo o tempo.

— Você está mentindo.

 

Nina a conhecia bem. Até demais.

Ela sempre a surpreendia. Aparentemente, tinha herdado isso do lado paterno da família.

 

— Estou sim, amor. Mas finge que acredita, tá bom?

Ela se recostou no ombro da mãe novamente. Nina também não tinha muitas recordações da mãe sorrindo.

 

....

 

Já estava amanhecendo quando cruzaram a fronteira e chegaram à cidade.

Beach City fora reduzida à escombros, depois da guerra.

 

Havia poucas estruturas de pé.

Como o templo.

 

....

 

A mãe abriu o porta-malas e pegou a mochila da menina, acompanhada de uma velha espada rosada, com emblema de flor estampado na bainha.

A lâmina estava trincada, mas ainda cortava.

Juntas, elas atravessaram a sala de estar.

 

Connie ainda se lembrara da última vez que estivera ali.

Fora anos antes. Estava deitada no sofá, lendo com o marido livros sobre heróis, mágica e casamentos no pôr do sol.

 

Steven era muito piegas, e adorava esse tipo de literatura.

 

....

 

Ao fundo, o quintal estava coberto por um gramado intenso, que crescia livremente.

E em meio a rosas silvestres, um túmulo esquecido jazia sozinho.

Sem cuidados, a escritura na lápide já apagara por completo.

 

Ela se sentou ao lado. Não consegui ficar mais de pé.

Nina sentou – se junto, ficando no colo da mãe, uma última vez.

 

— É aqui onde o seu pai dorme, amor. E eu vou ficar com ele.

Está na hora de ir.

— Eu não quero, não sem você.

 

A menina queria chorar, mas não tinha mais forças. Nenhuma tinha.

Connie já não enxergava mais. Ainda assim, abraçou e beijou a filha.

 

— Pegue tudo e faça o que eu disse. Eu te prometo que vai dar tudo certo.

 – Você diz isso toda a vez, mas sempre dá tudo errado.

— Então finja que acredita, uma última vez, tá bem?

 

....

 

— Eu nunca vou te esquecer, mamãe....

 

Lá do fundo (você pode entender isso como magia, se preferir), ambas encontram um pouco mais de forças para chorar. E o fizeram.

Enquanto as lágrimas escorriam, elas recitaram o poema mais uma vez.

— O que nós somos? – Perguntou Connie.

 

Nina respondia em meio ao soluçar de uma jovem de seis anos que, dali em diante, estaria sozinha no mundo.

 

— Nós somos.... As Crystal Gems....

— Nós sempre salvamos o dia.... Não pense que não podemos….

— Abaixo a covardia….

 

....

 

Seguindo o plano da mãe, a jovem se aproximou e subiu no tablado colorido da sala de estar.

Ali, junto de sua mochila e espada, ela se ajoelhou e rezou por ajuda.

Ficou nisso por uns minutos até a sua Gem começar a cintilar por baixo da camisa, suja de sangue de Connie.

 

E acompanhado do brilho, o transportador se ligou, levando Nina para longe.

 

Longe desse mundo terrível, onde só conhecera dor.

Para um mundo onde os caçadores jamais poderiam encontra – la.

 

Entretanto, em um aspecto, Nina mentiu pra mãe.

 

Ela não rezou para que Deus a salvasse. Rezou para que Deus ajudasse sua mãe, e em sua infinita bondade, lhe retirasse a dor e a levasse para junto de seu pai.

 

 

Nina rezou para que Connie fosse feliz.

 

....

 

— Conseguimos, Steven. Nós conseguimos.

Salvamos nossa filha. Ela é tão linda. Só parece comigo por fora.

Ela é toda você, por dentro.

 

Se inclinando, Connie deixou o corpo pesar para baixo, deitando logo embaixo da lápide de Steven, deixando sua vida se esvair à medida que o sol se levantava.

 

— É melhor estar me esperando com um buquê de flores na porta do céu, Steven, ou eu juro que te chuto pra fora....

 

E com a última afronta, ela fechou os olhos e partiu para a Eternidade.

 

....

 

Nina reapareceu em meio a um campo aberto.

Havia apenas um extenso gramado, cercado por árvores frutíferas, para os quatro cantos. E ao longe, uma cidade brilhava, reluzindo sua importância.

Antes que pudesse pegar uma das peras do chão, uma das três naves que sobrevoavam o céu aberto e azulado, pousaram.

 

A comandante havia detectado o sinal de ativação daquele velho transportador.

 

....

 

Quando ela saiu da nave, fitou a garotinha ali, assustada e perdida, mas empunhando com firmeza uma espada rosada e trincada.

 

Peridot levou um tempo até reconhecer a garota, mas a espada de Rose Quartz era inconfundível.

 

— Quem é você, querida?

— Eu.... Nina.

Nina M. Universe. Eu sou uma Crystal Gem!

— Tudo bem, eu também sou – A Gem respondeu.

Bem-vinda a Homeworld.

 

....

 

Em minutos, Peridot levou a menina até a líder eleita de todas a Gems.

Nina não levou muito tempo para perceber que sua chegada era aguardada.

 

Todas as Gems pararam seus afazeres para observar comandante cruzar os corredores do palácio com a pequena Universe – a última remanescente da Terra.

Em uma das varandas do andar superior, que dava acesso a uma vista única de todo o reino, Garnet aguardava.

 

Peridot as deixou sozinhas e voltou à sua ronda.

Teriam mais tempo para apresentações formais depois que Nina descansasse.... E soubesse que ali, estaria segura, para sempre.

 

— Eu sou Garnet. Estávamos te esperando a muito tempo.

— Então.... Pérola, Ametista....

— Ah, todas elas estão vindo correndo. Elas querem te conhecer.

Eu prometo que você não vai se decepcionar.

— E como pode ter tanta certeza?

 

Garnet sorriu e estendeu a mão à menina.

 

— Porque nós somos as Crystal Gems.

Nós sempre salvamos o dia.

Não pense que não podemos….

 

 

 

E ouvindo isso, Nina entendeu.

 

 

 

Uma segunda mãe.

 

 

 

Ela correu para Garnet e abraçou com força.

E pela primeira vez, chorou de felicidade.

 

 

 

 

— Abaixo a covardia….

 

 

 


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