First Love escrita por Wendyzs


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, obrigada por ter dado uma chance a essa fic ♡ Como dito, ela é baseada em First Love e boa parte dos versos, senão todos, estão nos parágrafos da história da forma que eu compreendi. Espero que goste e boa leitura! ♡



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Tocou cuidadosamente a madeira marrom e gasta daquele piano velho encostado em um canto. A medida que seus dedos passeavam pelas teclas, levavam consigo marcas escuras da sujeira que o tempo tinha trazido. Ainda assim, ele não deixava de ser bonito o suficiente para encantar completamente o pequeno Min Yoongi, com tanta pouca idade naquela época, que se equilibrava num banco para conseguir tocar o piano de um lugar alto. Fascinado, ele exibia um aberto sorriso gengival, sua marca desde pequeno.

Aquele piano, mesmo sendo tantas vezes maior do que ele, não o intimidava. Desde quando entrara naquela sala pela primeira vez e bateu os olhos naquele canto em especial, sentiu-se ansioso para explorá-lo. Foi seu primeiro contato com algo que podia levá-lo para o mundo da música, o primeiro instrumento que quis aprender, porque até então não tinha interesse nisso. Pasmava-lhe o fato de que sua felicidade podia vir facilmente apenas ao olhá-lo. Imaginou o que aconteceria caso aprendesse a tocá-lo.

O tempo passou, e o pequeno Yoongi cresceu. Cresceu a ponto de poder tocar aquelas teclas por si mesmo, sem precisar se arriscar em um banco bambo. Sua altura tornou-se maior que a dele. Isso, de certa forma, fez diminuir seu interesse para com aquele instrumento. Ele já não parecia tão interessante. Tinha sido limpo para que o pequeno pudesse brincar e tocar à vontade e acabou voltando a ganhar uma coloração escura e repleta de poeira.

Porém, por mais que o piano tivesse sido negligenciado e, portanto, sido incapaz de abrir caminho para um mundo novo e cheio de letras e ritmos para aquele menino, Yoongi entrou para o mundo da música mesmo assim, com treze anos, ao ouvir uma música de um trio sul-coreano, tal como ele. A partir daquela reviravolta, com catorze anos, após um breve e rápido momento de estranheza, ele o tocou novamente. Assim, o piano voltou a ganhar seu merecido reconhecimento na vida daquele pequeno sonhador, aceitando-o de volta sem nenhum ressentimento. Não solte a minha mão, eu também não vou soltar a sua.

Ainda assim, ele não sabia o significado real que ele tinha. Não somente em sua vida, mas em tudo no geral.

Escolher aquele caminho fez boa parte daquela criança sonhadora se esvair. O final de sua adolescência foi repleto de bons e maus momentos, que agora ficam apenas na memória de Yoongi. Yoongi, que a vida transformou em uma pessoa com certa amargura e grossura na voz, resultado de tantas vezes que ela o tinha ferido com seus incontáveis malefícios. Escolher aquele caminho o fez aguentar a rejeição por parte de sua família, o fez ver várias de suas composições mais belas serem queimadas bem na frente de seus olhos, o fez morar na rua e o obrigou a usar aquilo que tanto gostava como recurso para sua própria sobrevivência. Os feriados que passou em meio a lágrimas, pensando em sua vida, em sua família, no rumo que as coisas estavam tomando. Os pais que tanto amava, colocando-o para fora de casa, queimando com tanta frieza algo a que ele se apegava tanto quanto àquele piano, encostado no canto de uma saleta de sua casa na infância. Um canto... exatamente como o que ele usava para apoiar seu corpo já fraco e sem forças, escuro e sem luz, num beco onde não existia mais saída. Parecia fadado a viver aquela vida miserável, a buscar um sonho tolo de uma criança que pensou alto demais. Já não conseguia caminhar sem sentir dor em seu coração, de tanto que o mesmo tinha sido machucado.

Depois de tanto tempo afastando-o, ele começou a pensar no piano. Quando pensava em desistir, e não foram poucas as vezes em que quis isso, imaginar aquele instrumento, naquele mesmo lugar de sempre, fazia bem para ele. Transmitia uma sensação de paz, como se dissesse: Criança, você realmente pode fazer isso. Das poucas motivações que tinha, aquela era uma das principais. Como sentia saudade daquele piano. Lembrava da primeira vez que o tinha tocado, onde sua vida era fácil e feliz e ele não tinha contato com o mundo real e cruel. Por Deus, como ele não queria deixá-lo da forma que deixou. Depois de tudo o que aconteceu, sentia-se pequeno e impotente novamente, olhando aquele instrumento enorme. Conseguiu reparar e entender o quanto o piano tinha crescido, mais que ele. Não no sentido literal — Yoongi tornou-se um homem, afinal — mas sim no tamanho da importância que teve em sua vida desde a primeira vez que o tocou. Foi quando ele começou a sonhar. O piano tinha sido a vinda, e aquela música daquele artista que ele ainda se lembrava quem era, tinha sido a certeza. Era isso que ele queria: tornar-se um músico. Era ele o principal fator da decorrência de todos os fatos seguintes com relação à sua carreira. Nunca o amaldiçoou. Não achava que um piano, mesmo com toda a sua importância, tivesse poder para destruir a vida de alguém. Às vezes as escolhas são feitas pelas próprias pessoas.

A luz no fim daquele túnel interminável chegou na forma de uma competição. O nome da empresa era BigHit. Tinham dado-lhe uma chance! Em tanto tempo, Yoongi nunca tinha se sentido tão esperançoso. As partes quebradas de seu coração o advertiam para que não sonhasse tão alto, visto todos os meses passados, mas ele tinha certeza que daria tudo certo. Caso não passasse, tentaria para várias outras empresas, até passar em alguma. Aquela chance parecia um presente dos céus, então ele descansou, tranquilo, confiando em sua capacidade.

Não que um piano possa estar certo, porque um piano não tem vida. Mas o que ele sentia, a renovação de suas forças que ele ganhava estavam certas. Naquela competição, ele ganhou o segundo lugar e entrou para a BigHit. Nesse dia, houveram lágrimas e, pela primeira vez em tanto tempo, suas lágrimas, a medida que desciam por entre as cicatrizes abertas de seu coração, pareciam fechá-las e não abri-las ainda mais.

Ao tornar-se trainee e depois debutar com o stage name de Suga, suas feridas foram se fechando e ele mudou novamente, para uma pessoa feliz, doce (de vez em quando) e madura, que aprendeu muito com todas as coisas que viveu. Ainda assim, Yoongi passou por várias outras dificuldades, porque a vida é assim. Mesmo dentro da agência, já quis sair dela. E todas as pessoas que o impediam agiam como aquele piano, que transmitia-lhe aquela sensação de: Criança, você realmente pode fazer isso. Quando o tempo passou dentro do BTS, Yoongi notava que todas as suas inseguranças e tristezas eram cobertas com os bons momentos que o grupo lhe trazia. Vários de seus sonhos foram realizados. Ganhou prêmios. Compôs e produziu músicas dentro e fora do grupo. Lançou sua própria mixtape. Deu amor e foi amado. Passou belas mensagens aos que ouviam suas músicas. Recebeu a visita de seus pais em um dos shows que o BTS fez, perdoou-lhes e foi perdoado. Em um dos álbuns do grupo, teve sua própria faixa (esta, dedicada ao dono do primeiro contato que teve com a música). Em 2016, atingiu o ápice de sua carreira, ganhando dois daesangs. E, enquanto chorava, acolhido nos braços de seus melhores amigos que não paravam de sorrir, pensou naquele piano. Seu primeiro relacionamento de amor verdadeiro, sua primeira paixão, tinha sido aquele piano. Abaixo de Deus, foi um dos principais motivos pelo qual não desistiu de lutar pelo seu sonho. Concluiu, naquele dia, que não soltaria sua mão outra vez nunca mais.


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Notas finais do capítulo

*daesang: prêmio de melhor artista do ano.
Espero que tenham gostado! Gostaria muito de saber a opinião de vocês com relação a essa história, porque me esforcei bastante nela. Comente aqui embaixo e a gente se vê por aí ♡