Uma Galáxia Inteira escrita por Sarah


Capítulo 1
Minha alma está no céu


Notas iniciais do capítulo

A história é uma Soulmate UA onde sua alma gêmea compartilha sua dor, o laço, no entanto, não é formado necessariamente na primeira vez que as pessoas se encontram.



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Minha alma está no céu

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Ronan se inclinou para trás, no seu assento recém conquistado à mesa da Grifinória, quando um novo nome foi chamado. Parrish, Adam.

Diferente das outras crianças, ele caminhou com a espinha muito reta até o Chapéu Seletor, o olhar repleto de confiança. Ronan teve a sensação de que, caso o Chapéu Seletor dissesse que houvera um engano, que Hogwarts não era o lugar de Adam Parish, o menino rasgaria o Chapéu e escolheria ele mesmo uma mesa para se sentar, e nenhum dos professores seria capaz de tirá-lo de lá.

   Quando ele se virou para sentar-se no banquinho no meio do salão, pôde ver que menino tinha uma galáxia desenhada sobre o rosto, e, mesmo diante do teto encantado e das velas flutaando, seu queixo caiu um pouco ao mirá-lo. Havia diversos tons de roxo, verde e amarelo berrante cobrindo sua face esquerda. O cabelo de Adam estava muito grande e meio desgrenhado — a mãe de Ronan jamais permitiria que ele passasse tanto tempo sem um corte —, e um cacho caia sobre o seu olho, mas o colorido era bastante visível ainda assim. Ele parecia meio selvagem, e Ronan o achou muito bonito.

   — Ai! — O fantasma sentado à sua frente fez uma careta. — Aquilo deve ter doído.

   Noah estava olhando para o menino, que acabara de colocar o Chapéu Seletor na cabeça. A coisa assentou nele com muito mais dignidade do que fizera com Ronan.

   — Do que você está falando?

   Noah acenou para a própria face. Ele vestia um uniforme de Hogwarts e não devia ter mais de dezesseis anos. O problema era saber há quanto tempo ele tinha essa idade. O branco luminoso do resto do seu corpo desbotava para algo pálido na região da sua têmpora.

   — O machucado. Deve ter sido um golpe e tanto, essas coisas doem.

   Só então Ronan associou a mistura etérea de roxo, verde e amarelo na bochecha de Adam às contusões que ele sofria de vez em quando nos seus tombos de vassoura, ou ao cair de alguma árvore no Barns; mas seus pais sempre tinham sido muito rápidos em oferecer loções curativas, de forma que ele nunca tinha visto uma batida realmente derivar do roxo para o amarelo.

 Ele tinha crescido em um mundo gentil, repleto de coisas incríveis, e a ideia de que o menino tivesse uma galáxia desenhada no rosto parecia muito mais provável do que uma surra. Ronan sentiu seu estômago afundar algumas polegadas.

Pareceu levar muito mais tempo do que para as outras crianças, mas, finalmente, o Chapéu Seletor voltou a ganhar vida.

Sonserina!

Ronan não percebera até então que tinha as mãos fechadas em punho. Ele e o garoto que também era uma galáxia inteira não estavam indo para a mesma casa, não iriam compartilhar dormitórios, ele não veria seus sonhos. A coisa parecia muito anti-climática, mas, talvez por isso mesmo, Ronan suspirou de alívio.

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Ele tinha comido muita carne assada com cenouras e bebido muito suco de abóbora e depois tomado muito sorvete de menta, mas, apesar de estar cheio, quando se deitou na sua cama de dossel, no dormitório da Grifinória, Ronan achou que poderia flutuar. Seus lençóis cheiravam como magia e o quarto era agradavelmente quente, todo vermelho e dourado.

Declan tinha passado por ele no corredor, seu distintivo de monitor da Sonserina brilhando no peito, enquanto os alunos do primeiro ano eram conduzidos aos seus dormitórios, e lhe dera os parabéns. Seu irmão não parecia decepcionado por Ronan estar na Grifinória, como se soubese o tempo inteiro que os dois eram diferentes demais para irem para a mesma casa, ainda que tivesse feito brincadeiras sobre querer ver todos os Lynchs na Sonserina durante o verão, sendo especialmente ruim quando Aurora não estava vendo.

Ela devia estar fazendo chá àquela horade camomila se estivesse sozinha, ou de erva-doce se seu pai ainda estivesse em casa, o que nunca era possível prever, e Matthew estaria chorando de saudade dos irmãos — Ronan considerou, porém não se deteve no pensamento.

O momento de sentir saudade do Barns chegaria, mas, naquele instante, ele não desejava estar em nenhum outro lugar do mundo.

Seu último pensamento antes de adormecer foi a certeza absoluta de que Adam Parish se sentia exatamente da mesma forma.

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Ao acordar, muito cedo na manhã seguinte, seus dedos estavam firmemente fechados sobre um pequeno telescópio de latão, que parecia ter centenas de anos. Ronan sequer precisou espiar por ele para saber que, independente de para onde o apontasse, o objeto mostraria uma galáxia repleta de tons de roxo, verde e amarelo berrante.


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