Só ela sabe escrita por Jude Melody


Capítulo 2
Capricho


Notas iniciais do capítulo

Um ano para atualizar a história... O mestre ficaria orgulhoso!

Depois de pensar um pouco, decidi chamar a mãe do Leorio de Anna. Espero que gostem!



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Ele quase não parava mais em casa. Anna sentia-se viver ao redor do relógio, conferindo os ponteiros ao menor sinal de distração. Dizia que não, mas se preocupava. Leorio era um garoto impulsivo e obstinado. Só ouvia o bom senso depois de ter tomado uns tapas. Mas Anna não tinha moral para censurá-lo. Ele era seu reflexo. Cria de seus genes. Seu filho.

Quando terminou a escola, não sabia mais para onde ir. Descobriu sabe-se lá onde que o Exame Hunter era realizado todos os anos. Se a faculdade era a escada de ascensão social para os menos abastados, o Exame seria, aos olhos de Leorio, a escada para a própria faculdade. Anna sabia muito bem que ele levaria décadas para juntar dinheiro se ficasse limitado aos pequenos bicos. E o filho não era burro; sabia disso também.

Durante meses, distribuiu seu tempo entre o trabalho, o treinamento para o Exame e as implicâncias com a irmã. Alice reclamava pelos cotovelos, mas no fundo o amava. Aqueles dois eram muito unidos. Quem brigasse com um, brigava com ambos. E era até difícil dizer qual deles era mais feroz. Talvez Alice, pois ela às vezes mordia as pessoas — o que já rendera a Anna visitas constrangedoras à sala da diretoria.

Enquanto não estava costurando ou preparando salgados para vender, Anna fazia pequenas arrumações na sala, buscava a filha na escola se houvesse tempo, alimentava o gato que vivia na rua de trás e fitava o relógio. Leorio chegava cada vez mais tarde em casa, e Anna às vezes se pegava acompanhando o tiquetaquear, os lábios levemente prensados, e o olhar perdido.

Certa vez, Leorio apareceu em casa no meio da tarde, o rosto azul de fome. Estivera treinando o dia inteiro e agora precisava se arrumar para o trabalho. Pretendia devorar um sanduíche com um copo de suco, mas Anna largou os tecidos e se aproximou, empurrando-o de leve.

— Saia daí. Vou preparar algo decente para você comer.

— Não precisa, mãe.

— Claro que precisa. Ou acha que duas fatias de pão e mais umas besteiras vão te sustentar até a noite?

— É que estou com pressa...

— Eu faço rápido.

Ele preferiu não discutir. Correu para o banheiro, tomou um banho rápido e vestiu roupas limpas. Quando voltou para a cozinha, a mãe terminava de preparar o macarrão. Usara extrato de tomate industrializado como molho, pois não havia tempo para invencionices. Antes que Leorio pudesse pegar o prato, salpicou o queijo ralado como se fosse uma feiticeira preparando poções. E então o toque final: uma folhinha de hortelã no meio de tudo, apenas para dar aquele gosto de olhar.

Leorio beijou seu rosto e se sentou à mesa. Devorou a comida em menos de dez minutos, disse que estava deliciosa e já ia ele porta afora rumo ao trabalho. Anna sorriu enquanto lavava a louça. E espiou os ponteiros de canto de olho, contando os minutos para o filho voltar.


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Notas finais do capítulo

Notas finais: Este capítulo baseou-se em um vídeo do Cortela em que ele fala sobre a importância do capricho e dá como exemplo sua mãe preparando almoço. Link: https://www.youtube.com/watch?v=Q2ghIlyYBRo

O próximo capítulo será o último, pessoal! Tentarei postar ainda este ano. *risos*



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