Os olhos do garoto brilhavam enquanto ele encarava a brilhante coroa dourada com diversas joias vermelhas ainda mais brilhantes encrustadas nela.

O cérebro dele, acostumado com uma vida simples e pobre, não conseguia calcular nem um valor aproximado para aquela coroa. Mas Finn Mertens, o garoto, tinha certeza que se ele pudesse vender aquilo ele poderia se tornar muito rico.

E então seus pais e seu pequeno irmão poderiam ter uma vida muito mais digna e luxuosa do que aquela que eles tinham atualmente. Nem os malditos da Trupe do Destino iriam ousar se aproximar se ele usasse o dinheiro para contratar seguranças!

Seus olhos brilhavam em ganância e pareciam ignorar o fato da coroa estar na cabeça de um cadáver que estava sendo esmagado por uma bomba gigantesca.

Tudo o que ele via era a coroa e a riqueza que ela traria para si.

Sua mão esticou hesitantemente e, lentamente, ela tocou a coroa. E no instante que isso aconteceu um ar frio entrou pela entrada da caverna em que ele estava. O frio fez Finn sentir um arrepio em seu corpo.

E em uma reação imediata ele se afastou da coroa, com medo.

— Ei! O que você está fazendo aqui, garoto?! – Uma voz soou um pouco mais além do cadáver e da bomba, vindo das profundezas da caverna.

Quando Finn viu aquela figura anciã surgindo da escuridão e se aproximando, ele recuou vários passos. O que aquela velha estava fazendo em um lugar como esse?

— Afaste-se dessa coroa, já! – Ela ordenou gritando enquanto se aproximava lentamente.

Sob a pressão de escolher entre fugir rapidamente sem levar a coroa e perder toda a riqueza que ela poderia trazer, ou tentar rouba-la e fugir com ela, Finn não precisou pensar muito.

Usando da jovialidade que a velha não tinha o luxo de ter, ele rapidamente agarrou firmemente a coroa com as duas mãos, mas quando fez isso, um frio atravessou seu corpo, quase o tornando imóvel, então ele guardou a coroa em sua mochila, não ousando segura-la por mais tempo.

E logo que a guardou, começou a correr até a saída da forma mais rápida que poderia.

— Não! – A velha gritou desesperada. – Essa coroa é perigosa demais! Você não vai ser capaz de aguentar o poder dela! – Avisou aos gritos.

Apesar de ouvir os apelos da mulher que estava lentamente o perseguindo, Finn nem pensou em parar. Mesmo que significasse sua morte, havia a chance de seus tão amados pais e irmão viverem bem, disso ele não abriria mão.

Para Finn, sua família vinha sempre em primeiro lugar!

— Pelo menos não a use! Sua magia é potente demais para qualquer humano suportar! – Vendo que o jovem não iria parar e que ela não tinha a capacidade de persegui-lo, a velha se limitou a avisa-lo sobre o perigo que a coroa trazia.

Finn pôde ouvi-la, mas mesmo assim continuou com a coroa.

Em seus pensamentos ele queria zombar da velha sobre toda aquela coisa de magia, mas não podia falar nada quando se lembrou do frio que sentiu quando pôs suas mãos na coroa.

Logo após gritar, a idosa parou de tentar ir atrás de Finn, ela estava cansada apenas por percorrer aquela distância tão pequena.

— Eu tentei protegê-lo da coroa, Simon. Mas eu acho que estou velha demais para fazer isso... – A velha suspirou, enquanto olhava melancolicamente para o cadáver que estava com a coroa até alguns minutos atrás.

Finn não era um garoto mau, ele apenas fazia, de vez em quando, algumas ações ruins, mas sempre com boas intenções.

Então, para entender quais foram as condições que levaram Finn à essa caverna e que o fizeram roubar a coroa de uma velha, é necessário voltar alguns dias no passado.

Os Contos do Frio e do Gelo