Embriagues escrita por LucianaQuero


Capítulo 2
Perdida




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/73285/chapter/2

Abri meus olhos. Era como se algo corroesse minha vista. Estava tudo muito claro. Atrevi-me a levantar rapidamente, mas como me arrependi: senti dores profundas pelo corpo, e por isso não cheguei a sequer apoiar os pés no chão.

Minha cabeça parecia pesar 10 quilos a mais. Pressionei os olhos e levei a mão à testa, como se esse gesto fosse aliviar aquela dor terrível. Tentativa infeliz.

Fui abrindo os olhos novamente, dessa mais devagar, sem pressa. À minha volta, era tudo muito claro e limpo. Um quarto bem amplo, cheio de móveis de estilo clássico, — bem diferente do ar moderno da minha casa — tudo lindo!

— Bom dia.

Sentada em uma cama, — bem grande e confortável, por sinal, — dei um pequeno pulo. A mesma mulher do guarda-chuva estava agora, diante de mim, e de pé.

— Bom dia... — respondi insegura — o que... a...

— Você provavelmente teve uma noite muito árdua, moça.

— É... Quem é a senhora?

A mulher sorriu.

— Não precisa me chamar de senhora. Meu nome é Amy.

Certo. A mulher antes mal-humorada agora era um doce. Isso prova como não se pode julgar as pessoas pelo momento. Pensando agora, percebo que qualquer pessoa ficaria mal-humorada com uma bêbada esmurrando seu portão.

— Perdoe-me.

Não sabia onde me esconder tamanha era minha vergonha.

— Tudo bem moça.

— Susan.

— Ótimo. Você pode ficar a vontade, logo ali — disse apontando para uma porta à minha direita — é o banheiro. Assim que se sentir melhor, podes descer para tomar um café e então voltar para sua casa.

Amy virou-se prestes a abrir a porta.

— Espera! Eu realmente tenho que lhe agradecer toda a sua hospitalidade... Você deixou eu ficar na sua casa, agora me trata tão bem...

Ela por algum motivo, soltou um risinho.

— Quem me dera essa casa fosse minha. — estranhei, pois então? — Eu trabalho aqui.

— Ah... Então, onde estou?

— Você está na propriedade do Sr. Jackson.

— Ah, sim.

Ela pediu licença e se retirou. Enquanto isso, eu coçava a minha cabeça e tentava imaginar quem era o tal do Sr. Jackson.

“Hm, engraçado”, pensei. Pois o único Jackson que me veio à cabeça no momento, com certeza estava fora de cogitações.

“Devo estar em outro bairro”, concluí.

Depois de alguns minutos apenas pensando, levantei-me, ainda dolorida. Notei então que estava vestindo o mesmo vestido da noite anterior. Meus sapatos não estavam por perto. Certamente os perdi na rua. “Oh, que pecado”. Balancei a cabeça. Haviam custado caro.

Ao lado da porta do banheiro havia uma chaise, e nela um vestido leve e branco estendido. Abri a porta do banheiro. Diante de mim, uma grande e bela banheira de mármore. Fiquei embasbacada, nunca vira uma como aquela. Arqueei as sobrancelhas, “Não irei abusar. Não tanto assim”. De fato, precisava de um banho.

Liguei o chuveiro e tomei uma ducha. Não pensava em nada até sair do box. Então deparei a situação estranha que estava. Não tinha nada comigo, não sabia que lugar era aquele ou como chegara até lá.

Em cima da pia tinha uma escova de dente ainda embalada, e ao lado a pasta. Escovei os dentes e fui até à janela do quarto.

Espiei pela cortina. Vi um lindo jardim. Lindo e gigantesco. Maravilhoso e movimentado. Haviam várias pessoas andando. Provavelmente funcionários da mansão. Outros pareciam crianças.

“Onde diabos estou?!”

Vesti o vestido branco e levei o meu no braço. Respirei fundo. Tomei coragem e abri a porta do quarto.

 

*

É, a casa inteira seguia a mesma linha de estilo do quarto. Tudo bem clássico, antigo, maravilhoso. Diversos quadros nas paredes. Muitos com figuras de anjos.

Cheguei a uma escada e temi descê-la. Analisei o ambiente, procurando por alguém. Não, ninguém apareceu por minutos. Fiquei ali, como uma besta ameaçando descer o primeiro degrau.

Até que uma senhora apareceu lá embaixo.

— Pssiiu...

— Pois não?

— Estou perdida. — fui direta.

— Ah, você é a mocinha. Ah... A Srta. Mitchell.

Arrepiei.

— Sim, sou eu.

— Pode descer. — Disse a senhora de cabelos grisalhos com um bondoso sorriso estampado no rosto.

Assim fiz, rapidamente.

— Obrigada. Olha, diga ao senhor Jackson que eu agradeço, de coração, mas eu vou indo agora.

Movimentei-me a procura de uma porta que parecesse com a da saída. Pareci uma pata desengonçada.

— Embora? Não, não. Venha por aqui. O Sr. Jackson pediu que lhe servisse um café da manhã.

— Ah, não. Eu realmente não quero incomodar mais do que já incomodei.

— Para o Sr. Jackson não é incômodo algum.

Bufei. Contrariada, segui a senhora. Enquanto seguia-a, pensei “Quem diabos será esse Sr. Jackson?!”.

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Embriagues" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.