Embriagues escrita por LucianaQuero
Abri meus olhos. Era como se algo corroesse minha vista. Estava tudo muito claro. Atrevi-me a levantar rapidamente, mas como me arrependi: senti dores profundas pelo corpo, e por isso não cheguei a sequer apoiar os pés no chão.
Minha cabeça parecia pesar 10 quilos a mais. Pressionei os olhos e levei a mão à testa, como se esse gesto fosse aliviar aquela dor terrível. Tentativa infeliz.
Fui abrindo os olhos novamente, dessa mais devagar, sem pressa. À minha volta, era tudo muito claro e limpo. Um quarto bem amplo, cheio de móveis de estilo clássico, — bem diferente do ar moderno da minha casa — tudo lindo!
— Bom dia.
Sentada em uma cama, — bem grande e confortável, por sinal, — dei um pequeno pulo. A mesma mulher do guarda-chuva estava agora, diante de mim, e de pé.
— Bom dia... — respondi insegura — o que... a...
— Você provavelmente teve uma noite muito árdua, moça.
— É... Quem é a senhora?
A mulher sorriu.
— Não precisa me chamar de senhora. Meu nome é Amy.
Certo. A mulher antes mal-humorada agora era um doce. Isso prova como não se pode julgar as pessoas pelo momento. Pensando agora, percebo que qualquer pessoa ficaria mal-humorada com uma bêbada esmurrando seu portão.
— Perdoe-me.
Não sabia onde me esconder tamanha era minha vergonha.
— Tudo bem moça.
— Susan.
— Ótimo. Você pode ficar a vontade, logo ali — disse apontando para uma porta à minha direita — é o banheiro. Assim que se sentir melhor, podes descer para tomar um café e então voltar para sua casa.
Amy virou-se prestes a abrir a porta.
— Espera! Eu realmente tenho que lhe agradecer toda a sua hospitalidade... Você deixou eu ficar na sua casa, agora me trata tão bem...
Ela por algum motivo, soltou um risinho.
— Quem me dera essa casa fosse minha. — estranhei, pois então? — Eu trabalho aqui.
— Ah... Então, onde estou?
— Você está na propriedade do Sr. Jackson.
— Ah, sim.
Ela pediu licença e se retirou. Enquanto isso, eu coçava a minha cabeça e tentava imaginar quem era o tal do Sr. Jackson.
“Hm, engraçado”, pensei. Pois o único Jackson que me veio à cabeça no momento, com certeza estava fora de cogitações.
“Devo estar em outro bairro”, concluí.
Depois de alguns minutos apenas pensando, levantei-me, ainda dolorida. Notei então que estava vestindo o mesmo vestido da noite anterior. Meus sapatos não estavam por perto. Certamente os perdi na rua. “Oh, que pecado”. Balancei a cabeça. Haviam custado caro.
Ao lado da porta do banheiro havia uma chaise, e nela um vestido leve e branco estendido. Abri a porta do banheiro. Diante de mim, uma grande e bela banheira de mármore. Fiquei embasbacada, nunca vira uma como aquela. Arqueei as sobrancelhas, “Não irei abusar. Não tanto assim”. De fato, precisava de um banho.
Liguei o chuveiro e tomei uma ducha. Não pensava em nada até sair do box. Então deparei a situação estranha que estava. Não tinha nada comigo, não sabia que lugar era aquele ou como chegara até lá.
Em cima da pia tinha uma escova de dente ainda embalada, e ao lado a pasta. Escovei os dentes e fui até à janela do quarto.
Espiei pela cortina. Vi um lindo jardim. Lindo e gigantesco. Maravilhoso e movimentado. Haviam várias pessoas andando. Provavelmente funcionários da mansão. Outros pareciam crianças.
“Onde diabos estou?!”
Vesti o vestido branco e levei o meu no braço. Respirei fundo. Tomei coragem e abri a porta do quarto.
*
É, a casa inteira seguia a mesma linha de estilo do quarto. Tudo bem clássico, antigo, maravilhoso. Diversos quadros nas paredes. Muitos com figuras de anjos.
Cheguei a uma escada e temi descê-la. Analisei o ambiente, procurando por alguém. Não, ninguém apareceu por minutos. Fiquei ali, como uma besta ameaçando descer o primeiro degrau.
Até que uma senhora apareceu lá embaixo.
— Pssiiu...
— Pois não?
— Estou perdida. — fui direta.
— Ah, você é a mocinha. Ah... A Srta. Mitchell.
Arrepiei.
— Sim, sou eu.
— Pode descer. — Disse a senhora de cabelos grisalhos com um bondoso sorriso estampado no rosto.
Assim fiz, rapidamente.
— Obrigada. Olha, diga ao senhor Jackson que eu agradeço, de coração, mas eu vou indo agora.
Movimentei-me a procura de uma porta que parecesse com a da saída. Pareci uma pata desengonçada.
— Embora? Não, não. Venha por aqui. O Sr. Jackson pediu que lhe servisse um café da manhã.
— Ah, não. Eu realmente não quero incomodar mais do que já incomodei.
— Para o Sr. Jackson não é incômodo algum.
Bufei. Contrariada, segui a senhora. Enquanto seguia-a, pensei “Quem diabos será esse Sr. Jackson?!”.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!