Querida mamãe escrita por SBFernanda


Capítulo 1
Querida mamãe


Notas iniciais do capítulo

Essa época do ano é tão especial para mim. Gosto imensamente de homenagear a minha mãe (quem me tem no facebook sabe que é verdade), pois para mim, as mães são pessoas fortes e únicas e, um dia, espero ser um pouquinho como a minha.

Nessa história, passei um pouco a visão de como elas são vistas (ou como a minha é vista). Não estranhem se não verem muito o que Hinata pensa. O foco foi mostrar como ela é vista pela família. Espero que gostem!

Um feliz dia das mães para aquelas que são mães e para as mães dos que lerem essa história. ♥



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Querida Mamãe

Por Fernanda Santos Barroso (SBFernanda)

 

A sala do Hokage estava sendo bombardeada, mas não por bombas de verdade. Aquele era um ataque muito mais importante. O Hokage estava sendo bombardeado por seus filhos. Os dois falavam rápido, alto e, o pior de tudo, juntos. Ele simplesmente não conseguia entender nada, por mais que tentasse.

Himawari estava falando e pulando, ao mesmo tempo em que gesticulava. Ele sempre a achava adoravelmente fofa quando fazia isso. Isso, talvez, o ajudasse não conseguir se concentrar no que a filha tentava dizer ao mesmo tempo em que Boruto. O menino, por sua vez, estava parado e olhando fixamente para o pai, mas seu tom de voz não estava mais baixo e ele não falava mais devagar, tampouco.

— Qual é o problema aqui? — Shikamaru entrava na sala, olhando assustado para as crianças e, em seguida, para Naruto. No mesmo instante os dois menores se calaram. — Dá pra ouvir vocês há quilômetros!

— Precisamos que o papai nos dê dinheiro. — Himawari ergueu os braços como se comemorasse algo. E de fato ela o fazia. Finalmente fora ouvida.

— E para quê precisa de dinheiro, Hima? Poderia ter pedido à sua mãe, em todo o caso. — Naruto estava curioso. Raramente seus filhos lhe pediam dinheiro, e muito mais raramente iam a seu escritório para isso.

— Mas se pedirmos a ela, logo vai descobrir tudo. Ela não pode descobrir, papai. — A pequena fez um biquinho, mostrando o quanto a ideia de estragar uma surpresa lhe deixava triste.

— Por que sua mãe não pode saber? Era isso que estavam tentando me contar, certo? Que tal Boruto me explicar?

Os dois tinham começado a se entender novamente. Naruto tentava ser mais presente em casa depois do que haviam passado e por isso mesmo não compreendia porque precisaram buscar o pai no escritório e não em casa. Se Hinata não podia saber, algum grande segredo deveria ser, de fato. Como Naruto nunca tinha segredos com os filhos que a sua mulher também não tivesse, achou melhor aproveitar aquela oportunidade.

— Vem aí o dia das mães. Queremos comprar alguns presentes para a mamãe, algumas flores e fazer algumas coisas para comermos em um piquenique no dia.

— Ah! — Um grande sorriso apareceu nos lábios de Naruto. — Então vocês já organizaram tudo e nem pensaram em me convidar?

— A gente não sabia se você ia estar trabalhando — disse Boruto antes que a irmã tivesse a chance. Mas confirmando a verdade, Himawari acenou com a cabeça.

— Hm... Shikamaru? — Os dois apenas trocaram um olhar antes que o Nara começasse a olhar a agenda do Hokage. Ao mesmo tempo, Naruto retirou a carteira do bolso e entregou algumas notas para os filhos. — Vocês podem comprar o que pretendem, mas cuidado para a mãe de vocês não desconfiar.

— Papai, você vai poder ir ao piquenique? — Era Himawari. A ideia do pai poder estar presente naquele momento só daria mais alegria à sua mãe, ela sabia.

— Claro que ele irá — Shikamaru respondeu pelo Hokage. — Seu horário está livre para o dia das mães.

Eles nunca saberiam se realmente sempre estivera livre ou se Shikamaru organizara tudo para que estivesse. Independente do que fosse, tanto Boruto quanto Himawari estavam mais empenhados em fazer daquele dia ainda mais especial para aquela que amavam acima de tudo.

Quando o segundo domingo do mês chegou, trazia consigo o característico dia quente de primavera. O céu estava azul e sem nuvens. Um dia perfeito para um piquenique.

Hinata acordou no mesmo horário de sempre, mesmo sendo domingo. Ela estava tão acostumada à sua rotina que não conseguia evitar. A primeira coisa que sempre fazia era ir ao banheiro e tomar um banho. Naruto não estava na cama, o que lhe fez pensar que ele tinha ido para o escritório.

Ao sair do banho, pronta para fazer o café da manhã, ouviu vozes vindas da cozinha. Havia risadas, pedidos de silêncio e um cheiro bom... O que as crianças estariam aprontando?

Quando entrou na cozinha, parou onde estava. A visão que tinha era rara e não acontecia há muito tempo. Naruto estava com Himawari sobre os ombros. Ela mexia alguma coisa dentro de uma vasilha, que apoiava na cabeça do pai. Boruto estava ao lado, arrumando tudo que o pai passava dentro de uma grande cesta de piquenique.

Nenhum deles viu Hinata onde ela estava, e se aproveitando disso, ela se escondeu para aproveitar um pouco mais da visão que tinha de sua família.

Himawari estava cheia de farinha, mas sorria a todo instante enquanto o pai pedia a vasilha vez ou outra, para poder cozinhar. Boruto também tinha o rosto todo sujo de alguma coisa, alguma pasta. Ele, assim como a irmã, sorria sempre que olhava para o pai os ajudando. Mesmo quando voltava para sua arrumação, seja colocando as coisas dentro da cesta ou fazendo sanduíches, ainda sorria.

— Vocês precisam rir mais baixo. A mãe de vocês vai acordar logo e nos ouvir. — Ao dizer aquilo, Naruto olhou exatamente para onde a esposa estava. Ele sabia que ela os observava, mas pediu em silêncio que fingisse que não. — Afinal, é uma surpresa.

— Você tem que parar de nos sujar, papai — disse uma Himawari risonha.

— Eu? Sujando vocês? Estou apenas pedindo que provem minhas receitas. Não queremos que a mamãe coma alguma coisa ruim, não é mesmo?

— Não! — Himawari praticamente gritou e Boruto se virou para ela fazendo “shiu” enquanto Naruto ria.

— Ainda bem que eu deixei um bilhete para a mamãe ir direto para o quarto de vocês quando acordasse. Só assim pra ela não nos encontrar desse jeito.

Aquela era a dica para Hinata seguir para o local imediatamente. Provavelmente eles estavam terminando e Naruto iria dar um banho nos dois. Ao menos, era o que ela esperava. Com um sorriso nos lábios, virou-se e seguiu para o quarto das crianças.

Primeiro foi ao quarto de Boruto. Em cima da cama dele havia um embrulho médio e com um papel de corações. Em cima deste, um cravo vermelho. Hinata sabia que os cravos eram um símbolo das mães naquele dia, significando doçura, pureza e resistência. Ela se emocionou com o que o seu pequeno menino queria lhe dizer com aquele pequeno gesto.

Sentou-se na cama, abrindo o pacote para ver o que lhe fora presenteado. Havia ali um belo lenço azul Tiffany, com uma joia da mesma cor pendurada em seu centro, dando um ar muito sofisticado. Hinata sabia que seu filho havia economizado, ela o via fazendo isso, mas nunca imaginaria que fosse para isso. A emoção que sentiu foi ainda maior. Sorriu, abraçando o lenço e pegando o cravo antes de sair.

Respirou fundo antes de entrar no quarto de sua pequena Himawari. Assim como acontecera com Boruto, o embrulho estava em cima da cama. O cravo desta vez era na cor amarela, uma cor que sabia que a filha gostava muito. Sorriu ao se sentar na cama.

O embrulho desta vez era cheio de girassóis, a flor que se tornara símbolo de sua filha com o passar dos anos. Quando abriu, encontrou uma bolsa Furoshiki, uma bolsa característica como presente naquela época. Era feita com um lenço muito bonito e colorido. Ela havia adaptado uma alça mais firme junto ao lenço, dando um ar mais moderno e sofisticado à bolsa. Hinata tinha certeza que quem fizera fora a filha, talvez com a ajuda do irmão.

Eles sempre faziam alguma coisa no dia das mães. Podia ser os biscoitos que compravam na padaria, confeitados por eles mesmos ou, até mesmo, os clássicos cravos que compravam com Ino. Mas naquele ano estavam juntos para lhe surpreender. E estavam conseguindo.

Hinata pegou suas coisas, e sem saber o que fazer, decidiu voltar para seu quarto. Qual foi a sua surpresa ao entrar lá e encontrar mais um cravo. Desta vez ele era rosa, completando a variedade. Talvez Naruto tivesse deixado aquele.

Bastou pensar no marido e ele apareceu de mãos dadas aos filhos. Os três pararam à porta do quarto e a encararam com os olhos marejados e seus presentes nos braços. Como que combinado Hinata deixou as coisas sobre a cama e se abaixou, no mesmo instante em que os filhos corriam até ela, lhe abraçando em seguida.

Hana no Hi! — os dois disseram ao mesmo tempo, por fim conseguindo arrancar a lágrima que Hinata tanto segurara.

— Vocês me surpreenderam mesmo esse ano!

— Você gostou? — Himawari perguntou. Hinata sabia que ela pensara, antes de tudo, no presente.

— E como não? Eu amei tudo. Vocês são maravilhosos. — Após dizer aquilo, Hinata se inclinou, dando um beijo na bochecha de cada um. Boruto ficou vermelho no mesmo instante. Ele estava na fase que quando a mãe beijava, ele ficava (sempre) sem graça.

— Mas ainda não acabou. — Mesmo um pouco sem jeito, ele tomou a frente. — Vista-se com um vestido bem bonito, mamãe.

— Oh, e onde vamos? — A mulher se pôs de pé, olhando para o seu primogênito.

— É uma surpresa. — Ele ficou sério por alguns segundos, mas logo abriu um grande sorriso. Naqueles momentos, Boruto ficava a cara do pai.

— Então, vou me trocar. Encontro vocês na sala? — Os três confirmaram, saindo um por um do quarto. Naruto rapidamente lhe deu um beijo e piscou antes de seguir as crianças.

Hinata procurou um vestido no guarda roupa. Ela raramente saía durante o dia agora que seus dois filhos estavam maiores, por isso suas roupas para isso ficavam quase esquecidas. Tirou um vestido rosa claro e o vestiu, surpresa por ainda ficar bom. Ao se olhar no espelho, ficou mais surpresa por conseguir continuar se vendo como mãe, mesmo sem as roupas tão comuns que sempre usava.

Uma vez mãe, sempre mãe, foi o que Kurenai lhe dissera quando ficara grávida pela primeira vez e confessara que já não se via sem o seu bebê, que ainda nem tinha nascido. Realmente, não se via mais sem os seus filhos. Eles poderiam crescer, poderiam formar famílias, mas ela nunca se imaginaria como algo diferente do que era: mãe.

Ao descer, encontrou os três sentados no sofá conversando. Era uma cena que vinha se repetindo alguns dias. Ficava alegre a cada vez que podia presenciar. Sabia, no fundo, o quanto aquilo também fazia bem a Naruto. Mas ainda mais para seus filhos. Eles estavam extasiados de alegria naquele dia.

Quando se anunciou, eles se levantaram e Naruto pegou a cesta que tinham arrumado. Himawari lhe pegou uma mão e Boruto foi para o lado da irmã, não pegando a mão dela e sim enfiando-as no bolso da bermuda. Após fechar a porta da casa, Naruto pegou sua outra mão. Um momento em família, finalmente.

 Eles caminharam pouco tempo até chegar perto do bosque que fazia fronteira com Konoha. Por ser primavera, o lugar estava repleto de flores, tornando-o um local excelente para passar um tempo com a família. Que era exatamente  o que eles fariam, percebeu Hinata, quando Boruto partiu na frente para estender uma toalha no chão. Himawari o seguiu depressa.

— Você os ajudou? — Por fim ela conseguiu perguntar a Naruto.

— A ideia foi toda deles. Lugares, presentes, flores, piquenique, tudo. Eu só os ajudei com o fogão. — Ele sorriu, sabia que ela o agradeceria por aquilo, afinal, os dois ainda eram muito pequenos para o fogão. Ainda que Boruto já fizesse coisas mais perigosas do que aquilo, Himawari sempre queria imitá-lo, por isso, evitar era o melhor.

— E você conseguiu um tempo. — Ela sorriu em agradecimento.

— Eu precisava. — O sussurro de Naruto morreu nos lábios de Hinata quando ele lhe deu um beijo.

— Será que dá para largar a mamãe? — Era Boruto fazendo careta. Os dois adultos riram. Às vezes o filho ainda agia como quando era bem pequeno e odiava ver o pai beijando a mãe por puro “ciúme”.

Hinata caminhou até onde os filhos estavam, sentando-se de frente para os dois. No mesmo instante eles começaram a lhe mostrar o que tinham trazido. Naruto já havia deixado a cesta com eles e se sentara ao lado da esposa, achando graça a cada vez que eles estendiam alguma coisa para ela.

— Com calma, pessoal. Mamãe não vai conseguir comer tudo agora.

— O bom disso é que temos o dia todo! — comemorou Hinata, conseguindo arrancar sorrisos dos filhos.

Naruto adorava aquilo nela. Hinata tinha mesmo aquele dom. Ela conseguia trazer o melhor dos momentos e das pessoas. Fora assim com ele também. Mesmo que ele tivesse demorado para notar. Ao lado dela, ele sempre se sentia mais poderoso, mais confiante, porque ela o fazia se sentir assim. Hinata confiara nele como ninguém — nem ele mesmo — fora capaz. Isso lhe fizera, ao longo dos anos, trazer o melhor que havia em si e mostrar que ela estava certa em apostar nele durante todo aquele tempo.

Enquanto a observava comer as coisas que os filhos lhe davam, reagir a cada uma delas e ouvir suas histórias e rir delas, Naruto observava melhor o que ela lhe dera. Hinata lhe dera um lar, lhe dera uma família que, acima de tudo, era sua. E não só ela era uma esposa maravilhosa, como sempre soube que seria, como também era assim como mãe.

Ela fora responsável por educar seus filhos quando ele esteve tão ausente nos últimos tempos. Ela fizera de Boruto, um garoto rebelde, um rapaz admirável, ainda que muito bagunceiro. Perto dela, Boruto era o melhor dos meninos. Ele amava a mãe, da mesma forma que a respeitava.

Da mesma forma era com Himawari. A menina era tão doce quanto a mãe fora, mas tinha muito mais confiança do que qualquer um dos dois jamais teve em sua infância. Himawari sempre se espelhava no irmão, mas tudo em si era como Hinata. A mãe também era o seu grande exemplo, isso estava claro.

Por isso, Naruto nunca poderia agradecer o suficiente à esposa. Ela lhe dera tudo e ainda lhe dava. Ela era tudo o que ele poderia sonhar e muito mais.

— Venham! — ele chamou ao se levantar de repente. — Quero tirar uma foto desse momento.

— Oba! Foto! — Himawari comemorou, correndo para junto do pai. — Onde, onde?

— Quero uma foto de vocês com sua mãe, tudo bem? No meio das flores. — Ele tirou uma câmera fotográfica de dentro da cesta, surpreendendo a Boruto, que tinha arrumado tudo.

— Mas e você? — Hinata perguntou. Já era tão difícil ter uma foto de todos juntos, ela não queria perder a oportunidade.

— Eu tiro depois. Mas hoje é o seu dia, mamãe. — Dando uma piscadinha, Naruto sorriu para ela. — Vamos!

Hinata pegou as mãos dos filhos e os fez a seguir. Boruto não parecia muito feliz com a ideia, mas era apenas a comum vergonha da idade. Não tinha ninguém ali para ver e falar qualquer coisa depois. Pensando bem, quem ligava para o que diriam? Ela era a sua mãe, a mulher da sua vida.

Se havia uma certeza para Boruto Uzumaki é que nunca ele amaria ninguém como amava sua mãe. Ela era a mais linda, a mais amorosa e a melhor de todas. Nunca alguém poderia se igualar a ela, ele tinha certeza.

Os três se sentaram em meio às flores e Naruto tirou uma foto. Pouco a pouco, conforme se soltavam, ele tirava mais fotos. Por fim, quando Hinata levantou, trazendo Himawari para cima consigo, a erguendo acima de sua cabeça, Boruto abraçou suas pernas. Os três riram juntos e Naruto tirou a foto certa. O dia, que passara rapidamente, estava chegando ao fim com um pôr do sol que trouxe o fundo que precisavam para uma fotografia de um momento inesquecível.

Sem notar aquela foto, os três correram na direção do loiro, que os recebeu de braços abertos. Esticou o braço com a câmera e ajustou o ângulo, de modo a conseguir pegar todos na foto.

Rosto estava colado a rosto. Naruto e Hinata lado a lado. Himawari ao lado do pai, Boruto ao lado da mãe e um sorriso igual em cada um.

Naquela noite, depois de tomar um banho e se deitar, Hinata soube que ganhara o melhor presente quando descobrira que seria mãe. E se todos os anos pudesse ter ao menos um dia como aquele que ganhara das três melhores pessoas da sua vida, ela não teria nunca do que reclamar. Fora o melhor presente, pensou, olhando para a foto dos quatro na câmera.


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