Os Quatro Reinos E O Que Não Era Pra Ser escrita por Farm Girl


Capítulo 2
De videogames e arqui-ini- umm, professores de Química


Notas iniciais do capítulo

Gentiiii, mals a demora. Fale sobre writer's block!! Não saia por nada kkkk. Mas está aqui! Venci ele por vcs! A primeira postagem não está revisada, mas depois a SpacePuddin vai revisar e eu edito, ta bom, meus amoros? Espero que gostem!
Boa leitura!! :)
//Farm Girl
P.S.: eu editei esse capítulo e o próximo. Espero que gostem 2!!!



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— Júlia! Não! Júlia! Volta! – Com um susto, Júlia sentou na cama. Olhou ao redor, ainda estava escuro. Não havia nada mudado em seu quarto, mas parecia tão... diferente. Tão errado. É como quando você acorda de um sonho e demora a reconhecer seu quarto. Mas Júlia se sentia deslocada, como se a errada fosse ela, como se ao invés de acordando, ela estivesse sonhando.

O relógio gritava 3:00 com seus traços vermelhos, ainda esperando o momento certo de chegar a hora programada e levar todos a loucura. Ela ignorou esses pensamentos e saiu da cama, ainda meio grogue. Andou pelo corredor devagar, como se tentando se recolocar nesse universo. Seu apartamento era pequeno, e as poucas paredes que não estavam cobertas de desenhos e pinturas eram poluídas com retratos e quadros. Desenhos de épocas distantes e já esquecidas; de deuses, rainhas e seres mitológicos. Não sabia porque havia pintado e desenhado nas paredes, seu apartamento era alugado, afinal de contas.

Quando chegou na sala, se perguntou se não estava vivendo a última edição de Atividade Paranormal.

— Um bolo. De chocolate. Na minha sala, as 3:00 da manhã, em dia de semana? – Olhou em volta, nenhum sinal de que alguém havia arrombado a porta. Olhou de novo, a janela também estava intacta. Não havia vizinhos com quem ela mantinha contato. Ninguém da Ubisoft sabia onde ela morava. A não ser que ela tivesse entrado em coma, e acordado por milagre, ninguém havia tocado a campainha, e ninguém tinha sua chave, nem mesmo o síndico. Ela sabe: depois de 2 anos morando aqui, ainda tinha de fazer a cópia da chave original para devolver essa para ele.

Não via motivos sensatos para comer o bolo, mas ao mesmo tempo, não via motivos bons o suficiente para não o comer.

— Dane-se o bom senso, eu quero bolo. – Partiu um pedaço e comeu. Se estivesse envenenado, ao menos morreria feliz. Talvez. Já que nada acontecera de imediato, sentou-se no sofá e ficou olhando pela janela.

Ficou observando as estrelas, vendo as constelações e se perguntando se elas eram tão diferentes aqui no Canadá e no Brasil. Lembrava-se de todas as histórias por trás delas e provavelmente as reconheceria em qualquer parte do mundo. Lembrou-se de quando era criança e adolescente e desejava uma vida assim para ela. De deuses e monstros, arcos e flechas, de ser escrita nas estrelas, um sinal de que ela esteve lá nos mitos, de que seus feitos foram merecedores, e que estarão sempre no céu, para que todos possam ver.

Muitos tentaram convencê-la de que isso era ridículo, e ela mesma não sabia o porquê de ter essa sensação de que era feita para algo maior do que estava vivendo, mas o sentimento estava lá, como muitas coisas que não sabia porquê. Vinha com o sentimento de que essa vida e tudo que a acompanhara, todas as suas memórias, foram empurradas em sua mente e acreditadas de modo forçado, como se por obrigação.

Dormiu sem perceber, sonhando com deusas e feiticeiros, estrelas e mitos.

Quando acordou, o despertador provavelmente já tinha acordado todos os vizinhos, com o barulho que estava fazendo. Levantou do sofá, espreguiçou-se, estralando e esticando todos os nós que haviam se formado na noite passada no sofá, e começou sua rotina normal, meio mecanizada, como um robô programado.

Se olhou no espelho do banheiro, seu cabelo rosa para todos os lados, seco e crespo por causa do clima frio. Respirou fundo e continuou. Se vestiu rapidamente, agarrou sua mochila e já estava de saída, quando parou e olhou o bolo ainda no mesmo lugar. Deu de ombros, cortou um pedaço e foi comendo até o ponto de ônibus.

Algo parecia errado. O tempo passava lento demais e rápido demais. Meses se passaram, mas não pareciam mais que dias.

Chegou na Ubisoft*, num dia normal, corrido e atarefado como sempre, e sentiu cheiro de problema. Será que a mulher do chefe está de TPM de novo? ela se perguntava. Mas, logo que o viu sorrindo de orelha a orelha, descartou essa possibilidade. Quantas vezes Júlia já teve que fazer a mesma cena várias e várias vezes por insistência do chefe, que estava irritadíssimo por causa de sua esposa que não parava de o atazanar, só para, no fim, ele gostar mais da primeira. A lembrança lhe trazia um arrepio muito desagradável na espinha.

— Mas se não é isso, então...o que será? - murmurou para si, entrando no elevador. Apesar de a capacidade ser de 6 pessoas, eles davam um jeito de caberem 10 ou mais, lembrando uma lata de sardinha. No frio era um paraíso. Talvez fosse pelo fato de que em pleno inverno estivesse “calor” que a estivesse fazendo se sentir assim. Deu de ombros e andou até seu escritório.

Treze horas depois, seus olhos ardiam e ela quase podia sentir o cheiro da fumaça de seu cérebro. Seu dia de trabalho havia acabado. "E eu nem comi", pensou com tristeza. Estava planejando ir num restaurante ali perto, mas seu cérebro perfeccionista se empolgara de tal forma com os gráficos de seu novo videogame que nem tivera tempo ou cabeça para sair de sua cadeira, e, quando viu, o tempo já tinha passado. Estranho, seu chefe não tinha passado ali para mandá-la embora, como fazia quase todo dia, com exceção dos poucos dias que ela lembrava de ir embora na hora. Ele odiava ter que pagar hora extra, apesar de nunca deixar de fazê-lo.

Ouviu uma batida na porta.

— Humm... pode entrar. - onze horas da noite e ainda havia gente aqui? Alguém abriu a porta lentamente. Tão lentamente que Júlia, quando não viu de primeira quem estava lá, levantou bruscamente e abriu o restante da porta com força, quase acertando sua testa.

Lá estava ele, seu arqui-inimigo desde que se lembra. O homem que estragara sua vida, e tirara tudo que ela amava, toda sua felicidade.

Seu ex-professor de química.


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Notas finais do capítulo

*Ubisoft: A Ubisoft clama ser o 3° maior publicador de video-games independente do mundo
Curta, mas eu compenso nos próximos kkk



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