Seus olhares encontraram-se por um minuto e Haruhi pode enxergar finalmente o que os orbes azuis dele expressavam quando ela entrava em seu campo de visão. Antes que pudesse dizer algo, ele virou-lhe as costas e começou a caminhar em direção a saída.

- Senpai eu...

- Adeus Haruhi. – disse Tamaki por fim, fechando a porta à suas costas.

A jovem permaneceu estática, observando com a vista embaçada pelas lágrimas o objeto que acabara de ser cerrado. Ele havia ido embora, levando consigo um mar de sentimentos que nunca ousara a declarar para ela.

Seu interior estava vazio, assim como a sala do Host Club. Ele saíra de sua vida e somente no momento do adeus foi que Haruhi percebeu o quanto ele era importante. Ela amava-o.

- Senpai! – gritou, desabando no chão de joelhos. – Tamaki-senpai...

- Senpai...

- Haruhi?

A voz melodiosa de Tamaki chegou até os ouvidos da jovem, que acabou por despertar. Assim que abriu os olhos, uma solitária lágrima escapou de seu orbe direito e correu por sua face. Estava sentada em uma das mesinhas da sala de música, com a cabeça apoiada sobre os braços descansados sobre a superfície. Ao seu lado, em pé, estava o loiro; o silêncio denunciava que não havia mais ninguém no local. Tamaki curvou-se para olhá-la nos olhos.

- O que aconteceu Haruhi? – indagou o jovem preocupado, apressando-se em amparar o líquido salgado em seu caminho.

Limpou cuidadosamente a gota e não entendeu quando um sorriso brotou dos lábios da anfitriã. Corou ao ver mais uma vez como ela era linda; principalmente quando sorria.

- Eu tive um pesadelo, senpai. – contou a garota, enquanto ele ainda permanecia com a mão sobre seu rosto.

- E foi muito assustador? – perguntou, sorrindo ternamente.

- Eu me senti confusa... Perdida. Achei que nunca mais fosse sorrir ou conseguir viver. – Haruhi levou sua mão de encontro com a do loiro, tocando-a levemente para logo em seguida segurá-la debaixo da sua. – Meu coração havia ficado vazio.

Lentamente a anfitriã ergueu a cabeça, ainda segurando a mão de Tamaki sobre seu rosto. Um sorriso brincava em seus lábios, enquanto ele quase entrava em transe com suas ilusões.

- Senpai...?

- Hã? Ah desculpe... – pediu, afastando a imagem da garota entregando-lhe um chocolate caseiro de sua mente. -  Mas se você teve um pesadelo tão horrível quanto disse, por que sorri tanto? – perguntou curioso, afinal Haruhi estava mais sorridente do que o normal. Definitivamente isso era estranho.

 - Porque eu sonhei que você tinha ido embora para sempre... E fiquei feliz ao acordar e descobrir que fora apenas um sonho. – explicou, ficando com a face levemente rubra.

- Haruhi...? – murmurou o loiro, sem fôlego pela surpresa. Sua mão tremeu levemente sobre a face dela.

- Quando você me disse adeus e saiu pela porta da sala, eu senti como se tivesse levado toda minha felicidade contigo. – continuou ela, sem mesmo saber de onde tirara coragem para dizer aquilo. – Eu vi em seus olhos algo que nunca havia percebido antes... Será que você tem este mesmo olhar aqui... Na realidade?

E ele entendeu o que ela queria dizer. Era algo que sentia e que só costumava expressar pelo seu olhar. No começo nem ele mesmo sabia, mas depois havia descoberto e guardado somente para si.

Tamaki sorriu e seus olhos apaixonados brilharam como nunca. Haruhi também sorriu. Os lábios dele chegaram suavemente até os dela e transformaram seus sentimentos em um só. Amor.

- Que horas são? – indagou Haruhi, levantando-se com a mão segura junto a do loiro.

- Quase na hora de atender nossas clientes... – respondeu, mirando-a com carinho.

- Não podemos tirar um dia de folga?

- Acho que os outros cuidariam bem das alunas... – ponderou Tamaki, pensativo. – Talvez...

- Poderíamos ir para minha casa e eu cozinharia...

- Você faria chocolates caseiros? – pediu cheio de expectativa, ajoelhando-se e abraçando-a pela cintura.

- Nani?!

Logo os outros anfitriões apareceriam e se surpreenderiam com tal cena. Kyoya, Honey-senpai e Mori-senpai talvez nem tanto. Kaoru suspiraria e diria: finalmente! Hikaru sentiria uma pontada de desapontamento. Mas era certo que todos ficariam alegres com aquela nova descoberta, pois não haveria nada melhor que ver seus amigos felizes juntos.

Não quero fechar meus olhos

Eu não quero pegar no sono

E eu não quero perder nada

FIM