Time Web escrita por Mabée


Capítulo 10
Capítulo 10 - Festa




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Às vezes é difícil saber o que acontecerá no segundo seguinte ou o que aconteceu no segundo passado, até porque Peter não era capaz de prever o futuro ou voltar no tempo, e esse pensamento era a única coisa que lhe confortava nos momentos difíceis. Ele podia passar horas pensando que havia sido o motivo de tanto mal que lhe ocorreu, ou que ocorreu aos outros ao seu redor, mas uma conversa com sua tia mudara seu modo de pensar e acabou por deixá-lo menos pior.

Ainda era difícil sentar-se à mesa e comer em silêncio, sabendo que qualquer conversa seria estranha sem sua presença — até as piadas péssimas sobre encanamento faziam falta. Peter tinha de ser forte e agir como adulto para que sua tia não fosse abandonada; por mais que ela tentasse, seu coração ainda estava frágil e ela não mostrava sinais de uma boa recuperação. A mulher saía dos cômodos às pressas e se trancava no quarto quando o choro não se aquietava, ou passava horas deitada na cama apenas cheirando as cobertas e dormindo abraçada com as roupas velhas no guarda-roupas antes dividido — Peter já havia presenciado essa cena uma vez. Ela não cozinhava mais, e não comeria por vontade própria, ao menos que o sobrinho lhe trouxesse comida e ficasse na mesa até ver seu prato vazio.

Ele sabia que sua maior responsabilidade era cuidar de sua tia, mas sua raiva era tão grande que às vezes ele só precisava sair do apartamento e sobrevoar a cidade, pousando em prédios aleatórios e procurando por qualquer bandido que aparecesse em sua frente, preparado para atacar. Por não ter visto o rosto de quem matou seu tio, ele sentia-se inútil, sabendo que não teria como ir atrás deste e fazer a justiça que lhe devia, então depositava a raiva em qualquer malfeitor que cruzasse seu caminho.

De início, fora fuzilado por questões vindas de Ned, Harry (e até de Liz, mas ele acabou travando e não respondendo) sobre os machucados que surgiam em seu corpo, além dos punhos que estavam sempre vermelhos e procurando cicatrizar, não sendo possível pela frequência das lutas. Ele apenas jogava o gorro do moletom sobre a cabeça, enfiava as mãos nos bolsos e fazia o que tinha de ser feito na escola, ansioso para voltar ao apartamento, vestir-se e procurar o infeliz que tirara a vida de seu pobre tio.

Naquele momento, ele estava sentado em uma das mesas da biblioteca com seus cadernos e livros espalhados ao redor, evidências de que já havia feito o dever de casa e agora se perdia nos pensamentos enquanto a ponta da caneta batucava levemente contra uma das páginas e colorindo, sem querer, uma das páginas que falava sobre o reino animal.

Peter ouviu o barulho do ranger das portas e levantou o olhar, percebendo que era o único ainda presente no local, nem mesmo a bibliotecária estava ali. Pela entrada, passos suaves ecoaram em seus ouvidos com os pequenos saltos que batucavam tranquilos ao caminhar. Ele parou para observá-la, olhando dos pés à cabeça e decorando cada um de seus movimentos. A jovem vestia uma calça jeans rasgada e as mesmas botas pretas de salto que caíram sobre o carpete de seu apartamento, junto de uma blusa de mangas longas vinho. Observando bem, havia um cordão diferente pendurado em seu pescoço, o mesmo que ele já havia visto anteriormente.

A jovem parou logo em frente à estante e colocou o pacote de jornais em cima, distribuindo igualmente com cuidado para que tudo ficasse no lugar em que desejasse. Peter focou em seus dedos ligeiros movendo cada unidade e respirou fundo, levantando-se da mesa.

Peony talvez não fosse a pessoa mais agradável do Universo — ou apenas não mostrasse —, mas ela tinha um grande coração, mesmo que coberto pela muralha que ela mesma construíra. Logo que a garota deixara seu apartamento enquanto ele retomava o sono das noites mal dormidas, sua tia o acordou, dizendo que sairia para pagar algumas contas, não antes de elogiar a educação da jovem. E os comentários só cresciam à medida em que mais pessoas ouviam a história, como Ned, que não pareceu muito contente com a ideia mas reconheceu que fora uma boa atitude dela ter oferecido o apoio (e pizza); ou Harry, que com sua grande boca soltou algumas poucas e boas que fizera Peter rir incontrolavelmente ou ficar igual um pimentão de tanta vergonha — "ao menos diga que você 'afogou o ganso'" — e Michelle, "eu gosto dela".

E agora, todos os traços malignos que ela trazia pareciam ter sumido, evaporado sem deixar rastros. Ele ainda podia ouvi-la reclamar com os alunos do editorial, ou praguejar para os seus botões enquanto lia artigos que não gostava ou esbarrava em alguém nos corredores, mas mesmo assim, a imagem totalmente nova que ele criou não havia se dissipado. Agora ela não era Smaug, ou Sauron, ou Sith, mas era a Peony, e isso o confortava.

Enfiando as mãos nos bolsos, Peter encostou-se ao balcão logo ao lado e observou-a mexer nos jornais enquanto alguns ruídos de seus fones de ouvido soavam rapidamente, indicando que ela escutava algo agitado. O garoto não precisou atrair sua atenção, já que a jovem levantou o olhar de repugnância, como se estivesse preparada para objetar, até ver que era o garoto, então abriu um leve sorriso e retirou os fones.

               — Oi, Peter — ela continuou ajeitando os jornais. — O que ainda faz aqui?

               — Dever de casa — afirmou ele, brincando com os próprios dedos. — Qualquer coisa é melhor do que ficar no apartamento agora.

A jovem torceu a boca e desacelerou os movimentos, olhando para o garoto novamente. Sua franja caía sobre os olhos enquanto as ondas castanhas se dividiam entre os ombros, tendo apenas duas mechas presas na traseira da cabeça e se encontrando em um pequeno rabo no centro. Ela contraiu o nariz em conjunto e colocou a unidade em suas mãos na última fileira, virando-se para ele. O garoto inclinou-se para ler as manchetes principais e encontrou a notícia da primeira página sendo uma campanha para arrecadar fundos para as escolas que sofreram ataques.

               — Uma campanha? — Questionou ele, analisando as palavras em tons escuros.

               — É… achei que seria legal ajudar os colégios. Vamos fazer algumas vendas, mas deixei as sugestões abertas, por enquanto — afirmou a jovem, sorrindo.

               — Aliás, eu gostaria de te agradecer mais uma vez — ele tentou alternar a rota da conversa.

               — Sério, Peter, não foi nada demais — a jovem sorriu e cruzou os braços acima do peito. — Você precisava de companhia e eu te trouxe pizza, que é a melhor companhia possível.

               — Como você sabe que eu precisava de companhia? — Questionou ele, confuso.

Logo que a garota ouviu a pergunta, seus olhos apagaram o brilho existentes ali e sua expressão pareceu ganhar um toque sombrio, fazendo com que Peter se arrependesse no mesmo instante. Antes que pudesse retirar o que havia dito, ou trocar de assunto, a jovem voltou ao normal e sorriu novamente.

               — Quando presenciamos a morte, o melhor é ter companhia para não ficar com o pensamento o tempo todo — respondeu com calma, pausando em cada palavra para a fácil compreensão, mas Peter reparou em seu pé agitado que batia violentamente contra o chão.

O garoto já não se sentia confortável em tal posição. Por mais que do nariz para baixo, Peony lhe trouxesse um ar calmo, do nariz para cima os olhos o fuzilavam com certa dor que ele não soube decifrar. O fato era que a jovem sabia de boa parte das dores de Peter, enquanto ele não tinha a mínima ideia de como era sua vida fora da escola. O que ele sabia sobre a tal jovem? Nada. E ninguém ao seu redor parecia saber, também.

Seu celular vibrou no bolso e o garoto pegou-o rapidamente, deixando com que a garota voltasse ao trabalho enquanto isso. Na tela, liam-se novas mensagens de Harry:

Harry: Ei, idiota, cola aqui. Não tenho nada para fazer.

Olhando para a frente, viu a garota ainda separando os jornais e posicionou os dedos na tela do aparelho para digitar:

Peter: Posso levar alguém comigo?

Harry: É aquele seu outro amigo nerd?

Peter: A Peony, na verdade.

Harry: Mano, você tá apaixonado por ela ou algo do tipo?

Peter: Você só fala merda.

Harry: Pode trazer, só não me deixem de vela, ok?

               — Hm… o que você pretende fazer agora? — Questionou o garoto, trocando o assunto para amenizar a tensão do ambiente.

A morena olhou para o lado enquanto colocava uma mecha castanha atrás da orelha e encarava o chão vazio, tendo colocado todos os jornais na estante.

               — Nada, por que? — Ela levantou o rosto e cruzou os braços acima do peito, pegando sua mochila no chão.

               — Meu amigo Harry me chamou para ir para a casa dele. Se você quiser…

               — Harry Osborn?! — A garota derrubou a mochila dos ombros sem querer e piscou algumas vezes, um tanto pasma.

               — Vocês se conhecem?

               — N-Não… — a jovem agachou-se para pegar a mochila e posicionou-a no corpo novamente.

               — Então… você vai? — O garoto cruzou as pernas e olhou para o chão, nervoso.

               — Agora?

Peter assentiu e a garota mordeu o lábio inferior, desviando o olhar.

               — Tudo bem, eu vou — ela sorriu lentamente e o garoto indicou a saída da biblioteca com as mãos, fazendo um sinal para que os dois deixassem o local.

Deixando o colégio, os dois se encontraram nas ruas movimentadas e vivas de Nova York. Cercados pelas imensidões de edifícios e trilhos de trens acima de suas cabeças, os jovens caminhavam tranquilamente, sem muita questão de apressar o passo. Peter enfiou as mãos nos bolsos e fixou o olhar no chão, um tanto nervoso pela presença da garota, já que ele ainda não se sentia confortável perto de pessoas que não estavam em sua vida ao menos um ano. Ela, por outra via, caminhava com o rosto erguido, como se procurasse respirar do ar mais fresco e olhar para as paredes de prédios que a rodeavam.

               — Você já terminou sua apresentação para a aula de Literatura? — Questionou o garoto, tentando jogar conversa fora.

               — Já — respondeu ela, seguindo com o rosto erguido e olhando para a frente. — Espere, como você sabe que eu tenho uma apresentação?

               — Porque… nós temos Literatura juntos…? — O garoto franziu o cenho, confuso e notou que a jovem estava mais perdida do que ele. — Qual é, Peony, desde o ano passado!

               — Perdoe-me por não me importar — brincou ela, dando um leve salto. — Cuidado com a rachadura.

Peter olhou para baixo e percebeu uma pequena parte da calçada danificada, e qualquer tropeço ali seria letal para seus cotovelos. O garoto saltou a parte e posicionou o olhar na jovem, que seguia olhando para a frente. Como ela viu a rachadura se ela nunca olhou para baixo?!

               — Você e Harry sempre foram amigos? — Perguntou a jovem ao perceber a confusão do outro.

               — Não, na verdade — respondeu o garoto ao lembrar-se da história. — Nós nos conhecemos desde pequenos, mas nos odiávamos por algum motivo. Meu pai trabalhava na Oscorp e às vezes me levava, então eu corria pelo saguão desamparado junto de Harry, que costumava ficar por lá. Ele levava seus brinquedos caros, caminhões de controle-remoto e pequenos drones e ficava se gabando. O epitome de uma criança mimada.

Peony riu com a história e encolheu os ombros, parecendo ter sido atingida pela brisa fria outonal.

               — Mas à medida em que fomos crescendo, ele pareceu se rebelar cada vez mais ao pai e decidiu que não seria uma criança mimada. Foi aí que nos tornamos amigos — prosseguiu o garoto. Seu rosto ganhou uma certa contração pela memória amarga que havia refletido em sua mente, mas sentindo-se confortável ao redor da jovem, ele não hesitou em lhe contar: — O único problema sempre foi que, por mais que tivesse quebrado os laços com o pai, Harry ainda tinha a mania de procurar pelo status e prezar por ele, então andava pouco comigo na escola, já que eu sempre fui o nerd e ele, popular.

               — Que merda — comentou a jovem, franzindo o nariz e torcendo a boca.

               — Isso já não acontece mais tanto. Ou eu que deixei de ligar, sei lá — o garoto fingiu não se importar, mas só ele sabia dizer como, no fundo, o assunto ainda o afetava. — Enfim, salva pelo gongo. Chegamos.

A garota olhou para cima, analisando os diversos andares do prédio antigo em sua frente. A fachada tinha várias colunas de mármore com o design dórico. Todo o restante era em tons de bege, atraindo qualquer um que passasse pelas ruas. Era um dos maiores prédios que ela já havia visto, e Peter só podia concordar; cada vez que visitava Harry, era a mesma surpresa de sempre. Os dois caminharam para dentro do local, deparando-se com o grande saguão que ecoava até o zumbido do celular vibrando em seu bolso. No centro, um grande lustre de cristal brilhava e movia-se lentamente de acordo com o vento que invadiu o local pela porta entreaberta.

Havia um porteiro sentado atrás de um balcão de madeira de carvalho, vestindo um terno de grife com uma gravata vermelha com um nó perfeito. Seus olhos escuros pousaram nos dois jovens e ele aderiu uma expressão um tanto incômoda e desconfortável para quem passasse ao seu lado, indicando que ele não estava de tanto bom-humor. Peter aproximou-se do balcão e colocou os braços sobre a superfície, evitando o olhar de desgosto.

               — Nós vamos na cobertura, apartamento 14 — comentou Peter.

O porteiro apenas arqueou as sobrancelhas como se fosse uma piada escutar o que o garoto havia dito e pegou o telefone, discando números rapidamente. Assim que a outra linha atendeu, o homem apenas soltou alguns "Uhum" e fez um sinal para que os dois subissem.

               — Um prédio desses no Queens? — Observou a garota. — É um achado.

               — Esse é só mais um deles. O Norman costuma morar no Upper East Side, mas como o Harry cresceu nesse apartamento, fica por aqui — respondeu Peter ao entrar no elevador, pressionando o botão de 14.

               — Então eles não moram juntos?

Peter negou com a cabeça enquanto encostava-se ao fundo forrado com um papel de parede vermelho, não deixando o ar de luxúria escapar nem pelo elevador. Alguns segundos de subida depois, as portas se abriram e revelaram um pequeno corredor que guiava até uma única porta ao fim, madeira com traços dourados e já dizia tudo sobre o apartamento. Os dois se aproximaram e o garoto tocou a campainha, esperando ser atendido.

Como se já estivesse esperando, Harry abriu a porta e abriu um sorriso, encostando-se ao aro enquanto enfiava as mãos nos bolsos do jeans. Ele vestia um suéter por cima de uma camisa social branca que tinha apenas as golas e a parte do pulso à mostra, trazendo o porte de seu status. O topete seguia impecável, puxado para trás e enquadrando perfeitamente o rosto que, agora, estava direcionado para a jovem.

               — Vocês vieram — o garoto cumprimentou, abrindo espaço para que os dois adentrassem o apartamento. — Sintam-se em casa. Vocês podem colocar as mochilas em meu quarto, Peter sabe onde fica.

Com isso, o jovem sentou-se no grande sofá de couro no centro da sala e começou a digitar em seu celular caro. Peter fez um sinal para que Peony subisse as escadas da cobertura e só então percebeu que a jovem estava maravilhada com tudo ao seu redor. Ele não a culpava, já que, toda vez que visitava o apartamento, tinha a mesma reação. Era como adentrar um palácio moderno, encontrando desde estátuas até quadros de artistas famosos e que tinham os nomes impressos em seus livros de arte. As grandes janelas traziam vista para todo o Queens, como se a altura mostrasse o poder ali, berrando pela superioridade.

Os dois subiram as escadas de mármore e chegaram ao segundo andar, revelando a mesma grandiosidade do térreo. As portas dos quartos eram da mesma madeira que a da entrada, rodeadas por paredes cheias de quadros e algumas mesas de canto com vasos de flores espalhados, quase todas mortas pela falta de cuidado, observou o garoto. Peter chegou à segunda porta à direita e abriu-a, revelando o gigante quarto de Harry, tendo várias janelas com cortinas fechadas, videogames dos modelos mais novos que mal tinham lançado ainda — e que Peter passava horas jogando com o amigo, tendo tal honra —, uma grande escrivaninha que dava a volta na parede e tinha o computador ligado e passando a tela de descanso. O quarto tinha vários meios de iluminação ambiente, deixando-o com um ar de conforto. Ao centro de tudo, sua grande cama kingsize com lençóis cinzentos e travesseiros negros, fazendo com que seus arredores, com exceção dos videogames, fosse um conjunto para formar um quarto de adulto, e não de adolescente. Fora que o apartamento não tinha um traço de porta-retratos algum.

               — Hm… bem… uau — disse a jovem ao caminhar para dentro, tirando a mochila dos ombros e posicionando-a sobre o sofá cinza. — Dá dez de meu quarto.

               — Dá vinte do meu — comentou Peter e lhe arrancou um pequeno riso. — Eu ainda não me acostumei.

               — Nem consigo imaginar como seria se acostumar com uma vista dessas — Peony caminhou até as janelas, parando em frente e posicionando as duas mãos sobre o vidro, inclinando-se um tanto para encarar os prédios abaixo. — É surreal. Eu ficaria horas olhando.

               — É realmente legal — o garoto aproximou-se também, parando logo ao seu lado enquanto reposicionava as mãos dentro dos bolsos, rolando os ombros para trás. — Eu acho que nunca reparei, já que sempre que venho aqui, ficamos horas nos videogames.

               — Não me surpreende — sorriu a garota, sem desgrudar os olhos da janela —, você é um grande nerd.

               — Ei! — Peter colocou uma de suas mãos sobre o peito, fingindo estar ofendido. — Julgar não é legal!

               — Peter, você já deu uma olhada no seu quarto? — A jovem virou-se levemente e arqueou uma sobrancelha para ele. — Nunca vi tantas coleções na categoria Star Wars.

               — Com licença, você pareceu gostar de ver Star Wars!

               — Eu gosto de Star Wars, Parker — a jovem revirou os olhos e virou-se de frente para Peter.

               — Então você também é uma nerd.

               — Nunca disse que não era — provocou a garota e piscou com um olho, soltando uma leve risada.

               — Vocês vão demorar quantos anos aí em cima? — Gritou Harry.

               — É melhor descermos — comentou o garoto.

Peony assentiu e seguiu Peter para fora do quarto, descendo as escadas juntos. Voltando à posição inicial, encontraram o herdeiro Osborn mexendo em um grande armário ao lado das janelas, no que pareciam ser bebidas alcóolicas, como vinho e outras que Peter não soube nomear.

               — Como meu velho resolveu me deixar mil dólares enquanto ele viaja por duas semanas, comprei alguns aperitivos para a galera — comentou Harry ainda com o rosto enfiado no armário, apenas saindo para segurar quatro garrafas entre os dedos. — As bebidas já tenho.

               — Galera?! — Peter o encarou com confusão no olhar e encontrou os olhos desdenhosos de Peony.

[…]

Não demorou muito para tocar a campainha e uma massa de pessoas adentrar o apartamento, já instalando a música alta nos autofalantes que rodeavam as paredes e começarem a se servirem com as bebidas. Tudo se tornou um imenso borrão para Peter e ele mal conseguia encontrar um rosto conhecido naquele meio. Harry e Peony haviam sumido na multidão e agora restava apenas ele entre pessoas que ele não conhecia ou pessoas que não conheciam ele.

O som de Rihanna invadiu seus ouvidos em ruídos altos que mal soavam como letras da música e eram ofuscados pelas batidas. As luzes estavam apagadas, iluminadas apenas pelo set de flashes que foram colocados em cada canto possível, e qualquer pessoa que tivesse a visão do lado de fora saberia que estava tendo uma festa gigante na cobertura.

Olhando ao redor, Peter só conseguia se perguntar quem eram aquelas pessoas, e se Harry as conhecia, e o porquê de ele ter dado uma festa de último minuto, sem tê-lo avisado. Tentando escapar de jovens suados de tanto dançar e casais que dispensavam a multidão e procuravam quartos vagos, o garoto caminhou até a cozinha, sendo o único ponto bem iluminado. No grande balcão de mármore branco encontrou vários aperitivos separados em vasilhas quase vazias e diversas garrafas de bebidas aglomeradas, todas ainda bem cheias.

Debruçado sobre a pia estava uma figura alta e que parecia grunhir sob a respiração, passando despercebido pelas pessoas que entravam e saíam pelo local. Peter pegou um dos copos vermelhos e serviu-se com refrigerante, evitando as bebidas, e aproximou-se da tal pessoa em estado tão desprezível.

               — Está tudo bem? — Questionou ele, inclinando-se um tanto para ver o rosto de tal pessoa.

Só quando viu quem era que se arrependeu, pensando duas vezes se ainda dava tempo de dar meia-volta e correr para a sala como escapatória, mas seu tio uma vez lhe ensinou que prestar ajuda fazia parte de ser humano, e ele não negaria tal sabedoria. O loiro levantou a cabeça levemente, olhando para Peter e contorcendo os lábios em uma formação que imitava um sorriso, mas isso era o máximo que Flash podia lhe oferecer.

               — Muita bebida — comentou o garoto ao abrir a torneira e limpar a boca novamente.

Peter já sabia a resposta, basicamente, até porque o cheiro de cerveja parecia sair pelos poros do garoto. O outro dirigiu-se até o balcão e encheu um copo com água, voltando até Flash e lhe oferecendo caridosamente. Por mais que fosse sua primeira festa de verdade, ele sabia lidar bem com pessoas bêbadas, já que teve pequenos tutoriais do que fazer quando se encontrasse em situações como essas de seus tios.

               — Valeu, Pênis Parker — respondeu Flash, mandando todo o líquido para a goela.

O outro respirou fundo e encostou-se ao balcão, um tanto incomodado pelo apelido, mesmo naquele momento.

               — Sério, cara? — Indagou Peter, cruzando os braços acima do peito e bebendo um longo gole de refrigerante.

               — Foi mal, é hábito — Flash virou-se por cima do ombro e voltou a torcer a boca. — Você é um cara legal, Parker.

Isso foi uma surpresa, pensou Peter, franzindo o cenho com tanta força que quase sentiu suas sobrancelhas ganhando outra posição permanente no rosto. Talvez Flash não fosse um ser humano tão indecente.

               — Se você for beber, não faça como eu — comentou Flash ao limpar a boca com a manga de sua jaqueta do time de basquete e deixar a cozinha. — Até mais.

Dando de ombros, ainda surpreso com a situação, Peter deixou a cozinha em passos rápidos e trombou com uma figura esguia que cruzava seu caminho. O garoto em sua frente derrubou metade da mistura em seu copo e lançou um olhar irritado para o outro. Espera, o que Lionel Denzel faz aqui? A Peony precisa escutar sobre isso! Pensava o jovem, rindo consigo mesmo.

A realidade só bateu contra sua mente quando ele notou que já haviam passado duas horas e meia de festa e ele não havia mais encontrando com Peony e Harry, sendo as únicas pessoas com quem ele podia conversar. Peter até pensou em ir embora, mas forçou-se a ficar mais um tanto, tendo na cabeça que não estragaria sua primeira festa real, e não os pequenos eventos comemorados, como festas de aniversário em seu pequeno apartamento ou algum feriado latino no apartamento de Ned. Aquilo era real, e ele estava lá para vivenciar.

Empurrando levemente as pessoas em sua frente na tentativa de encontrar seus amigos, Peter seguiu o caminho, até cruzar da cozinha para as janelas e não os ter visto pelos arredores. Foi quando ele pegou um rastro de cabelos loiros que enquadravam um rosto e reconheceu aquela como a garota que trabalhava no editorial do jornal da escola. Talvez ela tenha visto Peony.

Aproximando-se da jovem, Peter observou-a dançando sozinha com um copo vermelho em mãos. Tocando-a levemente sobre o ombro, a loira virou-se e deparou-se com ele, abrindo um sorriso desajeitado, como se ela não tivesse muita noção de suas ações naquele momento.

               — Peter Parker — a jovem prolongou cada uma das sílabas de seu nome e praticamente gritou sobre a música eletrônica que tocava.

               — Por acaso você viu a Peony? — Questionou ele em tom alto.

               — Ela subiu com aquele cara… qual o nome dele? — A loira cruzou os braços e pareceu pensativa. — Ah! Harry!

               — Ela subiu com o Harry?! — Peter franziu o cenho, confuso.

               — Sim, e… Liz! Oi, Liz! — Chamou a jovem, levantando as mãos e abanando em forma de cumprimento para alguém atrás dele.

No instante em que Peter se virou, deparou-se com a figura alta e esguia da garota que ele já havia decorado de tanto encarar. As ondas quase negras caíam perfeitamente balanceadas entre seus ombros, enquadrando o rosto como uma obra de arte e tendo um brilho único que refletia as luzes ao redor. A jovem usava um suéter branco que contrastava com sua pele morena e jeans rasgados, não fazendo esforços e continuando linda aos olhos de Peter. Assim que fizeram contato visual, o garoto sentiu suas bochechas queimarem e tentou desviar o olhar, mas seus lábios cor de avelã eram tão atraentes quanto cada detalhe presente nela.

               — Gwen! Peter! — Cumprimentou Liz ao aproximar-se dos dois, cruzando os braços e segurando um copo em uma das mãos. — Ótima festa, não?!

               — É… uma festa muito boa — gaguejou Peter, sentindo suas pernas começarem a falhar apenas em sua presença. Liz sorria para ele, não se incomodando com suas palavras trêmulas. — Não que eu saiba sobre festas… eu não sei! Essa é a primeira que eu venho, então eu não sei nada.

Boa, Peter.

               — Então espero que esteja curtindo — comentou Liz. Naquele momento, a garota loira já havia deixado o espaço e estava dançando sozinha em outro canto.

               — Peter! — Chamou uma voz em tom alto e o garoto virou-se, encontrando a mesma loira de antes que pareceu ter voltado à conversa com o copo cheio. — Esqueci de avisar que a Pey está bem alterada.

               — Pey?

               — Peony! — Corrigiu a jovem.

               — Hm… eu vou dançar — comentou Liz, fazendo um sinal com o polegar, indicando a área em que o acúmulo de pessoas fosse maior. — Caso você queira ir, Peter…

O garoto sentiu seu coração parar. Sua mão caminhou até o peito para sentir as batidas e ter certeza de que ainda estava ali biologicamente, pois sua mente vagava por todo o lugar, pairando sobre os olhos escuros da garota, principalmente. Esse era o máximo que ele se aproximou dela, e imaginava que seria assim durante um bom tempo. Qual a chance de ela me chamar para dançar? Por favor, que não seja por dó. Mas o olhar de Liz dizia o contrário, indicava que ela parecia gostar de sua companhia e falava sério.

Ele estava prestes a aceitar a oferta quando olhou para as escadas de mármore e sentiu uma agulhada em sua nuca, como se soubesse que tinha outro lugar para estar. A voz da garota loira ecoou pela mente, soando lenta e compreensível; "a Pey está bem alterada". Sua imagem de Peony criava um bloqueio para acreditar que ela podia ter bebido naquela noite, sempre imaginando que ela fosse responsável e evitasse esse tipo de situação. Talvez tivessem a sabotado, ou talvez sua mente tivesse lhe pressionado àquilo, e agora ela estava fora de sua mente e Peter sabia que aquilo significava perigo.

Olhando para Liz mais uma vez, o garoto abriu a boca e fechou-a em seguida, balbuciando as palavras para que não soassem incoerentes. Respirando fundo, sorriu lentamente para a morena que permanecia ali, com os lábios torcidos em preocupação. Ela me ajudou quando eu precisava e eu devo fazer isso por ela.

               — E-Eu não posso agora — respondeu ele ao dar alguns passos para trás, acenando em despedida para a jovem.

Chacoalhando a cabeça, Peter correu em direção às escadas e chegou ao corredor, empurrando a porta do quarto de Harry com força, assustando algumas pessoas que jogavam os videogames enquanto gritavam. Adentrando o local, pegou as duas mochilas já planejando sua saída. O garoto apenas olhou ao redor para ver se encontrava a jovem e saiu antes que ficasse uma situação embaraçosa demais. Seguindo pelo corredor, decidiu começar pela primeira porta, encontrando o banheiro vazio.

Já chegando ao fim do corredor, o garoto já estava com as mãos trêmulas em preocupação de onde poderia estar a garota. Ele a levara, então ela era sua responsabilidade, por mais que ele tivesse certeza de que ela jamais gostaria da ideia. Abrindo a última porta com calma, sentiu a prensa do peito sumir e ganhar um calor da calma que o dominava a partir do momento em que pousou os olhos em sua figura, mas sentiu uma leve pontada incômoda também, perfurando seu corpo em diversos lugares.

Harry estava encostado à escrivaninha do escritório de seu pai enquanto as duas mãos estavam jogadas para as laterais, completamente confortável em meio à conversa. Já Peony estava de frente para ele, ombros recuados e segurava o copo vermelho com os dentes, rodando as bordas entre os lábios, focada no que ele dizia. Em seguida, os dois começaram a rir e a garota refletia luz, tendo um brilho especial no olhar enquanto jogava a cabeça levemente para trás, soltando os risos calmos e perdendo um tanto do equilíbrio enquanto o fazia.

Peter já havia visto Harry flertar com várias garotas; na escola, na rua, lanchonetes, festas de aniversário (com sua prima de terceiro grau) e em diversos outros lugares. Ele reconhecia o jogo do melhor amigo, sabia que ombros relaxados e o queixo um tanto empinado, ocasionalmente percorrendo os dedos pelo topete e deixando alguns fios deslizarem para a testa, era o conjunto que indicava que ele procurava algo a mais do que apenas uma conversa. Normalmente, Harry ia atrás de garotas com quem pudesse sumir durante algumas horas e fingir que nada havia acontecido mais tarde; o único problema era que aquela cena era diferente, já que o garoto parecia investir bem na jovem, e Peony não se encaixava nas garotas que ele categorizava — e isso aterrorizava Peter, mesmo que ele não soubesse o porquê.

Talvez eles não tivessem prestado atenção na presença do intruso por conta de ser um grande cômodo e não ecoar os sons da porta ou por estarem presos na conversa, aproveitando um a companhia do outro. Peter pigarreou ao dar alguns passos para frente e atraiu os olhares dos dois, iluminados pela luz da cidade transparecida pela janela. A garota encarou ele durante alguns segundos e abriu um grande sorriso torto, como se suas ações não estivessem bem controladas.

               — Peter, o que faz aqui? — Questionou Harry, pegando seu copo na escrivaninha e bebendo um longo gole sem desgrudar o olhar desdenhoso.

               — Eu vim buscar a Peony, ela tem um toque de recolher — afirmou ele.

               — Eu não tenho um toque de recolher! — Exclamou a jovem, erguendo as mãos para o alto e arrancando uma risada de Harry.

               — Mas nós estamos indo embora — reforçou o garoto, não sabendo como lidar bem.

               — Qual é, Pete, não está vendo que ela quer ficar?

Respirando fundo, Peter cruzou os braços e colocou o indicador e o polegar em formato de pinça sobre a ponte do nariz, mostrando seu nervosismo. Ele caminhou até a jovem e guiou-a com calma até o sofá no fim do escritório, fazendo com que ela se sentasse sem qualquer manifestação.

               — Fique aí um minuto — pediu ele e a garota deitou-se com a cabeça sobre as almofadas, repousando.

Voltando até onde Harry estava — e com um olhar nada agradável o fuzilando — ele torceu a boca. Talvez Peony não gostasse dessa história no dia seguinte, caso ela se lembrasse de qualquer coisa, mas Peter estava procurando ajudá-la a não fazer nada de que fosse se arrepender depois.

               — O que é isso, Harry? — Questionou o garoto, cruzando os braços novamente.

               — Uma festa; eventos que tem a intenção de fazer as pessoas se divertirem — o melhor amigo revirou os olhos. — Você deveria ir curtir, também. Liz está aqui.

               — Eu quero entender o porquê disso.

               — Preciso de um motivo para dar uma festa?

Esgotando-se em paciência, Peter respirou fundo novamente, controlando-se aos poucos.

               — Tem pessoas vomitando na sua pia, bebida no seu piano, atletas jogando estátuas pela sala como se fossem bolas de futebol e você está aqui! Por acaso tem noção de tudo que está acontecendo? — Peter olhou para trás encontrando Peony ainda deitada no sofá e começou a sussurrar alto: — A garota estava quase caindo no chão e você não deu a mínima!

               — Dá um tempo, Peter. Nós só estávamos conversando — Harry deu as costas para o garoto enquanto chacoalhava a cabeça, indignado.

               — Obviamente.

               — E qual o problema disso? — O herdeiro Osborn disparou em tom alto, fazendo com que a jovem saltasse levemente do sofá. — Você está apaixonado por ela, por acaso?!

Peter mordeu o lábio inferior e pensou duas vezes antes de retrucar qualquer coisa, apenas negando com a cabeça e caminhando em direção ao sofá, levantando a jovem com cuidado e passando um de seus braços pela cintura dela para que não caísse ao chão. Ao voltar para Harry que ainda estava encostado à escrivaninha, encarou-o por alguns segundos e lhe lançou o pior olhar de desprezo que Peter Parker podia dar, dizendo:

               — Não sei quem está tentando impressionar, Harry, mas espero que tenha conseguido — e com isso, deixou o cômodo.

[…]

Peony estava bem equilibrada para o tanto que havia bebido naquela noite, tanto que o garoto já não precisava mais segurar sua cintura para que ela se mantivesse no pé, e agora os dois caminhavam pela rua em direção ao metrô para chegarem mais rápido no apartamento de Peter.

Ele havia decidido que seria melhor se ela dormisse lá, já que em seu estado não seria a melhor das opções ir para sua própria casa — e também pelo fato de que ela não conseguia se lembrar do próprio endereço. A jovem havia exclamado que odiava as noites de frio de Nova York e Peter lhe deu seu moletom, colocando sobre os braços finos da jovem na intenção de protege-la contra o frio, já que seu corpo seguia quente por culpa do álcool.

               — Essa não é minha casa — disse ela ao chegarem em frente ao bloco de apartamentos. — Essa é a sua casa.

               — Não seria legal chegar na sua situação em sua casa, certo? — Questionou Peter, abrindo a porta do saguão para que ela adentrasse.

               — Que situação? Eu estou ótima!

               — Sim, está — riu Peter enquanto os dois pegavam o elevador.

A jovem abraçou o próprio corpo, puxando o moletom de Peter para mais perto de seu peito, na intenção de afastar o frio. Quando as portas do elevador se abriram, os dois seguiram pelo corredor enquanto o garoto a guiava com cuidado para que ela não falasse muito alto ou não tombasse. Girando a chave lentamente na maçaneta, torceu para que sua tia estivesse na cama e já tivesse pegado no sono, para não ouvir nada e não ser bombardeado por perguntas que ele não teria muito prazer em responder.

               — Faça silêncio — pediu ele aos sussurros e a jovem assentiu. — Vamos para meu quarto.

Enquanto caminhavam lentamente, Peter tomava cuidado para que o piso não avisasse suas presenças e abriu a porta do quarto com precisão, empurrando delicadamente a garota para dentro e fechando-a em seguida. Respirando fundo por ter conseguido chegar em casa sem qualquer problema no caminho, Peter caminhou até sua cama e ajeitou os travesseiros e o edredom para que ficasse mais apresentável para a jovem.

               — Peter — chamou ela atrás dele. O garoto encarou-a por cima do ombro e ela prosseguiu: —, eu não quero dormir. A noite ainda não acabou!

               — É melhor dormir agora antes que comece a dor de cabeça — respondeu ele ao tocá-la levemente no ombro, empurrando-a até a cama. — Deite-se.

               — Se doer a cabeça, é só voltar no tempo e fingir que nada aconteceu — a jovem comentou.

               — Isso não é possível — respondeu Peter ao rir das baboseiras que ela dizia.

               — Será?!

Revirando os olhos, Peony se deitou de lado e colocou as mãos abaixo do rosto, encarando o garoto enquanto ele a ajudava a tirar os sapatos com cuidado. A jovem soltou risos baixos ao sentir os dedos de Peter em seu tornozelo lhe fazendo cócegas.

               — O que é engraçado? — Perguntou ele ao sorrir.

               — Você faz bico quando fica concentrado — comentou a garota e virou-se de frente para a traseira da cama de cima do beliche.

               — Certo… — Peter revirou os olhos e puxou o edredom para cima, cobrindo seu corpo e a jovem aninhou-se ao travesseiro novamente.

               — Boa noite — desejou ela ao virar-se para a parede, afastando o rosto dele.

Peter observou-a em forma tão serena e pacífica que quase entrou em debate sobre aquela pessoa ser ou não ser Peony, já que estava tão diferente de tudo que ele havia visto nos últimos tempos. Acostumado com uma garota cheia de energia e sempre em movimento, era difícil vê-la dormir como uma pedra.

Até porque aquela não era mais qualquer pessoa para ele. Agora Peter havia retribuído suas ações e feito seu trabalho como bom-caráter e já não a via mais como a garota que reclamava sobre artigos errados e outros motivos bobos. Era muito mais profundo, como se fosse uma compreensão divina que o iluminara e fizera ver que a jovem era muito mais do que ela gostava de mostrar. O brilho em seus olhos dizia tudo, sem qualquer palavra explícita.

Agora ela era real.


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