A decisão de Sofia. escrita por calivillas


Capítulo 15
Eu sou apenas uma intrusa




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Sofia percorrer a galeria, admirando os trabalhos, com calma. Eram colagens, pinturas, desenhos, a maioria muito bons, ela sentia uma pontinha de inveja daqueles artistas talentosos. Mais adiante, em um cartão na parede, ela leu “Obras de Jean Baptiste”, Sofia prosseguiu, empolgada, no começo algumas paisagens, muitas delas que ela o viu desenhar, depois alguns retratos e finalmente alguns nus. A série de três nus retratava uma jovem e bela mulher de belos cabelos compridos, no primeiro desenho, ela olhava para o artista de um jeito apaixonado e com um sorriso sedutor, em outro estava dormindo relaxada, e na última parecia acordar de um sonho, com um jeito lânguido. Sofia não podia acreditar, ao ver os lindos retratos de Lia, deslumbrante e sensual, como só uma pessoa apaixonada a veria, deitada nua no sofá de sua sala sobre suas mantas coloridas. Parada na frente do último desenho, Sofia não conseguia se mexer com os olhos fixos nele, eram os desenhos dela e de Lia nuas na cama, dormindo, estavam perfeitos, quando notou alguém se aproximar de suas costas, ela se virou e encontrou com o simpático sorriso de Charlote, a colega mais velha da classe de desenho, pois todos haviam sido convidados.

— São lindos! – Charlote disse com sinceridade.

— Sim, são, eu não sabia que ele ia expor esses desenhos – Sofia falou, como se justificasse, sentindo-se culpada por expor aquela intimidade entre eles.

— Não se preocupe, primeiro porque os desenhos são lindos e, depois, ninguém tem nada com que vocês fazem da sua vida. Vocês são jovens e se estão felizes, tudo bem.

— Mas, Charlote, os pais e os tios de Jean estão aqui, além de todos os nossos colegas, o que irão pensar? – Sofia expôs, aflita.

— Pensarão que Jean encontrou belas modelos. Você está se preocupando à toa, Sofia. Não há nenhuma culpa nisso, relembre quantos celebres pintores retrataram nuas.

— A maioria suas mantes.

— Quem se importa – Charlote deu de ombros.

— Às vezes, eu me sinto uma intrusa entre eles. Veja os desenhos que Jean fez de Lia, eles são cheios de emoção, que só um homem apaixonado pode passar.

— Sofia, só você pode responder essa pergunta. Você está feliz com essa situação?

— Eu não sei, Charlote – Sofia respondeu, dando de ombros – Mas, hoje é a noite de Jean, não quero estragá-la, com minhas incertezas.

Jean estava entusiasmado, dava atenção para os seus pais e tios, orgulhosos, alguns colegas do curso o cumprimentaram. Madame Lalique estava vaidosa por seu aluno mais promissor, e deixava transparecer isso.

— Você é um artista extraordinário, Monsieur Baptiste, suas obras ficaram magnífica, as suas modelos ficaram lindas. Uma delas é você, não é, mademoiselle Mont’Reggio?

— Sim – Sofia respondeu, com um fio de voz.

— Realmente, inusitado – Madame replicou, de forma enigmática.

— Está muito abafado aqui. Preciso de um pouco de ar, vou lá fora – disse Sofia, sentindo-se angustiada, querendo sair dali.

— Quer que eu vá com você? – Lia perguntou, preocupada.

— Não, prefiro ir sozinha – Sofia estava muito magoada, por ficar tão exposta, sem aviso.

Depois de um longo tempo, Sofia retornou para o grupo e percebeu a ausência de Jean.

— Monsieur Armand pediu para ele circular um pouco, conversar com os convidados, como estratégia para ser conhecido pelos compradores – explicou Lia. E pouco tempo depois, Jean retornou exultante.

— Vocês não podem acreditar alguns dos trabalhos já foram vendidos, e logo no primeiro dia. Monsieur Armand está impressionado, disse que isto não é comum entre os iniciantes.

Por isso, todos brindaram o sucesso de Jean, para logo depois Sofia anunciar:

— Tenho que ir embora, vou viajar amanhã de manhã e preciso acabar de arrumar minhas malas – Sofia se desculpou

— Eu vou com você – Lia fez uma nova tentativa de falar com Sofia.

— Não, fique com Jean. Eu pegarei um táxi.

— Posso acompanhar você até lá fora? – Jean pediu, gentilmente, Sofia concordou, já estava cansada de dizer não.

Na calçada, os dois esperavam por um táxi, Jean segurou Sofia pelo braço e virou a para ele.

— Sofia, nos desculpe. Não pretendíamos enganar você, mas fiquei com medo que não concordasse com a exposição daqueles desenhos – Jean se explicou, um tanto culpado – Eu sei como você se sente a respeito da nossa relação.

— Jean, eu estou muito magoada com vocês, eu julgava que fossem meus amigos, mas vocês me enganaram, eu vim para aqui despreparada, me sentir muito exposta.

— Eu sei que você nunca aceitou o que vivemos, o nosso tipo de relação.

— Você ama Lia, está apaixonado por ela – Sofia revelou o que sempre a incomodava – Eu sou apenas uma intrusa nessa relação.

— Não, Sofia! – Jean retrucou – Eu amo você, também, só que de uma maneira diferente, mas está sempre tão distante, que não consigo alcançá-la. Sofia, eu acho que o problema não somos eu e Lia, mas você mesma, que não aceita nosso tipo de vida.

— Jean, agora só quero ficar sozinha – Sofia respondeu o olhando nos olhos, livrou-se da mão dele, que ainda segurava seu braço e fez sinal para um táxi, que parou e ela entrou rápido, não queria que ele visse as lágrimas, que começavam a descer pelo seu rosto.


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