Açúcar e canela escrita por themuggleriddle


Capítulo 2
Canela




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Parvati queria chorar. Na verdade, fazia meses que queria sentar em algum canto e chorar, mas ela precisava ser forte. Ela precisava ajudar a Professora Sybill a ir atrás do estoque de bolas de cristal e baralhos e xícaras de porcelana que foram quebradas ou perdidas durante a batalha de Hogwarts. Precisava ajudar Padma e a Professora Sprout a organizarem as estufas. Precisava organizar o seu currículo, o qual teria que mandar para o Ministério. Precisava mostrar aos seus pais que ela e a irmã estavam em segurança agora.

Mas, acima de tudo, precisava se preparar para encontrar Lavender outra vez.

Ela havia visto quando aquele homem horrível agarrara a amiga e a jogara no chão. Ela havia visto as manchas de sangue no chão de pedra e ouvira o estrondo, o barulho de ossos se quebrando, quando a bola de cristal da Professora Trelawney acertara a cabeça de Greyback. Ela teria visto Lavender, se Dean Thomas não a tivesse puxado para longe do corrimão, para longe da cena.

“Ela vai ficar bem,” ele repetia sem parar, com as mãos tremendo enquanto a empurrava pelos corredores. “Madame Pomfrey vai cuidar dela. Luna já estava vindo com ela.”

Agora, Parvati tentava se distrair com o laço cor-de-rosa que fechava o pacote de biscoitos. Seu coração estava acelerado e seus dedos tremiam quando o curandeiro disse que ela podia entrar.

Seis meses sem ver Lavender e, depois de alguns passos, lá estava ela.

Patil havia falado que seria forte como Hermione Granger, mas bastou entrar no quarto do hospital para um soluço escapar de sua boca e as lágrimas brotarem uma atrás da outra. Lavender estava bem. Lavender estava viva. Ela havia visto a amiga sob Greyback, havia visto o sangue dela no chão da escola, mas agora ela estava viva e bem e todo o medo que sentira desde aquela fatídica batalha finalmente voltava à superfícia, uma lágrima de cada vez.

“’Tá tão horrível assim?” Brown perguntou, abaixando o rosto.

“Es-Está ótimo,” ela soluçou e jogou o pacote de biscoitos na cama, antes de pular nesta e abraçar a amiga.

O rosto moreno de Lavender estava marcado por três longas cicatrizes que desciam pelo lado direito, da testa ao queixo, por sorte não arrancando fora um olho. No pescoço, havia mais cicatrizes lineares, muito provavelmente causadas por unhas. Parcialmente escondida pela gola da camisola, uma cicatriz redonda (Patil queria trazer Greyback de volta à vida apenas para arrancar dente por dente daquela boca nojenta dele), um padrão que se repetia nos braços dela.

“Você trouxe biscoitos!” A menina pescou o pacote entre as cobertas. “Me salvou da comida de hospital!”

Parvati apenas a abraçou mais forte e sorriu quando sentiu os braços da amiga se enroscarem ao seu redor. Elas riram e comeram biscoitos, ficaram com açúcar e canela grudados nos lábios e riram ainda mais. As mãos pareciam resistir a se afastar uma da outra.

“Lê a minha mão,” Lavender pediu, a certa altura, esticando a mão para a amiga. “Você sempre foi melhor em quiromancia.”

O dorso da mão da garota tinha uma cicatriz que se estendia até o pulso. Parvati voltou a sentir seus dedos tremerem enquanto segurava a mão da outra, acariciando a palma dela com cuidado enquanto observava as linhas ali.

“Eu vejo você sorrindo,” ela falou e ouviu uma risada.

“Não é assim que funciona, Parv.”

“Mas você está sorrindo,” disse Patil, arqueando uma sobrancelha e rindo quando a outra lhe mostrou a língua.

“O que mais, ó grande oráculo?”

Parvati sentiu o rosto esquentar enquanto quase encostava o nariz na mão da menina.

“Vejo... Vejo você sendo amada,” ela murmurou, sem tirar os olhos das linhas. “Você sempre foi. Algumas cicatrizes não irão mudar isso. Nem um gosto maior por carne crua.”

A vontade de chorar voltou quando o silêncio prevaleceu. Ela devia ter ficado em silêncio, como Padma fazia. Padma sempre fora mais sensata que ela, desde pequena, quando Parvati escalava árvores e a irmã esperava embaixo com uma caixa de band-aids.

Os dedos de Lavender seguraram os dela com tanta delicadeza que a menina se assustou. Dedos entrelaçados e coração querendo pular pela boca. Medo de erguer o olhar até sentir a outra mão da amiga em seus cabelos.

“Carne crua?”

“Bill Weasley disse que começou a amar carne crua depois de.... Bom.”

“Você foi perguntar para Bill Weasley sobre os hábitos alimentares dele?” perguntou Lavender.

Parvati encolheu os ombros e Brown riu. O abraço que se seguiu tinha cheiro de chá preto e biscoitos de açúcar e canela.


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