Boliche escrita por Sarah


Capítulo 1
No boliche...


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :3



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A música estava muito alta. E ainda havia o barulho das bolas de boliche se chocando contra o chão, junto com os pinos caindo, ou quase isso. Definitivamente, não era fácil escutar qualquer coisa lá. Nem as músicas, nem as conversas.

Mas, em compensação, Erik conseguia ver perfeitamente Adam se agarrando com Annie. E isso não era exatamente o que ele consideraria agradável.

Era quinta-feira, e como no dia seguinte não teriam aula, Adam o havia chamado para ir no boliche que havia acabado de abrir na cidade. Até ai tudo bem. Então, Erik descobriu que os amigos e namoradinha do Adam também estariam lá.

Certo, ele admitia, devia de ter imaginado que isso provavelmente acabaria acontecendo, que o Adam não chamaria só ele para o boliche, mas a esperança é a última que morre, não é mesmo?

Ouviu a namoradinha do Adam gritando alguma coisa (um grito meio histérico e absolutamente insuportável), o que o fez voltar para a realidade.

Ela havia acertado alguns pinos com a ajuda do namorado. Claro. Erik não tinha certeza que a garota (como era mesmo o seu nome? Antônia? Amanda? Annabel? Ah, era isso, Annnabeth) fosse capaz de fazer qualquer coisa sem ajuda. Ela parecia meio retardada.

Ele suspirou e voltou a observar os amigos do Adam. Amigos. Será que ele era o único que percebia que 80% dos amigos do Adam eram na verdade amigas? Uma prova era que eles estavam em oito ali, e os únicos meninos eram ele e o próprio Adam.

Duas das meninas, ambas morenas que não paravam de sorrir, estavam sentadas mais perto da pista, esperando a vez de jogar (monopólio da pista: a gente vê por aqui), enquanto comiam batatas fritas, as outras três estavam sentadas mais afastadas, e só uma delas, a mais baixinha e de cabelo e olhos pretos, estava jogando boliche com os outros (ou quase isso), as outras conversavam animadamente algo sobre “linicius”, embora Erik não tivesse a mínima ideia do que quer que fosse isso, uma delas era pálida e tinha olhos azuis e a outra era alta e magra.

Erik a encarou por um instante. Ela era bonita e parecia ser legal.  Talvez, se fosse necessário, e só talvez mesmo, se Adam insistisse com aquela história, ele também poderia arrumar uma...

Ouviu mais gritos histéricos da namoradinha do Adam. Mais pinos derrubados com a ajuda do namorado, lógico, isso já era de se esperar...

Mas, o que Erik não esperava (mas estava ciente de que em algum momento isso iria acontecer) era que dessa vez ela iria ficar nas pontas dos pés (porque a criatura era realmente muito baixinha) e que Adam iria se inclinar na direção dela (porque o ser era realmente muito alto) e os dois iriam se beijar.

Adam e Annie.

Adam e Annie se beijando.

Adam e Annie se beijando na frente dele.

Sentiu seu sangue ferver (não literalmente, claro), e de repente era difícil enxergar ou escutar qualquer coisa. Não pensou duas vezes, aliás, nem pensou direito e saiu daquele lugar.

Já estava cansado daquele teatrinho ridículo que era obrigado a encenar para todos, por todos os dias, por quase todas as horas. Se Adam queria fingir ser algo que não era, azar o dele. Erik não queria, não podia e não iria mais compactuar com aquilo. Adam que fosse para o Tártaro e levasse com ele todo aquele fingimento, que francamente, era ridículo.

Andava pelas ruas sem nenhum destino em mente, aliás, tinha a vaga noção de que provavelmente estava perdido (em todos os sentidos possíveis), e estava tão concentrado na sua própria raiva, pensando em muitas maneiras de torturar Adam (importante destacar que sem malicia nenhuma), que demoro uns bons minutos para perceber que estava sendo seguido.

Porém, não precisou nem de um segundo para saber quem o seguia, algo que não o deixou muito surpreso, afinal, de certo modo já espera por aquela perseguição, e também não ficou surpreso quando sentiu as mãos dele o puxando, pressionando-o contra uma parede qualquer, ou ao menos Erik esperava que fosse uma parede e não a vitrine de alguma loja (um acidente trágico do tipo já havia acontecido, enfim, longa história).

— Me desculpa – disse o seu “perseguidor”, se aproximando muito.

Erik suspirou, passando a mão pelos cabelos escuros do “perseguidor”. Talvez esse fosse seu castigo inevitável: se apaixonar por alguém que nunca teria coragem de assumir um relacionamento com ele. E então, só lhe restou dizer a mesma resposta de sempre para as mesmas situações de sempre.

— Eu sempre te desculpo.

E como sempre, Adam e Erik se beijaram, sem que ninguém os visse, é claro, como sempre.


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