Outra Dimensão escrita por ACLFerreira


Capítulo 75
Minha princesa




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A reação de Sasuke ao saber da noticia foi a esperada. Primeiro, o choque ao saber que a filha tão jovem já submetida aquela situação; depois, a raiva ao pensar nas circunstâncias que a levaram a um choque como aquele capaz de despertar o Mangekiou.

Sua expressão não era das mais amigáveis e qualquer um que o visse tremia nas bases instantaneamente. Quando os pais convocaram o Conselho do Clã e solicitaram que Naruto comparecesse em uniforme civil, todos souberam que a situação era grave. Boruto pediu ao pai para que pudesse ir também, mas o Hokage foi firme em sua negativa. Não era o momento certo para que soubessem de tudo e era melhor assim para evitar maiores problemas. De alguma forma sabiam que Itachi e os outros não reagiriam muito bem quando soubessem.

Naquela noite, depois dos eventos do Campo de Treinamento, Sakura deu um calmante a filha que a ajudaria a dormir e com as dores de cabeça. Desceu as escadas e encontrou o marido e o filho na sala conversando.

Daisuke ainda parecia meio em estado de choque e acabara de chegar da biblioteca do hospital atrás de informações que os ajudassem, mas, pela expressão no rosto do garoto, tinha a impressão de que não tivera sucesso.

— O remédio a fará dormir até amanhã e ajudará com as dores de cabeça.

— Conseguiu descobrir o que está acontecendo de verdade? - perguntou o irmão, preocupado.

— Parece que o fluxo de chakra para os olhos está muito acima do que seria normal - disse a mãe, suspirando. - O que está provocando uma maior pressão nos nervos e no cérebro em geral. Seu sistema circulatório está sob forte pressão e os vasos capilares são os primeiros a se romper.

Sasuke esperou que ela continuasse, mas a esposa ficou em silêncio.

— E...?

— As linhas de chakra são entrelaçadas ao sistema circulatório do individuo. Se ela for a uma batalha na atual situação, pode sofrer um aneurisma e morrer em poucos minutos - alertou a mãe, parecendo perdida pela primeira vez na vida.

O pai pareceu ainda mais surpreso ao ouvir tal coisa. Nunca tinha ouvido em alguém do Clã sofrendo de tal coisa, mas tinha de considerar que a mistura de sangue poderia provocar uma situação completamente inusitada. Será esse o primeiro passo do que seus inimigos tanto temiam, como o doujutsu único de Boruto?

— Daisuke, fique aqui e cuide de sua irmã - disse o pai, fazendo o rapaz simplesmente assentir. - Qualquer alteração no estado dela nos informe imediatamente.

Ele observou os pais saírem sentindo que não podia esperar dos próximos dias nada mais do que problemas.

 

Itachi já se encontrava no salão de reuniões ao lado do filho quando o Hokage chegou junto com Shikamaru. Ele não usava seu manto, mas mantinha a postura característica do governante. O que o levou a pensar que não era uma visita exatamente social.

De repente, seu irmão e sua cunhada chegaram ao local da reunião parecendo muito preocupados o que o deixou mais intrigado ainda. O que diabos estava acontecendo?

— Boa noite a todos! - cumprimentou Sakura, mas a tensão visível em seu semblante deixou todos ainda mais preocupados. - Hoje aconteceu algo que precisamos da orientação de vocês para saber como lidar com isso.

Todos assentiram.

— Sarada despertou o Mangekiou - disse Sasuke, sem rodeios.

Todos se entreolharam ainda em dúvida. O pai deveria saber como lidar com isso, mas sua postura lhes dizia que tinha algo mais no que estava acontecendo.

— Mas? - questionou Itachi, visivelmente preocupado e tenso.

— Ela tem energia demais - revelou a mãe, surpreendendo a audiência. - Seu cérebro não está suportando a sobrecarga extra produzida pelo Mangekiou e a única forma que encontrei para nos dar tempo foi neutralizar o doujutsu temporariamente.

O grupo se entreolhou em um silêncio absolutamente atônito.

— Basicamente está me dizendo que ela está canalisando energia demais para os olhos e seu cérebro está entrando em colapso? - supôs o líder, massageando as têmporas, pensando na ironia da situação. E pensar que seu pai chegara a dizer que os filhos de Sakura e Sasuke possivelmente mal teriam energia para acionar o Sharingan e agora isso...

— Vocês já se depararam com algo assim?

— Não - disse um dos Anciões, cruzando os braços. - Geralmente, misturas sanguíneas provocam justamente o contrário. A única vez que vimos algo parecido...

O homem ficou em silêncio subitamente, atraindo a atenção dos pais, Naruto e Shikamaru. O que mais estavam escondendo deles?

— O quê?

O mais velho olhou ao redor vendo as atenções voltadas para ele.

— Não... não pode ajudá-los!

— O que não pode nos ajudar? - questionou a mãe, fazendo-o ficar em estado de alerta. Antes que ele pudesse piscar, ela o pegou pelo pescoço. - O que sabe?

O chão tremeu assustando a audiência principalmente aquele que era vítima de sua fúria. Até mesmo o diabo teme a fúria de uma mulher!

— Posso respirar? - disse o homem, segurando seu braço. Sabia que não era páreo para aquela mulher, não furiosa do jeito que ela estava. Então, tinha que apelar para o seu bom senso.

Sasuke pousou a mão sobre os ombros da esposa, tentando tranquilizá-la, e o chão de súbito parou de tremer. Ela largou o Ancião no chão, mas sua expressão não se alterou nem um milímetro.

— Diga o que sabe...

— Houve alguém...

— Kanji...

— A criança tinha tanto chakra que os próprios pais tinham medo dela - disse o homem, se levantando com dificuldade do chão. - Por isso a entregaram para ser criada pelo Conselho, literalmente a expulsaram de casa com receio de que pudesse machucar seus irmãos. Pelo menos, foi isso que foi dito a ele...

— Como assim? - questionou a mãe, olhando para os Anciões que evitavam fitá-la diretamente. - O que vocês fizeram?

— Eram tempos difíceis e os pais não sabiam como treiná-lo adequadamente - disse um outro Ancião, em um sussurro. - Fizemos o que era melhor para o Clã.

— Corta essa - disse Kanji, ironicamente. - Matar um casal por ter se recusado a entregar o filho e depois dizer a ele que seus pais o abandonaram foi o melhor para o Clã?

Os pais ficaram chocados olhando para os Anciões sem acreditar no que estavam ouvindo. Será que planejavam fazer o mesmo com eles?

O segundo Ancião ergueu uma das mãos antecipando sua fúria e sabendo que não podia terminar bem.

— Não justifico o que nossos antepassados fizeram, mas eles eram civis que não podiam se responsabilizar pela segurança de seu próprio filho. O problema é que eles não conseguiram compreender isso e foram tolos o suficiente para tentar impedi-los - disse o Ancião, balançando a cabeça com tristeza.

Kanji parecia tão contrariado que não disse mais nada.

— O que nos sugerem? - questionou o pai, cruzando os braços como se deixasse bem claro que também não aceitaria. - O que podem fazer para nos ajudar?

Os anciões se entreolharam, pensando seriamente no que dizer. Uma palavra mal dita e eles estariam mortos no segundo seguinte.

— Podemos treinar a criança para que seja capaz de controlar o fluxo em direção aos olhos, mas vamos precisar de alguns meses, no mínimo, para que ela possa estar em condições de cumprir missões. E...

— Ela não vai sair debaixo dos nossos olhos - interrompeu-o Sakura, praticamente rosnando. Ela ainda se lembrava de sua Mestra contando sobre o que acontecera a Ran e Akira quando ambos eram crianças e que a levara a ter um profundo desprezo pelos conselheiros. - Esse treinamento vai ter sempre um de nós ou Daisuke presente. E isso não está em discussão...

Uma vez questionara Ran sobre suas experiências na infância, mas seu rosto se transformara apenas diante da menção daqueles dias. O trauma ficara estampado quando seus olhos escureceram subitamente e a terra tremera com uma violência que demonstrara sem palavras que era um assunto sobre o qual não queria falar. Não precisava ter conhecimento em psicologia para saber que o trauma fora tão violento que ela se vira obrigada a enterrá-lo no fundo do seu ser para ter um vislumbre de uma luz no fim do túnel.

Não era de se admirar que Tsunade jamais fora capaz de perdoar aqueles dois desalmados pelo que fizeram as suas crianças.

— Podem contar comigo também - disse Madara, chamando a atenção dos tios.

Sakura sorriu para o garoto.

— Alguma pergunta? - questionou, estreitando os olhos.

Nenhum Ancião se atreveu a responder. Se eles tivessem razão e a garota fosse mais forte do que qualquer um poderia ter previsto quando ela nasceu, capaz de invocar tanto o Mokuton quando controlar o Mangekiou, seu treinamento tinha de ser prioridade a partir dali.

Tudo o que o mais velho deles pode pensar naquele momento foi: Graças aos Deuses, ele não nos ouviu e se casou com essa mulher.

 

Daisuke foi verificar sua irmã pela terceira ou quarta vez desde que seus pais saíram, mas não conseguiu deixar de ficar preocupado. Felizmente, os danos parecem estar se estabilizando e adoraria que ela fosse capaz de se auto-curar como ele e a mãe, mas parecia que controlar três kekei-genkais estava mais no nível de um Deus do que eles reles mortais. Os dois podiam usar o Sharingan, mas ele controlava o Rosário e a irmã controlava o Mokuton.

Ele suspirou percebendo que ela dormia profundamente, então saiu do quarto e foi esperar pelos pais no andar de baixo.

Mal ele saiu, um vulto saltou pela janela aberta enquanto as cortinas balançavam ao vento e parou ao lado da cama. Contemplou o vulto adormecido por longos momentos antes de sentar ao seu lado. Tocou a face dela levemente...


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