Aviso Celestial escrita por TopsyKreets
Aviso Celestial
A primeira coisa que fizeram quando chegaram em campo aberto era escolher em que atirar.
Isso não seria difícil.
No meio do gramado, havia uma árvore antiga, cujo o tempo e insetos já tinham lhe tirado vitalidade.
Era o alvo perfeito para testar a nova bazuca.
....
— Ainda acho um exagero – Disse Dipper.
— Tá brincando – Respondeu Mabel – Proteção nunca é demais. Valeu cada centavo.
O irmão balançou a cabeça.
— Aposto U$ 10 que você erra a árvore.
Ela destravou a arma.
— Apostado, homem de pouca fé.
Então lá vamos nós. Três, dois....
— Ela está segurando do lado errado.
Nessa posição, vai acabar acertando a vaca pastando, atrás de vocês.
Dipper não viu de onde o homem surgiu. Não havia ninguém ao redor, instantes antes.
Agora ele estava ali, ao lado dos dois, falando como se fosse um perito.
— De onde você veio?
— De certa forma, sempre estive aqui.
— Ah, claro. Nem um pouco estranho.
Mabel, acho melhor....
Quando ele se virou para fitar a irmã, viu que algo estava errado.
Ela estava estática, ainda com a bazuca em mãos.
Mas o efeito não apenas de restringia a Mabel.
Seu relógio parara. Os pássaros que cruzavam o céu do campo estavam congelados em pleno ar.
— Você parou o tempo.
— Isso.
— O que eu posso fazer por um agente temporal?
O homem riu da afirmação de Dipper.
— Agente temporal? Não chegou nem perto, rapaz.
O desconhecido estalou os dedos e asas enormes, brancas e brilhantes surgiram de suas costas.
— Meu nome é Alex. Sou um anjo do Senhor.
Precisamos conversar.
....
Segundos depois, estavam longe do gramado, e imersos em uma sala tão limpa que parecia esterilizada.
Os móveis novos em folha contrastavam com o chão de carvalho.
—Ainda não acredito que anjos existam. Vocês nunca foram citados nas anotações do Ford.
— Se existem demônios, obviamente existem o outro lado da balança, correto?
Dipper deu de ombros.
— Faz sentido, eu acho.
— Ótimo. Então senta aí, não vai demorar.
Agora, a atenção do jovem Pines se mantinha em cima das duas mulheres no canto da sala.
Bem alinhadas, ambas estava de pernas cruzadas e pranchetas em mãos.
— Estou sendo avaliado? – Perguntou.
Alex olhou rapidamente para as mulheres, ates de responder.
— Na verdade, eu é que estou.
Mas vamos do início. Meu nome é Alex Hirsch. Essas são Daron Nefcy e Rebecca Sugar.
— Elas são anjos também?
Daron tomou a palavra.
— Todos somos anjos da guarda, classe cinco.
— Exceto o Alex – Comentou Rebecca – Ele foi rebaixado de volta ao nível quatro.
— Isso aí – Disse Alex – Não pega leve. Me humilha mesmo na frente do meu protegido.
— Wow – Disse Dipper, espantado – Você é o meu anjo da guarda?
— Seu e da Mabel.
— Onde você tava quando eu caí da bicicleta e quebrei os dois dentes da frente?
— De férias.
O rapaz de ombros.
— Justo.
— Podemos continuar? – Perguntou Daron.
Alex passou a mão pelo rosto. Não seria uma conversa fácil.
— Escuta Dipper, normalmente não fazemos esse tipo de coisa, mas abrimos uma exceção, considerando que vocês dois já salvaram o universo várias vezes.
Os dois são pessoas incríveis. Mas estão dando muito trabalho!
Fica difícil defender vocês o tempo todo!
— A bazuca é da Mabel....
— Não estou falando disso....
Quero dizer, isso também. Se ela matar a vaca, vai ser uma semana de dor de cabeça e relatórios. Mas esse não é o ponto.
— Se for sobre os unicórnios da semana passada, foram eles que começaram!
— Também não é isso. Falando sério, quem nunca socou um unicórnio?
A protegida da Daron faz muito pior. Ela mata pôneis por prazer, e olha que ninguém dá a mínima....
— Hey! – Interveio Daron – Não fala assim da Star, ela é um amor de pessoa!
— Que mata pôneis com um porrete! Sua protegida é uma sociopata!
— Ela não é não!
Alex e Rebecca franziram a testa.
— Talvez, um pouquinho – Complementou Daron – Mas não estamos aqui para julgar a Star, estamos?
— Claro que não – Disse Alex – Até porque, se fôssemos julgar alguém, teríamos que começar pelo protegido da Rebecca....
— Ah, não! Nem vêm! – Bradou Rebecca – O Steven é o ser humano mais puro do mundo!
— Que abriga todo e qualquer alienígena na casa dele!
O garoto está formando um harém. Isso é perturbador!
— Ele é uma criança pura!
— Até chegar na puberdade....
....
— Desculpa interromper, mas o que isso tudo tem a ver comigo?
Os três pararam com a discussão calorosa e voltaram suas atenções a Dipper Pines.
— O que eu quis dizer – Continuou Alex – é que ambas têm protegidos difíceis, mas ainda assim, conseguem mais êxito do que eu.
Você e a Mabel não estão facilitando pra mim.
— Do que você está falando?
— Estou falando do relacionamento incestuoso de vocês.
Dessa vez, foi Dipper que congelou.
Em choque pela afirmação tão direta de seu protetor divino, ele nada pode fazer a não ser, o de sempre.
Proteger a irmã.
— Culpe a mim, não a ela. Mas não pode impedir que gostemos um do outro.
O anjo esboçou um olhar confuso pro rapaz.
— O que? Acho que não fui claro. Não quero que terminem. Quero que se acertem.
Que se decidam. Se querem ficar juntos, fiquem. Se não, que seja.
Mas decidam logo.
— Peraí.... Tá me dizendo pra ir em frente com a Mabel?
— Se isso os faz felizes.... Porque essa coisa de vai e volta, alegria e depressão, não tá funcionando.
Com o último término de vocês, eu fui rebaixado. Agora vocês voltaram.... E compraram uma bazuca.
— Tecnicamente....
— Ela comprou. Tá, já sabemos. Foi no calor do momento.
Eu só peço que.... Tentem ficar assim, okay?
O meu sucesso como anjo da guarda depende da sua felicidade.
— Então.... Foi rebaixado porque estávamos infelizes?
— Exato. Quero dizer, olha só para elas duas!
A Daron cuida de uma maníaca. A Rebecca, de um pervertido. E eles conseguem ser mais felizes do que vocês dois!
— Mais uma gracinha dessas – Disse Rebecca – E vamos te rebaixar para o nível três.
— Tá, tudo bem, parei.
Cara, vocês duas eram bem mais divertidas quando eram minhas estagiárias....
— Amadurecemos – Disse Daron – E você, senhor Hirsch?
Ele já estava prestes a dar uma má resposta a suas supervisoras, mas Dipper achou melhor se meter para livrar seu anjo dos problemas, pelo menos para variar.
— Tudo bem – Disse – Se acertar com a Mabel, em definitivo.
Saquei.
— Fantástico. Chegamos a algum lugar, então.
— Com certeza.
— Bom.... Acho que é melhor te levar de volta. Se as senhoras me permitirem, é claro.
Daron e Rebecca se entreolharam, antes de assentir.
— Tudo bem – Disse Daron, por fim – Mas que seja apenas isso.
Leve – o e volte. Nada mais.
Quando estavam prestes a sair, Rebecca se levantou e se aproximou de Alex.
Levemente, ela colocou a mão em seu ombro.
— Estamos de olho em você.
No senhor também, senhor Pines.
Boa viagem.
....
De volta ao campo, Mabel, os pássaros e o tempo ainda estavam do mesmo jeito.
Parados.
— Se cuida, Dipper.
— Achei que cuidar de mim fosse o seu trabalho.
Alex sorriu. Descontraidamente, apertaram as mãos.
Mas o momento durou pouco. Depois do aperto, o anjo demonstrava um semblante muito sério.
Algo o estava preocupando. E muito.
— Tenho uma coisa pra te contar. Vão me rebaixar de novo por isso, mas é bem importante. Preste atenção, garoto, porque eu não vou repetir.
....
— Um....
Antes que Mabel disparasse, Dipper colocou as mãos na bazuca, impedindo que ela pressionasse o gatilho.
— Está segurando do lado contrário – Disse.
— Como você sabe?
— Eu só sei. Explico mais tarde.
Dando um beijo na irmã, ele recolocou a arma de volta no estojo e o lacrou.
— Temos que ir, temos trabalho.
— É mesmo? E o que é, dessa vez? Vampiros? Fantasmas?
Dipper engoliu à seco antes de responder a irmã.
— O que você sabe sobre o Cthulhu?
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