Entre Reinados escrita por Natasha Bonni


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Olá narnianos e telmarinos, eis que estou de volta. Dessa vez com um conto de Entre Reis e Rainhas.
Espero que gostem dessa história tanto quanto eu gostei de escrevê-la. Nos vemos nas notas finais.
BOA LEITURA.


P.S: Peço desculpas pela falta de revisão, terminei de escrever as 2:46 da manhã.



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O vento batia forte contra as folhas nas copas das árvores, os galhos balançavam à ponto de cair. Tudo mais estava silencioso, apenas o silvo do vento soprando era ouvido, e ali, em meio a escuridão encoberta pelas árvores que ela observava o castelo. Seu coração saltitava em alegria, ela poderia muito bem começar por ele, mas sabia que seria óbvio e acabaria presa. Era melhor manter a calma e recrutar os outros dois antes de chegar ao aparentemente intocável, o rei de Cair Paravel e das terras de Nárnia. Caspian teria que esperar.

 

 

A correria das crianças pela casa era como música para os ouvidos do rei X, depois do nascimento de seu primeiro filho Liam, hoje com cinco anos, eles foram agraciados com a vinda de gêmeas Cassidy e Sany, duas garotinhas lindas de olhos castanhos e covinhas capazes de derreter o mais gélido dos corações. O filho mais velho brincava com as crianças de Julia e Benson.

— Bom dia papai. – Liam disse ao parar diante do homem quer uma versão sua dali alguns anos.

— Bom dia filho. – Caspian sorriu ao ver o garoto lhe sorrir faltando um dente inferior. – Cadê a mamãe as gêmeas? – Indagou ao abaixar-se para ficar da altura dele. O garoto olhou ao redor e deu de ombros, indicando que não sabia delas.

— Parece que estão falando de nós queridas. – A voz de Mariana ressoou pelo salão fazendo-o se virar a tempo de ver a mulher chegar com as duas crianças nos braços. Elas estavam quietas e pareciam atentas a tudo o que se passava. Com apenas quatro meses as gêmeas eram bebês extremamente inteligentes e desenvolvidos. – Olha só quem está aqui. – A rainha disse como se as filhas realmente a entendessem. – O Liam e o papai. – Ela sorriu para o marido, que de pronto tomou o filho nos braços e se aproximou depositando um beijo na testa da esposa e acariciou as pequenas.

— Vamos tomar café. – Chamou o rei se dirigindo para sala de jantar com Liam ainda no colo, o garoto brincava com um dos botões da roupa do pai. Mariana se aproximou da mesa e Kitty foi a primeira a chegar com dois carrinhos, que mais pareciam berços. Ajudou a rainha na tarefa de colocar as crianças ali e saiu. – Dormiu bem, querida? – Perguntou o rei ao se acomodar em sua cadeira e servir alguns pãezinhos ao pequeno Liam.

— Perfeitamente, mas tive um sonho estranho, não me lembro de detalhes, mas me deixou preocupada. – Mariana comentou. – Vou mandar uma carta para mamãe, quero que ela venha passar um tempo por aqui e pedirei que traga Mayara.

— Você gosta mesmo dessa moça, não é?

— Ela é uma boa amiga. – Disse simplesmente. Os dois tomaram café em meio a assuntos banais, tudo estava em seu devido lugar.

Até aquele momento

 

 

— Majestades. – Benson surgiu de repente com uma expressão aflita. – Me perdoem interromper, mas a senhora Allessandra e a senhora Isabele os aguarda, ela acaba de chegar e tem um assunto urgente para tratar. – De imediato os dois se colocaram de pé, Molly e Kitty apareceram para ajudar com as crianças enquanto eles caminhavam de encontro as amigas. Assim que passou pelas enormes portas avistaram as mulheres conversando baixinho entre si, ambas tensas e com marcas de choro pela face.

— Meninas. – Mariana anunciou sua chegada e foi recebida com abraços calorosos, havia pouco mais de dois meses que não se viam. – O que aconteceu?
Caspian as abraçou e indicou o sofá para que se acomodassem. As duas se entreolharam e Isabele foi a primeira a cair no choro, preocupando ainda mais os presentes.

— Pedro e Edmundo sumiram. – Allessandra soltou a bomba e Isabele soluçou.

— Como assim? – Caspian perguntou assustado.

— Edmundo recebeu um comunicado de que havia uma guerra estourando ao sul das terras do reino e partiu de imediato para verificar, nunca mais tive notícias. – Choramingou a esposa do mais novo dos Pevensie.

— Com Pedro aconteceu o mesmo, disseram que Edmundo o estava convocando e ele partiu três dias depois de Edmundo, e até agora nenhuma notícia. – Alle suspirou trêmula e teve as mãos envolvidas pelas da amiga.

— Mas eles levaram a cavalaria? – O rei inquiriu, elas negaram.

— Foram com pouco mais de dez soldados, a intenção era pacificar. – Explicou Isabele.

— Vou reunir alguns homens e mandarei que façam uma busca, se não trouxerem notícias eu mesmo irei. – Afirmou o rei com convicção. – Trarei os Pevensie de volta, confiem em mim. – E sem dizer mais nada ele se levantou e deixou a sala a passos duros. As mulheres se entreolharam antes de suspirarem.

— E as crianças? – Perguntou a rainha lembrando-se dos afilhados.

— Devem estar deixando Julia de cabelos brancos. – Izzy riu fraco.

 

 

Benson já havia sido informado do ocorrido e reunido uma pequena tropa, agora eles traçavam rotas para chegar as terras do Sul. Caspian prometera que iria apenas se não houvesse notícias, mas mentira. Sabia que não aguentaria esperar enquanto os melhores amigos corriam risco de vida, e sendo assim partiu para seu quarto onde pediu que Molly separasse duas mudas de roupa e fizesse uma pequena mala. Ele iria pessoalmente atrás de Edmundo e Pedro.

— Mas senhor, a rainha ficará preocupada. – Benson tentava aconselhar o amigo, que já guardava os pertences no lombo do cavalo. – Julia está para arrancar os cabelos, imagine. – O comentário fez o rei X rir.

— Está decidido Benson, vamos logo com isso.

 

 

Na biblioteca as mulheres conversavam sobre as hipóteses por trás do possível desaparecimento. Julia, que acabara de se juntar a elas, informara que o rei iria com os demais nessa empreitada.

— O quê? – Mariana ergueu-se de pronto e partiu rumo a saída, queria boas explicações do marido para não ter lhe contado essa ideia. Para sua sorte e azar dele o encontrou no meio do caminho.

— Amor...

— Acho bom ter uma ótima explicação, Caspian. – Não era preciso perguntar, ela já descobrira.

— Vou encontra-los e traze-los para suas famílias, apenas isso. – Com a voz baixa e tom suave ele tentava calmar a esposa que já o fitava de olhos semicerrados. – Prometo que voltarei inteiro para você, está bem? – Mary arqueou uma sobrancelha, desconfiada. – Querida, não me olhe assim, vai dar tudo certo. Se em três dias eu não estiver de volta mande a cavalaria, se isso a fizer se sentir melhor. – Ela nada disse, apenas o abraçou e se afastou para pegar as gêmeas dos braços de Kitty, Liam se aproximava trazido por Molly.
Com um beijo em cada um dos filhos e um na esposa o rei de Cair Paravel se foi rumo ao desconhecido.

 

 

A hora estava chegando, tudo estava correndo como o planejado. Dois já estavam sob seu domínio, faltava o último e ela poderia, enfim, colocar seu plano de vingança em prática. Era hora de devolver cada lágrima derramada, cada noite mal dormida com saudades da mãe. Ela faria questão de vê-los sofrer.

 

 

— Temos que dar um jeito de sair daqui. – Pedro disse depois de tentar escalar, em vão, a parede de barro seco da cela que estava.

— Não me diga, gênio. – Ironizou Edmundo. – Eu só queria saber o que essa maluca quer de nós. Às vezes acho ela parecida com alguém que conheço.

— Também notei.

O trajeto até as terras do Norte era tortuoso e quieto, nem mesmo o vento parecia zunir naquele silêncio mortal. A tropa de quinze homens percorreu boa parte do caminho até o Sol cair e resolverem montar acampamento. Pararam em uma área com árvores e se arrumaram como puderam. A terra do Sul era seca, pouco havia se feito por aquele pedaço de terra desabitado, e agora Caspian se arrependia disso.

 



I'm scared today
More than I told you I was yesterday
Give me a moment to catch my breath
And hold me every second left
Proud of me
That's the only way I want you to be
Look at me and love what you see

 

 

Os dias findavam com a mesma velocidade em que o desespero crescia, a saudade parecia sufocar tanto quanto o pensamento insistente de que chegava a hora de agir.

— Isabele você precisa comer. – Julia disse seria, as quatro estavam reunidas na sala de visitas, aguardavam a volta de Mayara que havia chegado há dois dias junto com a rainha de Myriades. Jordana soube do ocorrido aos reis e foi de encontro à filha, naquele momento ela precisava de todo suporte possível. May havia se reunido com alguns soldados da guarda de Jordana para obter informações sobre os demais reinos. Elas montariam um plano, tinham que resolver aquela situação.

— Não quero. – Negou-se a mulher, Izzy evitava comer, tudo o que conseguia era dormir, chorar ou estar perto do filho. Noah, agora com dez anos, perguntava insistentemente pelo pai, o que levava a marquesa da Calormânia as lágrimas sempre que ouvia os comentários do filho.

— Você precisa comer, não pode simplesmente definhar. – Allessandra interferiu. Assim como as demais a preocupação lhe assolava, mas como era de se esperar, sua calma e a forma centrada de ver as coisas a mantinha sã de toda a loucura que tentava se apossar dela. – Izzy, eu sei que está sendo complicado para você, está para todas nós, acredite. – Ela olhou para as amigas ao redor esperando apoio. – Mas se render não é uma opção, vamos armar um plano assim que Mayara retornar e daremos um jeito em tudo isso.

— Exatamente. – Mariana disse ao adentrar a sala, havia deixado as meninas dormindo, assim como Liam. O pequeno demorara para pegar no sono, insistindo em dizer que sentia falta do pai.  – Vamos para sala de reuniões, Chris acaba de avisar que Mayara está lá.

Chris, o soldado que estava cobrindo Benson estava na sala ao lado de May, os dois falavam baixo quando as quatro mulheres adentraram a sala, o assunto acabou de imediato. Um mapa foi aberto sobre a mesa revelando diversos alfinetes de ponta vermelha sobre uma única área.

— Majestades. – Saudaram os dois. – Este ponto foi onde o rei e os soldados foram vistos pela última vez. Não há nada além de algumas árvores.

— Certo, se não há nada visível só pode haver uma bifurcação, sabe-se lá o que pode tê-los prendido. – Julia opinou.

— Ela está certa, vamos avisar a cavalaria, reunir uma pequena tropa e nos armar. – Allessandra disse de pronto.

 

 

Era impossível saber se era dia ou noite, o frio era sempre constante na pequena cela que dividiam. Os reis do passado e o soberano de Cair Paravel presos sob a terra numa armadilha mágica de uma mulher que não diz quem é, apenas os alimenta com pão e água e nunca diz nada. Os soldados foram enviados para o reino, apenas os três se mantinham ali.

— Não acredito que caímos numa armadilha tão absurda. – Resmungou Edmundo chutando uma pequena pedra.

— Eu vim atrás de vocês, Pedro foi atrás de você primeiro, é óbvio que ela havia planejado isso muito antes. – Caspian disse sabiamente. – Seria muito pedir que Aslam nos desse um sinal? – Indagou-se retoricamente.

— Há anos não o vemos. – Pedro respondeu. – Precisamos sair daqui as garotas devem estar reunidas e preocupadas agora, se os soldados informaram que estamos aqui devem achar que estamos mortos. – O mais velho dos Pevensie estava desesperado.

— Acalme-se Pedro, vamos pensar com clareza. – Edmundo soou sensato enfim.

— Se bem conheço minha esposa e minhas amigas elas virão nos resgatar pessoalmente. – O rei X disse com certeza.

— Mas Mariana não teve as gêmeas a pouco tempo? – Assustou-se Pedro.

— E desde quando isso a impediu de algo? – Caspian balançou a cabeça. – Uma semana depois do nascimento de Liam eu a peguei treinando arco e flecha.

— Ela ao menos melhorou a pontaria? – Perguntou Edmundo curioso.

— Continua péssima, mas o reflexo da espada está cada vez melhor. – Os três riram, apesar de toda a situação em que estavam, ter os três reunidos era reconfortante.

 

 

Era questão de tempo até que alguém viesse resgatar os reis, e então ela teria o que tanto almejara.  Vingança. Ah como essa palavra soava bem aos seus ouvidos. O tempo correria na medida certa para que seus poderes se tornassem irredutíveis. Bastava uma batalha, uma vitória e um pedaço do reino para que logo tudo fosse dela.
Ah, como estava perto disso.

 

 

A noite passara como um borrão, o sono escasso e o descanso inexistente de mentes atormentadas fizeram as seis mulheres levantarem-se cedo. Mariana vestiu a armadura que mandara fazer há alguns anos no lugar do típico vestido.
Isabele já estava pronta ao lado de Allessandra em trajes de batalha, Julia aguardava Molly para deixar os filhos aos seus cuidados.

Jordana chegou a sala de jantar junto com Mayara, ambas com expressões sérias e pesarosas. Com insistência de Kitty todas tomaram café, não que soubesse exatamente o que comiam. Após a refeição cada uma delas se dirigiu para o quarto onde os filhos dormiam.

Um beijo na testa.

Um carinho no rosto.

Uma promessa de retorno.

A partida.

As quatro trajadas em roupas de batalha abraçaram a rainha Jordana, que ficaria para controlar o reino e supervisionar as crianças. Mayara, que tanto ajudara na elaboração do plano, comandaria os soldados enquanto elas não retornassem, com a ajuda de Chris, é claro. Benson estava de cama, havia retornado ferido da emboscada, mas insistira firmemente para que a esposa ajudasse no resgate dos amigos.

— Voltem logo. – Sussurrou Jordana para elas. – Não me faça ir atrás de vocês.

— Boa sorte, qualquer coisa basta mandar um pássaro e enviarei reforço. – May disse solícita.

 

Era hora, ela sabia que sim. Logo tudo acabaria, logo seria rainha de tudo. Ah queria vê-los rendidos.

 

Dores pelo corpo, noites mal dormidas e nenhuma noção do tempo que se passara enquanto estavam presos naquela maldita cela. A fome os assolava quase tanto quanto a saudade de casa. Os rostinhos dos filhos, os sorrisos das esposas. A sensação de vazio era desoladora. Por Aslam, precisavam de ajuda logo ou enlouqueceriam.
Caspian não conseguia entender como Jordana conseguira se manter sã durante tantos anos em cativeiro.
O som de passos ressoou com eco, a luz bruxuleante de uma tocha anunciou a chegada da misteriosa mulher. Sem dizer um único som ela os fitou através das grades invisíveis, os olhos escuros faiscando maldade.

— Está chegando a hora, meus reis. – O tom de deboche os intrigou quase tanto quanto a frase proferida, mas não houve tempo para questionamentos. Barulhos de explosões, vozes alteradas e uma risada conhecida os despertou atenção. Assistiram a estranha mulher sumir pelo corredor, porém não ousaram se aproximar da grade para observar, já haviam levado choques de altas voltagem ao encostarem no material desconhecido.

 

 

Uma batalha sangrenta se desenrolava no nível mais alto da caverna.
Assim que as garotas acharam a localização que Mayara indicara Isabele avistou uma bifurcação por entre as árvores e não tardou em entrar, porém haviam seres bizarros as aguardando do lado de dentro. Seres metade homem, metade bicho. Todos os animais possíveis faziam parte da assustadora transformação daquele exército tenebroso.

Julia defendia-se de um homem- lagarto quando um homem - leão a atacou pelas costas, Izzy correu para defender a amiga e após se livrar do monstro, outro apareceu. Esse tinha cara de aranha, ela desferiu um golpe com a besta¹ e partira para o próximo oponente. Allessandra lutava contra dois homens - lagartos, atirando adagas em todas as direções ela conseguiu se livrar de um e abaixou a tempo de evitar um soco do que restava, com agilidade deferiu um golpe fatal no oponente. Mariana lutava com um homem - serpente de duas cabeças, enquanto ela brandia a espada ele tentava picá-la com a segunda cabeça. As presas venenosas passaram tão perto de seu braço que chegara a sentir o gelado do liquido, ele a cercou contra a parede, Allessandra avistou a situação da amiga e correu para ajudar. Era o que ela precisava, enquanto o monstro se distraída com a presença da garota Mariana brandiu a espada e decepou ambas as cabeças as atirando longe o bastante para que não corresse o risco de se reconectarem ao corpo.

Um a um os monstros foram sendo vencidos, restando apenas uma figura pequena e desconhecida no fundo da caverna.

— Finalmente, achei que não acabariam nunca. – A voz meiga e dócil diferia das feições agressivas que trazia no rosto.

— Quem é você? – A pergunta soou como um coral vindo das quatro mulheres arfantes paradas em sua frente.

— Eu sou filha da vingança, da dor e do ódio. – Sorriu com escárnio. – Meu nome é Dinny, eu sou a filha de Jadis.

O tempo parou por alguns segundos, da cela os rapazes ouviram a revelação e todos os olhares trocados carregavam dor, medo e preocupação. As garotas engoliram seco.

— E o que quer? – Indagou Isabele desafiadora.

Os olhos escuros faiscaram, um sorriso cruel surgiu. – Vingança. – Respondeu. – E um duelo, se eu vencer quero uma parte do reino que me é de direito.

— Mas isso é...

— Deixe-a a terminar, Jubs. – Mariana interrompeu a amiga, sabia que havia mais naquela história do que estava sendo dito. Se ela era mesmo filha de Jadis, deveria ter poderes, assim como a genitora. Aquela luta estava longe de ser justa. – Se ganharmos você partirá sem olhar para trás e jamais colocará os pés nas terras do rei Caspian. – Negociou a rainha.

— Fechado. – Concordou Dinny.

— Mas queremos ver nossos maridos. – Isabele interpôs.

— Está bem, mas não os soltarei até o fim da batalha. – Rebateu a mulher. Indicando as escadas escondidas da caverna elas desceram, pararam de frente para cela onde os três estavam. Allessandra estendeu a mão para tocar o esposo, mas o grito de alerta a fez recuar.

— Isso tudo é enfeitiçado, por isso não podemos tocar ou ver as grandes. – Explicou Pedro.

— Cadê Mariana? – O rei X perguntou, as amigas se entreolharam antes de arregalar os olhos e correrem escadas acima onde uma nova batalha se iniciara. A rainha não havia acompanhado as amigas, limitou-se a esperar, pois sabia que não podia confiar naquela figura desconhecida.

 

 

O choque das espadas era alto, o embate estava acirrado. Os corpos caiam ao chão e voltavam à guarda, o suor escorria pelo rosto e a ansiedade mesclava-se ao cansaço.

 

 

— Precisamos pegar a chave da cela, ela não a faria de forma a abrir apenas com poderes. – Izzy palpitou.

— Como sabe disso? – Inquiriu Jubs.

— Se precisasse fugir e leva-los como reféns, mas estivesse fraca para exercer muito poder precisaria de um plano B. – Alle completou o raciocínio da amiga. E sendo assim elas se puseram a procurar pelo objeto.

 

 

A espada cortara a carne do braço da rainha fazendo-a sibilar, o material da arma era mais quente do que o comum, e a mesma era escura com rachadura de tons laranja e vermelho. Enquanto se esquivava de mais um golpe um lampejo das antigas histórias lhe veio à mente. Se Jadis era a dona da neve, Dinny seria a do fogo, aquela espada era feita de lava de vulcão.

 

 

— Tenta essa outra. – As garotas já estavam na quinta chave do molho que encontraram escondido sob a mesa de madeira velha no canto da escada.

— Deve haver uma palavra chave para abrir essa coisa. – Irritou-se Allessandra.

— Ódio, vingança, rancor? – Julia desatou a perguntar.

— Não.... Já sei, qual é o nome da mãe dela? – Izzy disse de repente. – Ah sim, Jadis. – E o barulho da tranca se abrindo foi ouvido no exato momento em que o barulho de algo estilhaçando no andar de cima.

 

 

Rapidamente os seis correram para saber o que se passava e encontraram Dinny presa em uma espécie de redoma de lava, a espada jazendo no chão.

— Andem logo, acertem a redoma. – A voz estridente e aguda da rainha foi ouvida e não foi necessário aviso, as quatro mulheres miraram no imenso e estranho objeto e o acertaram. No segundo seguinte a redoma sumia no ar com a voz de Dinny ressoando ameaças e xingamentos. Foi nesse momento que elas se permitiram cair exaustas no chão.

 

O retorno ao castelo foi feito de forma rápida, não houveram paradas ou descanso. Precisavam do conforto de seus lares.

 

♥/

 

Ah a paz retornara a Cair Paravel, assim como todos os casais retornaram aos seus lares. Era tempo de comemorar as dádivas que a vida lhes dera, sendo uma delas e chegada de mais um herdeiro para o casal apaixonado por manjar turco.

O aniversário de Allessandra se aproximava, e é claro que haveria uma comemoração digna da marquesa das terras do Norte. A animação irradiava pelo castelo, principalmente do novo casal recém descoberto. Mayara e Chris eram só sorrisos e carinhos. Jordana estava cada dia mais encantada pelos netos. Tudo habitava na mais perfeita ordem, era questão de tempo até que todos chegassem para iniciar a comemoração.

— Querido. – Mariana chamou ao terminar de se apronta, duas semanas depois do evento fatídico ela resolvera retomar o treinamento com afinco. Um resmungo indicava que estava ouvindo, ainda que permanecesse deitado. – Estive pensando em algo muito agradável.

— Hum, eu deveria saber o que é? – Perguntou o rei fitando-a curioso.

— Não sei se você percebeu, mas fomos as garotas e eu quem salvamos vocês. – Ela se aproximou da cama e parou do lado em que Caspian estava deitado olhando-a. – Poderemos dizer agora quem é a donzela indefesa, não? – A risada dela preencheu o quarto fazendo-o rir.

Kitty surgiu anunciando a chegada dos amigos, era hora de finalizar os preparativos para noite seguinte. Havia muito a se comemorar, e eles não poderiam estar mais agradecidos.

 

Uma brisa soprava por todo o castelo trazendo consigo o som do rugido que todos bem conheciam. Sabiam que estavam bem e seguros, Aslam estava ali. Esperaram tanto por um momento de alegria e alívio, que nada os faria mudar os passos que os levaram até ali.

 


Time stands still
Beauty in all she is
I will be brave
I will not let anything take away
What's standing in front of me
Every breath
Every hour has come to this

One step closer

 

 

¹ - Besta: Objeto que dispara flechas, semelhante a um arco.

Músicas do capítulo: Miles (Christina Perri), A Thousand years (Christina Perri).


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Notas finais do capítulo

Essa história foi feita para pessoas muito queridas que fazem parte dessa história (literalmente falando) e estão ou estiveram de aniversário. Isabele Bard (18/04) obrigada por ser esse ser humano lindo e apaixonada por Edinho Pevensie. Allessandra Mazzieri (07/05), minha gêmea maravilhosa que merece muitas alegrias e ama Pedrinho Pevensie. Mayara Sena (07/05) a linda que adora Nárnia e SPN e me encanta sempre com suas histórias. Julia Castro o meu obrigada por você ser um amorzinho.

Claro que não faltaria o meu amor à vocês, que apesar dos meus sumiços ainda apreciam o meu trabalho. Obrigada mesmo, mesmo por todo amor que me dão. Espero que a história tenha feito matar um pouco da saudade. Comentem, opinem, expressem-se. Nos vemos por aí amores.

Kisses and Cherrys.