O Mendigo Pianista - Outtake escrita por Amesdlyn


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boooom, meu povo. Espero que curtam! Nos falamos lá embaixo!
PS.: As fotos da roupas, decoração e a música que eles tocaram estarão lá no grupo. Vem! ♥

https://www.facebook.com/groups/1632632653654879/?ref=bookmarks



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732345/chapter/1

—-Billy, pelo amor de Deus, pare quieto! -- Mandei, pela enésima vez, meu filho parar de trocar de banco.

Ele me olhou, seus olhos verdes -idênticos aos do pai- brilhando de diversão e traquinagem.

—-Mas mamãe! Eu li uma matéria onde dizia que temos de saber onde sentar para não afetar nossa saúde! -- Ele disse, fingindo inocência.

Eu tive que segurar um riso, mas Emmett a minha frente não foi tão discreto. Vendo que estava ganhando a atenção que queria, William Cullen voltou a pular de banco em banco enquanto seus respectivos donos não chegavam.

—-Mamãe? -- A voz aguda e infantil de Charlotte me chamou. Eu olhei para ela em meu colo e sorri.

—-Sim, querida?

—-Não é verdade que se o Billy não parar, ele não vai ganhar sorvete? -- Ela disse, abrindo um largo sorriso pra mim. Minha filha de apenas cinco anos foi mais esperta que eu, porque no segundo seguinte Billy estava sentado quietinho na cadeira ao meu lado.

Eu olhei para ele e arqueei uma sobrancelha. Ele bufou pra mim.

—-Que é? Eu sei que a senhora sempre concorda com ela e eu gosto muito de sorvete. -- E fez um biquinho adorável. Eu ri e passei um braço por seus pequenos ombros, enquanto com o outro abraçava firme a cintura de minha menininha.

Rosalie, a minha frente se virou, sorriu para minhas crianças e me olhou.

—-Onde estão Emma e Ethan? -- Indagou ao não vê-los comigo. Eu suspirei.

—-Ethan estava conversando com Brian quando o fui chamar, ele me disse que logo viria. E Lorely arrastou Emma para uma pequena lojinha de conveniências, prometendo chegar a tempo.

Rosalie assentiu e então mordeu o lábio. Eu sorri.

—-Desembucha. -- Mandei.

—-Brian está caidinho por Lorely, mas não sabe o que fazer. -- Ela deu um risinho. Eu arqueei as sobrancelhas.

—-Sério? E cadê o pai fodão dele para ajuda-lo? -- Eu nunca perdia a oportunidade de encher o saco de Emmett. Ele se virou para mim, com Lillian no colo e rolous seus olhos.

—-Está ocupado protegendo a garotinha dele. Mas meu garotão sabe muito bem chegar numa menina, só está com graça por ser filha do Jake.

—-Ele tem medo do Jake? -- Indaguei, segurando a todo custo o riso.

—-Não, Isabella, meu filho não tem medo de nada. Ele só não quer que Jake fique inseguro por namorar sua garotinha. Meu garoto tem sentimentos! -- E com isso ele voltou a olhar para frente. Eu olhei para Rosalie e ela apenas deu de ombros.

—-Já são mais de vinte anos de casamento, Bells. -- Ela sussurrou e então se virou também.

—-Mamãe, quando o papai vai aparecer? -- Billy indagou, me olhando com ansiedade. Eu sorri para ele e acariciei seus cabelos castanhos.

—-Logo, meu amor. Não vai demorar.

Alguns minutos mais tarde, Emma, Ethan, Brian e Lorely chegaram. Emma pegou Billy no colo e se sentou ao meu lado com Ethan do lado. Brian sorriu para mim, mas foi se sentar com seus pais e ele parecia muito feliz por Lorely estar indo junto.

—-O que comprou? -- Indaguei para Emma. Ela revirou os olhos.

—-Eu não comprei nada, mãe. Já Lory fez a festa com as bujigangas que foi encontrando.

Eu ri baixinho, pois Emma era meu espelho no quesito compras.

—-Ô mãe? -- Ethan me chamou. Eu me curvei e o olhei.

—-Sim?

—-Não é verdade que temos de honrar nossas calças e pedir a garota que gostamos em namoro?

Eu mordi o lábio para abafar uma risada, no entanto Emma e Rosalie não fizeram o mesmo. Brian se virou para trás e fuzilou meu filho com os olhos, que só sorria.

—-Escuta aqui, Cullen... -- Brian começou.

Então as luzes se apagaram e era hora do show... Ou do concerto. O que importa é a compreensão.

—-Chega, meninos. Vamos prestar atenção agora. -- Eu pedi. Ofereci um sorriso gentil para Brian e depois pisquei para meu filho. Em meu colo, Charlotte se aprumou para ver o pai, assim como Billy, que ficou sentado praticamente nos joelhos de Emma. Eu sorri orgulhosa, observando enquanto meus filhos ansiavam a aparição do pai.

As cortinas do teatro se abriram e pelas duas laterais começaram a sair músicos e musicistas, os com instrumentos pequenos os segurando na mão e eu não pude deixar de notar que havia uma harpa ali. Pela minha contagem seriam quatro tipos de cordas, violino, viola, violoncello e contrabaixo acústico e o piano. Me lembrei então de que Edward havia comentado sobre Vivaldi quando eu não estava prestando muito atenção.

Quando as três fileiras da orquestra se preencheu, Edward apareceu ao lado do maestro, Aro. Os músicos se puseram em pé para recebe-los e toda a platéia aplaudiu, meus filhos mais empolgados do que qualquer outro, bom, tirando Emmett que assoviou e levou um tapa na nuca por Brian.

Eu até riria, mas a emoção que me tomava ao ver meu esposo em seu lugar de almejo me tomava por inteiro e eu sabia que logo estaria chorando. Edward se posicionou ao lado do piano e seus olhos varreram a platéia, nos procurando. Antes que eu pudesse a conter, Charlotte gritou.

—-Papai!

Meu esposo então nos encontrou e abriu um pequeno e lindo sorriso torto, logo em seguida se curvou numa pequena mesura perfeita e se sentou ao piano, seguido por todos os músicos. Aro se dirigiu para a bancada que continha as partituras, pegou sua batuta e a aponto, e eu me preparei para ouvir as maravilhosas Quatro Estações, que começavam com Primavera.

Enquanto ouvia meu marido e a orquestra tocar, comecei a divagar sobre todas as coisas que aconteceram na minha vida nos últimos quinze anos. Lembrei-me de cinco meses depois de eu ter recuperado minha memória, Edward e eu terno-mos nos casado, e em três semanas de lua de mel, eu me descobrir grávida dos gêmeos.

" Quinze anos atrás,

—-Ouch!

—-Eu juro! Se você não parar, chefe, eu vou lhe espetar de propósito! -- Alice resmungou, acabando os pontos em meu vestido.

Após tudo, haviamos ficado amigas e muito próximas, ao ponto de eu contar-lhe toda a história e ela contar a história de sua vida. Alice e Rosalie já eram amigas, portanto como consequência de nossas saídas juntas, Edward, Emmett e Jasper acabaram ficando amigos também.

Alice, por ter me aguentado quieta por muito tempo, mereceu tudo o que ofereci para ela. Eu lhe demiti, mas apenas para que ela conhecesse a galeria de moda que eu havia comprado para ela. E em seguida eu pedi para que fosse minha madrinha de honra junto de Rosalie. Foi tudo muito especial.

E com seu ateliê, ela me fez sua cliente VIP. E foi a responsável por meu vestido de noiva, enquanto Rosalie bateu o pé que queria arrumar meus acessórios. Acabou que eu fiquei apenas com a decoração, de meu próprio casamento.

Ao pensar na palavra eu sorri e meu coração pulou. Acho que me mexi denovo, pois lá estava agulhada novamente. Não falei nada, mas Alice me olhou mortalmente.

—-Terminei. -- Disse uns minutos depois. Eu sorri para ela e então me virei para o espelho.

Não havia palavras para descrever a beleza do vestido. Ele era modelo sereia, justo até o final do quadril e então se abrindo suavemente. Havia um pequeno detalhe de pedrinhas na cintura, que lembrava um cinto estreito e delicado. Era feito por dois tipos de tecidos: cetin por baixo e renda desenhada e encrustada de pequenos cristais por cima. A costa era nua, começando com um detalhe de fita na cintura e indo fechando até o início da bunda. E a cauda não era longa, era uma cauda embutida que a própria renda fazia. O busto era coberto por renda, que fazia um pequeno decote canoa e mangas que não passava dos ombros. Em suma, era maravilho.

—-Ah, querida... -- Escutei minha mãe dizer com a voz embargada de emoção enquanto chegava perto de mim. Ela também estava deslusbrande em seu vestido verde, alguns tons mais claro do que as das damas e no mesmo tom de Esme, que entrava pela porta assim que minha mãe se pos do meu lado.

Notei como a cor do vestido ressaltou a cor dos olhos de Esme -os olhos de Edward- e não pude parar de pensar em como ele deveria estar lindo em seu smoking negro e gravata verde-esmeralda, como os das damas.

—-Bella, está tão... Belle! —- Esme brincou. Eu sorri sem graça.

—-Obrigada, meninas... -- Sussurrei.

Rose e Alice estavam maravilhosas em seus vestidos de cores e modelos idênticos. Ambas adornadas com jóias douradas e salto alto dourado também. Eu havia preferido o prata como sempre, tirando meu anel de formatura que eu me recusava a tirar.

Minha mãe tinha lágrimas nos olhos enquanto me oferecia a caixinha que já estava na família há gerações.

—-Achei que permaneceria com Rosie. -- Falei, confusa, mas feliz, pegando-a e abrindo. Olhei para Rosalie, que sorria.

—-Como tenho um menino, achei que deveria ir pra você. Pra quem vir menina primeiro, passa adiante. -- Ela piscou.

—-Muito obrigada, Rosie. --Sussurrei.

—-Algo novo, algo velho, algo emprestado. Tudo para boa sorte. -- Ela brincou. Eu sorri e voltei minha atenção para o pente vintage. Ele era inteiramente prata, formando várias rosas inscrustadas de pequenos cristais.

—-É tão lindo... -- Sussurrei, passando os dedos por cima.

—-Deixe-me por! -- Rosalie disse, vindo para meu lado e o encaixando no coque lateral e despojado que se encontrava meu cabelo. Quando terminou, se afastou e sorriu. -- Agora sim. Você está perfeita!

O nó em minha garganta se fazia presente, mas eu lutei contra as lágrimas com as forças que conseguia. Todas me abraçaram -mamãe se demorando em um beijo em minha testa, Esme afagando minha bochecha e Rosalie quase quebando minhas costelas- e então saíram do quarto, me deixando sozinha. Eu me olhei no espelho mais uma vez e a mulher de branco lá me olhou de volta e sorriu.

—-Finalmente... -- Sussurrei, acariciando meu anel de noivado.

Batidas tímidas soaram na porta e eu me virei, apenas para ver meu pai sorrindo para mim, trajando um elegante smoking. Eu não o via em trajes formais há quase 10 anos, desde o casamento de Rosalie.

Ele ofegou e colocou a mão na boca, seus olhos me olhando de cima a baixo e me deixando vermelha.

—-Querida, você está tão linda! É claro que você já é, mas... Minha garotinha. -- Conforme ele ia dizendo, sua voz ia morrendo até o momento em que ele cruzou o quarto a longas passadas e me abraçou com força. -- Eu te amo tanto, menina. Tanto!

—-Eu amo o senhor também, papai. -- Consegui soltar, mesmo com a garganta se fechando.

Sem dizer mais nada, meu pai estendeu seu braço e eu o peguei. No caminho para fora da casa, encontrei Alice segurando meu buque. Então ela e Rosalie se aprumaram quando sua música começou a tocar e seguiram desfilando.

—-Está pronta? -- Papai sussurrou. Eu mordi o lábio, mas eu sabia que meus olhos transmitiam toda minha confiança. Era meu Edward me esperando.

—-Como nunca.

Então a música trocou e era nossa deixa. Mesmo Edward batendo o pé de que eu merecia um casamento no Plazza, eu bati o pé de volta dizendo que queria nosso casamento em Forks, em uma casa que eu havia comprado há muito tempo, mas que meus pais se recusavam à se mudar. Ficava afastada da cidade e perto do rio que cortava parte de Forks, praticamente escondida no meio das árvores. A casa era de dois andares, adornada de muita vidraçaria e muitos cômodos.

A cerimônia e a festa seria nos fundos. Edward e eu decidimos que, como em Forks já era tudo verde, nossa decoração seria branca e champanhe, contrastando com a paisagem verde. Havia guirlandos pendendo do braçal de madeira com rosas brancas e florzinhas menores, muito tecido branco e as arvores mais próximas haviam sido decoradas com pisca-piscas brancos, que ascenderiam à noite. E sobre o tapete de entrada pendiam lustres dourados. Para a festa haviam mesas pequenas para os convidados, uma mesa maior para a família e a pista de dança. Havia tanto música ao vivo quando vários auto-falantes espalhando pelo enorme jardim

Após apreciar toda a decoração eu voltei à mim e respirei fundo. Ao fundo eu ouvia o quarteto de cordas tocando minha música, nada de Marcha Nupcial. Só mais uma curva e eu veria o amor de minha vida me esperando no altar, seus olhos verdes contrastando com a paisagem e me fazendo perder o fôlego.

E assim foi. Quando chegamos a entrada principal, lá estava ele e eu vi o exato momento em que seus olhos se marejaram ao me olhar. De repente meu pai estava lerdo demais e eu queria correr para Edward. Eu devo ter deixado minha ânsia transparecer, porque senti o peito de meu pai vibrar com sua risada e seu aperto em minha mão aumentar.

Depois de alguns séculos, pois foi o que pareceu, eu estava ao pé do altar e muito perto de meu objeto de adoração. Meu pai se virou de frente para mim, beijou minha testa e guiou minha mão para a palma aberta de Edward.

—-Cuide bem dela, rapaz. -- Meu pai disse com a voz grave. Edward olhou para mim e sorriu.

—-Com minha própria vida.

E Edward cumpriu e continua cumprindo essa promessa como se a tivesse feito ontem."

Então, durante os nove meses de gravidez eu trabalhei na empresa, no entanto, quando eles nasceram, eu me apaixonei tanto pelos pequenos embrulhos, um cor-de-rosa e outro azul, decidi que eu já tinha trabalhado o suficiente em minha vida e que era hora de cuidar da minha família.

"Quatorze anos atrás

Havia sido um dia e tanto aquele. Eu havia ido ao tribunal para uma última audição de um caso que a empresa estava lidando há tempos, e depois de longas e doloridas horas, foi anunciado a nossa vitória.

O pessoal queria comemorar, mas eu estava sem disposição para isso, portanto apenas parabenizei todos, inclusive a cliente, e fui para casa. Havia sentido dores o dia todo e estava começando a me preocupar. Edward ficava colérico quando eu dirigia em meus oito meses e meio, mas eu não abria mão de forma alguma de meu amado volante e fui para casa em meu mais novo tesouro, minha Lamborghini Veneno. Eu tinha outros mais confortáveis, inclusive a quase coleção de Volvo de Edward, mas em dias como esse era necessário uma intimidação.

Quando cheguei em casa, ele já estava lá e estava estudando. Era fofo admirar ele segurando um lápis entre seus lábios enquanto outro ele batia sobre o caderno e coma outra mão coçava a cabeça. Eu me aproximei devaraginho por trás, mas nós sentiamos um ao outro, e quando ele respirou fundo ao eu abraça-lo, fiquei desapontada por não assusta-lo.

—-Hey, baby... -- Ele sussurrou ao tirar o lápis da boca.

—-Oi.

—-Como foi seu dia? --Ele já se virava e pode me puxar para seu colo, o que eu aceitei de bom grado.

—-Dolorido, mas nós ganhamos. -- Sorri grande. Edward sorriu de volta e então selou nossos lábios.

—-Eu sabia que ganharia. Você é foda. -- Ele disse após nosso casto beijo. Então ele mudou o foco para minha enorme barriga e a beijou também. -- Como estão nossos bebês?

Eu revirei os olhos.

—-Impossíveis. Chutaram o dia todo, e eu acho que foi Emma. Ela será uma bela de uma jogadora de futebol. -- Resmunguei, esfregando o lado esquerdo de minha barriga que, segundo o último ultração, era o lado que nossa menina estava.

—-Acho que, como o pai deles, eles concordam que a mãe deles não deve pegar a Tigresa e só estavam protestando. -- Disse, me olhando sob os cílios. Eu não queria, mas eu corei.

—-Já falamos sobre isso.

—-Exatamente, e você disse que não faria mais! -- Ele disse chateado. Eu odiava causar isso nele, mas ele tinha que entender.

—-Nós concordamos sobre a Chetah! -- Eu argumentei. Edward arqueou uma sobrancelha pra mim.

—-Bella, eu não quero saber se é sua Lamborghini, seu Porshe, sua Mercedes, ou sua BMW. Eu não quero que dirija seus esportivos por enquanto. -- Ele baixou os olhos. E então eu sabia o porquê dele ter essa opnião.

O acidente que eu havia sofrido com meu Porshe.

Eu engoli e acariciei seus cabelos, querendo me chutar. Ele estava triste e era culpa minha.

—-Amor... Olha, eu sinto muito, okay? É só que... Hoje era especial e AH- Algo me impediu de falar, o grito ficou preso em minha garganta.

—-E o que? -- Edward voltou a me olhar e então sua expressão se transformou para horror. -- Bella, o que foi?

Eu fechei os olhos com força e respirei, com alguma dificuldade. Respirei fôlegos curtos por várias vezes até a dor sumir. E então eu pude relaxar.

—-Definitivamente... -- Ofeguei. -- Eu a porei num time de futebol.

Edward me fitou por mais alguns segundos até dizer alguma coisa.

—-Bella, ter certeza que foi um chute? -- Ele perguntou. Eu assenti, confusa.

—-Sim...

—-Amor, não foi uma contração?

—-Se for, é contrações de Braxton. Ainda não está no tempo deles conhecerem o mundo. -- Falei certa. Edward abriu um pequeno sorriso.

—-Então se é assim... Por que mijou em mim?

Meus olhos se arregalaram.

—-O que? Eu não-

Pulei de seu colo e o olhei. Só então senti algo quente escorrer por minhas pernas, enquanto fitava o colo encharcado de Edward.

Eu fiquei mortificada.

—-Ah, meu Deus! Edward, eu sinto muito! Eu nem sabia que estava com vontade, eu não queria-

Edward me cortou, olhando-me divertido.

—-Bella, isso não é xixi. Sua o bolsa estourou.

—-O qu- E então a dor denovo. E se possível, foi pior, me fazendo ver pontos negros na visão e perder o equilíbrio. Edward foi rápido o suficiente para se inclinar e me segurar. Dessa vez eu consegui gritar.

—-Isabella, você teve contrações o dia todo e não percebeu! -- Ele disse e aí eu percebi que ele estava começando a ficar nervoso.

Edward me levou em seus braços para nosso quarto, e depois para o banheiro. Ele me despiu, eu ainda muito dolorida e envergonhada pra falar, e me pôs dentro do box. Edward me deu banho rapidamente, mas sem deixar nada passar. Se não fosse por minha genitália estar tão, mas tão dolorida, eu ficaria excitada.

Depois do banho, Edward me secou e me vestiu em um vestido solto e calcinha. Enquanto o fazia, equilibrava o celular no ombro, falando com seu pai.

—-Por que está tão quieta? -- Ele indagou enquanto se trocava. Eu estava deitadinha na cama, encolhida caso viesse outra contração.

—-Estou com vergonha. E medo. -- Sussurrei. Ele parou o que fazia e me encarou.

—-O que? Por quê?

—-Porque eu te molhei e foi nojento. E porque não sei se serei uma boa mãe, a mãe que meus bebês merecem. -- Confessei baixinho.

Edward respirou fundo, acabou de se vestir e se sentou ao meu lado. Antes dele abrir a boca outra contração me atingiu e eu vi estrelas. Quando passou, Edward pode falar.

—-Você será uma mãe maravilhosa, Isabella Marie Swan Cullen. Será a melhor! E eu estarei aqui para ajuda-la. E nunca, nunca mais fique com vergonha de mim por algo assim. Não é nojento, é normal. E pelo amor de Deus, Bella, dividimos o banheiro! -- Ele riu, o que me fez sorrir também. Eu abracei e cheirei seu pescoço cheiroso.

Não me lembro muito bem do que aconteceu em seguida, pois foi muito rápido. Sei que Rosalie chegou e levou as coisas para o confortável Volvo de Edward, enquanto esse me levava pra lá. Fui com Rosalie atrás enquanto Edward dirigia, e no hospital ela me deu um beijo na testa e me desejou boa sorte com os olhos marejados, dizendo que no dia seguinte nossos pais estariam aqui.

Não foi Carlisle quem fez o meu parto, mas ele estava lá, assim como Edward. A cada contração, uma cada vez mais perto e mais demorada que a outra, eu suava e ficava exauta. Em uma das últimas eu acabei até perdendo a sanidade, pois acabei gritando com Edward.

—-FOI VOCÊ QUEM PÔS AÍ DENTRO E AGORA SOU EU QUEM TEM QUE BOTAR PRA FORA?! ESSA PORRA DÓI O CARALHO FORA DE MIM E EU JURO QUE QUANDO EU SAIR DAQUI EU LHE CHUTAREI O SACO!

Edward me perguntou muitas vezes se eu me lembrava disso, mas em todas as vezes eu negueei veemente. Nego até hoje.

Porém, quando as duas coisinhas pequenas, ensanguentadas e com cara de joelho estavam em meus braços, tudo valeu à pena."

Edward seguiu firme em seu trabalho em Harvard e em seus estudos. Quando concluiu seu mestrado e pode dar aulas oficialmente, ele investiu em duas pós, sem falar em aprender instrumentos novos, de forma que as crianças e eu nos primeiros quatro anos só o viamos a noite e de final de semana. Quando os gêmeos estavam com cinco anos, me descobri grávida denovo, no entanto, naquele mesmo ano, Billy resolveu nos deixar, após um mal súbito. Foi uma pancada e tanto, tanto para mim quanto para a empresa.

Após longas e demoradas reuniões, mesmo não estando mais trabalhando lá, chegamos ao consenso de que eu voltaria a trabalhar, mas de casa. As crianças iam para a escola, depois para aula de música e outros idiomas e eu trabalhava em casa enquanto gerava outro filho.

Quando meu lindo menininho nasceu, não achei nada mais justo do que fazer uma homenagem ao meu grande amigo William e o apelido Billy pegou mais rápido do que pensei. Então o tempo se passou e quando meus gêmeos estavam com sete anos, Billy com dois, Edward se formou em tudo e eu finalmente vendi a Royal's por um contrato bilionário.

E aí Rosalie se descobriu grávida, aos trinta e cinco anos. Foi uma gravidez delicada, mas como ela também havia resolvido se aposentar, conseguiu leva-la numa boa, já que Brian era o menino mais doce que eu conhecera. Até mais que meu próprio Ethan. Então a pequena Lilian chegou, ao mesmo tempo que Evie, outra menina de Renesmee e Jacob.

Quando meus gêmeos estavam com 11 anos e o pequeno Billy com 6, Charlotte falou olá ao mundo e eu resolvi parar por aí, fazendo uma cirugia definitiva. Durante todo esse processo, Edward e eu nos demos bem, o amor entre nós sempre se fazendo presente e forte, mesmo com todos os contratempos e a falta de tempo. Havia brigas sim, é claro, mas nunca eram maiores que nossa forma de nos entender.

Quando Charlotte completou 2 anos, Edward e eu decidimos que estavamos feito na vida já. Uma grande família, uma enorme conta no banco, estabilidade. Então demos adeus a NY e fomos para Seattle ficar perto de nossas famílias, já que Carlisle e Esme haviam se mudado para Forks há oito anos, na casa que eu havia comprado para meus pais, eles insistiram em comprar, mas eu dei de presente para eles. Nada mais justo, afinal, eles me deram Edward. Carlisle e Esme então se tornaram fortes amigos de meus pais e quando Reneé e Esme se juntavam, a fofoca rolava solta.

Não demorou muito e Rosalie foi com Emmett pelo mesmo caminho, e acabamos morando no mesmo bairro em Seattle, um bairro perfeito, residencial, com casas grandes e cercas brancas.

E há um ano e meio, Edward recebeu o convite para tocar com a filarmonica russa mais uma vez. Foram ensaios atrás de ensaios, e aqui estávamos nós. Eu com quarenta e sete anos, Edward um cinquentão que ainda me tirava o fôlego e o coro, felizes, realizados.

E nunca, em minha mente, eu havia pensado em algo assim. Algo mais perfeito.

—-Mamãe?

—-Mãe?

—-Manhê?

—-Bella?

Pisquei algumas vezes para voltar ao mundo real, e encontrei-me com muitos olhos me encarando.

—-O que? -- Sussurrei. -- O que eu fiz?

—-Você só foi chamada ao palco, há cinco minutos atrás! -- Rosalie brandou. Eu franzi o cenho. -- Achei que tivesse dormido de olhos abertos! Edward te chamou ao palco!

—-Mas eles estavam tocando as estações! -- Protestei. Rosalie rolou seus lindo olhos azuis para mim.

—-Já acabaram, mulher. Vai logo! -- Notei que Charlotte não estava mais em meu colo, mas sim no de Ethan e ele me olhava ansioso. Olhei para o palco e confirmei que Edward me encarava com o semblante confuso.

Eu respirei fundo e me levantei. Andei até o final da fileira e então comecei a descer. Quando me encontrava perto do palco, fui instruída a subir pela lateral e foi o que eu fiz. Já em cima, fui até Edward e sorri, o que foi retribuido e fez meu coração descompassar. Ele sempre teria esse efeito em mim.

—-Sim?

—-Eu quero que toque comigo. -- Ele disse simplesmente.

Minhas sobrancelhas quase se uniram ao início dos meus cabelos. Arrá! Então era por isso que ele andou me fazendo tocar em casa?

Eu engoli e franzi o cenho.

—-Ham... Tem certeza? -- Indaguei e rapidamente chequei se estava vestida. Vai que era um sonho, e geralmente, nesse tipo de sonhos, eu estou pelada. Edward riu e assentiu.

—-Vamos logo. Já está montada para você. -- E apontou para a harpa. Eu sorri largo e só assenti.

—-Será um prazer.

Uma salma de palmas ecoou por todo o lugar e eu sorri para a platéia, mais precisamente, para minha família e me curvei, numa mesura educada. Edward pôs a mão na base de minha coluna e me guiou até a harpa. Eu sabia que não estava com a roupa certa para tocar, pois o vestido era justo. Então retirei meu casaco e o pus sobre as pernas ao cruza-las do lado oposto da platéia quando me sentei e puxei harpa o mais próxima possível.

—- O que iremos tocar? -- Eu notei Aro sorrindo para mim e acenei com a cabeça, devolvendo o aceno.

—-Bom. Uma será com todos e pra encerrar, somente nós dois. -- Ele piscou. Eu assenti sorrindo e assim ele se foi para o piano, enquanto um assistente colocava as partituras à minha frente, em um suporte negro.

Arqueei uma sobrancelha, mas sorri. Eu sabia aquela de cor. No entanto... Era uma orquestra profissional ali, e pela primeira vez eu senti vergonha de uma platéia. Meu estômago embrulhou e eu me senti gelada. Para me acalmar, respirei fundo e me concentrei apenas no instrumento poderoso e imponente sob minhas mãos.

Então começamos a tocar. Debussy era uma da trilhas sonoras de nossa casa, pois felizmente, embora ecléticos, nossos filhos gostavam de música clássica tanto quando Edward e eu. Fechei os olhos e me apenas me deixei sentir as cordas sob meus dedos enquanto Clair de Lune repercutia entre mim e os outros músicos.

Foi apenas quando a música acabou que eu abri meus olhos, e isso se deveu ao fato da platéia aplaudir e gritar -minha família-, pois do contra eu ainda teria ficado ali como uma boba, apreciando o momento.

Procurei Edward no piano, mas não o encontrei. Confusa, olhei em volta, mas nada. E então uma mão em meu ombro me fez pular sem emitir som algum. Olhei para cima e me deparei com os olhos que eu tanto amava.

Mas o que...

—-Bella, você pode estar querendo me matar, mas eu não podia pensar em uma forma mais especial do que... A música. -- Ele se posicionou na minha frente, pelo menos como dava, por causa da harpa, e me estendeu uma caixinha de veludo. Minha mão voou para a boca, enquanto eu fitava ele e a caixinha sem conseguir falar. -- Então... Feliz Bodas de Cristal, hoje é dia 10 de Dezembro.

Mais uma vez a platéia explodiu em aplausos, mas agora, até os músicos o fizeram. Então, ainda fitando Edward, eu peguei o objeto e o abri, me deparando com um colar de cristal... Verde. Eu sorri e revirei os olhos pela ironia. Edward sabia de minha obcessão por seus olhos, até brincava comigo dizendo que eu amava os olhos e não ele.

Poderia ser qualquer outro cristal, mas ele escolheu um especia. E Deus, tem como amar mais esse homem?

Era óbvio que a resposta era sim.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, minha gente, satifeitos? Eu ameeeeei escrever esse capítulo e espero que vocês tenham amado ler, pois fiz com muito carinho e dedicação para vocês! Mil beijos! ♥

https://www.facebook.com/groups/1632632653654879/?ref=bookmarks



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Mendigo Pianista - Outtake" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.