Sabe, eu sonhei com você. De novo.

Me diga por favor como isso aconteceu. Ou melhor, como eu deixei isso acontecer. Quando eu entrei nesse enorme cliché romântico?

Não precisa me responder, eu sei. Eu sei exatamente como é quando isso aconteceu. Eu sou assim, racional até demais, alguém que lida melhor com números e fórmulas do que com pessoas. Tão diferente de você...

Você é como a chuva, como a calmaria que precede a confusão, e eu sou a própria confusão. Eu sou o fogo.
Você sente demais e fala sobre seus sentimentos de menos, mesmo gostando de falar sobre todo o resto comigo. Sei que eu também sinto de mais e que às vezes esses sentimentos acabam saindo pelos olhos mas não sou boa em falar, e sim em ouvir.

Você diz que gosta de quando algumas palavras acabam saindo da minha boca de uma maneira cantada, diz que parece que elas saem direto da minha alma, em chamas. Mas para mim essas palavras são vazias, são palavras escritas por outra pessoa, são sentimentos de outra pessoa. E é por isso que eu me sinto na obrigação de te escrever minhas palavras, os meus sentimentos.

Pois você é como a chuva. Pode ser calmo como uma chuva de fim de tarde, confuso como a chuva de verão que vai e vem ou como a chuva que começa a noite, me ajudando a dormir bem após um dia terrivelmente longo.

E é por causa de tudo isso que eu te suplico que me ajude a aceitar que estou onde estou: dentro de um romance água com açúcar totalmente cliché.

Sabe o que é pior do estar dentro de um cliché?

Gostar de estar em um cliché. E eu estou amando estar dentro desse cliché com você, pois todo cliché precisa de protagonistas opostos e mais opostos do que nós dois não há. Pois eu sou o fogo e você é a chuva.