Open wounds, closed heart escrita por Nekoclair


Capítulo 35
Dia 35




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09/12/2017

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A primeira coisa que notei ao chegar ao GAPAD foi que Victor e Minako conversavam próximos ao portão. Como sempre, eu era incapaz de impedir meus olhos de procurarem por ele no cenário. A minha falta de autocontrole era um problema. Quando ele percebeu que eu o observava, direcionou-me um de seus típicos sorrisos.

Enquanto eu acenava em sua direção, tudo que eu conseguia pensar era em como as expressões em meus rosto deviam estar ridículas. Cada vez se tornava mais difícil esconder meus sentimentos, porém, confessar-me também não era uma tarefa fácil.

Por mais que meus sentimentos implorassem para serem postos para fora, as palavras não vinham. A coragem não vinha. E, consciente da minha incapacidade de ser sincero, eu me martirizava.

Sempre que eu olhava para Victor, eu imediatamente pensava em todas as palavras que morreram em meus lábios apenas para serem nunca ditas.

Por isso, quando Minako nos juntou no salão, pediu para formamos duplas e anunciou que deveríamos dançar juntos ao ritmo da música, conclui que o destino estava de brincadeira comigo; afinal, obviamente que minha dupla era ninguém além do Victor.

Quando ele veio até mim e me estendeu a mão, meu coração acelerou. Victor sorriu e, perdido no azul tranquilo de seus olhos, aceitei seu convite para uma dança. Ele me puxou pela mão para um canto do salão e deixou que suas mãos se posicionasse em meu corpo. Ele me guiou de um lado para o outro, mas até agora não sei exatamente ao que dançávamos, pois tudo que eu enxergava, ouvia e sentia naquele momento era o Victor.

Música? Que música? Aos meus ouvidos só chegavam o som de nossos passos, de sua respiração e dos poucos comentários que ele fez enquanto dançávamos – que eram, em maior parte, pedindo para que eu parasse de olhar para o chão.

Mas olhar para ele era difícil, pois me lembrava de meus sentimentos. Meu coração acelerava ainda mais e meu rosto ardia de uma febre incurável.

De repente, Victor parou de se mover. Confuso, só fui entender que a atividade havia terminado quando ele se afastou de mim. Com certa distância entre nós, fui capaz de absorver o restante do ambiente, notando rapidamente que as pessoa se dispersavam a fim de aproveitar do breve intervalo.

Entretanto, eu não havia acordado totalmente de meu transe. Eu ainda era assombrado pelas sensações deixados pelo seu toque. Mais que nunca, desejei poder ser honesto. Desejei ter coragem.

Olhei em sua direção e notei que Victor também parecia sério. Talvez nossa dança também o tivesse o afetado, apesar de isso provavelmente ser nada além de um desejo meu.

Depois de um tempo, ele sorriu. Seu sorriso parecia estranho, diferente do habitual. Seus lábios se moviam inquietos, ansiosos por falar algo. Seu rosto se encontrava ruborizado, mas depois de me arrastar pelo salão isso era esperado. Ele havia finalmente tomado coragem para falar fosse o que fosse quando seu telefone tocou. Era Yakov. Com um pedido de desculpas, ele disse que precisava atender e se afastou.

Sozinho, cogitei a possibilidade de me juntar aos meus amigos, mas eles pareciam estar perdidos num mundo só deles, então optei por dá-los alguma privacidade. Fui ao banheiro, desejando lavar o rosto e conferir as expressões que eu carregava no rosto; para minha sorte, não estavam tão ruins assim.

Quando foi hora da roda de conversa, falei que às vezes eu me via invejando os outros por coisas bobas. Minako me disse que se havia algo que eu desejava, eu deveria tentar fazer algo a respeito e não apenas esperar soluções mágicas. Ela também disse que eu não devia, porém, sentir inveja dos outros, pois cada situação é única e seria inútil tentar imitá-la.

Eu já estava de partida quando Victor voltou para o meu lado, pedindo para falar comigo brevemente. Durante a roda, ele havia se sentado um pouco distante, suas expressões pensativas e ansiosas; agora, apenas seu nervosismo permanecia. Suas sobrancelhas contraíam-se para baixo, tensas, mas seus olhos mostravam-se resolutos. Ele me levou para um canto e nos encaramos, em silêncio, por mais tempo do que eu gostaria. Seu silêncio me fazia pensar em minhas próprias palavras não ditas…

Olhei para minhas mãos, ao redor e então novamente em direção ao Victor. Aquele era um bom momento, não era? Para me abrir e dizer a ele o que eu sentia, dizer que amizade não estava sendo mais suficiente.

Mas antes que eu pudesse me confessar, ele o fez primeiro.

Não lembro de suas palavras exatas, nem de suas expressões; a única coisa que lembro vagamente é dele ter tropeçado em suas próprias palavras umas duas vezes enquanto revelava estar apaixonado por mim. Um ruído incoerente foi tudo que saiu dos meus lábios e meu coração batia tão rápido que eu sentia a pressão crescer em meus ouvidos. Eu permaneci em silêncio, não por vontade, mas por ser incapaz de me pronunciar naquele momento.

Eu estava em choque e não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.

Perante meu silêncio e bem provavelmente percebendo que suas palavras haviam me agitado – apesar de não do jeito que ele interpretou –, Victor falou que tudo bem, que ele entendia.

Seus olhos não brilhavam. Ele não sorria. Ele estava me interpretando totalmente errado.

Praticamente tendo um ataque (bem provavelmente tendo um ataque, na verdade), xinguei-me internamente por não conseguir respondê-lo. Eu o amava. Eu o amo. Mas palavras são complicadas e confusas, e havia tantas coisas em minha cabeça que minha visão já estava até um pouco turva.

Depois de aguardar um pouco mais, Victor olhou para os lados e forçou-se a sorrir. “Não se preocupe,” sua voz soava mais baixa que o normal. Ele me disse para dá-lo um resposta quando eu pudesse e fez menção de se afastar, mas, inconscientemente, segurei seu braço.

Meus dedos agarraram com força o tecido de sua blusa. Eu olhava em sua direção e meus lábios se moviam, mas mudos. Algo tão simples como falar se tornou impossível. Palavras eram nada além do eco silencioso de meus sentimentos. Lamentavelmente, Victor não pareceu compreendê-los. Ele gentilmente tomou minha mão entre as suas e livrou-se delas.

“Não precisa me dar uma resposta,” ele disse, sua voz agora evidentemente entristecida. “Desculpe por te colocar nessa situação desconfortável,” ele murmurou antes de partir com uma sombra nas costas.

Meu coração se encontrava partido, mas quem sofria da ilusão de ter sido rejeitado não era sequer eu. Eu me condenava por meu silêncio. Palavras tão simples, tão enraizadas em meu corpo e alma, mas que ainda assim não foram capazes de derrotar meu maior inimigo: minha ansiedade.

Fui para casa pensando comigo mesmo quando tinha sido a última vez que eu havia voltado para casa de ônibus.


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Notas finais do capítulo

Oi, mundo. Não me odeiem. :3
Eu seeeei, eu sou cruel. Mas, eu juro, vai ter final feliz. xD Eu só estou enrolando. Eu sei (2), desnecessário. (Por isso que odeio escrever longs jathankj Eu sempre fico enrolando o que era pra ser simples.)
Mas e ai, como vocês estão? Já estão de férias. Eu estou esperando minha última nota, então minha vida é uma incógnita no momento.
Agora, outro assunto (porque vcs sabem que eu adoro papo random). Que ships vcs tem, além dos de yoi? Me falem de outros fandoms, de suas origins. Adoro conhecer um pouco mais dos meus leitores. ^^ Os meus ships preferidos são nezushi, kawoshin e shizaya. Mas meu começo no mundo das fics foi pruaus e spamano, apesar de dennor também ser uma delicinha.
Bye, bye. Até semana que vem!



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