Night Symphony escrita por Ginty Mcfeatherfluffy
A sensação que dominou-me naquele momento era inexplicável, deliciosamente desconhecida e inigualável; era uma forma diferente de dor, meus pulmões sufocavam e minha mente já não operava, assim como meus braços e pernas não se moviam. Mas meu coração... ah este, ao invés de parar, assemelhava-se a uma orquestra em meu peito, clamava unicamente por uma pessoa. No momento em que recobrei meus sentidos, percebi que Ansgar fez um pequeno corte em sua pele pálida e convidou-me a beber - foi mais que um convite, entretanto, uma convocação. Nada em minha existência me pareceu tão apetitoso e ao fazer como me ordenava, pude comprovar que nada era mais suculento do que o sangue de meu criador. - Que garota obediente, não? E é a mesma dama que fugiu de mim há algum tempo. - Lord de Arcenaux mantinha seus lábios finos e vermelhos perigosamente próximos ao meu ouvido e dizia cada palavra como se estivesse despindo-me. Suas mãos caminhavam por minha cintura e costas até encontrar o laço de cetim de meu vestido e, delicadamente o soltou, arrancando-me um gemido baixo, porém muito bem recebido pelo aristocrata.
Assim que retirou a fita cor-de-rosa que envolvia minha cintura, Ansgar posicionou-se novamente à minha frente e seus lábios esboçaram um sorriso de canto, acompanhado de dizeres que qualquer pessoa não aceitaria, a não ser que estivesse nas mesmas condições que eu. - Agora você é unicamente minha, senhorita Meert. Meus olhos arregalaram-se e embora estivesse completamente extasiada pelo momento que compartilhamos, a existência de uma segunda intenção por trás do ato de Arcenaux poderia facilmente ser motivo de desconfiança. - D-devo supor que marcou-me meramente por vingança, depois de eu haver apartado-me do senhor naquela noite?
Sinceramente eu não estava esperando aquelas palavras, sabê-la tão descrente de minhas boas intenções era o mesmo que ter a alma perfurada por mil sabres, a alma já suficientemente ferida. - Constanze, como pode ter uma ideia tão atroz? Eu passei por cima de meu orgulho, ocultei meus instintos, mascarei meu descontentamento por teu abandono, e então lhe recebi de braços abertos, querendo tornar-te minha e, ainda tenho que ouvir você perguntando-me se faço tudo isso por vingança? - Meu tom era relativamente calmo até a última frase, a este ponto praticamente não havia ar em meus pulmões. Estou longe de ser a criatura mais paciente e bondosa que já caminhou por esta Terra, mas eu já possuí uma família, lutei por ela... Até essa maldita doença abater-se sobre mim. Depois de respirar fundo e cerrar os olhos, sentindo tamanha frustração, lhe proferi as seguintes palavras, com o tom mais gélido que o mais rigoroso inverno: - Teu quarto lhe espera, senhorita Meert, dirija-se a ele e não retorne até a próxima noite. Mandarei um criado levar-te alimento; Não verei tua face até a terceira noite de Junho. É só.
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