Lucille - A Pedra Nihil escrita por Karolamd


Capítulo 5
Um Passeio Pela Organização


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Lucille achou que morreria de tédio. Nunca em seus vinte anos de vida, ela precisou ficar de cama. Volta e meia Vitor aparecia para perguntar se ela já se sentia disposta a caminhar pelo lugar, mas a garota ainda sentia uma fraqueza e impotência que em nada ajudavam seu ânimo. Lucille conseguia ouvir a movimentação do lado de fora, imaginando que tipo de ambiente era aquele em que estavam. O quarto só tinha uma janela, e tudo que a bruxa poderia ver por ela, era um gramado verde onde, de vez em quando, alguém passava correndo.

Um dia inteiro havia se passado antes que Lucille se sentisse em pleno poder de sua magia, e só então, quando não mais se sentia vulnerável, ela informou Vitor que estava pronta para visitar o lugar. Antes de tudo ela pediu para ir a um banheiro, constatando com horror que sua maquiagem e cabelo estavam uma bagunça. Rímel escorria por sua bochecha, a sombra fora borrada e levada para seu nariz e testa. Um de seus cílios postiços tinha se soltado, e colado novamente um pouco acima de sua sobrancelha. O cabelo cinza parecia um novelo de lã velho que fora atacado por gato raivoso.

— Você poderiam ter me avisado do meu estado. - Disse para Vitor, assim que consertou a maquiagem e o cabelo. O rapaz apenas deu de ombro soltando uma risada anasalada.

Os dois saíram por um corredor de aparência pomposa. O rodapé era feito em gesso, parecendo o final de uma coluna grega, e seguia por toda a extensão do lugar. Um papel de parede rosado com losangos em um dourado delicado cobria as paredes. Haviam várias portas feitas de uma madeira escura e brilhante.

— Bonito, não é? - Ele perguntou, observando a expressão admirada de Lucille, que apenas acenou que sim - Esse lugar foi idealizado por Odete e os demais membros da diretoria - Feito para lembrar um palacete da era barroca, com algumas sutis inspirações nas construções gregas.

Mais uma vez Lucille concordou com a cabeça. - Você disse que as pessoas aqui ajudam a combater criaturas do mal. - Vitor disse que sim - Uma mansão escondida, abrigando pessoas com poderes, que ajudam os humanos, é como se eu tivesse entrado num dos quadrinhos do X-Men. - Disse rindo de sua própria piada - Não vai me dizer que eu vou encontrar um cara careca em uma cadeira de rodas, que se chamaCharles.

— Claro que não. - Vitor disse rindo, mas então sua expressão ficou séria - Ele não se chama Charles. - Lucille o olhou com surpresa, no ponto em que sua vida chegara, ela não duvidava mais de nada - Eu estou brincando. - Vitor disse por fim, rindo.

Os dois haviam chegado a uma sala de estar, onde três figuras conversavam em um sofá em formato de "L" de aparência aveludada e confortável. Quando avistaram Lucille, pararam de falar ao mesmo tempo, observando ela e Vitor.

As pessoas na sala tinham idades e aparências bem variadas. Havia uma mulher beirando os quarenta anos, uma aura de formalidade pairava ao redor dela. Usava um terno tweed e saia lápis, como uma executiva. A direita dela estava uma jovem, talvez de dezesseis anos, com roupas mais informais, uma calça jeans dobrada na barra, e uma camiseta com dizeres aleatórios estampados. Ela tinha dreadlocks nos cabelos, e uma maquiagem quase tão carregada quanto a de Lucille. Ao lado dela estava o rapaz mais bonito que Lucille vira, era até difícil de descrevê-lo, tinha as proporções faciais em perfeita harmonia e se vestia de forma impecável. Os olhos variavam entre o castanho e o verde, e seus cabelos eram corados a perfeição. Uma rápida olhada para Vitor mostrou que ela não era a única a ter aquele pensamento. O rapaz serpente sorria de uma forma quase abobada, e precisou que a garota de dreadlocks pigarreasse para que Vitor voltasse a realidade.

— Bom dia. - Ele começou, piscando um par de vezes - Essa é Lucille. - Ele apontou para a garota - Lucille, esses são Ruth - Indicou a mulher de terno - Daiana - A garota de dread - e Evan. - O rapaz de rosto adônico fez um leve aceno de cabeça - Odete já informou a todos sobre sua permanência aqui.

— Olá. - Lucille disse apenas, recebendo em troca olhares avaliadores.

— Você é a Plenus? - Perguntou Ruth. Lucille deu de ombros e acenou que sim - Então você consegue realizar qualquer magia que quiser?

— Aparentemente sim. - A bruxa respondeu, não muito feliz com o tom de desprezo que divisou na voz de Ruth.

— Isso é tão legal. - Disse Daiana, se levantando e indo em direção a Lucille, estendeu sua mão para um aperto - É um prazer conhecê-la. Quando você tiver algum tempo, vou te mostrar as estufas. - Falou cheia de entusiasmo. Lucille respondeu que adoraria.

— Daiana é uma fada da floresta. - Vitor explicou - Ela controla as plantas. - Daiana concordou sorrindo - Ruth é uma bruxa, assim como você e Odete, e Evan foi abençoado por Apolo ao nascer, é um arqueiro excepcional. - Havia uma nota de satisfação em sua voz enquanto ele falava de Evan, e Lucille teve que se controlar para não sorrir ante a nada sutil demonstração de afeto de seu novo amigo - Vamos continuar Lucille, existem mais pessoas para você conhecer. 

Foram em direção a saída, e uma vez que estavam lá fora, a garota olhou de soslaio para Vitor que ainda tinha suas protuberantes maçãs do rosto coradas. Lucille se permitiu um pequeno sorriso.

O prédio da Organização de Defensores Mágicos era lindo. Seis colunas em estilo jônico sustentavam uma fachada triangular, cheia de arabescos feitos no concreto. O lugar era gigantesco, com uma fila de janelas de cada lado. Lucille observou admirada quela peça da história tão bem preservada. O jardim que a circundava não perdia em beleza. Ipês amarelo e rosa se erguiam juntos de orquídeas tão coloridas, que era como olhar um caleidoscópio.

— Esse lugar é maravilhoso. - A garota disse, e Vitor esboçou um sorriso.

— Fica ainda mais lindo na primavera. - Disse de uma forma sonhadora.

O rapaz serpente a conduziu pelos jardins até um galpão do lado esquerdo do palacete. - Esse é nosso centro de treinamentos, ali nós temos tudo que criaturas mágicas precisam para praticar suas habilidades, desde magia a luta corporal. É onde a maior parte dos moradores da Organização está. - Disse, apontando para o lugar - E, mais tarde, eu vou te mostrar a biblioteca.

— Eu adoraria isso. - Lucille disse animada, mas então um pouco de seu receio sobre criar raízes em lugares, retornou - Por quanto tempo eu vou ficar? - Perguntou.

— Até que seja seguro, então você decide se vai ou fica, nós temos muitos quartos ainda vagos, se quiser se juntar a nós. - Lucille apenas acenou que sim - Eu vou te apresentar a nossa equipe de trabalho de campo, os melhores no trato com criaturas malignas. - Ele pousou a mão sobre a porta - Espero que esteja preparada.

— Por quê? - A bruxa perguntou de rosto franzido.

— Você já vai entender. - Então ele empurrou a pesada placa de madeira, revelando um interior cheio dos sons de combate.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram me deixem saber :D



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