Lucille - A Pedra Nihil escrita por Karolamd


Capítulo 24
Derrotando a Nihil




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Abigail estava sentada ao lado da cama de Andrew. No dia em que a dimensão fora atacada, a mulher soube que precisaria guarnecer seu hospital, de outra forma também seriam capturados. Ela fez uma escolha arriscada, a curandeira não era boa com feitiços de proteção, sabia apenas o básico que aprendera na época em que estudara a arte da cura junto dos elfos. Mas ela tinha o cristal energizado por Lucille, que faria qualquer magia simples muito mais potente. Se ela usasse a força da jovem bruxa, poderia protegê-los, os mantendo ali, mas Andrew teria seu processo de cura atrasado, e talvez ela nem conseguisse salvá-lo. No fim, Abigail sabia que não havia outro jeito. Se ficassem expostos não haveria qualquer chance de recuperação para o rapaz inglês. Num segundo ela começou a ouvir vozes vindas do corredor. Segurando a pedra ela conjurou as palavras mágicas, e logo todo o som cessou, o hospital estava seguro.

Durante toda a semana a mulher realizou sessões de feitiços de cura, usando cristais medianamente energizados, esperando que eles fossem bastar. Mas a cada dia que se passava, Abigail e seus dois aprendizes, que acabaram sendo arrastados para aquela situação, viam as esperanças diminuírem. Eles haviam chegado ao oitavo dia, e ela não sentia nenhuma melhora, mas, a mulher nunca tratara um vampiro antes, então não poderia afirmar com completa certeza. Então Abigail se sentou ao lado dele, olhando o rapaz atentamente. Todo aquele tempo ela tentara curá-lo com um feitiço onde o cristal energizado dava a um elixir feito com seiva de carvalho e um misturado de plantas medicinais, propriedades mágicas, uma das formas de cura mais eficiente, segundos os elfos. Mas Andrew era um vampiro, e logo ele precisaria de sangue, embora o feitiço que ela estivesse usando, devesse curar a fome também, ela só o usara em criaturas que se alimentavam de forma “convencional”. Quem sabe se ela juntasse a seiva e plantas, um pouco do sangue estocado no hospital?

Em um salto Abigail chamou seus aprendizes e pediu a um deles que trouxesse os ingredientes de sempre, e a outra que fosse buscar o sangue. Em alguns minutos ela estava energizando a pedra, desejando ter a mesma força de Lucille para agilizar o processo. Depois de horas, o cristal estava pronto. Na vasilha de cerâmica ela colocou a seiva, Nasturtium officinalis, conhecido popularmente como agrião, Cymbopogon citratus, capim limão e Melissa officinalis, a erva cidreira. Amassou tudo com um pilão, e adicionou o sangue. Segurando o cristal sobre a vasilha, ela ditou o encantamento. Da pedra, a energia fluiu, como a fumaça de um cigarro, até o misturado.

— Eu espero que isso funcione. — A mulher disse, enquanto passava o conteúdo da vasilha, para um frasco, e dele para a bolsa que estava conectada a Andrew. Um longo tempo de espera se estendeu, enquanto tanto Abigail quanto seus aprendizes, olhavam Andrew atentamente, a espera de qualquer sinal de melhora.

Abigail soltou um longo suspiro e soltou os ombros tensos. As pálpebras de Andrew estavam se movendo fracamente, como se ele quisesse abrir os olhos.

— Chegou a hora Lucille. — Nikolaus disse, e a jovem bruxa se agitou em seus pensamentos. Com o decorrer do tempo em que Kreisel se manteve longe dela, a bruxa sentiu que cada vez mais, ela recobrava o controle de suas ações. Mas uma parcela ainda estava adormecida, aprisionada pela Nihil. Se ela conseguisse soltar esse último pedaço, estaria completamente livre dos efeitos da pedra — Vamos fazer mais uma visita ao seus amigos. — Kreisel continuou, e, conjurando algumas palavras, logo eles estavam sob o clarão, na entrada da prisão de sombras. Todos lá dentro desviaram seus olhos do telão, onde o massacre continuava — Odete, adorável Odete. — Nikolaus começou, dando alguns passos em direção a bruxa mais velha — O tempo de brincadeiras terminou. Lucille, acabe com Odete, agora. — Comandou, mas Lucille resistiu.

Em sua mente ela se debatia, e se esforçava para que as últimas correntes finalmente se soltassem. Lucille travava agora, uma batalha em sua cabeça. A Nihil era forte, forjada na dimensão morta, feita de tudo que havia de mais vil no universo, mas Lucille não era uma bruxa qualquer, ela era uma Plenus, e se teve algo que a jovem ouviu repetidas vezes sobre aqueles como ela, era que magias feitas contra Plenus não duravam.

— Se você se recusa, Lucille, Odete não será a única a morrer hoje. — Enfurecido, Nikolaus se preparou para atacar. A bruxa mais jovem entrou em desespero. Se ela não conseguisse total controle de seu corpo naquele momento, Odete morreria. Lucille reuniu tudo que lhe restava em energia, cada pequena parte dela, para poder se libertar. Quando a garota assistiu Kreisel erguer Odete com sua magia, pronto para acabar de vez com a vida da mulher, algo dentro de Lucille finalmente se acendeu, como uma chama, destruindo cada traço do feitiço perverso da Nihil. A pedra no pescoço da jovem bruxa se quebrou, caindo de sua armação. Lucille, agora livre, soltou um grito, uma chamado de guerra que alertou a todos os presentes, e fez Nikolaus soltar Odete. Kreisel se virou para a bruxa, atônito. Em um movimento de mão, e era Lucille quem o mantinha em um aperto mágico. A jovem bruxa se sentia mais forte do que nunca, tendo lutado contra a Nihil.

— Como isso é possível? — Nikolaus perguntou, assustado, tentando se livrar da magia de Lucille. Ele conseguia sentir uma aura ameaçadoramente forte vindo da garota, algo que ele jamais sentira antes. 

— Você esqueceu de uma coisa. — A bruxa mais jovem disse, e não havia nada além de raiva e desprezo em sua voz — Eu sou uma Plenus. — Disse cada palavra de forma pausada — Nenhum feitiço feito a um bruxo por completo dura para sempre. A magia da Nihil era forte, mas não importava quão intensa fosse a maldição infligida a mim, Nikolaus, ela teria um prazo de validade.

— Mas eu achei… — Ele começou, confuso.

— Achou que a Nihil seria diferente? Achou que algo forjado na dimensão morta seria imbatível. Magia é magia, não importa de qual dimensão ela venha. — A garota tinha lágrimas de fúria rolando pelo rosto — Você me fez fazer coisas horríveis, coisas que eu nunca vou poder esquecer. — Disse, se aproximando de Nikolaus, o encarando em seus olhos azuis maníacos — E agora, Kreisel, você vai pagar. — A jovem bruxa completou, estava a um palmo do rosto do homem.

— Vai me matar Lucille? — O homem perguntou, em tom de desafio.

— Eu não sou você. — A bruxa disse, a fúria dando lugar a determinação — Mas quando nós terminarmos, você vai desejar estar morto. — Terminou, e foi com satisfação que ela viu o brilho do medo tomar conta dos olhos do homem — Primeiro saiam daqui. — Lucille disse para os demais.

Todos os integrantes da ODM, que assistiam a cena incapazes de se mover, começaram a andar em direção ao clarão. Saindo no escritório de Kreisel. Quando restaram apenas Lucille e Nikolaus, a bruxa soltou o homem, o arremessando no meio das sombras.

— Aproveite a eternidade na sua própria armadilha. — A bruxa disse apenas. A maldição que Kreisel e seus comparsas jogaram naquela prisão, impedia que quem quer que estivesse lá dentro morresse de fome, sede ou velhice. Lucille fez desaparecer o telão mágico, jogando o lugar em uma penumbra total. Kreisel ficaria no escuro, sozinho, confinado para sempre.

— Não me deixe aqui, por favor. — Ele tentou, em desespero, mas Lucille apenas se virou e saiu.


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