Lucille - A Pedra Nihil escrita por Karolamd


Capítulo 12
Hora de Treinar


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para os meus leitores amados ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732217/chapter/12

Lucille acordou na manhã seguinte para algo atípico. A sempre ensolarada dimensão fora assolada por uma intensa tempestade. A bruxa era uma apreciadora de climas chuvosos, então tomou aquele céu cinzento e ameaçador, como um bom presságio.

No caminho para o refeitório ela encontrou os demais integrantes da ODM. Divisou elfos, com orelhas pontudas e olhares assertivos, nem sempre tão belos quanto Tolkien os quis retratar. Algumas ninfas com seus modos tímidos e olhares hesitantes. Haviam mais bruxos, embora, em geral, eles não se parecessem com nada em especial. Ela caminhou pelos corredores sentindo os olhares atentos, receosos de se deveriam ou não falar com ela. Algumas figuras se aproximaram, duas jovens e dois rapazes.

— Lucille, não é? Perguntou uma das garotas, tinha longos cabelos cor de fogo e olhos tão escuros que era quase impossível dizer o que era pupila, e o que era a íris. Lucille assentiu com um aceno de cabeça, apertando as mãos que lhe foram estendidas - Só queríamos dar boas vindas atrasadas. O pessoal da ODM não soube bem como proceder quando ficamos sabendo que você era uma Plenus, sabe. - A bruxa não poderia dizer que sabia, então só esperou que a garota continuasse - É como se dissessem que um elementar, ou algo assim, tivesse se juntado a nós.

— Por enquanto eu sou só uma aluna em treinamento. - Disse - Não precisam ficar receosos de falar comigo, eu gostaria muito de conhecer mais as pessoas que moram aqui. - Sorriu, e os quatro acenaram que sim, quase ao mesmo tempo. Compará-la a um elementar era no mínimo um exagero. Elementares eram os seres vitais que formavam o universo, nada era mais poderoso que eles, que viviam separados da realidade terrena.

— Nós somos a reencarnação dos quatro cavaleiros do apocalipse. - Disse a outra garota, orgulhosa. Ela tinha os cabelos negros e curtos, e olhos cinzentos. Lucille ergueu as sobrancelhas em surpresa – É, as pessoas achavam que só por isso seríamos maus, mas nós fomos criados em uma família humana muito amorosa, não desejamos nada além de ajudar. - Sorriu calorosamente – Eu me chamo Camila, e eu sou a reencarnação da Morte. Essa é Beatriz – Indicou a garota ruiva – Ela é a Guerra. Esses dois são Emanuel e Oscar. A Fome e a Pestilência. - Apontou para os dois rapazes. Um era loiro e tinha um aspecto cansado e era magérrimo, o outro mais alto e forte, tinha olhos fundo e injetados, e longos cabelos castanhos.

— Isso é incrível. - Lucille disse. Descobrira tantas coisas naquele curto espaço de tempo. Era fascinante a variedade de magia existente na ODM. Os quatro sorriram, pareceriam jovens comuns aos olhos ignorantes.

— Quando puder, por favor, venha conversar conosco, adoraríamos saber mais sobre você e seus poderes. - Disse Oscar. A bruxa falou que, com certeza, faria isso, e se despediu, indo em direção ao refeitório.

Lá ela encontrou Vitor, que já conversava com Odete. Lucille se jogou em uma cadeira ao lado dele.

— Bom dia. - Disseram o rapaz serpente e a bruxa mais velha.

— Preparada para o dia de treinamento? - Odete perguntou, usava uma pena vermelha gigantesca em seu cabelo.

— Sim, quando vamos começar? - Lucille perguntou alcançando um pão de minuto coberto de açúcar de confeiteiro.

— Assim que eu terminar de designar as missões. - A mulher exalava um leve aroma de incenso de canela, e remexia um pote cheio de salada de fruta.

Logo Daiana chegou, seus dreadlocks foram substituídos por longas tranças verdes, ela parecia radiante naquela manhã chuvosa, tão feliz quanto sempre. Depois dela Andrew apareceu, seu aspecto já melhorara muito, ele parecia o velho Andrew de sempre, sério, polido e não muito falante.

— Vocês viram que manhã linda está fazendo? - Perguntou Daiana, se debruçando sobre a mesa para alcançar uma maçã na fruteira. Os demais concordaram, e Vitor salientou o fato de que ela achava todas as manhãs lindas.

Para a surpresa de Lucille, Andrew também pegou um pão de minuto. Da última vez em que eles dividiram a mesa, o rapaz tinha seu prato posto, mas ela não se lembrava de tê-lo visto comer. Ele pareceu ter lido a confusão no rosto da bruxa.

— Não me sustenta, mas ainda tem um gosto bom. - Disse apenas. Lucille arregalou os olhos, nem mesmo notara que estivera encarando Andrew, e ela ia pedir desculpas, mas Odete recomeçou a falar.

— Assim que terminar seu café, pode ir para a área de treinamento. Assim que eu terminar a reunião de hoje, vou direto para lá.

A bruxa acenou que sim, e eles passaram a comer em silêncio, a não ser por Daiana, que começara um monólogo sobre como a chuva ajudaria as plantas do gramado a ficaram mais viçosas e brilhantes.

Lucille esperou em silêncio, na área nada silenciosa do galpão de treinamento. Novos recrutas da ODM praticavam a espera de uma missão, enquanto a bruxa, um pouco deslocada, observava o movimento ao seu redor. A chuva lá fora ainda caía fortemente, e, de vez em quando, raios iluminavam as janelas, seguidos de trovões.

Quando Odete apareceu, se livrara da maior parte de suas bijuterias. Usava leggings floridas e uma bata indiana que quase alcançava seus joelhos. - Vamos começar? - Disse sorrindo, trazia em mãos uma pilha de livros encadernados em couro, cujas letras nas lombadas brilhavam em um dourado chamativo.

— O que são esses livros? - Lucille perguntou curiosa.

— Grimórios. - Respondeu, colocando todos os volumes em uma mesa – Nossa área de treino será naquele espaço próximo ao círculo de Merlin. - Ela explicou, apontando para uma área com piso amadeirado, e grossas paredes de concreto servindo como divisória entre aquele pedaço do galpão, e os demais.

A bruxa mais jovem apenas concordou e seguiu até lá. Ao seu redor ela viu um grupo praticando esgrima, pareciam focados em seus movimentos, e Lucille pensou que ficaria feliz em assisti-los em algum outro momento

— Vamos começar por uma antiga magia de defesa, descoberta por uma maga no século XV, quando ela fugia de caçadores. - Odete explicou, pegando o livro no topo da pilha, e o abrindo em uma das primeiras páginas – Ele consiste em usar sua própria essência mágica como um escudo impenetrável. - Disse – É importante ressaltar, que enquanto você estiver segurando essa magia, não vai ser capaz de fazer nenhuma outra, então ela deve ser usada em casos onde fugir é seu principal objetivo. - Lucille concordou.

A bruxa mais jovem viu Odete colocar sua mão espalmada sobre o peito, e sibilar algumas palavras. Logo uma luz amarelada se formou em volta dela, e então desapareceu. - Tente lançar algum feitiço. - Ela falou.

Receosa, Lucille apenas tentou uma leve magia de pulsão, com a intenção de empurrar Odete. O pulso empurrou o ar ao seu redor, e derrubou os livros da mesa, mas passou pela bruxa mais velha como se ela fosse uma pesada viga de metal. Lucille soltou uma exclamação de surpresa.

— Nada consegue te atingir enquanto você está protegida pela aura mágica, nem feitiços, armas humanas e não humanas. - Ela recolocou a mão sobre o peito, e mais um clarão se acendeu, desvanecendo logo em seguida – É bem simples, mas como eu disse, uma vez conjurada essa magia, você não poderá realizar nenhuma outra. Sua essência estará concentrada como um escudo, fora de seu corpo.

— Essa magia vai projetar meus poderes como um escudo? - Lucille perguntou.

— Sim, é exatamente isso que ela faz. E agora é a sua vez. - Ela entregou o livro onde a magia fora escrita há séculos atrás – Diga essas palavras, com sua mão sobre seu peito.

Na página havia uma gravura de uma mulher com longos cabelos azuis, ela tinha sua mão pousada sobre seu coração, e, sob o desenho, as palavras “Protegas me o mei magicae”. Lucille fez como Odete indicou, e repetiu as palavras em baixo tom. O mesmo clarão se acendeu, e apagou.

Odete investiu com sua magia em direção a Lucille. A madeira rangeu sob seus pés, objetos no caminho foram derrubados, mas a bruxa mais jovem permaneceu intacta e intocada. - Eu consegui. - Disse apenas, sentindo um orgulho que há muito não experimentava. Odete a parabenizou.

— Existem várias dessas magias de proteção, mas essa é essencial que você saiba. - A bruxa mais velha se virou para pegar os livros que haviam caído, separando um deles, procurando entre suas páginas. Lucille voltou-se distraída, para o grupo de esgrima, que no momento ela só conseguia ver parcialmente.

— Gosta da arte da espada. - Odete perguntou, tomando Lucille de surpresa.

— Nunca tive a oportunidade de praticar. - A bruxa disse apenas.

— Precisamos de você preparada em todos os âmbitos possíveis. Pedirei para Andrew começar a te dar aulas de esgrima, já essa noite, se eles voltarem da missão. - Disse, enquanto trazia o livro até Lucille – E para Vitor e Daiana te levarem até a biblioteca, onde vão lhe explicar um pouco mais sobre a história da magia. - A bruxa mais jovem concordou, Vitor já lhe prometera uma visita na biblioteca, que fora esquecida depois de seu episódio com o círculo de Merlin – Agora vamos continuar com esse feitiço. - Apontou para a página, de onde uma inscrição que Lucille não conhecia, estava desenhada.

“Essa magia cria um círculo de proteção para todos que você permitir entrar nele. Esse feitiço não vai te impedir de realizar outros, mas vai diminuir sua capacidade mágica às coisas mais básicas. Diferente da primeira magia, essa só garante proteção contra feitiços, objetos vão passar pela barreira.” Odete explicou.

— Você tem que gravar essa imagem – Ela apontou para a inscrição – No solo, eu geralmente a marco a fogo, e então tocá-la, isso vai criar a barreira.

Lucille olhou bem para o desenho, querendo ter uma imagem detalhada dele em suas lembranças. Com seus poderes de fogo, ela queimou em brasa o chão com a imagem no livro. Lentamente se abaixou, e com as pontas dos dedos tocou a inscrição, que ainda estava quente. Ao seu redor um anel de fogo azul se acendeu, com, pelo menos, dois metros de diâmetro.

Odete deixou o círculo, passando pelas brasas como se elas não estivessem ali. Pegou uma adaga que fora esquecida sobre a mesa, e a lançou em um ponto próximo dos pés de Lucille. O objeto passou sem grandes problemas, mas quando a bruxa mais velha tentou lançar um feitiço, este nem mesmo fez as chamas tremularem.

— Muito bem. - Odete disse, sorrindo – Esse também funcionou perfeitamente, apesar disso não ser nenhuma surpresa, como uma Plenus, essas magias não estão nem perto das mais difícil de serem executadas.

— Vamos para as difíceis então. - Lucille disse, animada.

— Tudo ao seu tempo. - Odete falou – Não se pode começar a voar, sem nem mesmo saber bater as asas. Vamos continuar até a hora do almoço, quando faremos uma pausa, e então treinaremos até o horário do jantar.

Lucille assentiu, estava animada, muito animada. Aprender magias novas eram um prazer sem igual, e agora que ela dispunha de grimórios e de ajuda especial, sentia que poderia ficar tão forte quanto eles precisassem que ela ficasse.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lucille - A Pedra Nihil" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.