A protegida de Anúbis escrita por Ick chan 1889


Capítulo 7
Conhecendo o inimigo




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Minha longa conversa com Maat deixou-me preocupada. Assim que retornei ao templo para saber noticias de Anúbis, Khonsu, que se encontrava na sala do trono logo notou.

—O que te preocupa tanto querida?

—Nada, é apenas cansaço._ Eu com certeza não o perturbaria com minhas perguntas.

—Bom então acho que ficará feliz em saber que Anúbis está bem, só precisa descansar mais um pouco.

—Fico imensamente agradecida por ter cuidado tão bem dele._Sorri

Khonsu sorriu gentilmente e disse:

—Bastet escolheu você por um motivo obvio querida.

Senti lágrimas descerem pelo meu rosto, tentei ser forte, mas estava tudo tão confuso.

—Estou com medo, não sei o que pensar ou o que fazer...

O bondoso deus se aproximou e me abraçou, como era reconfortante isso, nunca conheci meus pais, nunca pude abrir meu coração a eles e dizer “preciso de ajuda”, sempre sozinha, procurando algo para me apoiar e assim continuar a viver, mas aquele simples abraço de Khonsu fez com que o peso em meu coração diminuísse.

—Não precisa ficar assim, tudo dará certo é só confiar em você mesma._Sorriu ele.

—Sim! Não tem porque ter medo de nada e muito menos chorar._A voz com tom arrogante era de Anúbis, estava de pé encostado num pilar prata.

Enxuguei minhas lágrimas com rapidez, tentei não parecer tão frágil, mas claro, era inevitável Anúbis sempre sabia como me fazer se sentir uma idiota.

Depois de agradecermos a Khonsu sua “hospitalidade” e ajuda, voltamos ao mundo mortal. O deus da lua me entregou uma pequena pedra, “È uma pedra da lua, guarde com você” foi o que disse antes de desaparecer completamente.

O tempo não havia passado em nosso mundo, ainda estava noite. Me deitei do lado de fora da barraca, Anúbis discutiu dizendo que era perigoso, mas no momento eu preferia dormir ali em baixo do céu estrelado.  

Acordei cedo, graças ao meu amigo camelo do qual batizei de Elvis em homenagem ao rei, não entendia bem o porque ele gostava tanto de mastigar meu cabelo, enquanto isso meu querido “amigo” Anúbis arrumava as mochilas para partimos.

O templo de Toth ficava localizado no coração do médio Egito, a cidade era conhecida como Khmunu, não sabia ao certo quanto tempo de viagem teríamos de fazer para chegar, mas Anúbis me garantiu que seria muito rápido.

—Você pegou tudo?_Perguntou ele.

—Sim peguei...

—Então monte no camelo e se prepare..._Assim que concluiu, Anúbis começou a dizer varias palavras num dialeto que só poderia ser egípcio antigo, de repente uma grande fenda se abriu. Do outro lado era possível ver claramente uma paisagem com algumas pequenas casas.

—Por deus o que é isso!?_Falei assustada.

—Você quer relaxar e fazer o favor de atravessar logo, a fenda vai se fechar e eu não tenho poder o suficiente aqui pra segurar tanto tempo.

Respirei fundo e atravessei, era como passar por uma porta comum, porém dentro do portal podia-se ver o universo, era como se o tempo não existe ali. Quando dei por mim já havia atravessado.

—Nossa...quanto tempo eu levei?_Perguntei

—Menos de um segundo porque?_Falou Anúbis

—Pareceu uma eternidade..._Respondi curiosa.

—Você acabou de experimentar uma viagem no tempo, é só isso.

—Mas como assim, como isso é possível?

—Garota eu sou um deus! Tudo é possível._Debochou Anúbis, se virando de costas e seguindo adiante.

O lugar contava com algumas casas e moradores. Anúbis me contou que o lugar já fora deslumbrante um dia, porém quando Apófis dominou Seth no dia da coroação de Horus, a cruel serpente fez o deus destruir tudo que podia, aquela pobre cidade ainda se recuperava de uma destruição de milhões de anos atrás.

Anúbis tinha um sacerdote conhecido pelas redondezas, Radamés, ele era um dos mais fiéis seguidores do deus da morte.

—Ah! Meu grande senhor._Radamés se ajoelhou. Anúbis pareceu constrangido.

—Como vai meu amigo._Então o abraçou, o que me deixou surpresa, afinal eu não sabia que Anúbis podia ser tão amigável.

Radamés nos convidou a entrar em sua humilde casa, porém Anúbis explicou que precisávamos apenas que ele cuidasse de nossos camelos até que retornássemos, caso isso não acontecesse ele podia os vender. Fiquei intrigada com a história do “caso não voltássemos”, mas nem tentei debater com Anúbis. Minutos depois estávamos seguindo para a localização do templo.

A morada de Toth ainda era um templo, porém no Duat, no mundo mortal ele vivia num museu.

—Não acredito nisso!? Como você vai fazer pra invoca-lo? Anúbis um museu é cercado por guardas._Sim eu já estava em pânico só por pensar em ser presa de novo.

—Garota você quer se acalmar! Vou pensar em algo, só precisamos ver o lugar primeiro.

A construção do museu era incrível, fiquei alguns minutos observando do lado de fora. O lugar estava cheio de turistas, alguns carrinhos de lanches e doces, senti meu estomago roncar.

—Por Osíris! O que foi isso?_Perguntou Anúbis procurando a localização do estranho barulho.

—Me desculpa estou faminta oras....você se esqueceu que sou feita de carne e osso, eu não sou um deus!_Falei irritada, o que fez Anúbis rir.

—Tudo bem, vá comprar algo pra comer enquanto eu dou uma olhada no lugar.

Nunca senti tanta satisfação em comer um cachorro quente e tomar uma coca-cola.

Algum tempo depois Anúbis retornou, parecia preocupado.

—O que ouve?_Perguntei ainda mastigando meu lanche.

—Encontrei a estatua de Toth...

—Isso é ótimo!_Exclamei de boca cheia.

—Seria se estivesse num local mais acessível._Cochichou ele irritado.

—E onde ela tá?

—A estatua é a atração principal do museu, fica cercada por câmeras de segurança.

—Isso sim é ruim._Falei ainda de boca cheia.

—Você quer comer logo isso, não consigo entender nada com essa boca cheia de pão!

Terminei de comer, me limpei e continuei.

—Eu disse que isso sim é algo ruim, e agora o que faremos.

—Vamos ter que ser clichê e entrar a noite._Deu um sorriso malicioso.

Ficamos de tocaia até o ultimo vigia da noite sair e o próximo entrar. Anúbis tinha um plano, ele abriria dois portais de uma vez, um na sala de segurança para que eu desligasse as câmeras e outro na ala principal, onde se encontrava a estatua de Toth, jogaria um feitiço sob os guardas enquanto eu desativaria a segurança do painel de vidro, Anúbis entraria, invocaria o deus da sabedoria e conseguiria enfim a localização do livro dos mortos. O problema é que tudo isso exigiria muito do poder de Anúbis.

—Você deve estar achando que isso aqui é uma cena de missão impossível né? Espera você sabe do que eu estou falando?_Falei rindo

—Claro que sei engraçadinha, eu sou um deus e não uma múmia?.

Esperamos a hora exata, então Anúbis se preparou e abriu os portais. Na sala de segurança só havia um guarda, pra minha sorte e não surpresa, ele estava dormindo como um bebe. Procurei pelo botão das câmeras e enfim desativei-as. Enquanto me apressava para encontrar o botão correto para desativar o domo de vidro, Anúbis jogava o feitiço sob os guardas.

Tudo parecia correr como o planejado exceto por algo que não esperávamos, uma armadilha.

Quando nós chegamos até a estatua, Anúbis invocou Toth, porém a estatua se quebrou em vários pedaços.

—Não...não pode!_Anúbis parecia em choque

Uma presença maligna veio como vento e apagou todas as luzes, uma risada sombria ecoou por todo museu, vi alguns vultos negros passarem por trás de alguns pilares. A temperatura deveria ter caído, pois estava muito frio.

—Droga..._Sussurrou Anúbis.

—O que é isso...

Eu estava agarrada a Anúbis, o medo se instalara em mim.

De repente uma enorme onda de escuridão veio em nossa direção, Anúbis gritou pra que corresse até o portal, quando atravessamos quase fomos atropelados por um carro.

—Mas que droga foi aquela?_Perguntei encarando Anúbis.

—Apófis.

—Mas que merda! Essa cobra não está trancada lá no duat?

—Serpente! e sim está, mas a cada dia que se passa ela fica mais forte pra arrebentar a prisão, com certeza teve ajuda de Seth._Concluiu Anúbis.

—E agora, o que vamos fazer? Onde é que Toth pode estar?

Anúbis suspirou.

—Se isso tem o dedo de Seth, então Toth foi sequestrado.


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