POV Oliver:

Eu estava deitado na grama do colégio interno onde estudava, quando vi um vulto passando do meu lado. O olhei com atenção, parecia um anjo. Seus cabelos brancos e longos até os ombros dançavam a favor do vento, enquanto seus olhos negros e opacos passeavam por aquele local. Só nós dois estávamos lá naquela hora e não precisou de muito esforço para que eu me interessasse por ele. Demorou uma semana até que descobri seu nome: Noah Rotz. Ele era de um país do norte da Europa. Em uma semana foi só o que consegui, além de perceber que o que eu tinha não era apenas curiosidade, mas não era amor, disso eu tinha certeza!

Eu o observava nas aulas e nos intervalos, no almoço e no jantar, achava interessantíssimo o modo delicado com que ele carregava seus livros ou como prendia seu cabelo de vez em quando. Ele era tão inexpressivo, o que atiçava minha curiosidade ainda mais.

Em um dia onde a coragem bateu mais forte, fui até ele na biblioteca. Ele estava sentado lendo um livro qualquer quando me aproximei. Ele usava o uniforme de verão e tinha uma parte de seus cabelos presos em um rabo de cavalo, parecia uma pintura. Antes de falar com ele o observei um pouco mais de perto. Sua pele branquinha e seus lábios avermelhados, senti um calor dentro de mim e uma vontade de tocá-lo.

— Oi – foi só o que toda minha coragem conseguiu me proporcionar. Noah se virou pra mim e me olhou atentamente.

— Oi

Ele olhava dentro dos meus olhos e então eu sorri para ele.

— Posso me sentar?

Eu acompanhava cada movimento, cada reação que ele tinha e de perto, não mais como um stalker estranho, como eu me definia.

— Claro – não puder deixar de prestar atenção nos seus lábios e em como sua voz parecia música para meus ouvidos.

— Meu nome é Oliver        

— Eu sei – me surpreendi. Ele sabia meu nome? Como? – Me perguntava quando viria falar comigo, depois de andar por aí tanto tempo me observando.

Eu estava em choque, então ele tinha notado? Ele sabia que eu o observava, e sabia a ponto de buscar saber o meu nome.

— Desculpe.. é só que eu o achei um tanto interessante – eu estava tentando me justificar sem parecer que eu realmente estava encantado por Noah, apesar de ele provavelmente saber disso. – você é facilmente notável, sabe? Mas eu não sou um serial killer, nem nada do tipo - Minha fala o fez sorrir minimamente, ele já não olhava para mim, o que me deu um pouco de tranquilidade. Eu estava o observando tão de perto quanto um dia quis, mas agora, essa distancia não é mais o suficiente. Quanto mais te dão, mais você quer, e eu queria mais proximidade, eu o queria.

— Espero mesmo que não seja – e outro risinho. Noah tinha um rosto desenhado por Deus onde até suas pequenas expressões o faziam ser a criatura mais linda desse planeta.

Tentei puxar algum tipo de assunto, tudo que eu queria era poder o conhecer de verdade, ouvir sua voz e ver suas reações. Parando para pensar agora, não o via como um objeto de estudo, apenas alguém misterioso que conseguiu despertar meu interesse. O despertou completamente, devo dizer.

— O que está lendo? – tive que começar, tentando não parecer mesmo um serial killer.

— História da Arte.

— Você faz artes aqui então? – nosso colégio era um local onde se poderia estudar o que quisesse além das matérias obrigatórias do ensino médio.

— Sim. E você, Oliver, o que estuda aqui? – sorri com sua pergunta, ele estava demonstrando algum tipo de interesse em mim?

— Estudo química.

— Devo me preocupar com seus estudos, Oliver? – perguntou olhando pra mim.

— Perdão?

— Há algum motivo para que me leve a pensar que colocará seus estudos em prática.. comigo?

— De maneira alguma, Noah, não sou um alquimista – ele sorriu.

— Só estou brincando – eu sorri.

**

A cada dia que passava, a cada olhar, a cada fala dita, eu me via cativado por ele. A cada sorriso que ele dava olhando nos meus olhos aquecia meu coração. Não o conhecia o suficiente mas já estava tendo que lidar com meu coração perdendo o compasso toda vez que o via. Sempre que me aproximava ficava tentado a sentir o gosto dos seus lábios e a maciez da sua pele, tudo me chamava atenção, cada detalhe de seu corpo e de sua personalidade. Noah era interessantíssimo, mais do que se imagina. Ele era bem inteligente e parecia entender o mundo bem melhor que eu.

Estávamos na sala de pintura, as aulas do período da manhã já tinham terminado, porém Noah insistia em terminar um desenho que tinha começado de manhã e queria entrega-lo pronto na aula da tarde. Eu estava sentado em um banco qualquer daquela enorme sala de cor clara, com cortinas brancas e com muitos cavaletes organizados em roda. Noah parecia bem concentrado ao que fazia, não desviava seu olhar nem quando falava comigo.

— Terminei! – o ouvi dizer e esboçar um sorriso lindo nos seus lábios finos. Cada detalhe dos seus movimentos me prendia de uma forma inexplicável.

— Então eu posso ver?

— De maneira alguma! – respondeu rápido e tampando o desenho para que eu não o visse – só depois da aprovação da professora.

— Tenho certeza que está ótimo – disse quase me levantando. Quase, porque Noah me impediu, vindo até mim e me fazendo sentar novamente, colocando suas mãozinhos nos meus ombros e me pressionando para baixo, fazendo com que eu permanecesse no banco.

Ele estava a uma pequena distancia, e devo dizer perigosa, de mim. Eu podia sentir o perfume suave que emanava de sua pele e também sentir sua respiração. Eu o olhava nos olhos o que me impulsionava a experimentar uma nova sensação que só ele me despertava e somente ele poderia me proporcionar. Noah parecia saber de seus efeitos sobre mim, minimamente riu campeão, sabendo que eu não iria a lugar algum. Ousei aproximar meu rosto do seu, ousei também tocar seus lábios com os meus.