A saga de Afrodite - Os Cavaleiros do Zodíaco escrita por LazyMonteiro


Capítulo 8
A quebra de correntes - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Olhai novo capítulo.
Eu devia estar escrevendo meu tcc antes de reprovar, mas estou aqui postando.
Ok né?
Espero que se divirtam.



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Shun não se lembrava daquela floresta. Não daquele jeito.
A neve branca havia camuflado tudo. Folhas, flores, os troncos e até os galhos. Os caminhos da floresta também.

Só lembrava daquela floresta no Outono e no Verão. Bem, era verão, na verdade final já pra Outono, mas só lembrava daquela floresta verde ou laranja. Passara muito tempo na infância fugindo da fundação Graad e se escondendo dos empregados violentos e dos treinos rígidos. Conhecia cada trilha, cada tronco, cada desvio. Mas não no inverno.

Não imaginava como a floresta ficava linda. Era a floresta da Fundação Graal, uma reserva ecológica que deveria ter se transformado em um parque de trilhas. Ao invés disso, a ideia nunca foi pra frente e a floresta meio que virou o quintal do instituto de órfãos, onde Shun morara com seus irmãos durante um ano antes de serem enviados aos treinamentos. Agora como diabos o ruivo sabia disso?

“Eu aceito.” Dissera ele depois de um instante hesitando.

“Feito” dissera o ruivo “Nos encontre na floresta da Fundação, a floresta dos órfãos. Na parte mais funda, onde as árvores fazem uma abobada, na clareira de treino. Vá de armadura, lógico. Quero ver do que as correntes de Andrômeda são capazes”.

E lá estava ele. Ah senhor, o que diriam seus irmãos se descobrissem? O que diria seu irmão? Pra variar no meio de uma crise dessa Ikki estava sumido. Não tinha notícias, não sabia onde ele estava, mas sabia que ele estava vivo. Podia sentir. Onde ele ficava? O que fazia? Seu irmão parecia um espírito, talvez um daqueles Djins dos livros de Hyoga, que se enfiava num limbo adormecido a não ser quando era chamado. Mas ao invés de aparecer subserviente e em camadas de fumaça, seu irmão aparecia emanando chamas e ódio, como se estivesse mal-humorado de ter sua lâmpada esfregada.
Aquela ideia toda o fez sorrir. As vezes ele era meio ingênuo.

E de repente ao virar uma curva seu sorriso se desfez. Os dois espíritos que de Djins nada tinham estavam ali do outro lado da clareira. Uma parte inegável dele desejou que não estivessem. Não por medo, apenas por não querer lutar. O ruivo estava em pé de braços cruzados, enquanto o mascarado estava sentado num montinho de neve com ares de preguiça.

A clareira estava branca coberta pela neve, como tudo mais. A luz entrava suave por brechas na copa das árvores, fazendo um mosaico delicado no chão branco e refletindo luz na neve. Era um cenário lindo e imaculado. Mal caía flocos de neve ali, então a camada de neve devia ser fina comparada com o mundo lá fora, fofa o suficiente apenas pra deixar as marcas de pés de quem passasse. Ao ver Shun se aproximando o ruivo se abriu em felicidade, como se recebesse um bom amigo e estampou um sorriso lindo e caloroso:

—Oh, você veio! Estávamos te esperando tem pouco tempo. Bem-vindo! Podemos começar?

As correntes que deveriam estar alteradas a essa altura, não se mexiam. Aquilo era incomum já que elas pressentiam um inimigo a distância. Na verdade, pensando bem, desde que entrara na floresta se não soubesse o caminho não tinha chegado ali. As correntes continuaram dormentes, como se não houvesse um perigo eminente para seu portador. É como se aqueles homens não o odiassem. Seriam eles possíveis aliados?

“Ah, Shun para com isso!” dissera a si mesmo. O cara o desafiara claramente pra uma luta, e por mais educado que fosse era sim seu inimigo. Timidamente, quase na ponta da clareira colocou-se em posição de luta.

—Estou aqui como prometi, não precisam mais esperar. Vamos lutar, sim ou não?

O ruivo se aproximou devagar, suavemente olhando Shun de uma forma que o deixava constrangido.

— Você age com alguém que luta por obrigação. Não sente prazer nas batalhas que luta...

— Claro que não, sou um pacifista.

—... mas seu cosmo é um dos maiores entre os cavaleiros de Bronze. Quiçá o maior. Há, pacifista?! Receptáculo de Hades – disse abrindo os braços - você pode enganar a si mesmo e aos outros, mas seu ID pra mim é muito claro. Menino você é um leão em pele de cordeiro. E eu adoraria ver essas garras.

Shun retraiu-se; Não queria lutar mas precisava das informações. Aquele homem lia suas feições tão facilmente. Shun tinha um bom coração é verdade, mas sempre escondera que no fundo ele gostava de lutar. Não pelos socos, ou pela sensação de sangue nas mãos, mas era a sensação de êxtase, como se um branco invadisse a cabeça, a adrenalina sobe e não existe mais nada além do seu inimigo e da estratégia que podia usar pra vencer. Sempre retraía seu lado violento, acreditava de coração em soluções pacifistas e servia a Atena por acreditar que mente e paz vencem punhos e fúria, mas...

— Meu caminho é cheio de sangue é verdade, e minhas mãos não são imaculadas. Sempre que evito a guerra ela vem a mim de um jeito ou de outro. Então eu abraço meu destino sangrento e luto pela justiça que acredito. - Disse se aproximando do centro da clareira e se colocando e posição de luta, dessa vez com mais força no corpo.

O ruivo parou no centro da clareira e sorriu com satisfação. O sorriso dele era impressionante, como se o mitológico Adônis estivesse ali. Abriu o sobretudo surpreendendo Shun: uma magnifica armadura preto e prata de desenhos intrincados e entalhes trabalhados resguardava seu corpo. Claro que imaginara que o outro deveria ter armadura, mas ainda assim...

— Bem eu sou muito cavalheiro e normalmente deixaria as peças brancas começarem o jogo primeiro, mas o lance já foi dado e é minha vez. – Dizendo isso soltou o sobretudo que não chegou ao chão, desintegrando-se no calor do cosmo que explodira do ruivo que num segundo estava ali e no outro estava atacando Shun de frente com um gancho de direita que o surpreendeu e desviou. Jamais esperaria um embate corpo a corpo, pensara que talvez ele mantivesse distância, mas o cara veio com tudo pra cima sem hesitar!

Em seus braços as correntes vibravam feito loucas. Há, tarde demais! O ruivo o atacava com tudo, e Shun só conseguia desviar por bem, pouco dos golpes, mas mesmo assim não sentia alteração da parte do outro; cada golpe era calculado, preciso, procurava brechas na guarda de Shun de também contra-atacava, mas não achava como sequer acertar um golpe. Por fim Shun jogou a corrente de ataque contra ele. O ruivo saltou na árvore mais próxima e usou o tronco pra se defender. Ao que a corrente prendeu no tronco o ruivo pegou impulso e saltou disparado na direção de Shun que levou um soco. O outro num movimento malabaristíco saltou e ainda o atacou por trás com um chute. Zonzo, ele foi ao chão. O ruivo não perdoou e foi pra cima ao que Shun desviou rolando de lado no chão. Ele ficou de pé, pra se ver atacado novamente e com força por uma voadora, que desviou, e atacou com a corrente de defesa que o ruivo segurou e usou para puxar Shun para si que caiu aos pés dele e levou um chute na face, indo cair longe, mas de pé. O ruivo deu um salto aéreo que Shun usou a corrente para segurar e jogá-lo longe, atacando enquanto ele caia no ar, mas ainda assim ele desviou. Os dois pararam por um momento a se encarar. Shun jogou as correntes pra cima como chicotes, que o ruivo desviava com destreza até conseguir se abaixar e vir correndo por baixo da linha delas, ao que Shun ao tentar desviar se viu encostado num tronco de árvore de onde só deu pra rolar de lado: o ruivo explodiu parte do tronco com um soco.

Shun saltou pra trás duas vezes pra ganhar distância, o ruivo sabia que seu forte era combate a distância e fizera de tudo pra manter a luta nos termos dele.

— Você é bom!

— É bom que seja, eu o treinei. – disse o outro que agora não estava mais sentado na neve, mas sim numa das galhas, no alto de uma das árvores. Shun esquecera completamente a presença dele, mas não parecia que ele ia lutar. Tivera boas oportunidades pra decapitá-lo, mas nem se mexera. Se ele que havia treinado o ruivo e ele não conseguia vencê-lo, seria muito mais difícil lutar contra o mascarado.

Shun ficara sem ideias; precisava trazer a luta pros seus termos e tudo que lhe veio à cabeça foi...

— Nebulosa de andrômeda!

As correntes tão rápidas quanto a luz se materializou e formara um ciclo ao redor dele. O ruivo se afastou. Dava pra sentir o calor delas derretendo a neve.

— Se me conhece tão bem, sabe que se pisar nessas correntes morre. Eu não quero mata-lo, tanto por desejar informações como por prezar pela sua vida.

O ruivo resolveu arrodear Shun como que para ver se achava pontos fracos. Caminhava lentamente, com a mão coçando o queixo como se avaliando algo, ligeiramente aborrecido.

— Ah sim, as famosas correntes de Andrômeda, considerada por muitos a técnica perfeita. Uma defesa e um sistema de ataque unidos, as correntes se expandem pelo chão de círculos em círculos, fazendo uma espécie de “teia” e no centro o cavaleiro de Andrômeda. Mais ou menos como a constelação de Andrômeda, onde você seria Alpheratz que é a estrela Alfa e as correntes são demais estrelas. Se o adversário der um passo ou fazer algum movimento ofensivo as correntes se armam e contra-atacam, sendo a parte superior a mais forte. – Ele parou se agachou e jogou neve pra cima da corrente que como um gato preguiçoso reagiu se eriçando e derretendo a neve. O ruivo observou tudo e se ergueu - Se o contra-ataque funcionar, provavelmente o adversário sairá vivo, mas com a armadura danificada pois esse é o objetivo das correntes, e se o adversário tentar passar pelos círculos no chão, as correntes largam uma descarga de 10.000 voltz.  – parou de novo - A finalidade da técnica não é derrotar o adversário, mas obriga-lo a desistir.

Shun suou frio. É, mas só um imbecil tentaria ataca-lo e ele também não podia contra-atacar. Era uma faca cega de dois gumes, que não garantiria vitória e só retardaria a batalha.

O ruivo olhou bem, dentro dos olhos de Shun que se sentiu despido. Os olhos verde-azulados encaravam os seus azuis. Falou calmamente e com sua voz de barítono as palavras ecoaram na floresta silenciosa:

— Sabe por que Hades o escolheu como seu receptáculo? Não por você ser puro, não; ao matar sua primeira vítima, fosse por acaso ou desejo sua alma maculou-se. Haviam pessoas mais puras que você, cujas almas não estavam manchadas e nem as mãos estavam banhadas de sangue do próximo. Foi por seu cosmo. Sua força é incrível pra um ser humano comum. Na verdade, todos os cavaleiros de bronze têm esse aspecto em comum: um cosmo fora do normal, digno dos semi-deuses míticos. Me pergunto se de algum jeito vocês cinco não descendem dos deuses antigos. Seu cosmo entre os cinco definitivamente é o maior e Hades queria acesso ao poder que sua alma carrega. Você não deseja sangue? Meu jovem quem não deseja violência não entra em batalhas. Você podia ter se afastado do Santuário há muito tempo, abdicado de vida vida de cavaleiro e passado a armadura pra frente, mas na verdade gosta de lutar e lá no fundo sabe que não pode evitar, NÃO QUER evitar. Olhe só onde se meteu, vindo até aqui sozinho de fato. Se não gostasse teria pedido pra um de seus irmãos vir, ma alem de não confiar neles, quis descobrir por si só, lutar sozinho. podia ter tentado negociar mas preferiu arrancar as informações de mim com seus punhos. Vai me dizer que não senti prazer quando me acertou? Que não se orgulhou de como desviou de meus golpes? Eu estou aqui pra provar que você está errado sobre si mesmo, e aqueles que enganam a si mesmos nunca acham a paz!

Shun sentiu uma onde de cosmo monstruosa. Era algo surreal, nunca havia sentido nada tão forte nem de deuses nem de humanos. O cosmo explodiu derretendo a neve a volta dele, e de repente recuou formando um escudo de energia visível a olho nu ao redor do corpo do ruivo.

— Suas correntes não têm força pra me segurar pois não se segura algo que não se pode prender! E se não se pode desarmar uma armadilha basta apenas poder resistir ou destruír!- dizendo isso pisou na corrente a desintegrando, passo a passo, ciclo a ciclo. Shun se sentia como um coelho encarando uma serpente, não conseguia correr apenas tremia diante de cada passo, vendo suas correntes erem pulverizadas apenas ao contato do cosmo daquele homem.

— Jovem leão, suas garras não foram suficientes pra me vencer, então assim como a dama que lhe empresta o nome, espero que grite por seu salvador enquanto está preso pelas suas correntes enquanto esse deus o mata! Sou Anteros, o deus do “ódio” e o vingador do amor não correspondido! Seu desamor pela batalha que sempre abre os braços para lhe receber será retificado agora! – e pegou Shun pelo pescoço sufocando-o. Nesse momento as correntes explodiram em pó brilhante ao redor dos dois. e a neve rasa derreteu deixando as marcas de onde as correntes estavam no chão. Quando Shun estava quase sem forças, o deus o jogou em um tronco deixando-o quase inconsciente. Uma lança de chumbo foi materializada nas mãos do deus.

— Adeus Andrômeda. Mais sorte na próxima vida.


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Notas finais do capítulo

Queria sentir pena do Shun. Mas não dá.
O que será dele? Saberemos no próximo capítulo.
Ou não.



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