A saga de Afrodite - Os Cavaleiros do Zodíaco escrita por LazyMonteiro


Capítulo 3
A picada fatal do Escorpião nas asas do orgulhoso Cisne




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Sibéria.

Gelo.

Frio.

Deserto branco.

 Era lá que Hyoga estava.

Apesar de ser início de inverno no hemisfério norte, aquele dia prometia ser “quente” sem nevascas. Havia até mesmo um pouquinho de sol pra iluminar, mas longe de poder se esquentar.
Fazia meses que Hyoga havia voltado pra “casa”. O vilarejo onde ele mora fica perto dos campos gelados onde ele treinou com Camus. Hyoga considera ali a sua casa mesmo que depois da morte da sua mãe ele tivesse herdado seu pequeno apartamento em Moscou. O apartamento lhe trazia memórias dolorosas dos tempos em que sua mãe ficava ao piano e ele ouvindo-a. Isso o fazia se sentir sozinho, então ele preferia estar no frio branco da Sibéria a estar lá. Aquele lugar era seu lar, tão adotivo quanto ele fora por Camus.
Hyoga passava pelas portas do vilarejo, algumas meninas sorriam pra ele que sorriu de volta e acenou, causando rubores nas mocinhas. Ele sorriu pensando que talvez agora que a vida estava mais normal talvez fosse legal tentar sair com gente da sua idade pra variar.

Um casal de adolescentes passou por ele em um trenó; o rapaz era loiro como ele e a mocinha era morena caramelo com olhos mongóis e azuis. O vilarejo tinha uma característica que até onde Hyoga sabia era única; a maioria eram descendentes mistos de povos nativos da tundra com eslavos vikings que por ali passaram no século VI então o pessoal do povoado costumava ter uma aparência exótica em relação aos russos comuns. O Cisne se afastou até estar na região um pouco alem do vilarejo, onde havia mais gelo do que qualquer outra coisa. Resolvera enfim cumprir sua promessa à Jacob de que iria treiná-lo.

Fazia bastante tempo, na verdade que Hyoga estava na Sibéria; mas fazia poucas semanas que ele havia começado o treinamento de Jacob, seu fiel amigo e “antigo escudeiro” de Hyoga. O menino havia ido muito bem até agora, mas o que realmente incomodava Hyoga era treinar aquele pequeno. Será que ele iria agüentar de dois a seis anos de treino? Os treinos para se tornar cavaleiro não eram nada fáceis, mas em lugares como os Desertos da Namíbia, ou lá na Sibéria, dificultavam consideravelmente os treinamentos. Por isso muitos desistiam, e os poucos que sobrevivem ganham respeito dentro e fora do Santuário. Seu mestre tinha quase sua idade quando o recebeu para treinar. Hyoga tinha suas próprias motivações (nada altruístas é verdade) pra virar cavaleiro, e conseguira chegar lá. Mas nunca quisera estar em batalha. O que ele queria era poder pra rever sua mãe e por outra razão mais entranhada que ele jamais revelara a seu mestre e nem a ninguém. Mas não achava que simples vontade e admiração fossem suficientes pra levar alguém a um dia vestir uma armadura. Seu mestre uma vez lhe dissera que para vestir uma armadura é preciso abnegação, mas para chegar lá durante seu próprio tempo de treino Hyoga concluíra que era mais preciso uma força de vontade egoísta, e isso Jacob tinha de sobra.

 Falando em Camus, agora que ele estava de volta, Hyoga estava de cabeça mais fria (sem trocadilhos). Afinal não precisaria ocupar o lugar de seu mestre na casa de Aquário; e ele nem se sentia capaz pra isso. O manto de um Cavaleiro de Ouro nunca fora o que ele desejou. Estava satisfeito de ser um cavaleiro de bronze e o título de cisne lhe caía bem. Enquanto pensava isso, sentado numa rocha congelada observava Jacob; ele havia agüentado fazer 980 flexões, o que admirava Hyoga cada vez mais. Nesse ritmo iria se torna cavaleiro em dois anos...ou desistir antes.

—Vamos Jacob! Mais vinte e você está liberado! Vamos se não, você não janta hoje! Vamos!

—Pra você é muito fácil falar... você faz isso com a mão amarrada nas costas!- Jacob desabou – Ah! Eu não agüento... mais!!

—Ora, mas não foi você que quis se tornar cavaleiro por vontade própria? –Hyoga falava rindo, agora sabia como seu mestre se sentia - Que queria se tornar forte, e defender a Justiça com suas mãos? Que um dia iria até o Santuário pra buscar sua armadura de Bronze de Grou?

O menino não tinha forças nem pra retrucar e Hyoga ria muito dele e de si próprio lembrando-se do seu tempo de treinamento, onde sentia a mesma coisa e seu mestre tentava lhe dar forças, mas com outras palavras.

—Vamos Jacob, se você fizer mais vinte, eu te pago um sorvete.

A resposta de Jacob foi uma língua fora da boca que ele mostrou a Hyoga, fazendo o Cavaleiro dar uma bela gargalhada. Era o esperado.

—Então que tal uma grande e bela caneca de chocolate?

—(suspiro) Bem quentinho?

—(risos) Bem quentinho!

Jacob se ergueu e continuou a fazer seu exercício, enquanto Hyoga assistia; ainda fora bonzinho o deixara de casaco, seu mestre o forçaria a ficar só de calça e com as mãos no gelo até terminar o exercício. Um cavaleiro de gelo que não aguenta o frio??? Que piada de mal gosto.

Distraído com seus pensamentos e de guarda baixa ele demorou a perceber, quando sentiu um cosmo bem familiar se aproximando; quando se deu conta, ele já havia chegado praticamente ao seu lado.

—Bom dia Milo. – falou Hyoga, bastante surpreso. –Á que devo a honra da presença ilustre de um Cavaleiro de Ouro?

Milo não disse nada, só observando ao redor. Hyoga sentiu uma emanação cósmica agressiva dele. Aquilo o fazia suar frio de nervoso então continuou falando.

—Sabe não é comum, um Cavaleiro do Fogo aparecer por estas bandas... veio trazer um recado do Santuário? - perguntou observando o papel que Milo trazia em mãos - Esse não é um serviço comum a Cavaleiros de Ouro.
Milo não falou. Ficou observando a distância que a vila estava, os arredores e olhou para Jacob que agora estava estupefado com o mesmo. A armadura de Milo reluzia à pouca luz do sol, como se atraísse os raios pra ela. Era bonito de se ver, mas Hyoga não via nada daquilo. Milo estava calado e ele era o maior tagarela do Zodíaco, o que só podia ser más notícias.

—Bom dia...sim é mais ou menos isso. Sabe Hyoga eu realmente queria saber uma coisa.

—?

—Por que você não consegue parar de chorar pela sua falecida mãe. Cara já faz nove anos será possível que suas lágrimas não secaram ainda?

Hyoga inspirou rápido, profundamente ofendido. Quase disse uma resposta bem grosseira, mas, como Jacob ainda era uma criança se conteve. Desceu da rocha e fez sua melhor expressão impassível.

—Sei que muitos Cavaleiros não conhecem suas famílias, mas, eles deveriam respeitar os que a conheceram e a perderam, não acha Milo? – antes que Milo pudesse responder, Hyoga continuou – a sua falta de tato é engraçada levando em conta que você perdeu uma irmã há cerca de dois anos, e eu também SEI que você ainda chora, e sente falta dela. Então se não for incômodo te pedir que respeite meus sentimentos de perca...

— É diferente. -retrucou Milo- Eu sinto muita falta da minha irmã, mas não fico pregado no túmulo dela chorando como se a vida não continuasse. Ficar fazendo isso te torna um fraco, um Cavaleiro sem forças pra luta. Alguém fraco assim não passa de um bebê chorão, que nunca vai evoluir como Cavaleiro e muito menos como guerreiro e nem mesmo como pessoa.

Hyoga olhou bem dentro dos olhos de Milo. Parecia até que tinha ido até ali só pra comprar briga. Bom ele havia conseguido que Hyoga a vendesse...

— Jacob vá embora daqui agora. Depois você termina a série, agora eu tenho umas contas a acertar com esse meu “superior”.

Os olhos de Jacob brilharam.

—Vocês vão brigar?? Cara isso vais ser muito show!! Ah vai Hyoga me deixaeu assistir, por favor, não me manda ir embora agora!!!

Milo deu uma gargalhada.

—Então esse é o garoto que Camus me disse que você esta treinando? Ele manda em você ou você manda nele?? Sim por que não estou entendendo nada. Como é que o seu pupilo se recusa a te obedecer, e você não diz nada?

 Aquela situação estava começando a irritar Hyoga de verdade. Ele não estava gostando das atitudes de Milo e nem da recusa de Jacob, mas era o cosmo agressivo e assassino que o Escorpião estava emanando que o estava preocupando. Jacob nãos sabia perceber a energia de outro ou sairia correndo pra não voltar. A energia de Milo era quente e massacrante. Foi por ambos hesitarem que  Milo voltou-se para Jacob e estendeu sua mão como se fosse disparar algo, avisando:

—Se quiser eu te livro desse insubmisso.

—SAÍ JÁ DAÍ JACOB!!

Foi num piscar de olhos do pequeno Jacob que tudo aconteceu. Só o que ele conseguiu ver Foi Hyoga o carregando nos braços pra longe de uma chuva de pedras de gelo que saíam voando do chão, graças ao impacto do golpe do Cavaleiro de Escorpião. “Aquele golpe que não continha nem 1% da força de Milo conseguiu abrir uma cratera de três metros no gelo eterno!” pensou Jacob. Olhou para Hyoga; a expressão no rosto dele era de assassino. Hyoga olhou bem para Jacob.

—Agora você vai? 

—S-sim.

Ele nem precisava dar a ordem. O Menino se afastou lentamente com as pernas tremendo, mas não demorou a se recuperar do susto e disparou na carreira. Hyoga virou-se para Milo

—Com que direito você ataca o meu pupilo? Se ele obedece, ou desobedece é um problema só meu, mas se você tentar matá-lo de novo EU é que vou ter que te matar.

—Pois é melhor você ficar sabendo que depois de terminar com você minhas ordens são para eliminar o garoto também.

Hyoga suspirou.

—Então pra garantir minha segurança e a de meu pupilo eu vou ter que te matar não é isso?

—Exatamente.

—Então que seja.

Não deu nem tempo de Milo se esquivar. Hyoga atacou com tudo. Socos, golpes, chutes, só se conseguia ver as ondas de choque criadas pelos impactos dos golpes dos dois, até que Milo abriu distância entre eles dando um soco certeiro de direita fazendo o Cisne recuar. Nessa rápida pausa Milo fez questão de falar:

— Camus havia me alertado, mas você está muito mais rápido que naquela época em que lutamos.

— É, mais ele não me disse que você havia ficado mais lento!

 Os olhos de Milo faiscaram de ódio.

— Vamos parar com esse joginho. AGULHA ESCARLATE!!

Hyoga revidou ao mesmo tempo.

—PÓ DE DIAMANTE!!!!

 Como se imagina Hyoga foi atingido em cheio por cinco das treze agulhas disparadas por Milo, mas Milo também saiu mal: foi atingido pelo golpe de Hyoga em cheio, mas o golpe só atingiu a armadura de Milo. Seu corpo por baixo da armadura estava intacto, as seqüelas não foram nada em comparação as de Hyoga que havia começado a lutar sem armadura, e nesses poucos minutos de batalha ele já estava com vários hematomas e muitos ferimentos que tingiam o gelo azul abaixo dos seus pés de vermelho-sangue.

—Touché... - disse Milo rindo, avaliando os estragos na sua armadura- mas o meu corte em você foi mais profundo não é Cisne?

Hyoga estava sem forças pra falar. O veneno agia rápido demais. Hyoga já estava vendo tudo em dobro.

—Você não vai vestir a sua armadura?

A resposta foi um soco de gelo, que Milo conseguiu desviar facilmente. Prendeu-lhe o braço apenas para disparar mais três golpes em Hyoga. Com oito golpes ou o cara caía em coma tamanha à dor ou os furos começavam a despejar sangue. Hyoga já conhecia o golpe e mesmo que ele não fizesse o mesmo efeito doída sempre. Ele apertou um ponto vital no seu tórax, antes que seu sangue caísse mais. “Antes sangue envenenado nas minhas veias me fazendo sentir dor do que ele fora do meu corpo me fazendo morrer aos poucos”, pensou. Olhou bem para um ponto da armadura de Milo, estava rachado do frio mas ainda não quebrara. Sentiu que podia vencer. Ele PRECISAVA vencer. Colocou-se na postura de disparar o golpe decisivo. Milo apenas esperou; como era muito mais fácil atacar um inimigo quando ele baixa a guarda, era isso que Milo iria fazer. Ficou surpreso ao ver à postura do golpe de Hyoga. “Então ele vai vir com tudo?”, pensou Milo. “Estou esperando.”

—EXECUÇÃO AURORA!!!!!                                                                                                                 

—AGULHA ESCARLATE!!!!

 Milo acaba voando pelos ares e caindo no chão um pouco distante de onde estavam lutando. Ergue-se rápido só pra ver que sua armadura não foi o suficiente para proteger seu corpo Mal se deu conta que Hyoga se aproximou para dar um golpe que rachou a lateral esquerda da sua armadura quase toda e em seguida o peitoral da armadura explodira do frio e seu tórax estava enregelando deixando-o fraco e talvez até matasse de hipotermia se ele não se livrasse logo daquilo. O golpe o paralizara, Hyoga teve mira certa pra acertar no coração mas dera um soco no estômago. Mas não foi um golpe fatal, o que deixou o muito surpreso. Milo caiu de joelhos e em seguida de lado emborcado. Vendo Hyoga recuar não resistiu e perguntou:

—Por que você não me matou? Você me tinha em suas mãos então por que você não acabou comigo?

—Pelo mesmo motivo que você não lutou a sério comigo. Eu não quero te matar independente das suas ameaças. Eu te considero um amigo, embora você não esteja agindo como um. É melhor você esclarecer porque está me atacando, ou vou levar a sério e acertar o golpe pra matar.

 Milo suspirou. Era essa a racionalidade que esperaria de um pupilo de Camus.

—Eu recebi ordens diretamente de Atena para matar você aqui, ou qualquer Cavaleiro de Bronze que pise no Santuário. Não importa o que nós pensemos, recebemos nossas ordens e temos que as cumprir, independente de querermos ou não. Eu tentei renegar a missão, mas o que consegui foi ser castigado. -e mostrou as marcas do golpe de Atena, coisa bem recente. - Mas te atacar foi contra a minha promessa de que iria tomar conta de você caso algo acontecesse a Camus. Mesmo depois de ambos termos voltado essa promessa continua de pé. Mas eu tinha que obedecer às ordens de Atena.

—Eu entendi. Mas por que Atena passou estas ordens?

—Sei lá. Ela deu a desculpa de que era por que não queria que vocês se ferissem em batalha e blá, blá, blá. Mas eu não acredito que seja isso. Nem eu e nem ninguém. Todos sabem que está acontecendo algo grande, mas não sabemos o quê. Mas acho melhor você não voltar até lá; a ordem continua independente de você estar sabendo/gostando disso ou não.

Hyoga sentou-se. Milo não reagiria mais. Ele vencera aquela disputa. Colocou a mão no peito. Sabia que não era propriamente veneno e sim a energia do cosmo de Milo que entranhada nas suas veias causava dor no seu corpo, mas de todo jeito aquilo o mataria, já estava sentindo taquicardia e só tinha mais alguns minutos antes de desmaiar e quiçá morrer.

—...tudo bem. Mas ainda assim eu vou procurar saber o que está acontecendo com ela, não aqui, mas no Japão. Parto daqui a alguns dias. O que eu conseguir saber te informo. Mas... como é que você fica?

Milo riu. Sabia que uma hora o Cisne se daria conta, só não achou que ele fosse lhe perguntar.

—Eu dou um jeito. Já fui castigado antes, então duas vezes não vai fazer diferença. E se você tiver como descobrir o que está acontecendo com ela, então eu vou te proteger, não só de Atena, mas dos outros que vierem.

Hyoga apenas sorri com esta ultima frase do seu amigo. Milo se despede, e Hyoga fica, observando ele partir, pensando no que estava acontecendo, e que iria precisar de muitos remédios e soro antipeçonha de Escorpião, mas ficou com ele mais do que cortes: uma sensação de que muita água ia rolar antes que ele descobrisse o que estava acontecendo passou pela cabeça de Hyoga.

 Antes que Hyoga tivesse tempo pra raciocinar um pouco melhor Milo, já de longe arremessou um frasquinho pra ele. Hyoga sorriu ao reconhecer o frasco; ele já conhecia bem o conteúdo.

Era soro antiescopiano.


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Notas finais do capítulo

Acho que o ritmo vai ser esse mesmo meio louco de uma postagem aqui, outra ali e depois várias.
Melhor que nada?
Se gostou segue ai e deixa um comment.



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