Através do Tempo escrita por Biax


Capítulo 20
10.2


Notas iniciais do capítulo

HOJE É DIA DE QUÊ? ISSO MESMO TUTS TUTS TUTS QUERO VÊ!

Agora o negócio fica tenso! Se preparem xD Vão descobrir o que aconteceu com a Rebeca... ou a Amice!

Boa leitura!



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Rebeca viu aquela mesma cena através de seus próprios olhos. Ver Aloys pequeno era algo estranho, e ao mesmo tempo, emocionante. Na verdade, era tudo emocionante. Rebeca viu a convivência e o crescimento dos dois. O laço entre eles era intenso.

Talvez isso explicasse o sentimento tão forte que tinha por ele.

E ela entendeu um pouco aquela vontade estranha de proteger Aloys. Amice o protegia de tudo o que podia, e fazia tudo o que estava ao seu alcance para ele estar sempre bem.

Inclusive, o curando da peste negra. Como ela via o que Amice via, sentiu-se perdida quando viu o estado em que Aloys estava, com manchas pelo corpo, pele e lábios pálidos. Ele parecia extremamente frágil e fraco, e isso cortava o seu coração.

Ele estava sentado no desenho que ela tinha feito no chão. Rebeca "leu" o livro, mas sem entender nada. Apenas Amice entendia aquelas palavras estranhas.

Logo, Aloys estava desmaiado no chão.

Amice fungava enquanto o puxava de volta para a cama, respirando fundo para conter mais lágrimas.

Ele está bem. Ele está bem. Ele está bem. Ele está bem.

Ela sabia que ele ficaria bem, mas ainda tinha medo de que ele...

Outra cena apareceu.

Rebeca olhou ao redor. Amice e Aloys estavam pegando galhos próximo da casa, mas ela havia parado. Olhou para trás e viu uma mulher os observando. Era uma vizinha. Rebeca viu as informações sobre ela... O marido e dois dos quatro filhos haviam morrido de peste negra.

Ela os olhava desconfiada, então andou até eles.

— Você não estava doente, Aloys? — perguntou com certa petulância.

— Sim, ele estava. — Amice falou com tom autoritário. — Ele estava com um resfriado forte.

— Resfriado? — Seu tom era sarcástico. — Eu o vi há uns três dia, e não parecia resfriado.

— Como você o viu? Ele não saiu de casa... Quer dizer que você fica bisbilhotando a casa dos outros? Você não tem o que fazer? Por que não vai cuidar dos filhos que te sobraram? Antes que fiquem doentes também... — Parou quando sentiu Aloys segurando seu braço.

A mulher ficou vermelha de raiva e se afastou.

— Cuidado com o que você fala. — Aloys disse baixo.

— Fofoqueira. — Voltou a pegar galhos do chão.

De repente, Rebeca se viu em uma vila, parecida com aquela que estava quando viu Aloys quando criança. Aloys estava ao seu lado, e os dois andavam para algum lugar. Ambos com uma sensação ruim.

Conforme passavam, sentiam olhares de diversas pessoas sobre eles. Alguns pareciam com raiva, outros com nojo, outros com medo.

— Todos estão nos olhando feio. — Aloys sussurrou. — Acho melhor voltarmos...

— Está com medo? — Amice riu dele. — Sabe que eles não têm provas de nada.

— Como se isso os impedisse de julgar alguém.

Amice não se sentia intimidada, mas Aloys estava com medo, então decidiram voltar por outro caminho, que igualmente levaram olhares feios. Ao piscar, estava de noite. Aloys estava em pé ao lado da cama, com uma mão no ombro de Amice.

— O que foi, Aloys? — perguntou sonolenta.

— Não está ouvindo? — Sua voz estava trêmula.

— Ouvindo o quê? — Sentou-se.

A princípio, havia apenas silêncio, mas no fundo, haviam barulhos estranhos bem ao longe.

— Ouviu?

— Sim. O que é isso?

— Não sei, mas não estou com uma boa sensação.

Ao ouvir aquilo, Amice sentiu-se gelada, como se aquela frase significasse algo importante. Levantou rapidamente e foi até a janela e a abriu, olhando para a escuridão da noite. Não havia nada de diferente, mas aquele barulho continuava.

— O que você acha que é? — Aloys perguntou ficando ao lado dela.

— Não sei. Mas deve ser um bando de pássaros ou outros tipos de animais. — Fechou a janela, tentando acalmar seus instintos. — Volte a dormir.

— Não consigo... Ainda nem preguei os olhos.

— Está tarde, Aloys. Temos muito trabalho para fazer amanhã. — Voltou à cama, deitando e fechando os olhos.

Pareceu que ela havia pego no sono, mas logo em seguida acordou devido a um barulho alto. No escuro, mal conseguia ver Aloys deitado ao seu lado, mas tateou e achou seu ombro. O balançou.

— Aloys, acorda.

— O quê? — Se virou.

— Eu escutei algo. — Seu coração começou a acelerar.

Aloys levantou e andou até a janela, a abrindo um pouco, mas logo a fechou. Seu olhar de pânico assustou Amice. — A-a vila toda está andando até aqui.

Rebeca sentiu Amice arregalando os olhos, sentindo uma corrente de medo e adrenalina passando pelo corpo. Levantou e também olhou pela janela.

— Acha que eles estão vindo atrás de nós? — perguntou ao olhar.

Muitas pessoas estavam andando pela rua, segurando tochas e diversos tipos de barras de ferro.

— N-não acho impossível. — Sua voz mal era audível.

Ouviram alguns barulhos. Parecia que coisas tinham caído no telhado de madeira, e logo eles começaram a sentir cheiro de fumaça. Rapidamente, chamas começaram a comer as vigas de madeira.

Aloys segurou o braço de Amice, a puxando. — Temos que sair daqui!

— Espera! — Amice empurrou a cama, tirando uma tábua de madeira do chão. Colocou a mão dentro do buraco e tirou um livro de lá.

Os dois correram para fora ao som de gritos de fúria se aproximando. Correram em direção à floresta, em pânico.

Não, não é possível. Isso não pode estar acontecendo.

Rebeca sentiu o desespero de Amice. Ela mais temia pela vida de Aloys do que a própria. Ela não podia deixar que eles o pegassem.

O caminho até a floresta não parecia ser tão longo assim, mas parecia que eles nunca chegavam. Já estavam sem fôlego quando atravessaram a primeira árvore, e continuaram a correr com todas as forças que tinham.

Enquanto corriam, Amice começou a sussurrar palavras sem sentido, igual quando estava curando Aloys. Enquanto falava, segurava o livro com força contra seu peito. E depois de alguns segundos, sentiu que sua invocação tinha funcionado.

Por um breve momento, Rebeca sentiu aquela sensação de segurança que o Guardião a fazia sentir, então soube que ele já estava ali, em algum lugar.

Mais alguns passos depois, Amice se jogou no chão, colocando o livro na grama e o abrindo, procurando algo.

— O que você está fazendo?! — Aloys gritou, desesperado.

— Cale a boca!

Amice achou o que queria e começou a ler o texto com a voz baixa, sentindo sua garganta apertar e as lágrimas começando a escorrer de seus olhos, pingando nas páginas do livro.

Tentou se concentrar, devido ao barulho que só se aproximava. Enquanto lia, pensava em Aloys o tempo inteiro.

— Amice... — Aloys chamou, com voz transbordando pânico.

Quando os gritos pareciam estar ao lado deles, Amice levantou, pegando o livro e segurou a mão de Aloys, voltando a correr.

Eles haviam recuperado o fôlego devido a rápida parada, então conseguiram correr mais rápido, deixando as pessoas furiosas para trás.

Rebeca sentia muito bem a mão de Aloys apertando a de Amice, mas aos poucos, começou a deixar de senti-la. Ela estranhou, mas Amice em nenhum momento olhou para o lado para saber o que estava acontecendo.

No fundo, Rebeca sabia. Aloys estava sendo transportado para outro lugar.

Uma frase em particular se fixou na mente dela.

"Que Aloys vá para um lugar onde eu possa cuidar dele devidamente, sem sustos, sem medos, sem preocupações."

Amice sentiu algo se apertando dentro dela, que a fez perder o fôlego, enquanto mais lágrimas molhavam seu rosto. Ela parou de correr, sentindo dores. Mesmo sem ver, Rebeca sabia que Aloys não estava mais ali.

Tentando respirar, Amice olhou para cima, e se deparou com a árvore que costumava subir para alimentar filhotes de coruja. Tendo uma ideia, começou a escalar a árvore. Chegou ao topo, e colocou a mão dentro da toca, vendo que estava vazia. Deixou o livro ali.

Cuide bem dele. Obrigada.

Desceu e voltou a correr, mesmo ainda sentindo dor. Pouco depois, se deparou com um lago.

Ela não sabia nadar, mas ia tentar escapar mesmo assim. Ela precisava encontrar Aloys.

A água estava congelante. Amice mal conseguia mover suas pernas para o fundo, mas se esforçava para fazê-lo. Tremendo, conseguiu chegar até onde o nível da água chegava em seu pescoço, e começou a tentar nadar, como Aloys sempre tentava lhe dizer.

Se movia para frente, balançando as pernas e braços, mas parecia que mal saía do lugar. Ela já se sentia exausta. Mesmo movendo seus membros, começou a afundar e o ar escapava de seus pulmões.

Por um momento, achou que morreria afogada, mas sentiu alguém a puxando para fora. Pessoas a puxando. Pelos punhos e cabelos. Enquanto tossia, ouviu os gritos.

— Bruxa! — Muitos gritavam em uníssono.

Rebeca sentiu muitas dores ao mesmo tempo. A dor em seu interior, seus punhos e braços sendo apertados, seus cabelos sendo puxados e o vento frio batendo em suas roupas molhadas.

As pessoas as puxavam para a multidão. Logo sentiu seus punhos sendo presos por algemas de ferro com correntes e sendo puxada com força.

Eles passaram entre o espaço que as pessoas fizeram. Amice estava andando em uma passarela de ódio, enquanto jogavam coisas nela.

A multidão os seguiu para o centro.

Eram muitas sensações ruins ao mesmo tempo, mas o que a confortava era saber que Aloys estava seguro em algum lugar.

Quando chegaram ao centro, muitas pessoas já estava lá, esperando. Amice reconheceu o padre, no centro da praça em frente a uma pilha de galhos e pedaços de madeira.

A colocaram na frente dele, e todos ficaram em silêncio.

O padre deu um discurso sobre bruxaria e Deus, comentou sobre as acusações, sobre Aloys e questionou se ela realmente o havia curado.

A tensão naquele lugar era surpreendente. Todos estavam a encarando, esperando por sua resposta.

Ela afirmou, sentindo mais lágrimas escorreram por suas bochechas.

— BRUXA! QUEIMEM! — Muitos gritavam. — AMANTE DO DIABO!

Rebeca não viu mais nada, pois Amice havia fechado os olhos. Além das dores, sentiu mãos em sua volta, tirando as correntes e as substituindo por cordas. A empurraram, e ela foi amarrada a um pedaço comprido de madeira, e em pouco tempo, sentiu a sendo levantada com ela.

Abriu os olhos. A multidão estava comemorando. Muitos sorriam, outro ainda estavam gritando xingamentos. O olhar de Amice foi parar em alguém.

Margareth.

Ela estava com as mãos na boca, olhando horrorizada para a amiga. Seu rosto estava completamente molhado e sua feição demonstrava sofrimento.

Amice deu um pequeno sorriso a ela, enquanto deixava de ouvir todo aquele barulho.

Parecia que seus ouvidos tinham sido tampados. O som estava abafado e baixo, então conseguiu se concentrar.

Fechou os olhos novamente, pensando nos diversos momentos que teve com Aloys, imaginando como ele estaria e quando o encontraria novamente.

Eu vou encontrá-lo, Aloys. Espere por mim.

O cansaço era tanto que mal percebeu que estava caindo na inconsciência. Ela apenas sentia um pequeno calor, que logo deixou de sentir.

As chamas a queimaram enquanto uma última lágrima escorria por seu rosto.


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Notas finais do capítulo

Tenho nem palavras...

O que acharam? Tenso, hein? Como acham que o Aloys vai reagir com essa descoberta?
Quero comentáriosss!

Obrigada por tudo, a até o próximo! o/



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