Através do Tempo escrita por Biax


Capítulo 15
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Notas iniciais do capítulo

OLÁ MEU POVO! O que eu estou fazendo aqui? Nem eu sei, eu poderia estar deitada debaixo das cobertas, mas quis fazer uma surpresinha para vocês :D (eu não me aguento -q)

Boa leitura!



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Rebeca permaneceu sentada de pernas cruzadas durante muito tempo. Um tempo incontável. Ela tinha parado de chorar, mas depois voltou. Parou de novo, e chorou de novo. Pelo menos umas cinco vezes.

Já devia ter passado da meia noite. Rebeca não queria pegar seu celular na mochila. Não queria se mexer um centímetro de onde estava, não queria perder nada.

A essa altura, Maria já estava de olhos fechados. Não estava mais com cara de assustada, o que deixava Rebeca menos temerosa.

O tempo parecia que não passava. Não tinha como ver o céu, o que dificultava ainda mais a percepção do tempo, e nenhum dos dois se mexia. Apenas respiravam tranquilamente.

Rebeca dobrou as pernas, de modo que seus joelhos ficassem na altura do queixo. Abraçou as pernas e apoiou a cabeça nos braços, fechando os olhos. Aquele silêncio só ajudava a trazer o cansaço e sono para mais perto.

Mais algumas lágrimas escaparam antes de adormecer. E acordar sobressaltada.

Olhou ao redor, mas estava tudo igual. Aloys e Maria não haviam se mexido um milímetro sequer. Ela não sabia se havia se passado muito ou pouco tempo. Só sabia que sua bunda estava doendo de ter ficado naquela posição por tanto tempo. Cruzou as pernas de novo.

Os dois não deram sinal. E se tivessem morrido?

— Não... por favor — sussurrou baixinho, chorando de novo. — Por favor, voltem logo.

— Beca...?

Automaticamente, Rebeca inclinou o corpo para a direita, onde Maria estava. — Maria? — Ela piscou várias vezes, olhando ao redor. — Você está bem?

— Beca — cochichou. A olhou, arregalando os olhos. Sentou-se. — Beca.

— O que foi?! Não me assuste mais do que eu já estou assustada! Fala logo! — Segurou os ombros dela.

— Você não tem noção — falou como se nem ela acreditasse no que dizia. — Você não tem ideia...

— Do que?

— O livro... Aloys estava lá também.

— Lá onde?

— Eu não sei explicar.

Rebeca olhou para Aloys, depois para o livro. Queria muito saber o que Aloys estava fazendo. Levantou a mão, mas Maria a pegou.

— Não. Você não pode pegar o livro.

— Por que não? — A olhou. — O que Aloys estava fazendo lá?

— Ele me salvou do... Do... Eu não sei o que era aquilo.

— Te salvou? Como?

— Não sei exatamente. Ele conversou com aquele... Ser. Ele... Ele não tinha corpo, só tinha metade do rosto. Mesmo não tendo mãos, eu senti que ele me pegou. Parecia uma mão gigante. Aqueles meninos estavam lá também. De hoje de tarde, os que desmaiaram, lembra? Eles estavam presos lá.

— Presos?

— É, a alma deles... Foi tudo tão rápido. Eu... Não consigo me lembrar de tudo.

— Rápido? Onde foi rápido? Eu fiquei um milhão de anos aqui esperando. Eu nem sei que horas são!

Ela olhou para os lados. — Eu juro, foi bem rápido.

Sentindo-se mais segura, Rebeca levantou. Tirou o celular da mochila e viu a hora. Eram duas e cinco da manhã e mostrou para Maria.

— Não é possível. Como pode? Eu juro que...

— Tudo bem, Maria, eu não sei mais o que é verdade e o que não é. — Suspirou. — Eu só quero que o Aloys acorde logo... Você sabe quando ele vai acordar?

— Não, nem imagino. Eu me lembro de ter ouvido ele pedindo para me soltar, e falar de você.

— O que ele falou de mim?

— Não sei, acho que ele falou algo sobre sua memória. Depois eu acordei... — Olhou assustada para o lado.

— Maria? — Sentiu algo pegando seu braço, e antes que gritasse, virou e viu que era Aloys. Ele estava de olhos fechados, mas estava sentado, segurando o braço dela. — Aloys?

Ele não se mexeu.

Rebeca segurou seu ombro. — Aloys? Fala comigo...

Aos poucos, as pálpebras dele levantaram. Quando seus olhos se abriram, percebeu Rebeca e parecia não acreditar no que via, mas parecia aliviado.

— Eu... eu consegui.

— Você voltou. — Rebeca sorriu e pulou em seu pescoço, o abraçando. — Você acordou!

Aloys sorriu e abraçou Rebeca de volta, mas depois a afastou, a olhando seriamente. — Ele quer falar com você.

— Quem?

— O Guardião.

— Guardião?

— Ele é o guardião do livro. Você o invocou para cuidar do livro para que ninguém com más intenções o usasse. Ele quer falar com você, melhor não o deixar esperando.

— Mas... como vou falar com ele? Eu não lembro de nada, esqueceu? Como eu...

— Eu sei. — Aloys a cortou. — Eu contei a ele, mas quer falar com você mesmo assim.

Rebeca olhou para o livro no colo de Aloys, sem saber o que fazer.

Aloys pegou o livro e o deixou de lado. — Deita aqui. — Cruzou as pernas.

Mesmo começando a tremer, Rebeca deitou, deixando sua cabeça nas pernas de Aloys.

— Não se preocupe, você vai voltar. — Pegou o livro. — Não se esqueça. Foi você que o invocou, mesmo que não se lembre. Não tem motivos para ter medo dele. Entendeu? — Ela balançou a cabeça. — Respire fundo. — Devagar, colocou o livro sobre o peito dela. — Segure o livro.

Rebeca suspirou, e abraçou o livro, fechando os olhos.

Nada aconteceu.

Até que sentiu seu corpo desencostando do chão. Parecia que estava flutuando no ar.

Tudo era silêncio. Um silêncio ensurdecedor.

— Abra os olhos. — Uma voz grave falou, calmamente.

Mesmo tendo perdido um pouco a noção de seu corpo, Rebeca sentiu como se os pelos de seus braços tivessem se arrepiado. Então, abriu os olhos.

E era como se eles continuassem fechados. Era tudo escuro.

Ela piscou, mas não fez diferença.

Um pontinho brilhante surgiu, e lentamente, a luz dele foi aumentando, como se tivessem ligado um interruptor e demorasse até a energia chegar em todas as lâmpadas.

Vários pontinhos foram ascendendo, e quando Rebeca percebeu, viu que ali parecia o espaço. Todos aqueles pontinhos eram estrelas.

Olhou ao redor, percebendo que era tudo igual. Ela estava literalmente flutuando, parada.

— Estou aqui. — A voz falou.

Rebeca virou de volta. Não muito distante, havia aparecido uma galáxia. Pareciam nuvens coloridas, meio misturadas. Havia roxo, rosa, verde-água, azul...

Outras galáxias surgiram, de várias cores diferentes.

Um ponto em específico surgiu. E aumentava. Na verdade, ele se aproximava cada vez mais. Os olhos de Rebeca não conseguiam deixar de olhar para aquele ponto.

Quando se aproximou o suficiente, ela viu que parecia uma máscara branca. Da testa até o nariz. Nada mais que isso.

A máscara flutuava, e se aproximou, ficando no mesmo nível dos olhos de Rebeca.

— Espero que tenha gostado. — Uma mão branca, parecendo usar luva surgiu do nada, fazendo um gesto para a paisagem. — Quis ser cuidadoso com sua chegada, então preparei esta visão.

— Hmm... Obrigada. — Soou mais como uma pergunta.

— Peço desculpas por seus amigos, não foi intenção fazer mal a eles, mas, sabe como é. Preciso defender este livro, é o meu trabalho — disse gentilmente.

— Ah... tudo bem.

Se aproximou, parecendo analisar Rebeca. — É, você está um tanto diferente daquela época. Tanto tempo se passou... mas até que não está tão diferente.

Rebeca achava que deveria sentir medo. Mas não, estava relaxando um pouco. — Aloys disse que... eu o invoquei.

— Está correto — disse pensativo.

— ...

— É muito curioso o que aconteceu. Você é a mesma, mas também não é.

— Eu não entendo.

— Não há problema. Eu também não.

— Não entende? Mas... espera, por que queria falar comigo?

— Queria ter certeza que era você. Ou eu iria atrás daqueles dois rapazes que seu aprendiz me pediu para soltar.

— Meu aprendiz...?

— Aloys. Ah, sim, ele não é mais seu aprendiz, é claro. É uma pena que não possua acesso as suas memórias... Mas tudo está bem.

— Você não tem olhos?

— Meus olhos? Aqui. — A mão surgiu novamente, apontando para os buracos da máscara onde eram os olhos. Mas nada havia ali.

As galáxias coloridas apagaram, deixando apenas as estrelas. A máscara ficou na frente do rosto de Rebeca, e ela pôde ver, que dentro dos olhos, haviam outras galáxias.

— O que você é?

— Eu? Uma entidade, um espírito, uma coisa. Como queira me chamar. Não tenho um nome. Para você, nesta vida, sou apenas um guardião... Bom, pode ir agora, não irei atrás daqueles dois desde que eles não toquem mais neste lugar.

— Mas o que eles fizeram?

— Tentaram algo contra o meu lugar. Este museu é minha casa agora. Ninguém com más intenções pode tocar neste lugar ou no livro. E não se preocupe, se um de seus amigos tocarem no livro, nada acontecerá.

— Eu... eu ainda tenho tantas perguntas. Não pode me levar de volta agora.

— Não sou eu que devo responder suas perguntas ou dúvidas. Não sou alguém que saiba das suas vidas. Sou apenas alguém cujo favor você me pediu.

Rebeca estava se sentindo tão bem ali. Aquele... ser a fazia se sentir segura. Ela queria continuar ali.

— Mas...

— Nada de "mas". — Parecia que a máscara tinha sorrido. — Vá, agora. O livro está seguro e permanecerá seguro até o último dia que ele existir.

Lentamente, Rebeca começou a sentir-se sonolenta. Mas conseguiu falar antes que apagasse.

— Obrigada... então.


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Notas finais do capítulo

GUARDIÃO MELHOR PERSONAGEM EVER. Sério, eu gosto muito dele!

O que acharam? Imaginavam que isso ia acontecer? Rááá ~~
Quero saber o que vocês estão achando!

Até o próximo!



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