—Pra onde você vai? –Perguntou tentando esconder a irritação, mas claro que falhou miseravelmente.
Aquela garota era mesmo muito irritante.
—Quem disse que isso é da sua conta? –Ela brincou, ele não gostou nada daquilo.
—Esse vestido é feio. –Resmungou.
O vestido era lindo... mas era meio curto, e era muito transparente. Não gostava que outros vissem as formas dela, mesmo que esse fosse basicamente metade do seu trabalho como girl idol.
—Bom, é o preferido da pessoa com quem vou me encontrar.- Hani apenas revidou, arrumando os seios dentro da roupa.
Ele nunca pensaria que sua colega de trabalho, que a principio tinha achado tão mais uma nugu do kpop, lhe faria sentir tão mal... Ele que tinha descaso por ela, não o contrario... isso era cruel.
—E quem é essa pessoa?
Hani o ignorou passando um batom vermelho em seus belos lábios...
Heechul amava aqueles lábios.
—Você não sabe nem passar batom. –Reclamou, se lembrando de um episodio de weekly idol que greveram juntos como MCs, primeira vez onde ele viu aquela boca num tom tão sensual...
—Como?
—Ficaria muito mais bonita sem. - E não era mentira... Gostava tanto de sua Hani moleca...
—Hn...-Ela resmungou ignorando e começou a passar lápis de olho e rímel, destacando ainda mais os belos olhos... e tudo o que Heechul queria saber, era quando ele se tornou tão "qualquer coisa" para ela... em pensar que ela já havia sido sua fã nos tempos de escola...
—Não tá muito cedo para uma maquiagem tão forte?- Reclamou, sabia que parecia mais um amigo gay, mas não seria hoje que ia parar de reclamar das escolhas da amiga... ou não tão amiga.
—Quer que eu use aquele perfume que você gosta? –A menina perguntou ignorando totalmente o moreno, ele soltou um muxoxo mas respondeu:
—Tanto faz.
Queria dizer que não, afinal... só ele deveria ter o direito de sentir aquele cheiro.
—Oppa, o que está fazendo aqui? –Ela perguntou após alguns minutos onde ambos passaram em silencio, ela procurando os sapatos, e ele a observando.
—Você não se despediu. –Reclamou, se referindo a algumas semanas atrás, quando dormiram juntos, e não de um modo inocente... Na verdade tinha sido de um modo que ele nunca poderia esquecer, um sonho secreto que ele nunca pensou que poderia mesmo se realizar. Mas, ao acordar, ela não estava mais na cama.
Ele sabia que gostava demais de Hani, demais para ter algo curto, demais para um namoro, e demais para deixar ela sair de sua vida... Em seus olhos ela era uma menina para casar, ele tinha dito isso em uma entrevista, e em frente a todos os seus membros. Ele a admirava muito, e o carinho que sentia por ela... Era tão grande quanto de um pai para uma filha, pelo menos quanto ao cuidado que ela lhe inspirava. Agora aquela noite tinha mudado essa visão, aquela noite poderia ter estragado tudo entre eles... E estragaria. Porque ele não se imaginava mais como um amigo divertido que a faria rir em encontros breves entre shows de televisão e backstages de apresentações musicais.
—Era uma relação de só uma noite, o que esperava? –Falou revirando os olhos, ele era tão hipócrita! Afinal, sabia muito bem que ele era exatamente do modo que ela foi, e com todas as outras garotas com quem saia.
—Gosto de acordar ao lado das mulheres com quem eu dormi. –Explicou.
—Mentira. Você gosta de ser você quem as deixa pela manha. –Rebateu.
Hn... odiava o fato daquela garota ser tão espertinha.
—Quer carona? –Perguntou, afinal, essa seria a única maneira de descobrir para onde ela ia.
—Não... Valeu, mas é longe, não quero incomodar. –Falou colocando os brincos de rosas cobreadas.
—Hun... me fale a rua, talvez seja caminho.
—Heechul... porque está aqui, ainda. –Perguntou com um sorriso zombeteiro.
—E o Oppa?
—Certo, porque ainda está aqui oppa?
—Já disse, você não se despediu.
—Supere, eu não me despedi, mas o oppa não vai transar comigo essa noite, já disse que não quero. –Avisou.
—Tudo bem, só quero dormir e acordar com você.
—Fez isso na noite passada, já pode ir agora.
—Não quero. –explicou simplesmente, não se importava se essa já era a segunda ou terceira noite que tinha se decidido a dormir, e apenas dormir com ela. Ele não se importava com que ela praticamente o visse como uma unnie, apenas não ia deixar que ela se afastasse de novo.
—Bom... tenho que ir. –Ela repetiu e pegou sua bolsa, saindo do quarto.
—Eu te levo. –Ofereceu.
Hani sorriu.
—Se insiste...
.
.
.
Sim ele a perseguiu, e sim, não gostou do fato da companhia dela ser um homem e sim, quase quis mata-lo quando ele a beijou.
Mas... sim, ele foi no apartamento dela naquela noite de novo, e de novo, e foi na noite seguinte, e na seguinte da seguinte, e na depois dessa.
Até que logo já fazia parte da vida dela, da sua rotina, já fazia compras de mercado com ela, a levava para o trabalho e depois ia para o seu próprio, do outro lado da cidade. Tomavam sorvetes juntos na praça, viam filmes juntos, dormiam juntos... e ele nunca a pediu em namoro, já eram antes mesmo que percebessem.
Ele conheceu a família dela em uma visita, e ela conheceu a dele, eles já moravam juntos antes que percebessem, o que foi oficializado quando ele desistiu de continuar pagando o próprio aluguel, afinal... sempre estava na casa dela.
E só uma noite... Virou um casamento, e virou uma gravidez, e virou um casamento oficial com direito a festa e igreja, e virou filhos, e virou rotina... e virou ele dormindo com ela todos os dias.
Ela nunca mais saiu sem se despedir.