—Thor, estamos confiando em você... — Steve advertiu mais uma vez, já fez várias vezes. Várias. Mas ainda não se sentia completamente à vontade para deixar Peter com Thor. Não sem a supervisão de outra pessoa.

—E irei ser merecedor de vossa confiança. Podem confiar em mim. — Thor colocou o braço sobre o peito com a mão sobre o peito esquerdo, mas não foi o suficiente para Steve, de novo.

Era apenas um jantar. Um simples jantar no restaurante mais caro da cidade, e é claro que não era um lugar para crianças. Não poderiam levar Peter, nem se quisessem. E iriam voltar tarde, Peter dorme cedo.

—Ele vai ficar bem, Steve. — Tony tocou no braço do marido, sabendo que o que ele sentia era normal, mas Thor é, além de colega de equipe, é um amigo de muita confiança. Sabe que Thor iria fazer qualquer coisa para manter Peter seguro, assim como seus pais.

—Eu sei, é só...

—Vamos! — Tony interrompeu Steve pois sabia que ele ia explicar que só estava daquele jeito pois Peter ainda é pequeno, que vive escalando as coisas, além de ter uma agilidade fora do normal para uma criança de seis meses. Tony sabia disso tudo, mas preferiu confiar no amigo, em outras palavras, fechar os olhos e esperar para ver no que vai dar.

—Tchau, filho, se comporta, ok? — Steve segurou na porta para apenas se despedir, de novo, de Peter, que encarava com seus olhos castanhos a cena enquanto brincava com blocos no cercadinho.

—Vamos, Steve. Já estamos atrasados! — Tony insistiu de novo.

—Desde quando você se importa com horários? É o nosso filho! — e uma discussão se instalou, mas por sorte de Peter e Thor, o elevador se fechou antes que Tony pudesse responder, mas até Peter, no auge dos seus seis meses, sabia que Tony iria rebater o loiro.

—Bom... — Thor começou a dizer, claramente sem saber o que dizer em seguida. Balançou os braços olhando ao redor procurando algo para fazer, mas Peter estava quietinho cercado por brinquedos e ursinhos de pelúcia no cercadinho dele — O que queres fazer agora? — o loiro perguntou com um sorriso no rosto, mas o pequeno nem lhe deu atenção.

—Eles já foram? — Loki se aproxima cauteloso, olhando ao seu redor a procura de alguém além de Thor e Peter.

—Sim, irmão. — Thor confirma e o moreno assente com a cabeça num sorriso aliviado.

—Ótimo! — o moreno não perde tempo e se joga no sofá fechando os olhos e aproveitando os primeiros segundos que terá das quatro horas em completa paz sem precisar encarar os bufos de Tony e os olhares desconfiados de Steve — Pode me trazer um suco de limão, irmão?

—Não seria, limonada? — o loiro tenta corrigir Loki com cuidado, sabe o quanto ele odeia ser corrigido.

—Não me importa. Apenas faça isso. — Loki determinou da mesma forma que fazia quando eram crianças. E como naquela época, Thor obedeceu. Trazendo um copo com “suco de limão” com um canudo colorido para o moreno.

—Não acredito que Tony e Steve deixaram mesmo Peter conosco. — Thor comenta olhando para o pequeno colocando um bloco na boca com dentinhos mostrando que estão começando a crescer. E Loki bufa.

—Deixaram com você, não comigo. — Loki não entende como Tony e Steve deixaram uma criança que mal sabe andar, com um abestalhado como o Thor. Ele mal sabe usar o banheiro sem fazê-lo de piscina particular!

—Irmão, você não irá me ajudar a cuidar da criança? — tinha que admitir, Thor esperava que Loki fosse ajuda-lo. Ele pode ser o mais velho, mas Loki sempre foi o mais espero, em tudo! E também tinha que confessar que só aceitou porque imaginou que Loki fosse ajuda-lo. Agora que o irmão revelou que não iria, começou a ficar preocupado.

—Sua responsabilidade, seu problema, não meu. — Loki se sentou no sofá com o copo na mão e gostando muito das caretas que Thor fazia, provavelmente imaginando ter que cuidar de uma criança sozinho. E agora, melhor do que nunca, irá ver os “talentos paternais” de Thor sendo colocados à prova, pois Peter começou a chorar — Vamos, a criança está chorando.

—Porque eu aceitei isso? — foi um murmuro apenas que Thor se permitiu dizer, mas Loki escutou, e aquilo não podia ficar melhor para o moreno.

—

—Por favor, pequeno rapaz, pare de chorar. Eu lhe imploro! — Thor estava com Peter nos braços o que parecia serem horas! E o menino não parava de chorar. Inclusive tentando se distanciar de Thor, mas toda vez que o colocava na sua cama, ele chorava ainda mais alto. Thor não entendia porque ele chorava tanto! Nem como! — Tu choras mais alto do que as criaturas aladas de Nidavellir!

Mas isso não fez Peter parar de chorar. Já havia tentado oferecer uma de suas mamadeiras com leite que os pais dele deixaram na geladeira, já ofereceu aqueles mordedores de plástico que ele passa horas chupando com a boca, até mesmo ofereceu a sua própria cama para que o menino possa dormir feito um verdadeiro deus! Mas nada satisfazia o garoto.

—Já viu a fralda dele? — Loki apareceu na porta do quarto do menino. Não tinha certeza se era isso, mas não aguentava ouvir a criança chorar. Thor não tinha a menor capacidade de cuidar dele. Julgava os pais da criança como completos irresponsáveis para deixar alguém como Thor cuidar dele.

—Não. Obrigado, irmão. — o loiro volta a pegar Peter no colo e olhando por dentro da sua fralda, e o cheiro que subiu foi demais para ele — Pelas barbas de Odin! Há um troll em sua fralda!

—Eu mereço... — Loki murmurou baixo.

—Precisas usar o banheiro? Porque não disseste?! — Thor sorriu ao mesmo tempo aliviado e contente por ter descoberto o porque Peter não parava de chorar, mesmo que tenha sido Loki a sugerir. Mas ele que enfrentou a fralda e viu que ele precisava de um banheiro.

—Aonde você vai? O trocador é ali! — Loki viu Thor passar pela porta e conduzir a criança aos berros para o corredor.

—Ele precisa de um banheiro. — Thor explicou e abriu a porta do banheiro e entrando ali com o garoto. E assim que fechou a porta, podia sentir seus ouvidos explodirem com a potência que as cordas vocais de Peter tinham.

—Ele não usa um vaso, Idiota! — Loki disse por trás da porta, mas Thor mal escutou, estava ocupado demais retirando a fralda e tomando cuidado para não se sujar com o conteúdo dela. Jogou a fralda suja no lixo e ergueu o menino em cima do vaso sanitário, na esperança que o menino consiga fazer na presença dele.

—Eu não vou olhar. Você tem a minha palavra. Olhe, olhos fechados. — Thor fechou os olhos segurando Peter com firmeza em cima do vaso. As suas pernas não estavam nem encostando no vaso sanitário, mas sabia que se Peter fosse fazer alguma coisa, iria atingir com perfeição a água. Mas o menino não parava de chorar.

—Thor, seu imbecil, crianças nessa idade não usam o vaso sanitário! Porque você acha que ele usa fralda? — Loki estava perdendo a paciência. Os pais da criança só podiam ser tão idiotas quando o loiro para tê-lo deixado com ele. E sentia que a sorte da criança estava nas mãos de Loki. E odiou isso.

—Ah não? — perguntou o loiro percebendo que havia errado em mais uma coisa. E tinha razão em achar que Loki era mesmo o mais esperto entre os dois. E vendo o menino chorar usando nada de calças, se sentiu estupido.

—Não! — Loki reafirmou e Thor assentiu com a cabeça. Abriu a porta e passou com Peter aos berros até de volta para o quarto. Loki bufou e torceu para que Thor acertasse apenas dessa vez, pois até ele não sabia nada sobre fraldas, e nem precisava.

—

Thor conseguiu deixar Peter dormindo na cama no quarto dele. Imaginava que fosse ter que ficar com ele no colo por horas e horas, mas ele dormiu minutos depois de ter acertado com a fralda. Sabia que Loki iria fazer uma piadinha com o tempo excessivamente longo que Thor levou para colocar corretamente.

Mas estava feliz por Peter estar dormindo graças a ele. Thor fez aquilo, não a criança, mas a criança estar dormindo. Aquilo era mérito dele, e um pouco apenas de Loki. Já que o moreno não fez nada além de abrir a boca para dizer o que ele tinha que fazer. Thor que se mexeu, Thor que o embalou até dormir, Thor que errou, mas acertou no final.

E se sentia bem assim, mas exausto. Apenas queria uma poltrona e uma cerveja e seus amigos ao redor para compartilharem histórias e risos. Mas tinha Loki! Eles se divertiam assim antes de tudo. Porque não tentar de novo?

—

—Thor. — Loki respondeu em apreensão enquanto foleava uma revista que havia achado na sala. Não tinha nada para fazer e ainda tinha que aguentar Thor e o seu mais novo protegido temporário. Preferia ter ficado em Asgard.

—Para a cerveja, não existe relógio, irmão! — Thor abriu a geladeira e colocou duas garrafas de bebida em cima da mesa. Uma para ele e outra para Loki. O moreno não iria recusar uma cerveja, mas iria recusar qualquer papo que Thor iria propor. Não estava ali por Thor, mas pelo luxo que o cercava.

—E nem para você. Sabe que é hora do jantar, não é? — Loki indagou abrindo a garrafa usando a própria mesa para isso. Viu Thor abrindo a garrafa com os dentes e revirou os olhos, um ogro como sempre.

—Você acha que a criança está com fome? — perguntou o loiro preocupado. Se acordasse Peter, ele iria chorar. Mas será que aceitaria comer enquanto chorava ou era impossível? Se sentia cada vez menos preparado para isso.

—Não, mas vai ficar. E você irá alimenta-la. — deixou isso bem claro para o irmão, pois não iria cozinhar, trocar fralda, embalar e muito menos alimenta-la para Thor, nem se a criança morresse de fome pois Thor, abestalhado, não soube fazer.

—Argh! Que cerveja horrível! — Thor reclamou colocando a garrafa de volta na mesa e com uma careta no rosto. Ele nunca havia tomado algo de gosto tão terrível, nem quando Sleipnir defecou em cima dele em um dos passeios com seu pai, Odin — O que é isso? — ele olhou para a garrafa e não entendeu como Tony, um apreciador de bebidas, conseguia tomar isso.

—É sem álcool. — Loki explicou deixando a garrafa de lado, iria beber mais depois. Mas ao ver a cara confusa de Thor, suspirou sabendo que teria que explicar como se explicaria para uma criança — Significa que não te deixa bêbado. — Loki revirou os olhos e voltou para a revista.

—Mas tão pouca cerveja não me deixaria bêbado! Volstagg e eu já bebemos todos os barris de cerveja do bar em uma noite. Você estava lá! — Thor bateu no ombro do irmão ao lembrar dessa noite. Mas Loki suspirou com a cara fechada.

—Thor, irmão. Não acha que está na hora de preparar algo para a criança comer? — foi apenas uma desculpa, apenas para fazer Thor parar de falar. Não queria papo, apenas paz. E sabia que se desse uma tarefa demasiadamente complicada para Thor, ele o deixaria em paz.

—Mas ele está dormindo. Não acho que seja certo acordar a criança para comer. — Thor respondeu colocando a garrafa em cima da pia e torcendo para que ela desapareça e nunca mais surja na frente dele. Odiou profundamente.

—Não, mas ele acordará alguma hora. Melhor que tenha a comida dele pronta até lá. — é tão simples manipular Thor, que mais parece estar fazendo com um cachorro, obedecendo truques idiotas em troca de comida.

—Vou fazer. Irei conseguir. — foi algo que ele disse para si mesmo, para que não duvidasse de suas próprias capacidades. Que por mais simples que fosse, sabia que alguma hora iria falhar em alguma coisa. Não queria que fosse em algo tão primordial como comida — Loki. O que os bebês comem?

E foi ai que Loki se arrependeu de ter sugerido.

—

Era hora do jantar. Peter acordou chorando, o que não surpreendeu Thor. Mas que atrapalhou seus planos. Ele estava correndo para que o jantar ficasse pronto a tempo, mas soube que não foi rápido o suficiente, nem Frandral, com toda sua agilidade com a espada, teria mãos ágeis o suficiente para terminar a tempo, e duvido muito que tivesse a capacidade.

Não que Thor fosse plenamente apto para o serviço. Nem de longe era. Imaginou que fazendo pernil para o menino, ele fosse dormir de barriga cheia e cheio de energia para o dia seguinte. Mas Loki negou. Então imaginou um delicioso frango recheado, Peter poderia adorar experimentar a carne macia com seus dentes para nascer. Mas Loki novamente negou.

—O que devo fazer então? — perguntou com um ponto de irritação na sua face e voz.

—Coisas macias. Papinhas de bebê. Papinha de cenoura, batata, maça. — Loki respondeu para desgosto de Thor.

—Mas isso deve ter gosto horrível! — Thor exclamou e com uma certa pena da pobre criança. Nunca que Frigga, sua adorável mãe, deixaria sua própria criança comer tal comida de gosto tão ruim.

—É o que bebês midgardianos comem. — Loki não levou a discussão para frente. Sentou no sofá e voltou a ler a revista que havia encontrado. Peter é problema de Thor.

E então Thor fez. Pegou os legumes e frutas, colocou dentro da panela e fechou a tampa. Conseguiu ligar o fogo e sentiu que estava fazendo coisa errada. O cheiro certamente não estava certo. E quando abriu a tampa, viu os legumes e a fruta do jeito que havia encontrado, apenas mais quente. Nunca que Peter conseguiria comer uma maça, batata e cenoura daquele jeito.

—Você me faz questionar a educação que tivemos, Thor. — Loki empurrou Thor de lado e assumiu, mas estava deveras irritado — Crescemos juntos, tivemos a mesma educação, como você pode ter crescido tão burro? — e o moreno não estava poupando o loiro naquela hora, ele não merecia.

—Peço perdão, irmão. Mas nós sabemos que você sempre foi o mais perspicaz. — Thor não sabia como agradecer, e nem sabia que se deveria agradecer, pois isso poderia chateá-lo de alguma forma que não entendia.

—Isso não é questão de perspicácia, é questão do seu uso errado para a sua massa cefálica. — e olhou para Thor, apenas para ver a sua cara confusa, toda vez que alguém dizia algo que ele não entendia ou desconhecia — Saia daqui! Faça aquela criança parar de chorar! — Loki irritado, dispensa Thor, que atende na hora sabendo que havia deixado o irmão nervoso sem querer, de novo!

—Vamos, pequenino. Você já chorou demais por toda uma vida. — Peter parou de chorar no exato momento que Thor abriu a porta, mas estava com uma carinha fofa que Thor não conseguiu resistir. Sabia que o menino sentia falta dos pais — Também sinto falta dos meus. Mas os seus vãos voltar logo. Eu garanto. — Thor sorriu para a criança, que sorriu de volta.

No fim, ele havia conseguido tornar uma criança para cuidar, em um amigo. Gostaria muito de passar mais tempo com ele. Então, enquanto Loki faz o jantar, o que deve demorar um pouco, já que ele acabou de começar, poderia passar um tempo com ele.

—Queres brincar comigo? — Thor perguntou ao pequeno, que sorriu em resposta. Thor não sabia se ele havia entendido sua pergunta, mas chutou que sim. Então o deixou na pequena cama sem grades do quarto ao invés do berço. Iriam brincar ali — Que brinquedos tu tens? — Thor observou as prateleiras com inúmeros brinquedos de todos os tipos. Era uma variedade bastante numerosa.

Mas acabou escolhendo o mais simples, uma bola. Não que fossem brincar de chutar, o menino só consegue ficar de pé, mas poderia ser uma boa brincadeira. Porém viu um que atraiu sua curiosidade. Era deveras complicado para uma criança tão pequena.

Se sentou na cama observando que Peter estava paradinho. Garantiu isso. Deixou a bola de lado e começou a explorar o brinquedo. Não entendia como funcionava, não era elétrico, são peças de simples encaixe. Mas qual a funcionalidade dele? E quando conseguiu, ele fez barulhos por dentro, algumas luzes se acenderam e percebeu que havia acertado, seja lá o que ele tenha feito.

—Brinquedo deveras complicado. Você sabe brincar com isso, Peter? — Thor se virou para o menino, mas não o encontrou. Um alerta surgiu na sua cabeça — Peter? — perguntou novamente pelo garoto. Ele não fala, não iria responder — Onde você está? — agora sua preocupação aumentou de forma completamente desproporcional para o seu controle interno.

Já podia se ver avisando aos pais dele que sua criança, a criança que eles confiaram que Thor iria cuidar, sumiu! Bem diante de seus olhos! Sob os seus cuidados! É culpa completa e toda de Thor. Foi irresponsável em deixá-lo longe de seus olhos por instantes, mesmo que tão curtos. E agora ele sumiu! O que deve fazer?

E começou a procurar, por todo o quarto. Ele virou uma bagunça! Procurou debaixo da cama, nos armários, no berço, até dentro do trocador ele procurou. Mas nada da criança. E Thor sabia que estava mais do que encrencado. E precisava contar ao Loki.

—Irmão! — ele o chamou com uma urgência que Loki já sabia que Thor havia feito besteira — Perdemos a criança! — contou e sabia que Loki se importava, podia dizer o que quisesse, Loki se importava com Peter. Se não, não deixaria a cozinha com tamanha pressa e indo ao quarto com Thor logo atrás.

—Como você pôde perder uma criança, Thor?! Como? — Loki estava bravo, irado, nem parecia que quem era o Deus do Trovão era o loiro, pois o moreno estava tão explosivo como um — Como pôde?! — Loki passou as mãos pelo cabelo tentando pensar em algo — Precisamos pedir ajuda ao sistema do Homem de Ferro. — determinou.

—Não! Não precisamos pedir ajuda ao oraculo Midgardiano. — Thor determinou de volta, para total frustração do outro irmão — Podemos encontra-lo. Ele não pode ter ido longe. — por se tratar de um bebê que ainda não anda, sabia que não podia ter ido muito longe. A Torre estava trancada, e ele não tinha altura para alcançar os botões do elevador.

—Como se só nós dois é o suficiente de encontra-lo. Já viu este lugar? — Loki tinha razão, a Torre era enorme, e também cheia de perigos. Entre em uma sala errada e pode ficar preso ali até um dos dois encontra-lo.

—Mas nós conseguiremos, irmão. — Thor acreditava, e queria que Loki acreditasse também. Já tinham passado por coisas piores, e saíram sem um arranhão sequer, queria acreditar que essa seria uma dessas vezes que não iria receber um castigo deveras merecido dos pais da criança. E para que Loki acreditasse nele, o olhou nos olhos e segurou na sua mão com firmeza.

—Tá, que seja, vamos procura-lo. — Loki afirmou soltando a mão de Thor e começando a procurar primeiro.

Começaram pelo quarto, mais uma vez. Depois foram ao quarto dos pais, reviraram com bastante cuidado para não encontrar coisas que não gostariam, mas foi impossível, encontraram de tudo, inclusive certos brinquedos que nunca seriam adequados para Peter. Nunca.

E depois foram ao banheiro, não tinha muito o que procurar, mas Thor estava na esperança que o seu erro de leva-lo ao banheiro para fazer suas necessidades, possa ter inspirado Peter a fazer no banheiro sozinho, seja lá como. Mas estava mais do que enganado. Ele não estava ali.

E por fim foram a sala. Ainda tinha muitos lugares para ir, mas era mais provável que Peter estivesse ali, já que na sala era onde ele passa grande parte do seu dia, no cercadinho. Reviraram a sala inteira, e mais a sala de jantar ao lado. Nada. Thor estava começando a ficar preocupado, bastante.

—Nunca vamos encontrá-lo, você precisa contar aos pais dele. — Loki estava desanimado para encontrar Peter, mas contente e animado para ver Thor contar isso aos pais dele. Seria uma cena belíssima. E poderia apostar que ele levaria uma bela de uma surra por ter perdido o filho dele.

—Vamos encontrá-lo, só precisamos pensar como uma criança. — ele se sentou no sofá com o rosto pensativo.

—Para você é fácil, você age assim o tempo todo! — Loki rebateu e estava orgulhoso da própria resposta, mas Thor deu uma brecha e tanto.

—Irmão, não é hora para brincadeiras. Os pais dele estão quase chegando e... — um barulho, alto, no quarto de Peter. Thor olhou para Loki, que olhou para Thor. Poderia ser ele! Os dois correram até o quarto e só encontraram o brinquedo que Thor mexeu em cima da cama, mas nada de Peter — Maldito brinquedo. Você entende como ele funciona, irmão? — Thor perguntou.

Mas o moreno não respondeu. Estava assustado como Thor conseguiria ser tão idiota. E iria rebater com um comentário sarcástico, mas ouviram uma risada, era uma risada, de criança, vindo da sala!

—Se for mais uma de suas travessuras, irmão... Eu irei...

—Não sou eu! É ele! Vamos! — Loki puxou o irmão e passaram a correr apressados até a sala. Mas não encontraram no cercadinho, ou no tapete, e nem no sofá, mas no teto, com o pouco cabelo pendurado, e agindo como se fosse normal. Mas ele estava no teto. No teto!

—Mas como isso é possível?! — Thor estava estupefato. Assustado! Como uma criança conseguiu parar no teto? Estava flutuando? Não! Estava grudado por suas mãos e pernas! Estava como um bebê normalmente engatinha, mas só que no teto! — Saia dessa criança, Hela! Loki! Ela é sua filha! Faça alguma coisa! — Thor puxou com força o irmão para baixo da criança.

—Não acho que seja ela fazendo isso, Thor. — Loki observou com mais cuidado e reparou que ela estava no teto como se tivesse ventosas pelo corpo, como se fosse algo natural... E nunca havia visto isso num midgardiano, ainda mais um bebê — Mas temos que tirá-lo de lá!

—Sim, temos. Mas não posso usar o Mjölnir, o teto é baixo demais, mas é alto demais para alcançarmos! — Thor explicou tudo aquilo que Loki já sabia, mas ele decidiu ignorar. Tinham uma emergência maior no momento.

—Vamos, Peter, desça dai. Vou pegá-lo. — Loki olhou para a criança, que sorriu e começou a engatinhar com uma certa pressa pra longe. Loki correu para ficar debaixo dele caso ele caísse. Thor estava desesperado para que Peter descesse, de preferência, usando as paredes e depois pegá-lo assim.

A criança começou a brincar com os dois. Ia para todo lado. Quando Loki pensava que ele estava voltando ao quarto, ele ia para a sala e trombava em alguma coisa por estar com os olhos fixos em Loki. E quando Thor achava que ele ia para a cozinha, ele voltava para a sala e fazia Thor trombar com Loki numa confusão completa.

E então, quando viram o indicador subindo do elevador, sabiam que era Tony e Steve chegando mais cedo. Estavam ferrados. Loki usou Thor para subir, ficou sob seus ombros, conseguiu alcançar Peter. Entregou para Thor, porém Thor tomou um susto com as portas do elevador abrindo antes. E Loki caiu no chão.

—O que está acontecendo? — perguntou Tony desconfiado vendo Loki caído no chão olhando enraivecido para Thor, que tinha uma cara sonsa e ofegante, e Peter, que tinha o maior sorriso de todos no rosto.

—Papa! — ele exclamou feliz e Thor o deixou no chão para que Peter fosse, engatinhando, no chão, em direção aos pais dele. Thor observou pelo canto do olho que Loki ainda estava irritado. Ele ia dizer a verdade para se vingar, e não podia deixar isso acontecer.

—O jantar dele deve estar pronto na cozinha, ele dormiu, comeu, dormiu de novo, trocamos a fralda. Ele está bem. Adoramos cuidar dele. É só isso, tchau! — e Thor levou Loki até o elevador com a mão sobre a sua boca. O empurrou para dentro e apertou o botão do saguão com uma rapidez impressionante.

—Espera ai! — Steve impediu das portas se fecharem a tempo — O que ele fazia aqui? — ele perguntou sobre Loki, e Thor, no nervosismo, não soube o que dizer.

—Me solta! Eu vim ajudar Thor. Ele se sentiu despreparado. Por ser uma minhoca gigante. — Loki alfinetou Thor, que mais que merecia. Steve, desconfiado, assentiu com a cabeça e deixou o elevador fechar.

—Essa foi por pouco. — Thor suspirou aliviado, o alivio de ter vencido uma guerra, e se sentia cansado como se tivesse enfrentado uma. Mas Loki não compartilhava da mesma sensação, apenas a raiva mais antiga e furiosa. Será sorte se Thor sobreviver.

Fim.

Cena "pós-crédito".

—Mas o quê... — Tony perguntou completamente, totalmente assustado, boquiaberto e estupefato com a situação que Thor e Loki deixaram o quarto de Peter. E sabiam que os dois haviam passado pelo quarto dele e de Steve, como se alguém como Thor pudesse passar sem deixar pistas.

E depois foi o banheiro, uma zona de papel higiênico por todo lado, produtos de cabelo jogados pelo chão, toalhas deixadas no chão como tapetes. Estava uma zona. Como eles conseguiram fazer tudo isso em três horas?

E quando Steve reparou na sala, viu que a sala também estava bagunçada. Porque disso tudo?

—Nórdicos... — Tony comentou com Steve, que só vikings para deixar um lugar tão bagunçado em tão pouco tempo só pra cuidar de uma criança quem nem trabalho dá.

Fim.

Cena "pós-crédito" 2.

—Irmão, que manchas são essas na minha capa? — Thor perguntou à noite, quando se preparava para retirar a armadura e trocar pelo pijama. Bateu na porta do quarto do irmão e esperou pela confirmação que podia entrar.

—Que manchas? — ele perguntou se aproximando de Thor e vendo o que ele queria dizer — Parece mãos. Pequenas. — ele concluiu estranhando bastante manchas na capa vermelha de Thor.

—E aqui a boca. — Thor apontou para uma mancha maior. Não entendia muito bem como foram parar ali, pois ele não lembra de ter posto Peter em suas costas. Mas ao entender o que aconteceu... — Você acha que ele...

—Subiu e ficou na sua capa todo o tempo que procuramos por ele e que, ao você se sentar no sofá, ele aproveitou e subiu nas paredes seja lá como? — perguntou Loki com uma irritação de leve na voz, pois Thor é o cumulo da burrice em certos momentos, como nesse — E que me fez procurar pela peste por meia hora, e ele estava nas suas costas. O tempo todo. É isso o que você acha que aconteceu?

Thor não sabia o que dizer. Não sabia nem o que pensar. Essa possibilidade é ridícula. Como Peter ficou agarrado a sua capa todo esse tempo? Ele teria percebido. E teria visto os brinquedos que Thor encontrou no quarto dos pais...

—Verdade. É um absurdo. Bom, é só isso, irmão. Tenha uma boa noite. — Thor não esperou mais nada. Retirou a capa das mãos de Loki e fechou a porta vendo a cara de chocado de Loki.

Fim.