Nightwalkers escrita por Kristine K


Capítulo 1
O que a dor pode causar: Isabella Scott.




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Ter a escuridão predominando em sua vida não é uma escolha, na maioria das vezes é o destino. Não importa quanto tempo tenha passado para Isabella, ela sempre iria se recordar de como havia conhecido Bruce Wayne, e aquilo a dilacerava mais e mais... E sempre que pensava no passado sua garganta gritava, suplicando por o mesmo líquido quente que fazia com que ela esquecesse de tudo.
O dia poderia estar radiante lá fora, mas ali dentro da mansão ele não fazia nenhuma diferença.
— Sabe... — ela encarou o litro de uísque como se ele fosse alguma pessoa que estivesse à ouvindo. — A vida nunca foi boa comigo, mas você uísque... Você foi. — e então o abraçou — Eu te amo.
Bruce estava chegando, após um dia exaustivo na empresa e ouve Isabella falando sozinha. Minuciosamente, ele se encaminha até o local, sem que ela pudesse perceber sua presença.
— Não dá! Eles não me entendem como deveria entender! — dizia ainda abraçada ao litro. — Você me entende, não é? — percebendo que ele não responderia de volta, obviamente, sorriu amargamente — Eu te odeio! Odeio! — e o jogou contra a parede, fazendo cacos se espalharem para todo lado.
Bruce vendo aquilo decidiu interver, antes que o álcool a fizesse cometer qualquer outra loucura.
— Isabella. — a chamou, suspirou lentamente, pois aquela cena se repetia quase todos os dias.
O sorriso dela murchou ao encara-lo, seu rosto foi se entristecendo e seus olhos mareando.
— Não entendo como tudo pôde ter dado tão errado pra mim! — começou dizendo baixo e no final da frase já começara a gritar.
Ele a segurou, deixando que a garota se debatesse contra seu peito, e aos poucos, após segundos de tensão, Isabella foi parando, continuando apenas com o choro manso.
— Calma... Eu estou aqui. — ele falou, passando a mão pelos cabelos dela.
— Vai me abandonar, eu sei que vai! — ela dizia entre as lágrimas com sua voz embargada feito uma criança que tinha acabado de perder o brinquedo favorito.
— Ninguém mais vai te abandonar mais, você sabe.
Bruce se recordava bem de quando ela apareceu em sua vida. Ele tinha 25 anos e estava só começando a salvar Gotham como Batman...

O tempo estava fechado, ele estava lendo sobre as últimas notícias de assaltos em bancos importantes da cidade quando a campainha toca.
— Está esperando alguém? — Alfred chega no recinto estranhando aquilo assim como ele.
— Não. — respondeu — Você está? — refez a pergunta ao seu fiel amigo.
— Claro que não. — respondeu.
— Senhor Wayne! — a empregada que havia atendido, correu até a sala de jantar espantada por algo.
Bruce vendo o desespero, se levantou rapidamente da cadeira.
— O que houve? — perguntou curioso.
— Os senhores precisam ver isso. — falou em solavancos, virando e se encaminhando
novamente de onde tinha vindo.
Os dois a seguiram, e assim que chegaram no Hall, não acreditavam no que seus olhos estavam vendo: uma garotinha.
— O que essa garotinha faz aqui? — Alfred perguntou.
— A campainha tocou e quando fui ver quem era... Somente ela estava do outro lado. — explicou, olhando para a menina.
— Quem é que a deixou aqui? — Alfred fitou Bruce, que naquele momento, não conseguia desprender os olhos dela. Ele então se aproximou, abaixou-se para poder igualar seu tamanho ao dela e sorriu.
— Quantos anos você tem? — perguntou enquanto retirava o cabelo que caia sobre a face dela.
— Cinco. — mostrou a mão aberta.
— E como se chama?
— Isabella. — respondeu de uma forma doce e bem infantil. — Mas tenho outro nome também que é Zcott. — complementou.
— Isabella Scott. — Bruce riu, ele havia achado bem bonitinho a forma errada que ela tinha pronunciado o sobrenome. — Quem deixou você aqui?
— Mamãe e papai. Eles disseram que sou uma monstrinha. — Isabella falou aquilo um pouco entristecida.
Bruce virou o rosto, Alfred e Missy apenas os observavam.
— E qual a razão deles acharem isso? Você é uma menina linda!
— Não sei... — ela ergueu os ombros — Pode ser que seja por que sou diferente dos meus amigos e de todas as outras crianças. — continuou a dizer sem medo algum.
— Diferente como? — ele franziu o cenho.
— Quando toco as pessoas, elas gritam e eu vejo tudo o que está acontecendo com elas. Mamãe disse também que por isso não sou amada.
Ele se sentiu péssimo ao ouvir algo como aquilo vindo de uma menininha de apenas cinco anos. Sem dizer mais nada, se levantou virando-se para os dois que continuaram ali.
— Missy, leve-a para um dos quartos e dê um banho nela, por favor. — pediu a empregada que assentou, mesmo que no fundo achasse aquilo totalmente estranho. Ela pegou na mão de Isabella e a guiou até as escadas.
— O que pensa que está fazendo? — Alfred sussurrou.
— O certo. Não irei deixar a menina desamparada, ela só tem cinco anos! — falou voltando para a sala de jantar.
— Podemos ligar para um orfanato. — Alfred propôs.
— Não! Ela foi abandonada por ter poderes especiais, os pais a deixaram na minha porta sem piedade alguma... Seria horrível fazê-la ficar sozinha. — sentou-se novamente no mesmo lugar de antes.
— Bruce, agora você é o Batman, como acha que vai criar uma criança que apareceu do nada na sua porta? E sem investigar antes?
— Ela não me pareceu ser uma mentirosa. E sim, posso ser o Batman e tutor de uma garota. As duas coisas não vão me atrapalhar em nada.
— Sei que decidiu fazer isso justamente por que sabe como é crescer sem pais. — Alfred continuou.
— Mas a diferença era que meus pais me amavam. — Bruce foi direto — Acostume-se... Eu serei a família dela agora.

Ele já tinha a colocado para dormir um pouco. Isabella estava calma, sua respiração normal, nem parecia ter tido uma crise de choro há poucos minutos.
— Ocupado? — Alfred bateu na porta que já estava aberta.
— Não mais. — respondeu se levantando e dando uma última olhada para ela. — Aconteceu alguma coisa? — perguntou indo até ele.
— Na verdade não, só vim ver como ela se encontrava. — arfou. — Isabella vai acabar se matando. — disse indicando a menina com a cabeça.
— Não faço a mínima ideia do que fazer... Só a vejo infeliz, bebendo, sendo grossa com as pessoas. — Bruce deu de ombros — Mas não posso julga-lá.
— Pensa em alguma coisa? Um modo que a faça sair dessa válvula de escape?
— Ainda não, só que irei tentar. — ele virou o rosto e a observou novamente. — Ela não pode acabar do mesmo modo que eu, uma pessoa amargurada.


                                   ¥•¥•¥•¥•

Horas mais tarde, depois de dormir e poder recuperar-se, Isabella acordou tonta, com dor de cabeça e uma sede maçante. Olhou para os lados e não fazia ideia de como havia ido parar em seu quarto. Sentou-se no colchão e colocou uma mão na cabeça, vendo tudo girando, ela sabia o que tinha acontecido para estar naquele estado.
— Droga! — murmurou irritada consigo mesma.
Escorando nas paredes, conseguiu se levantar e ir até o seu banheiro, assim que se viu no espelhou assustou-se com suas olheiras intensas e seu rosto inchado. Não se orgulhava daquilo, mas não conseguia mudar seu jeito de esquecer as coisas. Jogou água gelada na face, enxugando-a em seguida para ver se despertava totalmente.
Além da sua sede, sua fome também estava grande, e sua única alternativa era descer e pegar algo na geladeira tentando não chamar a atenção de Bruce e ouvir outro sermão. Saiu do seu quarto bem devagar, antes de descer as escadas, olhou para baixo e até então a barra estava limpa.
— Não adianta andar na ponta do pé achando que não vou te ver. Eu sou o Batman. — Bruce disse ao vê-la se direcionando para a cozinha.
Isabella bufa e vira para ele.
— É eu estou sabendo. — disse sarcástica. — Olha... Já sei o que vai dizer e sim, sei o quão certo está, mas só dessa vez, evita o sermão. Minha cabeça está prestes a explodir... Quero somente comer alguma coisa. — disparou em dizer sem esperar pela resposta.
— Irei te poupar dessa agora, mas ainda vamos ter essa conversa e quantas mais forem preciso para que eu possa colocar algo nessa sua cabeça oca.
— Tá. Posso ir? — indicou a direção da cozinha com o polegar, Bruce assentiu sério. — Obrigada. — deu um sorrisinho irônico e assim que lhe deu as costa, revirou os olhos.
Isabella amava a preocupação dele, mas não conseguia lidar com aquilo como uma pessoa amorosa.
Ela foi até a geladeira, abriu sua porta e pegou um pedaço da torta de chocolate que estava em cima de um prato. Com sua extrema delicadeza, fechou a porta com o pé, e antes de sentar perto da mesa, abriu a gaveta pegando um garfo.
— Isso nunca aparentou estar tão bom quanto agora. — disse consigo mesma apreciando o pedaço triangular de torta.
— Vejo que já se encontra recuperada. — eis que surge Alfred, do nada, atrás dela.
— Oi, Alfred. — disse antes de morder o primeiro pedaço.
Ele deu a volta, para olhá-la de frente.
— Oi. Melhorou? — perguntou. Isabella o olhou séria, antes de colocar o segundo pedaço na boca, e com um sorrisinho nada sincero, disse:
— É, um pouco, obrigada. — balançou a cabeça e enfim conseguiu comer.
— Está ciente que o que anda fazendo consigo mesma é loucura? — ele continuou.
Ela respirou fundo, sentindo o pingo de paciência que ela guardava, se esvaindo.
— Só estou querendo comer. — falou. — Será que pode me deixar quieta aqui, na minha?
— Me preocupo contigo. Uma garota tão jovem indo para um caminho tão errado.
— Tudo bem... Você conseguiu fazer com que eu perdesse a fome. — ela se levantou. — Com licença. — ia se retirando.
— Lembra quando descobriu que podia ser quem quisesse? — Alfred a fez parar — E se assustou achando que isso lhe faria se tornar alguém do mal?
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra, não precisa usar o passado como lição pra mim. — falou entredentes.
— Pode até não ter a ver, mas o fato de se embebedar todo dia irá te transformar em alguém má, má consigo mesma. Pense nisso, menina. — concluiu e a deixou ali, sozinha.


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