Duas escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi!

Eu pensei que esse mês não ia conseguir escrever e, a princípio, essa foi a obra que descartei de cara, mas a vida é mesmo uma caixinha de surpresas.

Eis que hoje, às 5h da madrugada, acordei com a ideia na cabeça e resolvi escrever antes que esquecesse kkkkk

Gostei muito da experiência e desejo que apreciem também. ♥



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Há duas mulheres. Uma inclinada a se entregar à dor, incapaz de lutar, resignada e ferida; outra mantendo a cabeça erguida, relutante em desistir, apesar do corte profundo que lhe foi infligido com covardia.

Há duas mulheres. Uma que sangra; outra que estanca.

Duas. Uma que treme e range os dentes em desespero; a outra que se concentra na dor que lhe desnorteia, banindo o sofrimento para longe do seu ser.

Há duas mulheres ali. Uma mergulhada até o pescoço na escuridão fria de um mar revolto e congelante; a outra buscando, desesperadamente, por um vislumbre de luz e algum calor para sua alma machucada.

Há duas mulheres bem aqui. Uma se deixando embalar por ondas violentas; a outra lutando contra o ritmo cruel das águas turvas. Uma afundando, completamente entregue e sem vigor; a outra nadando rumo à superfície com toda a energia que ainda possui.

Há duas delas. Uma que não acredita na existência dessa força; enquanto a outra precisa crer para não entregar os pontos de uma vez, como a primeira deseja.

Há duas mulheres. Uma petrificada, quase morta; a outra agitando-se, viva e teimosa.

Uma delas olha para o céu. E tudo o que encontra é o prelúdio de um dia longo e tempestuoso. A outra sabe que a chuva será torrencial, porém também passageira, e que uma imensidão calma e azul, por trás das densas e raivosas nuvens de agora, lhe aguarda no final de tudo.

Há dois olhares diferentes sobre um mesmo assunto. Um vazio, sem foco, que não vê de verdade; o outro estreito, firme e obstinado em enxergar o horizonte adiante.

Há um coração partido; e há mãos determinadas que o costuram cuidadosamente. Artéria por artéria, pedaço por pedaço, enquanto o sangue rubro e quente tenta confundir os seus dedos e sentidos.

Há a desolação e a tristeza arrebatadoras. Mas também há a esperança genuína e o desejo de voltar a sorrir.

Há uma mulher presa no vazio e amarrada ao sofrimento. E há outra buscando algum sentido em meio à ruína, ao mesmo tempo em que desfaz as amarras pouco a pouco.

Há duas posturas distintas. Há o pessimismo e a derrota iminente. Mas também há o otimismo e o desejo pela vitória acima de qualquer golpe sofrido.

Há duas mulheres. Uma arfando e perdida; a outra respirando com calma, tentando se reencontrar e guiar a primeira até ela.

Há dois fatos. O sofrimento paralisador e o desejo de transpor uma floresta de espinhos.

Até tudo isso acabar, essas duas mulheres estarão brigando entre elas. E apenas uma sairá vitoriosa da luta por si mesma no final.

Tenho que decidir logo qual dessas duas mulheres em mim irá vencer a difícil e sangrenta batalha que se estende em meu coração fragilizado pela dor. E qual delas mergulhará para sempre no esquecimento e na derrota.

Há duas mulheres que, na realidade, são uma. Há duas mulheres que se tornarão apenas uma. Em breve, espero. Mas, por ora, elas continuam lutando. Como duas.


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Notas finais do capítulo

That's all, Folks!

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