O País das... Maravilhas? escrita por Lucy


Capítulo 12
Capitulo 11


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo pra voces!
Leiam as notas finais do capitulo, por favor!
Boa leitura ^^



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A Rainha branca esta doente... isso explica o porquê todo o pátio do castelo parecia morto e menos cintilante, além do pequeno ocorrido na fonte. A rainha era uma elfa, a última de sua espécie viva para ser mais exata, eu não sei exatamente sua história, mas sei que ela fora salva e criada pelas fadas que hoje em dia vivem livremente em seu castelo. A Magia dela mantem todo o castelo de pé, afinal, mármore não é um material que podemos considerar resistentes para construção de um castelo que deveria aguentar guerras como a que passamos nesse momento, além da grande fonte central que possuía águas cristalinas que eram capazes de curar qualquer tipo de ferimento ou doença.

Tudo que eu queria era poder ver Miranda... Esse era o primeiro nome da Rainha Branca, coisa que ninguém além de mim e as fadas mais velhas sabiam... Mas elas não deixaram. Primeiro eu deveria ser acolhida de forma correta, sendo assim, me ofereceram um banho de agua morna e sais relaxantes, roupas novas e logo mais haveria um jantar, onde prometeram me dizer exatamente o que estava acontecendo, “A Rainha se sentiria envergonhada se nós não cuidássemos de você antes” eles repetiam cada vez que eu exigia vê-la, e pelo o que eu conhecia de Miranda sabia que estavam certas.

Após o banho, me dirigi até meu quarto, onde encontrei as roupas novas sobre a cama. Era um vestido branco, com manguinhas de babados que caiam sobre os ombros, ele afinava na cintura e o tecido naturalmente abria na saia até a altura dos joelhos, desenhando perfeitamente minhas poucas curvas, valorizando-as, enquanto ao lado dele havia uma delicada sapatilha simples, sem muitos detalhes. Me vesti e segui até uma penteadeira no canto do quarto, suspirando ao notar meus cabelos desgrenhados, evitando imaginar como estavam antes do banho. Me sentei, peguei uma escova sobre o móvel e arrumei os fios, repartindo de lado, deixando minha franja fazer uma curva um pouco volumosa no topo da cabeça. Ao terminar de arrumar meu cabelo, suspirei vendo a cicatriz no meu rosto, lamentando a Mandy não estar ali comigo para usar sua maquiagem ao meu favor... Eu definitivamente havia me apegado aquela garota e desejava desesperadamente que estivesse bem.

Ouvi uma delicada batida na porta que me tirou dos meus pensamentos, me fazendo levantar enquanto ouvia a porta ser aberta com delicadeza.

—- Com licença, Srta Alice. – Disse a fadinha, que não era a mesma da ultima vez. Essa usava uma roupa quase igual a anterior, porem azul clara, enquanto tinha os cabelos cor de mel cacheados e olhos verdes.

—- Sim? – Disse já de pé, caminhando até ela.

—- Margareth está a sua espera na mesa de jantar, está pronta? – Margareth era o nome da fada que havia me recebido antes, ela era loira e de olhos azuis, passando uma imagem completamente jovem e inocente, apesar de provavelmente ter algumas centenas de anos. Eu assenti em resposta. – Acompanhe-me, por favor.

Saímos pelo corredor do castelo. Algumas portas a frente, ela parou e bateu assim como fez comigo, mas dessa vez chamava o coelho para o banquete. Não pude deixar de sorrir ao ver a pequena bolinha de pelos... Seu colete agora era branco com detalhes em bordado prateado, tendo um bolsinho que encaixava perfeitamente o velho relógio de bolso dourado dele. O Coelho estava uma gracinha.

—- Estou atrasado? – Perguntou o animalzinho percebendo meu olhar e leve sorriso.

—- Não está, senhor. – Respondeu a fada, obviamente não entendendo o motivo real da pergunta. Eu dei outro risinho.

—- O que foi, Alice? – Perguntou o Coelho, agora olhando para mim. Eu ri de novo e o peguei no colo.

—- Nada, meu amigo! Mas saiba que está uma gracinha! – Disse sorrindo, o pegando no colo e logo levando a mão livre as suas orelhas para coçar um pouco... Ele odiava ser pego no colo, mas nunca resistia a uma coçadinha nas orelhas. O animal claramente tentou lutar contra minha atitude, mas acabou se dando por vencido e aceitou o carinho de bom grado.

Caminhamos um pouco, seguindo a fada até chegarmos a grande sala de jantar. Fazia tempo que eu não visitava esse lugar, mas ele continuava o mesmo, sempre me tirando o folego... O cômodo era enorme, completamente de mármore branco, inclusive a mesa, cadeiras e algumas cristaleiras nos cantos. Também havia enormes janelas, duas para ser mais exata, na parede esquerda dando uma bela visão para o jardim, elas eram completamente adornadas em dourado, fazendo belos e delicados desenhos. A mesa central havia espaço para pelo menos 20 cadeiras, tendo um designe mais clássico... na verdade era uma versão idêntica a mesa de chá da clareira, sendo esta de madeira, pois havia sido um presente de Miranda para o chapeleiro que sempre preferiu algo mais rustico.

Quando a fada se referiu aquilo como banquete, não havia exagerado. Apesar de apenas três lugares da mesa estarem devidamente postos, metade dela estava preenchida de vários tipos de comida e pratos diferentes, além da grande cesta recheada de mais variadas frutas. Eu me aproximei ainda com o coelho nos braços, o colocando na cadeira, em seguida dava a volta a mesa e me sentava do lado oposto a ele, enquanto Margareth já estava na cadeira principal, formando um triangulo entre nós. Mas algo estava errado... Na verdade, algo estava faltando... Alguém para ser mais exata... Onde estava o Rei Branco?

Era normal não ver o Rei Branco de cara ao entrar no palácio... Miranda sempre foi bem receptiva e carinhosa enquanto o Rei era bem mais reservado, porem fazia questão de cumprimentar as visitas no banquete após sua chegada.

—- Agora sim, vocês me parecem bem melhor. – Iniciou Margareth, com um sorriso no rosto.

—- Obrigada pela hospitalidade, Margareth, mas achei o Rei estaria conosco na mesa... – Disse eu, indo direto ao ponto. O Coelho me lançou um olhar de repreensão.

—-Talvez esse seja o principal problema...  – Respondeu ela, soltando um suspiro. – O Rei Branco faleceu. – A noticia me fez levar a mão a boca.

—- Mas como? – perguntei.

—- Até onde sei, ele foi ferido gravemente pelas cartas em batalha na fronteira do bosque encantado – Iniciou o coelho, prendendo um lenço na altura do pescoço em seu colete.

—- Exatamente. – Concordou a fada. – Ele insistia em participar da linha de frente da tropa, enquanto a Rainha cuidava da magia junto conosco. Infelizmente ele foi ferido, e mesmo com a ajuda do bosque, não deu tempo de chegar a fonte... – o pesar era claro em sua voz.

—-Meus pêsames... – disse abaixando a cabeça em sinal de respeito. – Como a Rainha reagiu a isso?

—- Aí que esta o problema. – Margareth fez sinal para que uma outra fada loira e cabelos bem cacheados nos servisse. – A Rainha não está doente, exatamente...

—- E o que ela tem? – O coelho se meteu, parecendo confuso.

—- Desde a morte do amado Rei, sua mente está confusa e ideias perigosas invadiram sua mente, tornando sua aura ruim. – Aquela informação me preocupou.

Eu conhecia a história de Miranda e sabia o quanto aquilo era perigoso... A Rainha era a última elfa viva,  e quando eles dominavam o bosque, sempre foram extremamente ligados a natureza, protegendo-a, além de serem extremamente sensíveis e verdadeiros, completamente puros. Então, a tragédia aconteceu: A Rainha vermelha havia ordenado um ataque repentino e brutal aos elfos... Miranda apenas sobreviveu por causa de um grupo de jovens fadas que a acharam ainda bebe, viva e em silencio embalada as escondidas dentro de um arbusto... Mas sua pouca idade não evitou as lembranças. A alta sensibilidade da espécie tornou os sentimentos de raiva e tristeza em uma forte maldição de ódio e desejo de vingança que ela sempre lutou contra. Miranda era uma graça, realmente boa, ou pelo menos tentava ser boa, mas se controlava para ser assim com a ajuda das fadas.  Os acontecimentos recentes claramente haviam reavivado a maldição, e como sua magia é completamente ligada ao bosque, seu clima macabro e deprimente não a ajudava muito.

—- Oh! Entendo, ela esta sofrendo. – disse o Coelho, que claramente não conhecia o passado da Rainha Branca. Margareth assentiu, olhando para mim em seguida, como se perguntasse para mim silenciosamente se eu havia realmente entendido a gravidade disso, e eu devolvi o olhar de forma positiva – Achei que ela estivesse de cama, a beira da morte...

—-Coelho! Não diminua a dor dela! – Repreendi o animalzinho, que se encolheu arregalando os olhos, percebendo o peso de suas palavras.

—- Perdão! – respondeu rapidamente o animal e Margareth assentiu, aceitando as desculpas.

Mudamos e assunto e eu pedi que Margareth me atualizasse sobre a guerra, mas ela não sabia muito além do bosque. Antes da morte do Rei, a cerca de quase dois anos, o exercito branco se mantinha defendendo as fronteiras do Bosque Encantado, mas com sua morte foram obrigados a recuar, mantendo apenas uma área segura em torno do castelo, mas aquilo foi temporário. Com o anuncio da doença da Rainha, todos perceberam o quanto estavam vulneráveis sem sua cobertura magica e sua cura... As fadas foram obrigadas a montar uma enfermaria de emergência no castelo, que antes não existia por falta de necessidade graças a fonte do jardim. Logo, a guarda recuou de novo para apenas defender a clareira onde se localizava o castelo.

Margareth deixou escapar um suspiro de tristeza quando admitiu que se a rainha não melhorasse logo, todos estavam perdidos. Antes, com a proteção e cura de Miranda, as mortes eram quase impossíveis e os ferimentos nunca graves, além da rápida recuperação da tropa que logo voltava para a batalha, mas agora as mortes eram cada vez mais frequentes, os ferimentos cada vez mais graves e a recuperação bem mais lenta.

Ao fim do banquete, a fada aceitou me levar para ver Miranda, e eu aproveitei para avisar ao coelho sobre sua família. Ele ficou surpreso ao saber que eu os havia conhecido, mas sorriu quando falei que eles continuavam cavando os tuneis.

—-Sei onde havíamos planejado uma saída ao lado do castelo... irei visita-los e amanha vou estar aqui pronto para ajudar! – O coelho anunciou, fazendo uma continência desajeitada para Margareth, que sorriu em resposta balançando a cabeça positivamente.

O Coelho saiu e a fada que mal alcançava minha cintura me guiou para o quarto de Miranda.

—- Devo avisar que ela está completamente instável – Iniciou a menininha – e por isso, eu a mantenho selada com magia em seu próprio quarto.

—- Selada? – Miranda estava sendo mantida presa em seu quarto?

—- Sim... ela tentou nos atacar algumas vezes e decidimos que era melhor para nossa segurança e a dela. – Assenti, ainda perturbada com aquela ideia. – Vou te colocar lá com magia e... por favor... se sentir que algo está errado, bata o pé no chão duas vezes que vou te trazer de volta imediatamente.

Concordei e continuamos o caminho em silencio. Eu não planejava bater o pé duas vezes para ser tirada do quarto as pressas, mas tomaria cuidado... sabia que se eu fugisse, Miranda se sentiria ainda pior, e aposto que Margareth também saiba, mas entendo sua preocupação. Ao chegarmos na porta do quarto, ela me colocou de pé a sua frente, segurando minhas duas mãos.

—- Pronta? – seu olhar se mantinha preocupada, mas esperançosa. Apenas assenti positivamente. –Feche os olhos.

Senti como se uma leve brisa tocasse meu corpo, me arrepiando por inteira, e só então abri os olhos e não havia mais ninguém a minha frente.

Eu estava dentro do quarto de Miranda. Ainda estava do mesmo jeito que eu me lembrava... Moveis claros, roupa de cama em tons pasteis tudo trabalhado em mármore branco e desenhos dourados bem delicados, a cama enorme de casal era o ponto central do quarto, apesar de nunca ter sido usada por um casal – Poucos sabiam, mas o rei e a rainha na verdade tinham uma relação de pura amizade e consideravam-se irmãos -, havia uma penteadeira maior que a do meu quarto numa parede e um enorme armário do lado oposto, enquanto na parede oposta a porta havia uma enorme janela, que deixava entrar luz do sol para iluminar todo o ambiente.

Olhei por todo o quarto, procurando por Miranda, finalmente avistando ela sentada no chão abraçada com as próprias pernas encostada em sua cama... Parecia distante, sem ao menos notar minha presença.

—-Miranda? – Chamei, e ela pareceu acordar de um transe, olhando para mim de repente, surpresa com o que via.

—-Alice! – ela chamou e logo notei que estava prestes a chorar. Me aproximei me pus de joelhos a sua frente, abraçando-a sem hesitar. – O-o rei Alice! Mataram...

—- Eu sei, eu sei... – a interrompi, a aconchegando no meu ombro e brincando com seus cabelos platinados.

—- Eu não consigo... – Ela iniciou um discurso de derrota, porem a interrompi novamente.

—- Mas você precisa... – eu levei minhas mãos as bochechas do rosto dela, levantando seu rosto e a obrigando a me olhar nos olhos –Todos precisam de voce...

—- EU SEI! – ela gritou de repente, se soltando das minhas mãos. Ao seu lado no chão havia uma xicara, provavelmente estava bebendo chá anteriormente... Miranda pegou a xícara e a jogou contra a parede ao nosso lado, a fazendo explodir e vários pedacinhos que se espalharam pelo quarto – MAS EU NÃO CONSIGO, ALICE! – Ela se levantou, gesticulando e caminhando de um lado para outro a passos lentos, sem se preocupar em pisar descalça sobre os cacos da xicara deixando pegadas de sangue, agora falando mais baixo, como se contasse um plano secreto – Sabe o que se passa na minha cabeça? Vingança... minha vontade é capturar a Rainha vermelha mantê-la viva pra sempre em algum lugar do castelo para que eu possa tortura-la por toda a eternidade...

—-Miranda... – fui interrompida novamente.

—- EU SEI! – Ela gritou pra mim – Mas eu não consigo evitar... – Seus olhos cinzas quase brancos se tornaram distantes e assumiram um tom avermelhado. – Mas e tão bom imaginar isso... seria extremamente satisfatório realizar tudo o que penso...

—- Imagino que realmente seja muito bom... – comecei tentando despertar o lado de Miranda que não era capaz de matar uma mosca – ter o sangue de alguem em sujando suas mãos, o sofrimento dela ser totalmente sua culpa...

—- Alice – Disse ela, se ajoelhando a minha frente e segurando minhas duas mãos – Qualquer coisa que eu possa fazer a ela não vai ser nada se comparado a todo o mau que ela já fez... – Seus olhos mantinham o tom avermelhado e sua voz sombria.

—- Você não vai ajudar ninguém assim.

—- Tenho certeza que vou vingar todo o país... – Eu a interrompi.

—- Depois que tudo isso acabar o País das Maravilhas vai precisar de um recomeço... de recuperação... – comecei a falar encarando seus olhos – Como você acha que um lugar de paz pode recomeçar com uma líder que esta torturando sua inimiga?

—- É em nome do sentimento de todos sobre... – Cortei novamente.

—- O País das Maravilhas vai precisar de um exemplo de bondade, Miranda... Se fizer isso, só haverá dois caminhos. Ou você não será mais Rainha ou o País das Maravilhas não será mais um lugar de pura paz, como nasceu pra ser. – Miranda se calou por um momento, me encarando como se enfrentasse um conflito interno, fazendo seus olhos vacilarem entre o cinza que eu conhecia e o avermelhado. De repente se tornou vermelho sangue.

—- Mas e você? – Disse ela levando a mão direita ao meu pescoço e se levantando junto comigo – Preferiu fugir a ajudar esse lugar, e agora que me dizer como devo reinar? – Ela me levantava pelo pescoço, apertando a fim de me enforcar, batendo minhas costas na parede com força.

—- E-eu não... – Minha voz estava vacilando, sem ar.

—- O coelho abandonou sua família para te buscar em seu mundo desde quando você sumiu... Tem noção disso? – Sua mão se firmou mais em meu pescoço – Você desistiu desse lugar... O que te faz pensar que pode voltar agora e querer agir como uma sabia salvadora?

Eu não conseguia mais responder, me faltava ar e palavras... Eu queria poder responde-la e convence-la que eu não havia fugido ou simplesmente abandonado, foi só que... Eu não sabia explicar como simplesmente minha vida havia virado de cabeça pra baixo e havia anos apagados da minha memória. As lagrimas começaram a escorrer dos meus olhos enquanto minha visão começava a ficar turva pela falta de oxigênio. Eu não iria fugir daquilo... iria piorar a situação de Miranda, e mesmo se eu quisesse, não havia como pedir socorro a Margareth, pois simplesmente eu não alcançava o chão. A ultima coisa que me lembro antes de tudo escurecer eram os olhos cor de sangue da Rainha contrastando com sua pele extremamente pálida e sorriso sombrio, que ao me soltar e eu bater violentamente contra o chão sobre vários cacos da xicara que furaram minha pele, voltaram ao cinza quase branco e ela se abaixou ao meu lado, com eles cheio d’agua.


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Notas finais do capítulo

Ei ai? o que voces tem a dizer?
Aviso Importante:
Minhas provas da faculdade começam semana que vem, então estou tentando ao maximo adiantar o proximo e não deixar vcs sem capitulo, mas caso eu não consiga, vou postar um capitulo de aviso e prometo que vou recompensar voces ♥
Obrigada!



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