Amor Faminto escrita por Kelly


Capítulo 11
Capítulo 10: Estou morta?




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Alexander sentado à beira do precipício, pernas esticadas, braços a suportar o seu peso. Lydia estava apenas ali, a espreitar pela folhagem, acabou por se encostar à árvore. Apenas a observá-lo.

"Porque me seguiste até aqui?" A voz dele soou longe.

Ele tinha-a abandonado no meio da floresta e caminhado todo o caminho até ao topo da cidade. E ela sabia que não podia deixar coisas por dizer, isso só lhe faria mal a ela mesma.

Lydia descruzou os braços e aproximou-se.

"Nunca encontrei este lugar." Ela confessou.

"A Lily mostrou-me." Alec disse-lhe.

Jones fechou os olhos, e deixou o vento envolvê-la.

Então, memórias flutuaram à sua volta. Aquela noite em que poderia ter morrido, ela lembra-se de querer morrer. E se não fosse por Alexander e Ryan isso era o que teria acontecido.

"Eu não tenho medo de ti, se é isso que pensas." Lydia encarou-lhe as costas.

"Odeio que me mintas."

"Mas eu não te minto, eu-."

"Para, para de mentir." Alec continuou a olhar a paisagem. "Eu vi, ok? Eu vi o quão aterrorizada tu estavas. Não é preciso mentires para me fazeres sentir bem."

Lydia forçou uma gargalhada e balançou a cabeça, não acreditava no que ele lhe dizia.

"Tu achas que eu estaria aqui se tivesse com medo de ti?" Jones devolveu. "Tu achas que eu estou aqui para te fazer sentir bem?"

Alexander levantou-se num movimento repentino.

"Sim! Não é isso que tu vês quando olhas para mim? Algo que precisa de ser reparado?!"

"A única coisa que vejo agora é um idiota!" Lydia gritou-lhe. "Tu és tão estúpido! Tu és a única coisa errada contigo, na verdade!"

"Vá continua! Diz-me o quão mau eu sou! Vá!" Alec encorajou-a. "Vá lá Lydia! Tu consegues fazer melhor do que isso!"

"Deus," Ela passou as mãos pelo cabelo, cansada. "Porque raio é que estou aqui sequer?"

"Sim, Lydia. Porque estás aqui?"

"Bem, talvez eu goste de ti!" Jones olhou-o. "Talvez eu queira descobrir o que está por detrás da tua máscara!"

Ela aproximou-se, até estar tão perto que os olhos azuis de Alec pareciam cega-la.

"Porquê que tu não me deixas?!" Lydia bateu-lhe no peito.

Então o silêncio instalou-se. Jones esperou que Mathews dissesse alguma coisa, fizesse alguma coisa. Mas nada, ele apenas olhou os seus pequenos olhos verdes e suspirou.

Quando ela pensou que ele nunca iria falar com ela outra vez, ele surpreendeu-a.

"Tu não ias gostar, Lydia. Acredita."

"Deixa-me ser eu a decidir isso, Alexander." Ela suplicou.

"Eu nem sei porque tu gostas de mim agora." Alec agarrou-lhe os ombros. "Olha para mim!"

"Eu estou a olhar." Lydia murmurou.

"Porquê então?"

"Talvez porque numa escola cheia de pessoas, tu reparaste na pequena rapariga com uma alma estranha e olhos a transbordar de conhecimento. Porque normalmente, quando eu desmorono ninguém realmente percebe. Apenas passam sobre os pedaços."

Alexander humedeceu os seus lábios e ela mordeu o seu.

"Mas tu paraste e pegaste num pedaço e atreveste a perguntar, quem és tu?"

"Lydia..." Mathews acariciou-lhe a bochecha.

"Então, deixa-me perguntar-te," Jones olhou-o nos olhos. "Quem és tu?"

"Eu sou só um vampiro como os outros. Um vampiro que já magoou muitas pessoas." Ele disse-lhe. "Só isso."

Lydia envolveu-lhe a cintura com os seus braços finos e encostou o seu ouvido ao coração de Alec. Ele não se moveu, surpreso com o gesto, apenas enterrou a sua mão nos longos cabelos vermelhos.

"Oh," Ela sussurrou. "Tu és muito mais do que isso, Alexander Mathews."

Após a longa e nada esperada tarde, Lydia recebeu uma mensagem de Octavia. A sua melhor amiga precisava de uma urgente e desesperada ajuda com Álgebra, já a estava a matar.

"Desisto!"

Octavia deixou-se cair na cama, o seu corpo afundou-se na colcha. Um longo suspiro seguiu-se.

"Só estamos nisto há cinco minutos, O." Lydia olhou a sua amiga.

"É o suficiente para mim." A morena devolveu. "Álgebra frita-me o cérebro."

Jones largou uma risada e levantou-se da cadeira, aproximou-se da cama e então imitou o movimento da outra. Lançou-se e aterrou ao lado de Octavia.

"Senti saudades disto." Cooper admitiu.

"Sim," Lydia olhou-a. "Eu também."

"Bem, pelo menos fizeste amigos," O começou. "Os Mathews, os vampiros?"

"Oh."

A morena sentou-se e voltou-se para encarar a sua melhor amiga, que ainda estava deitada a observar o teto branco como se conseguisse ver o céu estrelado através dele.

"Vi-te a sair com o Alexander Mathews da escola no outro dia, entraram num carro." Ela disse-lhe.

"Lily, a irmã dele. O carro era dela." Lydia explicou.

"Não é isso que importa." Octavia sorriu. "Eu pensava que o odiavas. Um falhado. Que não querias ter nada haver com vampiros, nunca."

"Sim," Jones suspirou. "Muito aconteceu desde que nós nos chateamos."

"Então vocês são amigos?" A outra insinuou.

"Acho que sim."

"Como é que isso aconteceu?" O perguntou com curiosidade. "Pensava que tinha sido ele a espalhar os panfletos."

"Hm, isso é uma longa história." Lydia olhou a sua amiga. "Foi o Ryan. Mas não importa."

"Uou, perdi mesmo muita coisa." A morena queixou-se. "Pensava que também odiavas o Ryan."

"Hm, um pouco." Jones largou uma risada. "Mas ele meio que me salvou a vida, então..."

"Como assim?!" Cooper arregalou os olhos.

"Ah, eu fui atacada pelo vampiro também..." Ela contou-lhe.

"Não...oh, Lyds."

Jones não disse nada. Então, Octavia voltou a deitar-se ao lado dela e soltou um longo suspiro. Alguns segundos de silêncio e Cooper provocou Lydia com o seu cotovelo.

"Alexander Mathews, sério?"

"Ele não é o género de bonito comum, eu acho." Lydia deu um descuidado encolher de ombros. "Mas há algo nele, sabes. Ele é- quando o olhas, é de tirar o fôlego. E ele é mesmo... querido, sabes. Engraçado e esperto e gentil. Mas também é o maior idiota há face-."

Octavia largou uma gargalhada ao seu lado.

Lydia parou, assustada. "O que foi? O que é que eu disse?"

"Nada." Cooper balançou a cabeça com um sorriso provador e riu. "Não posso acreditar que te estás a apaixonar por ele. É incrível."

Jones sentou-se num movimento repentino.

"Não! Não estou!" Ela olhou a sua amiga aterrorizada. "Sério, O. Percebeste tudo mal."

"Estás a tentar convencer-me a mim ou a ti, Lyds?"

Talvez ambas.

Enquanto isso, os Mathews estavam mais preocupados com outro tipo de problemas. A ameaça que havia sido feita a Lydia, naquela mesma manhã.

"Devíamos levar isto ao Conselho Vermelho, Tom."

"Mãe, não." Alec chegou-se à frente. "Não ainda."

"Alec," Andrea olhou o seu filho com pena. "Isto é importante. Ameaçaram uma humana."

"Não é apenas uma humana qualquer, ok? Dá-nos mais algum tempo." Ele suplicou.

"Sim, não é uma humana qualquer. É Lydia Jones." Ryan provocou. "Alec está a apaixonar-se por ela."

"O quê?! Porque não nos disseste, Alexander?" Tom levantou-se.

"Não! Eu não estou apaixonado por ela!" Ele negou. "É exatamente sobre isto que estou a falar! O Conselho nunca a vai deixar em paz, eu sei o que acontece quando-."

"Alec," A sua mãe aproximou-se. "é o nosso dever."

"Lembra-te do que aconteceu com a Evelyn." Mark atreveu-se a dizer.

"Isto não é a mesma coisa!" Alec voltou-se e olhou o seu irmão. "Lydia tem uma vida normal, ela não é a Evelyn. Ela não é uma vampira!"

"Ok, vamos parar meninos!" O seu pai levantou a voz.

"Alec, tu podes dizer-nos se estiveres apaixonado, é-."

"Mas não estou!" Alexander interrompeu a sua mãe. "Só não quero que lhe destruam a vida."

"É por isso que vamos informar o Conselho," Tom explicou. "Para ter a certeza que ela ainda tem uma vida."

"Vá lá, todos sabemos que assim que o Conselho souber, eles vão empurra-la para um de nós. Dizer que é mais seguro." Alec lembrou. "Eles nunca vão parar."

"Bem, eu não me importo de-."

Wes foi interrompido pelo olhar fuzilante de Alexander.

"Ou não." O outro emendou-se.

"Filho, nós sabemos que estás a tentar protege-la," Andrea aproximou-se. "mas talvez não seja a melhor forma."

Ele bufou.

Um último olhar aos seus pais e ele estava fora de casa. O frio não o incomodava nem um bocadinho e ele, realmente, precisava de estar sozinho, então mesmo que não conseguisse suportar todo o vento que o envolvia, era a única maneira de ter um pouco de sossego.

Ou não.

"Alexander Mathews."

"Deixa-me, Lily." Ele pediu.

"Hm, boa tentativa."

A loira inclinou-se sobre a vedação e imitou-o. Apoiou os cotovelos na barra de metal e olhou a paisagem da serra. Era de tirar o fôlego e ele já havia visto muitos lugares, países, cidades.

"O que foi aquilo?" Lily perguntou.

"Eles não entendem que é a vida dela que está em risco." Alec explicou.

"Não," Ela olhou-o. "Eu acho que tu não entendes, mano."

Alexander desviou o olhar, que se estendia por toda a paisagem, até encontrar os olhos azuis da sua irmã. Ela franziu a testa.

"A Lydia tem um vampiro atrás dela e é, exatamente, por isso que os pais querem contar sobre a ameaça ao Conselho." Lily explicou. "Porque a vida dela está em risco. Eles também a querem proteger."

"Os Conselhos vão-."

"Isso nós resolvemos depois, ok? Agora o importante é proteger a Lydia." Ela disse-lhe.

"Mas-." Alec tentou.

"Mas o quê? Qual é o teu problema, afinal?" Lily olhou-o confusa." Ahn?"

Alexander ignorou a pergunta da sua irmã, voltou a observar a natureza. Ela, então, puxou-lhe o braço e obrigou-o a olha-la mais uma vez.

"É ela descobrir o que tu fizeste que te assusta?"

Alec engoliu em seco e desviou o olhar.

"Alec," Lily chamou a sua atenção. "aquela miúda esteve numa casa cheia de vampiros e não teve medo. Ela consegue aguentar a verdade."

Ele largou uma risada forçada. "Tu não a viste a olhar para mim. Ela estava apavorada."

"Ok. Mas também foi ela que viajou de carro connosco, riu e falou. Nunca vi ninguém se dar tão bem connosco logo assim, normalmente julgam-nos por sermos vampiros. Acham que por isso não conseguimos também ser humanos. A Iris nem conseguia falar connosco sem gaguejar ao inicio, lembraste?" Lily riu com as lembranças. "A Lydia não te vai julgar."

Alec queria acreditar nisso. Ele queria acreditar em Lily e, também, em Lydia. Mas ele ainda continuava a ser o mesmo monstro de há cem anos, ele ainda tinha medo de se olhar ao espelho e ver o mesmo que viu o século passado.

Sangue.

No dia seguinte, de alguma forma, as coisas estavam mais calmas. Alexander e Lydia passaram a manhã toda juntos, a rir e apenas a conversar. Era bom.

"Não me digas que eles voltaram áquilo."

Alexander olhou a rapariga dos cabelos vermelhos sentada à sua frente, riu quando percebeu que ela olhava Octavia e Ryan no relvado.

"Ew. Não lhe devia ter dito que já não o odiava." Lydia resmungou.

"Bem, ao menos não nos chateiam." Alec disse.

Ela encolheu os ombros, com um sorriso.

"Amor é tão... estranho." Jones comentou. "Ultrapassa-me."

"Não acho que seja amor, não ainda pelo menos. "Mathews devolveu.

"Sim, ok, mas a sério... O amor, no geral." Ela gesticulou. "Dão-lhe tanta importância. E é apenas isto, certo. Isto e sofrimento."

"Já estiveste apaixonada?" Alec aproveitou.

"Ah... Uma vez, mas o oceano ficou entre nós." Mentiu, e então olhou-o. "E tu, Alexander?"

"Sim, uma vez." Ele engoliu sem seco. "Mas o abismo entre nós é muito maior que o oceano."

"Oh, lamento." Ela inclinou-se. "Eu-."

Alec balançou a cabeça e suspirou.

"Yeah bem, eu sou horrível em relações de qualquer maneira."

A dor estava lá, mas a voz dela era como um bálsamo para as suas feridas. Claro que não a fazia desaparecer, mas ouvir a sua voz melodiosa era suficiente para aliviar a dor, mesmo que apenas por um curto período de tempo.

Sim, a dor estava lá. Mas Alexander nunca a deixaria mostrar.

A noite chegou e como Lydia Jones desejava que ela nunca tivesse chegado

Lydia estava ofegante, o seu corpo parecia aquecido. Mas ainda assim não se conseguia mexer. As suas pálpebras estavam pesadas. A única coisa que se ouvia era a sua respiração pesada.

Então, finalmente, os seus olhos abriram-se. Lentamente. Piscou algumas vezes, e percebeu que estava a olhar o céu estrelado.

"O que-."

Sentou-se, num movimento rápido. Isso fê-la sentir-se tonta, uma dor aguda fê-la levar a sua mão ao lado direito do seu pescoço. Quando trouxe os dedos aos seus olhos, estavam cobertos de sangue. Era o seu sangue.

Voltou-se, de joelhos, para se conseguir levantar. Um grito agonizante trepou a sua garganta e assustou os pássaros. Eles bateram as asas para longe, Lydia queria poder fazer o mesmo.
Ao seu lado estavam quatro corpos, dois de cada lado. Estavam irreconhecíveis, mas Jones conseguiu perceber que não eram muito mais velhos do que ela. Estavam mortos.

Lydia levantou-se, lágrimas sujavam-lhe a face. As suas roupas também estavam sujas de sangue. Com as mãos trêmulas, levou-as ao bolso e trouxe o seu telemóvel. Carregou no primeiro nome que apareceu e esperou que atendessem.

"Lydia?"

"Alec, ajuda-me." Soluçou.

"O que aconteceu?!" Alec gritou-lhe do outro lado. "Lydia?! Onde é que estás?!"

"Eles estão todos mortos."

Lydia olhou para as suas roupas encharcadas em sangue. E para as suas mãos.

"Eu estou morta?


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