Eu sou a Lenda escrita por Karina Ferreira


Capítulo 8
I-VII Besta


Notas iniciais do capítulo

Glossário do antigo idioma

Rytho: forma ritual de lavar a honra onde o ofensor se apresenta de forma desprotegido perante o ofendido que o ataca

Doggen: servo

Mhis: disfarce de um ambiente através de campo de ilusão criado por magica

Lesser: redutor

Shellan: companheira

Hellren: companheiro

Primeira familia: o rei e sua família

Pahmen: pai



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— Eu vou matar aquela vampira com as minhas próprias mãos – esbravejava Zsadist descendo enfurecido as escadas

— Pela Virgem Z, não diga isso! Ela é a princesa, só por pensar em tamanha afronta o rei pode exigir que você ofereça um rytho* em retaliação – clamava Nalla tentando acompanhar os passos do macho, logo atrás dela vinha Mary com expressão de temor com toda a situação

— O próprio rei sabe bem a peste que tem como filha – Zsadist estaria fazendo um favor a raça. Aquela vampira era um perigo a todos

Chegando ao hall de entrada sentiu um nó na garganta ao ver todos os doggens* do instituto reunidos em um círculo em torno do corpo do pobre ancião que tivera a vida encerrada por aquela que chamavam de princesa, todos choravam discretamente como era a característica principal daquela classe. Doggens* segundo a lenda, eram vampiros que cometeram atos ruins e não tiveram tempo de pagar por esses erros em vida, porem, na hora da morte haviam se arrependido verdadeiramente, então a Virgem como penitencia dava-lhes a escolha de voltar a uma nova vida com alguma deformação os tornando fracos, eles viviam essa nova vida servindo aos demais vampiros e assim, ganhavam o direito de adentrar o fade* tão puros quanto criança. E era essa a satisfação da classe, quanto mais serviam, mais felizes ficavam por lembrarem do quão generosa a Virgem fora para com eles

Passou apressado por eles indo direto ao pátio onde a bruxa já o aguardava, Nalla e Mary o tempo inteiro em seu encalço

— Reforce o feitiço de Mhis* sobre o instituto – a bruxa assentiu

—- Zsadist por favor tenha cuidado – implorou a vampira aristocrata segurando no braço dele com olhos suplicantes. Ele a olhou de maxilar trincado, não gostava da ideia de deixa-la no instituto desprotegida, mas diante da situação não tinha outra opção, se algo acontecesse a princesa sua cabeça seria colocada a prêmio e ele não aceitaria morrer por aquela vampira a menos que fosse ele mesmo a mata-la. Engoliu em seco e voltou-se novamente a bruxa

— Ao menor sinal de perigo tire todos daqui e leve-os as torres – novamente a bruxa somente assentiu e então criou um enorme portal diante dele, sem cerimonias o macho livrou-se do aperto da vampira e desapareceu pelo portal

...

— Por Ômega! – gritou Tom levantando a espada para o alto

— Por Ômega – gritaram os demais Lessers* também erguendo suas espadas para o alto, em seguida o grupo saiu correndo em direção aos portões do castelo. Bella ficou parada no lugar observando a nova raça de humanos correndo tão rápido quanto um vampiro, de forma que em segundos estavam diante aos enormes portões de madeira e já começavam a escalar as muralhas utilizando as mãos.

Viu quando os soldados de elite se colocaram nas muralhas com seus arcos em mãos atirando flechas para baixo que acertavam os lessers*, mas estes não pareciam se abater, continuavam subindo rápidos e ferozes. Assim que chegaram ao alto da muralha os humanos superdotados se jogaram de encontro aos vampiros os jogando ao chão

Isabella estava completamente embasbacada olhando a sena, quando o ultimo lesser* pulou para o pátio do castelo a vampira correu para os portões já escalando a muralha também, mas com bem mais cautela do que que os anteriores. Chegando ao alto questionou-se se realmente estava acordada, pois a cena que se desenrolava no pátio não era algo que imaginou alguma vez ver em toda sua vida

Os feroses guerreiros vampiros resistiam bravamente, no entanto era claro que aqueles homens transformados os estavam derrotando, Bella observou os vampiros atacarem com tudo o que tinham de melhor, mas nada parecia abater aquela nova espécie, era como se não sentissem dor

Zsadist chegou ao castelo no exato momento da invasão, rapidamente sacou seu par de espadas presos as costas e começou a ajudar seus irmãos naquela luta. Aqueles seres malditos eram diferentes de tudo a que já enfrentara e Z sentia vontade de blasfemar contra o deus que os criou

Os machos não eram abatidos por nada, não importava a profundidade do ferimento, continuavam lutando tão agilmente que cogitou a hipótese daqueles desgraçado não morrerem. O sangue negro e grosso q escorria pelos ferimentos que causava nas criaturas era tão fétido que lhe causava vertigem

No entanto, Z era persistente, girou o corpo em torno de si próprio e com uma das espadas cortou fora o braço que segurava a espada da criatura que olhou irritado o próprio braço caído ao chão depois voltou-se para Z com fúria, mas antes que pudesse raciocinar o vampiro já enfincava fundo sua espada no coração da coisa, tão fundo que a lamina saiu do outro lado do corpo

Zsadist não era o tipo de macho que se assustava com qualquer coisa, na verdade nada no mundo já tinha o amedrontado. Mas precisava confessar, a criatura, seja lá qual for a espécie dela, em pé a sua frente, com a espada completamente enfincada no peito e lhe sorrindo de forma irônica, causou-lhe um arrepio na coluna. Engoliu em seco quando viu a coisa puxar a lâmina de dentro de si o olhando em fúria

— Chegou a sua hora vampiro! – grunhiu pronto para golpear o vampiro que ainda estava paralisado pelo assombro

— Tom! – tanto o vampiro, quanto o Lesser* viraram-se para Isabella que se aproximava com expressão de tanto assombro quanto Z

— Veja pequena Samantha, aprenda como se mata um vampiro – falou irônico virando-se para Z novamente. Bella e Zsadist trocaram um rápido olhar

— Como vai matar um vampiro se não está com a sua cabeça no lugar? – perguntou a vampira. O lesser* pareceu confuso e olhou novamente a vampira

— O que... – antes que o redutor terminasse a fala Isabella passou a espada no pescoço do outro arrancando-lhe a cabeça. Todo o corpo do redutor explodiu sonoramente se convertendo em uma fumaça negra que sumiu dali tal como se algo a sugasse. Bella e Z se olharam confusos

— Cortem as cabeças! – gritou o vampiro recolhendo sua espada que ficou caída ao chão e já correndo de encontro a novos adversários

...

Rhage lutava simultaneamente com três oponentes e tinha de admitir que estava tendo trabalho com aqueles, os desgraçados pareciam não ter nenhum tipo de fraqueza. Sentia seu corpo cada vez mais quente e uma agitação incomoda em seu estômago, sabia que se continuasse a se irritar pela aparente invencibilidade daqueles infelizes logo a besta assumiria o controle

Entre um movimento e outro olhou ao redor todos os seus companheiros lutando bravamente, avaliou o pouco espaço que tinha e sabia que se a besta se manifestasse não teriam para onde correr. Engoliu em seco com a possibilidade. Tinha que se controlar, pela Virgem santa, precisava continuar dono de si

Um dos lessers* que lutava com o vampiro aproveitou que o macho se defendia de uma série de golpes desferidos por seu companheiro e acertou-lhe a costela, mas o vampiro era rápido, e quase conseguira desviar do golpe, fazendo com que o ferimento n passasse de um arranhão

O vampiro chutou o redutor que o golpeava para longe e parou no lugar, levantou a camisa negra que utilizava olhando a linha vermelha aberta ali e escorrendo sangue, o macho riu com diversão enquanto olhava o outro passar a mão no sangue que escorria analisando o liquido, mas o sorriso morrera no exato momento em que o outro em meio a rosnados levantou novamente a cabeça o olhando em fúria com olhos totalmente brancos e brilhantes. O vampiro foi a passos duros em seu encontro e o lesser* cogitou a hipótese de correr para longe dali mas não tivera tempo, uma explosão aconteceu diante de si e a forte luz o cegou

...

Isabella estava impressionada com o quanto aqueles lessers* podiam ser rancorosos, no momento em que se deram conta de que ela os avia enganado parecia que o objetivo de todos eles era acabar com a vida da vampira mais odiada da história. Lutava com mais um deles que a cada golpe lhe lançava um novo olhar de indignação e traição. Para alguém que não sentia dor, estava impressionada que tivesse sentimentos. Quase riu da própria piada

Segurou com as duas mãos a espada sobre a cabeça protegendo-se da investida do outro que a golpeava forçando a espada cada vez mais forte para baixo como se tivesse a intenção de cortar a lamina da vampira ao meio. Reunindo toda a força que tinha, impulsionou o corpo para frente o empurrando longe, chutou o nariz do redutor, que pareceu ficar desnorteado e então cortou a cabeça dele.

O macho explodiu no mesmo momento em que uma explosão muito mais alta foi escutada pela vampira que virou rapidamente na direção do som tendo que proteger os olhos com o braço devido ao forte clarão que ardeu seus olhos

Assim que a luz cessou Isabella abriu os olhos tentando entender que novidade era aquela agora, a vampira paralisou no lugar de olhos saltados e boca aberta. A criatura semelhante a um dragão sem asas tinha certa de três metros de altura, dentes pontudos e grandes, garras afiadas nas patas dianteiras. O poderoso corpo, assim como a longa calda totalmente coberto por escamas que refletiam do verde ao púrpura

A besta atacava os redutores que se aproximavam fazendo Bella se questionar se ao menos estava se dando ao trabalho de mastigar antes de engolir. A vampira não sabia se agradecia ao demônio por fazer o trabalho sujo, ou se ajudava os invasores a matar a coisa antes que ela se tornasse a sobremesa

Como que em resposta a seu pensamento a besta olhou para ela com os enormes e brilhantes olhos brancos rugindo ameaçadoramente. Antes que a vampira tivesse tempo de engolir em seco algo se chocou contra ela e saiu a arrastando consigo para dentro do celeiro onde os cavalos se debatiam assustados com todo o barulho externo.

Olhou assustada para seu raptor mas relaxou vendo que tratava-se de Zsadist que fechava apressado a porta. O vampiro conferiu se a porta estava bem trancada e então voltou-se para ela. A cicatriz no rosto totalmente retorcida devido ao modo carrancudo em que a olhava

— Mais o que diabos é aquilo lá fora? – perguntou ainda em assombro

— Rhage. De muito mal humor – respondeu o vampiro olhando pelas frestas da madeira – precisamos ficar longe das vistas dele, a fera não sabe distinguir quem é amigo e quem é almoço – completou

— Rhage? Mas como é possível? – perguntou aproximando-se do outro também tentando espiar, mas nada via além do céu azul e o pátio do castelo. No entanto, os rugidos da besta ainda eram escutados, fortes e ameaçadores

— Rhage ofendeu a Virgem então ela o amaldiçoou – Isabella arregalou os olhos olhando para o vampiro esperando que ele revelasse ser uma piada – duzentos anos de inferno, qualquer coisa que perturbe o seu equilíbrio pode desencadear o processo

— E é essa a Virgem amada que vocês tanto idolatram? – perguntou enojada, o vampiro bufou contrariado virando-se para ela

— Rhage errou, irritou profundamente a mãe da raça e foi punido por isso, reconheceu seu deslize e aceitou de bom grado seu castigo. O que me lembra do que vim fazer aqui. Vou entrega-la ao concelho!

— Eu salvei a sua vida! – rebateu indignada

— Você matou um doggen*! – retrucou e a expressão de temor da fêmea deu lugar a um sorriso zombeteiro

— Você tem como provar? Existem testemunhas? – o sorriso se alargou ao ver o olhar de ódio que o macho lançou sobre ela – Você realmente faz jus a fama que o precede, tem que de fato ser muito corajoso para vir até aqui acusar a sua princesa de um crime tão cruel sem ter nenhuma maneira de provar suas palavras – deu de ombros – ou muito burro

— Que a Virgem a amaldiçoe! – cuspiu as palavras a olhando fundo nos olhos

— Ela já fez isso! – virou o rosto pensando nos próprios demônios que a deusa a obrigara a carregar. Nenhum dos dois ousou falar novamente

Bella não sabia calcular quanto tempo ficara trancada naquele celeiro, minutos, horas, tanto faz, em algum momento a besta uivou alto e longo, gradativamente o som foi se transformando em doloroso grito e uma nova explosão foi escutada. Zsadist levantou de onde estava sentado e saiu disparado porta afora e Bella logo o seguia também correndo

No meio do pátio havia um aglomerado de soldados em torno de alguma coisa caída ao chão, quando finalmente se aproximou viu que era Rhage totalmente nú e coberto por sangue negro e fedorento, encolhido no chão e gemendo segurando o estômago como se sentisse muita dor

Zsadist se ajoelhou ao lado do líder do instituto embalando cuidadosamente a cabeça do amigo em seu colo e Bella achou curioso que aquele macho tão feroz e coberto por cicatrizes pudesse de algum modo ser carinhoso

— Eu... Eu machuquei alguém? – perguntou Rhage em meio a murmúrios e de olhos fechados

— Pelo contrário, estamos todos vivos graças a você – respondeu Zsadist com a voz quase suave. O enfermo pareceu não gostar da resposta, mas não discutiu. Logo dois soldados estavam ali o colocando em uma maca - levem-o para o instituto. Ele precisa de Mary – instrui Z levantando-se do chão

— Temos médicos aqui também – argumentou um dos machos

— Você não está entendendo, ele precisa da Shellan* dele e não de um médico – os machos entendendo a fala do outro e logo se encaminharam para um portal aberto por uma bruxa ali desaparecendo por ele. Isabella estava realmente impressionada, não era todos os dias que via senas como as que presenciara naquela manhã

— Princesa? – escutou alguém sussurrar e por força do hábito virou-se na direção da voz. O soldado que a olhava curioso inundou os olhos em reconhecimento e antes que ela pudesse ter qualquer reação o macho já ajoelhava-se diante dela proferindo palavras de bênçãos a ela no antigo idioma

— Princesa! – gritou alguém e logo todos ali repetiam a ação do soldado enfurecendo a vampira que olhava para todos naquela cena patética, inclusive Zsadist que não parecia nem um pouco satisfeito. Até que seus olhos pararam nele, o único que ainda permanecia de pé. Subiu os olhos pelas botas de soldado, a folgada calça negra, a camisa sem mangas e as mãos encobertas por luvas segurando de forma relaxada a espada, e finalmente o rosto de maxilar travado. Os olhos de outono a fitavam profundamente de forma enojada. E não era uma feliz coincidência? Ela sentia-se da mesma forma.

— Enquanto vocês perdem tempo com essas frescuras, elementais estão pulando a fronteira! – gritou sonoramente ainda encarando aquele que a deusa escolhera por hellren* para ela. Bufou revoltada e saiu a passos duros para dentro do castelo

...

Jasper não sabia por que todos estavam ajoelhados diante de Isabella, mas uma coisa era certa. Se o faziam, tinham um motivo e ele é que não iria questionar qual

— Você desrespeitou a princesa se mantendo de pé! - Esbravejou um soldado aproximando-se de Edward que o encarou desafiadoramente e ele logo estava ao lado do amigo – O que pretendia? Mostrar que você e ela estão a mesma altura? Eu vou pessoalmente cuidar...

— Você não irá cuidar pessoalmente de nada! – esbravejou Zsadist olhando de maneira dura para o outro – ele é um recruta por tanto os únicos que cuidam pessoalmente das atitudes dele somos eu e Rhage!

— Ele ofendeu a primeira familia*, não ajoelhou-se para a passagem da princesa

— Ele é humano. Não tem obrigação de conhecer os seus costumes – devolveu Z – Mas como disse, as atitudes dele são responsabilidade minha, se quiser cobrar a honra da princesa, cobre de mim – disse já se colocando em postura de combate. O outro vampiro pareceu avaliar a ideia mas deu de ombros saindo dali tão irado quanto chegara – Todos os recrutas, venham comigo – gritou Z já indo para dentro do castelo. Precisava se retratar com Caius, mas pelo que acabara de ver não podia deixar os recrutas sozinhos


Isabella andava enfurecida pelos corredores ainda blasfemando contra a vida de cada maldito soldado daquela guarda quando entrou na sala do trono, avistou rapidamente o rei sentado ao trono cercado pelos quatro melhores homens da guarda de elite fortemente armados e era exatamente isso que ela não queria para si mesma, ficar escondida atrás de um trono enquanto toda a diversão acontecia no pátio.

Caius era o quinto macho ali pronto para se atirar na frente do rei em defesa a uma flecha mortífera se preciso fosse. Posicionado a frente do rei o vampiro a viu antes do pai, e logo a encarava cheio de acusações. A vampira suspirou pesadamente olhando o pahmen* de seu nallum* e logo começara a chorar enquanto corria em direção ao trono

— Pahmen*! – gritou em meio as lagrimas, assustando o rei que logo se colocou de pé

— Bella! – gritou o rei encurtando a distancia entre ele e a única filha

— Pahmen* foi horrível! – a vampira se jogou nos braços do pai assim que o alcançou totalmente inconsolada

— Minha filha o que aconteceu? – perguntou o rei sentando-se nas escadas que levariam ao trono a embalando em seus braços

Zsadist entrou na sala do trono com os demais recrutas e logo já estava de cenho franzido olhando a frágil princesa jogada ao chão chorando desesperadamente, por um momento até se perguntou se havia acontecido algo a rainha

— Eu... Eu... – fungou tentando controlar as lágrimas respirando em arfadas – Eu fui dar uma volta, por que estava entediada sem Emmett no instituto, Zsadist não queria permitir, mas eu prometi que ficaria somente ali pelos arredores e eu juro pahmen* pela santíssima Virgem Escriba que foi só o que fiz, achei que não haveria problemas até levei um doggen* comigo – o choro voltou a se intensificar e a vampira levou mais alguns segundos se acalmando – Oh pahmem* eles o mataram, aquele pobre e inocente doggen* pahmen*. Foi a sena mais cruel que já vi em toda a minha vida – o rei abraçava a filha cada vez mais forte tentando reconforta-la das senas de horror que vivenciara – e então me sequestraram

— Virgem Santa! – exclamou o rei afastando a filha para olha-la – minha filha você está bem? Eles te machucaram?

— Sim pahmen, estou bem. Graças ao Zsadist – olhou diretamente para o vampiro – Ele foi me salvar. Espero que o senhor o recompense por isso

— Claro que sim – o rei voltou-se para o vampiro – Não tenho palavras suficientes para agradece-lo pelo que fez. Peça-me minha coroa e a terá

— Magestade com todo o respeito eu...

— Oh pahmen* eu ainda posso vê-los matando o pobre doggen* cortaram o pescoço – e novamente a vampira começou a chorar roubando a atenção do rei que deu ordens a dois doggens* discretamente parados próximo a porta que fossem preparar um chá de ervas calmantes para ela

Caius observada toda a sena de olhos atentos. Em passos calmos pôs-se ao lado de Zsadist. Com as mãos para trás e pernas abertas em uma postura relaxada

— Ela fugiu não é mesmo? – sussurrou para que somente o outro vampiro escutasse. Z apenas assentiu ainda olhando o rei embalando a inconsolada filha. E matou o doggen! – não era uma pergunta, era essa a única explicação para toda a dramatização da princesa. A vampira era rebelde mas não era burra, conhecia bem as punições para um ato tão sanguinário, atentar contra um doggen* seja de que forma for era considerado uma transgressão gravíssima e a punição para essa era o exílio

Também não precisou da confirmação positiva do outro, o abaixar de cabeça envergonhado do vampiro falava por si só. Sabia que sem provas nenhum deles poderiam levar a princesa a concelho, o rei jamais acreditaria, e o concelho não ficaria contra a princesa. Que a Virgem santa abençoasse o rei com um filho varão, ou ele não sabia o que seria da raça o dia em que chegasse a vez daquela vampira sentar-se ao trono.

— Venha Bella, vamos para o seu quarto – chamou o rei ajudando a filha a se levantar e logo a vampira esquecera-se de sua dor pela morte do doggen* e já estava de pé olhando o pai atentamente

— Não! Eu escutei muita coisa enquanto estava com eles pahmen* chame os sábios, eles precisam saber tudo o que descobri

...

Jasper sentia-se eufórico, se os humanos não tivessem perdido o direito ao convívio com os deuses ele se ajoelharia e agradeceria a cada um deles por estar participando daquele momento, historia estava prestes a ser escrita e ele estava presente

Entrou na biblioteca e logo seus olhos e boca se abriram perante a infinidade de livros daquele lugar, a biblioteca real era tão grande que julgou ser possível colocar todo o instituto ali dentro, olhou para cima vendo os quatro andares de livros, poderia ficar ali o dia todo sem jamais reclamar por isso

Sua atenção foi roubada por dois homens e uma criança que adentravam o local, os três andavam lentamente seguindo o ritmo do mais velho que claramente estava no fim da vida, o senhor de cumpridos cabelos brancos tinha a barba também embranquecida pelo tempo quase que no mesmo cumprimento que os cabelos. O outro, o homem de meia idade também tinha os cabelos e barba cumpridos, com a diferença de que somente alguns fios começavam a embranquecer e trazia o menino de aparência de oito anos pela mão. A criança olhava de maneira atenta cada um deles parados ali

Jasper olhou indignado em volta perguntando-se por que ninguém estava ajoelhando-se perante aqueles homens, por acaso acreditavam que estavam na mesma altura que eles? Correu para o lado de Edward sentindo a necessidade de futricar como uma garotinha, o outro humano na certa o entenderia

— Você pode acreditar nisso? São eles, e nós estamos aqui diante deles! Eu mal posso acreditar – sussurrava empolgado. O outro no entanto o olhou confuso

— Eles quem? – Jasper sentia vontade de sacar sua espada e cortar o pescoço do amigo. Mas que espécie de humano Edward era que não conhecia os sábios

— Os sábios Edward. Humanos que tem a capacidade de utilizarem o cérebro em sua totalidade. A história diz, que na luta contra o espirito maligno mesmo não tendo toda sua sabedoria em disposição um humano traçou a estratégia que encurralou a bruxa para que o vampiro e o elemental a matassem. Como recompensa por seu ato o grande deus Odin permitiu que esse humano e todos os seus descendentes tivessem sua sabedoria restabelecida. Mas infelizmente somente podem gerar filhos homens, e um por geração. Estamos diante de três gerações de descendentes – completou admirado. O outro porém, pareceu não importar-se com isso e voltou a observar a sena que se desenrolava

No meio da enorme biblioteca havia uma mesa de madeira onde somente o rei já estava sentado a cabeceira com a princesa em pé a seu lado. Os sábios sentaram-se um ao lado do outro aguardando o relato da vampira que logo começara a contar tudo o que descobriu durante seu período com os lessers*

O homem e o ancião escutavam atentamente tudo o que a princesa dizia, enquanto isso o garroto revezava olhares entre a princesa, o vampiro guerreiro treinado desde a infância e o macho de olhos misteriosos que encarava a princesa em um misto de rancor e desejo.

— Se o próprio Ômega esta envolvido, é claro como o sol que logo elementais encontrarão uma forma de burlar a barreira – começou o mais velho – o que vossa alteza deve fazer também está claro. A historia se repete, humanos estão se aliando novamente aos senhores dos elementos então assim como em outra época, vampiros também devem contar com a ajuda das demais espécies

— Vossa alteza precisa buscar aliados – continuou o sábio de meia idade – Mas devo alerta-lo que não será fácil tal aliança, todos os anos, todas as raças são obrigadas pelos deuses a enviar seus melhores guerreiros para defender os vampiros. E todos os anos o senhor os prende em uma arena enfestada de demônios sem treinamento algum, de onde a maioria não sai com vida – o rei engoliu em seco olhando o homem

— Não fui eu quem criou essa tradição. Apenas a mantenho

— Nós sabemos, mas terá que fazer algo para se redimir, provar que não os vê somente como soldados em potencial. Estabelecer alianças, envie os recrutas em missão de paz para transmitir suas estimas para com os outros, a princesa na equipe será de grande valia

— Bella não vai! – esbravejou o rei decidido

— Mas é claro que eu vou! – respondeu a princesa em desafio ao rei

— Alteza, preciso ficar ao lado da princesa dessa vez – começou o ancião – se o próprio rei ir até eles parecerá desesperado. A princesa é o que tens de mais precioso, se a envia-la demonstra confiança e transmitirá a inocência de suas intenções. A princesa como um membro importante dessa sociedade transmitida pessoalmente suas palavras e ter autonomia para selar acordos

— Estamos em tempos de perigo, não posso arriscar a vida de Isabella dessa forma

— Não se preocupe majestade – falou pela primeira vez a criança – existe mais de um guerreiro nessa equipe disposto a dar a vida pela da princesa, onde eles estiverem, ela estará a salvo – o garoto deu um sorriso perverso em direção a princesa – mi lady? Precisaremos de uma princesa para essa missão e não de mais um soldado

— O que quer dizer? – perguntou confusa

— Onde esta a sua coroa? – respondeu o menino aparentando diversão diante ao desespero da vampira

— Não vejo necessidade para isso – respondeu Isabella assumindo uma carranca

— E é por isso que nós somos os sábios – respondeu o menino petulante que foi rapidamente repreendido pelo pai

— De outra forma não passará a credibilidade que precisamos minha princesa – respondeu o homem de meia idade. – Podem ainda acreditar que estamos tentando engana-los

A vampira pareceu contrariada mas não protestou mais. Os sábios se levantaram e fizeram uma curta e educada reverência perante ao rei e a princesa, antes que virassem para saírem dali o garoto voltou a olhar a princesa e os dois guerreiros de forma curiosa

— Minha princesa? – iniciou ele chamando a atenção da vampira – Tens procurado pela lenda errada no livro que lhe é de direito de herança – a vampira o encarou mais profundamente, claramente confusa – existem muitas lendas embaralhadas em seu destino, mas somente as compreenderá no dia em que conhecer a sua própria história

Isabella olhava a criança de forma gélida, tinha total convicção de todos os olhares presos em suas costas com curiosidade e confusão. O rei estava boquiaberto ainda olhando o pequeno garoto que novamente sorriu perverso, deu a mão ao pai e saiu dali tão de vagar e silencioso quanto tinha entrado. Antes que qualquer um ali fizesse qualquer pergunta a vampira disparou porta afora

Continua...


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Notas finais do capítulo

Oies espero que gostem...



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