Eu sou a Lenda escrita por Karina Ferreira


Capítulo 14
I-XIII Guardiã




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Não houveram palavras, nada do que Edward dissesse expressaria o tamanho da amargura que sentia por aquela que tentara mata-lo sem dar-lhe a chance de ao menos conhece-la. Isabella por sua vez, não iria inventar arrependimentos que não sentia para pedir-lhe desculpas. Arrependia-se unicamente de não ter podido completar o ritual

Edward a olhava de maneira cruel, mesmo sem proferir as palavras a vampira podia ver cada um dos insultos, acusações e lamúrias que passavam pela mente do outro e por algum motivo isso a machucava, tão forte e fundo quanto a lamina que estivera dentro dela momentos antes

Ainda que o desprezo nos olhos do humano a machucasse, a vampira não perderia tempo pedindo-lhe por desculpas e alegando arrependimentos que não existiam dentro dela, sua vida, seu destino e suas decisões seriam muito mais fáceis se tivesse conseguido realizar o desejo de unir-se a Emmett

Edward puxou os cabelos para trás em revolta com os olhos ainda lacrimosos, socou o ar e em meio a grunhidos saiu do quarto. Isabella respirou fundo e fitou a maldita marca presa ao pulso

...

— Eu não deveria ter vindo atrás de você – começou Rosalie em pé olhando pela janela, de cabeça baixa, sentado na beira da cama, Emmett fitava os próprios pés enquanto estalava os dedos das mãos – sempre vai ser ela, não importa o quanto eu me esforce para chamar sua atenção, o seu coração vai sempre pertencer a ela – colocou enquanto uma única lágrima descia por seus olhos

— Thally* - começou de maneira doce – eu sei que errei muito com você no passado, eu sei que existem certas atitudes minhas em relação a ela que você não compreende, acredite, muitas vezes eu também não entendo. Você é uma fêmea maravilhosa, somos ligados por um feitiço sim, eu reconheço, mas foi a Virgem quem escolheu você pra mim e eu confio totalmente mas decisões da mãe da raça, sei que se ela o fez é por que de fato é o melhor. O erro que eu cometi, foi impulsionado pelos desejos de um adolescente imaturo e sem discernimento. - levantou-se indo ate a fêmea – Mas agora eu me coloco diante de ti como macho feito, um guerreiro que futuramente será o líder da guarda real e te peço uma única chance de mostrar que eu também posso ser o melhor para você

— Líder da guarda real? Com isso você está me dizendo que devo ter consciência de que ela estará sempre na sua vida? – Emmett suspirou

— Ela é como uma irmã para mim! Mas acima disso, existe algo entre mim e Isabella, uma força maior do que nós dois e que não podemos controlar que nos obriga a estarmos juntos. Então sim, eu estou dizendo que se escolher me dar essa chance, precisa estar ciente de que Isabella vem junto com o pacote

Foi a vez de Rosalie respirar fundo, com os olhos nublados pelas lagrimas avaliou o bonito macho a quem era emparelhada. Levou a mão ao rosto do vampiro acariciando com ternura aquele que era seu mas que ao mesmo tempo pertencia a outra

Emmett segurou a delicada mão da fêmea aberta junto ao rosto e fechou os olhos apreciando o contato suave que tanto desejara desde que a conheceu. Sendo pego de surpresa, sentiu o encostar de lábios da vampira contra sua boca e abriu os olhos encarando os obres azuis que também o fitavam em meio ao beijo recatado

Subiu uma mão para a fina cintura da sacerdotisa e a outra para a nuca da fêmea, com a língua pediu passagem por entre os lábios virginais e esta o atendeu fechando os olhos. O sabor da boca da vampira era indescritível, jamais em toda a sua existência provara algo tão doce e saboroso quanto aquela fêmea

As línguas se enrolavam de maneira suave, calma, demorada, e o macho apreciava o momento quase que em reverência, implorando para que o contato não se rompesse pois tinha a mais absoluta certeza que tratava-se de um beijo de despedida e ele não estava pronto para dizer adeus a sua shellan*

Apertou a vampira ainda mais contra ele com tal constatação como o perfeito desesperado que era, implorando com o carinho que não o deixasse. Podia sentir o rosto molhado mas não sabia identificar se as lágrimas que o molhavam eram da fêmea ou se dele mesmo. Gradativamente, o beijo foi diminuindo de ritmo até voltar a ser um simples encostar de lábios, os dois respiraram fundo ao mesmo tempo e separaram-se. Emmett olhou atentamente cada detalhe da fêmea na intenção de grava-los na memória e Rosalie por sua vez, fez o mesmo. Mais lágrimas desceram pelos olhos da vampira e sem dizer nada ela desmaterializou-se voltando ao santuário de onde nunca deveria ter saído

...

— Jasper declare a seu líder o que você viu! – rosnou Zsadist no pátio do instituto onde os recrutas estavam reunidos para escutar seu superior. Jasper engoliu em seco olhando do vampiro coberto por cicatrizes para Rhage que encarava o amigo com compaixão

— Eu vi Zsadist golpear Isabella – respondeu incerto olhando o vampiro

— Ouviu? Eu atentei contra a vida da princesa e mereço pagar por isso. Você sabe o que precisa fazer Rhage!

— Z, você acabou de perder sua shellan* está confuso, pense bem no que está fazendo – suplicou olhando o amigo nos olhos

— Não existe outra alternativa, você escutou seu recruta!

— E agora escutará a mim – todos voltaram-se para Isabella que saia do instituto acompanhada por Emmett. Já completamente recomposta, a vampira tinha os cabelos presos em uma trança, a espada e o arco em mãos – sofremos uma emboscada, fomos traídos e lessers* estavam lá, claramente com a missão de matar a princesa e o teriam feito se Zsadist não estivesse lá. Esse grande guerreiro salvou a minha vida, e qualquer um que testemunhar o contrário será acusado por mim de ter revelado aos elementais a existência de uma princesa e onde ela estaria – Zsadist fechou os olhas com força e virou-se para a vampira caminhando lentamente até ela a olhando firme nos olhos

— Você a matou! E agora nega a mim o desejo de encontra-la no fade*? – rosnou

— Não quis estar com ela em vida, por que o quer depois de morta, quando não mais desfrutarão dos prazeres da carne? – perguntou em mesmo tom de desprezo que o outro, sustentando o olhar o macho – Eu não vou permitir que morra, se insistir em manter que tentou me matar, mandarei que o prendam nas masmorras e o alimente-o mesmo que contra a sua vontade. Quero que sofra. Vou visita-lo até que me canse de ver essa dor nos seus olhos

— O que ganha com isso? – perguntou quase em sussurro e a vampira abriu um sorriso maldoso

— Me diverte!

— “Que a Virgem tenha um final muito doloroso para você! Que os seus dias sejam infelizes e seus descendentes blasfemem contra o seu nome!” – rogou no antigo idioma enquanto Bella se manteve firme em sua postura altiva

— Não perca seu tempo, ela já me odeia e tem tudo isso reservado para mim sem que você precise gastar suas orações

— Z – falou Rhage tocando o braço do vampiro delicadamente enquanto olhava receoso para Isabella – a família solicitou o corpo, vão vela-la na tumba*, você precisa ir para lá, precisa sangrar por sua shellan* - Zsadist olhou para o amigo em seguida saiu a passos duros dali

— E quem diria que ele seria sentimental assim não é mesmo? – debochou

— Você deveria estar na clínica – falou autoritário – está em recuperação recruta

— Estou onde deveria estar! Não me importa para onde estão indo, eu também irei – falou olhando diretamente para Edward que a ignorava – e estou falando como sua princesa! Cansei de brincar de recruta – completou já se encaminhando a fila de soldados

— Ela não está em um bom dia – justificou Emmett a seu superior em tom de lamento. Sabia que o comportamento da amiga era devido ao tempo em que passaram afastados e que ela logo retornaria ao normal. Sem dar tempo ao vampiro respondê-lo correu para o lado de Isabella segurando lhe a mão enquanto rogava a Virgem que aquele período acabasse logo

— Vocês vão para as torres – avisou Rhage dando sinal para o bruxo ali presente abrir o portal

...

Mais uma vez a guardiã do inverno estava sentada sozinha durante a refeição, mas dessa vez, a vampira somente remexia o alimento em seu prato enquanto observava com melancolia, ao longe, a irmã rodopiar no gramado abraçada ao ahstrux nohstrum* que agora podia oficialmente chamar de hellren*

Garret já iria sentar-se com sua bandeja de alimentos quando acompanhou o olhar da vampira e trocou o rumo de seu destino sentando-se ao lado dela. Kate olhou do vampiro ao ahstrux nohstrum* parado em pé junto a mesa guardando por sua segurança

Phury olhou o jovem vampiro de maneira analítica e em seguida a filha que exigia com o olhar que o tirasse dali, por fim, deu de ombros ficando de costas para o casal como se quisesse dar-lhes privacidade

— Foi uma bonita cerimônia a união de sua irmã não é mesmo? – começou de maneira cordial. A vampira bufou incomodada mas não respondeu, prestava demasiada atenção a comida intocada que remexia em seu prato – Você sabe que ela não tem culpa pela sua perda não é mesmo? Quero dizer, você não pode esperar que por estar infeliz que ela tenha obrigação de ser infeliz também. Foi o seu hellren* quem morreu, não o dela – Kate o olhou indignada e então o abandonou sozinho na mesa.

— Foi um péssimo começo rapaz – repreendeu Phury olhando para ele, em seguida o macho saiu atrás da filha

...

Zsadist olhou em volta todos os membros bem vestidos e de pose superior da glymera*. Não queria estar ali onde sentia-se pequeno e constrangido por não dispor de todo o requinte dos demais. Mas devia isso a Nalla, por todas as vezes em que a afastou, por todas as vezes que se negou a ela, precisava, ainda que por uma única vez, agir como o hellren* da vampira

Ignorando todos os olhares enojados que eram direcionados a ele aproximou-se da bancada onde o corpo da vampira estava repousado. A fêmea estava bem penteada e trajando um fino vestido azul – a cor que melhor combinava com ela – no pescoço e pulsos, no lugar das faixas cerimoniais de luto, tinha joias reluzentes indicando que não possuiu companheiro em vida. O macho engoliu em seco olhando a face tranquila da fêmea, tal como se estivesse dormindo. Não a tocou, mas passou a mão espalmada por cima do rosto delicado da vampira

— O que pensa que está fazendo aqui? – olhou na direção da voz feminina enraivecida deparando-se com a mahmen* Nalla o olhando de forma furiosa

— Vim sangrar pela minha shellan* - anunciou voltando a olhar o corpo da vampira

— Um escravo sangrando pela minha filha? – bufou – É o fim do mundo mesmo!

— Eu sangrarei pela minha irmã – avisou Rehveng de maneira contida, provavelmente evitando um escândalo no funeral de sua irmã – Você a tirou de nós, ela negou sua família e casta por você e olhe como a devolve! Não é bem vindo aqui Zsadist, você a desgraçou de todas as maneiras possíveis, permita que ao menos em seu ritual fúnebre possa ter um pouco de honra – Zsadist engoliu em seco, olhou uma última vez a vampira e então saiu dali tão cabisbaixo e humilhado quanto chegara

...

— Algum problema recruta? – perguntou Jessica de maneira divertida para o humano de cabelos acobreados que encarava de maneira fixa e pouco discreta a joia presa em seu arranjo. O humano aparentou desconforto ao perceber que não estava sequer disfarçando

— Me desculpe, é que...

— Não à problema algum – respondeu a vampira em meio a gargalhadas – todos tem a mesma reação quando a veem pela primeira vez – tranquilizou-o

— Ela é diferente do que imaginei – confessou o humano

— E como a imaginava? – quis saber Angela, também sorrindo de maneira descontraída

— Não sei, talvez um pouco maior – respondeu e as guardiãs reunidas no alto da torre de verão sorriram, apenas Kate permanecia imparcial a conversa

— Tudo bem – falou Riley aproximando-se da irmã não gostando da maneira como o humano encarava a joia – já conheceram as guardiãs, admiraram a joia de quatro almas. Agora vão para seus alojamentos, descansem, treinem ou seja lá o que costumam fazer. Amanhã cedo partiremos para a fronteira, esta na hora de reforçar a barreira – todos no quarto ficaram tensos – não sabemos quais surpresas esperar de nossos amigos elementais esse ano

...

A noite caiu e era como se estivessem em uma grande festa. Todos estavam em torno de uma fogueira no centro do pátio, alguns machos tocavam instrumentos em um ritmo alegre enquanto muitos casais saltavam felizes por ali acompanhando a musica

Edward observava toda a festa com curiosidade, era a primeira vez que presenciava algo do tipo e tudo o impressionava. Ao contrário do lual das fadas onde sabia que as sensações que sentia eram influenciadas pela magia que as criaturas voadoras exalavam ao dançar, ali, na festa dos vampiros, a alegria da raça era bonita de ser apreciada

Foi tirado de seus pensamentos por uma minúscula mão que apoiava-se em seus joelhos para ficar em pé. Olhou para a pequena vampira que sabia ser filha da guardiã do outono, a menina de cabelos cacheados lhe sorria abertamente exibindo seus únicos dois dentinhos e era impossível não sorrir de volta a criaturinha tão encantadora

— Dança – disse a menina em sua voz infantil e incerta

— Parece que você acaba de ser tirado para dançar Edward - comentou Angela sentada ao lado dele. A vampira era impressionantemente gentil – e não se deve recusar o convite de uma dama – o humano sorriu para a empolgação da vampira

— Eu não sei dançar – contou com honestidade

— Oh mais que absurdo! – fingiu indignação – que tipo de ser no mundo não sabe dançar? – se colocou de pé – Venha, eu e a Anne iremos te ensinar

O humano olhou vacilante a mão da guardiã estendida. Ele já estava ali mesmo, que mal poderia haver? Pegou a vampirinha que lhe estendia os bracinhos eufórica e aceitou a mão da vampira a acompanhando ao centro da roda

Isabella bufou observando o humano saltar em uma dança desajeitada com a guardiã da primavera enquanto chaqualhava a criança nos braços que gargalhava empolgada para ele. Edward olhava a menina sorrindo com admiração, como se a felicidade da garotinha fosse uma grande dádiva para ele

— Você acha que algum dia ele a perdoará? – perguntou Emmett sentado ao lado dela

— Não estou preocupada em receber perdão algum – respondeu carrancuda enquanto se levantava e abandonava o amigo para trás

...

Zsadist socava de maneira furiosa o saco de areia no ginásio do instituto aquela noite. Colocava em cada golpe, toda a força de sua dor, de sua revolta e de sua culpa. Não se permitira amar ou ser amado por sua shellan*, não cumprira a promessa de protege-la e mantê-la segura e sequer tinha permissão para morrer e encontra-la no fade*. Foi interrompido por uma mão forte que segurou seu pulso em meio a um soco, olhou o vampiro que o encarava em solidariedade

— Não deveria estar nas torres? – perguntou desviando os olhos do pesar do outro

— Estou exatamente onde deveria estar – respondeu Rhage – ao lado de meu irmão durante sua dor – Zsadiat não queria demonstrar fraqueza, mas era inevitável. Fechou os olhos permitindo que as lágrimas escorressem por seus olhos

— Não me permitiram sangrar por ela – confessou em um lamento doloroso

— É seu direito, e ninguém o tirará de você – falou o macho puxando o amigo pela mão em direção a pequena capela de orações a Virgem. Quando chegaram, Mary já estava ali aprontando os utensílios necessários para o ritual fúnebre.

Nem um minuto passara-se da chegada dos machos ao local e a figura feminina se materializou entre eles. Os três vampiros fizeram uma reverência perante a vampira, pois naquela noite ela estava ali como sacerdotisa e não como recruta

— Mesmo o corpo não estando presente, todos sabemos que esse ritual é pela alma da princeps* Nalla, para que seja bem recebida ao fade correto? – perguntou Rosalie e os três acenaram com a cabeça – pois bem, que o hellren* dela se apresente – Zsadist engoliu em seco e então com passos firmes se colocou diante a sacerdotisa – de joelhos guerreiro

A vampira pegou o ferro que aquecia na chama e recitando palavras no antigo idioma queimou a marca no pulso do vampiro que gritou com o contato quente sobre a pele, ao contrario de um ritual de união onde o macho deveria suportar calado a dor para provar seu valor, em um ritual fúnebre, ele precisava gritar toda a agonia da perda de sua shellan*. Enquanto Mary e Rhage, também de joelhos entoavam cânticos no antigo idioma, Rose preparou o corpo de Z com ervas, colocou sobre o pescoço perolas negras e cortou os dois pulsos do macho para que sangrasse em pagamento pelo bom transporte da alma de Nalla ao fade*

...

O dia amanheceu e no pátio da torre de verão todos os soldados se encontravam armados em filas e totalmente em silêncio. As quatro guardiãs chegaram ao local com expressões de concentração segurando a mão uma da outra as unindo com um único ser. O brilho da joia presa ao arranjo de Jessica refletia sobre as quatro vampiras

Phury fez um sinal positivo para a bruxa e esta abriu o portal, os primeiros a passar foram os quatro ahstrux nohstrum* com suas espadas em mãos, logo em seguida as guardiãs e então os soldados.

Isabella nunca tinha estado na fronteira, embora tivesse curiosidade de ver pessoalmente a tão falada barreira, e ali estava ela. O campo de força era visível aos olhos formando uma cúpula gigante em torno do que seria o território dos elementais

Do outro lado da energia levemente azul podia ver inúmeros vultos embaçados pela energia parados como se os estivessem esperando. Olhou para Edward que estava rígido no lugar olhando com claro desconforto para os seres ali

Bella viu quando algumas das sombras paradas do outro lado aproximaram-se andando calmamente em direção a barreira a atravessando com facilidade revelando serem lessers* que pararam como se protegessem o campo de força

Logo em seguida, demônios como os que enfrentara na arena também passaram pela barreira parando a frente dos lessers*. Isabella encaixou uma flecha no arco se preparando para o combate assim como todos os outros soldados. Surpreendeu-se quando Edward, segurando a espada tessaiga já transformada se colocou a frente dela e a vampira não soube se a intenção dele era aparar qualquer impacto que fosse direcionado a ela, ou se impedi-la de lançar suas flechas

— Sai da minha frente! – ordenou entre dentes ao humano

— Cala a boca! – ordenou de volta, como sempre, aparentando estar em meio a uma luta interna

As quatro guardiãs invocaram a magia da pedra e ergueram as mãos irradiando ao mesmo tempo energias para a barreira, os demônios correram ao ataque nesse momento sendo imitados pelos lessers*, os soldados também partiram a luta, dispostos a doarem suas vidas para proteger as vampiras que guardavam o objeto mais cobiçado pela outra raça

Do outro lado da barreira, elementais usavam seus poderes para atacar o campo de força tentando quebra-lo enquanto esse ainda permanecia enfraquecido

Isabella observou com revolta que Edward não atacava o inimigo ou os impedia de avançar na direção das guardiãs, notou também, que não era atacado por eles. O humano somente usava sua espada magica quando algum lesser* ou demônio ameaçava atacar Isabella e isso a estava enfurecendo, a vampira olhou a volta em busca de que mais alguém estivesse notando o comportamento estranho do humano e notando que todos estavam ocupados com suas próprias lutas partiu pra cima do outro

Em um ato que poderia ser considerado insano por qualquer um, levando-se em conta o poder que a espada do humano possuía, pegou a espada presa junto ao corpo e o atacou. Ao perceber a intenção da vampira, imediatamente o humano destransformou a espada a usando para parar o golpe da vampira

— Você ficou louca?

— Pare imediatamente com isso!

— Parar com o que? De salvar a sua vida? Seria um prazer

As guardiãs separaram-se tentando cobrir um espaço maior de terreno. Ben, utilizando de suas habilidades de ahstrux nohstrum* lutava incansavelmente contra um grupo de lessers* quando um enorme demônio escorpião saltou de dentro do solo atrás de Angela e a ferroou no pescoço

Emmett cortou a calda do bicho que urrou de dor se jogando para trás, Ben saltou sobre a vampira caída ao chão respirando com dificuldade enquanto Emmett matava o monstrengo e assumia seu lugar impedindo que lessers* se aproximassem da guardiã ferida.

— Tira a gente daqui! – gritou em desespero para Tanya que se juntara a Emmett na luta criando um campo de força em torno do casal

— A barreira não está pronta! – respondeu a bruxa

— Não interessa! Nos tire daqui agora!

— E-ela está certa – falou a guardiã com dificuldade devido ao grave ferimento no pescoço - Mi-minhas ir-irmãs precisam de mi-mim

— Não fala – implorou o vampiro pressionando a garganta da fêmea na frágil tentativa de impedir que o sangue continuasse saindo

— Eu lamento muito que sua vida esteja presa a minha, mas veja pelo lado bom, vai finalmente estar com sua shellan* - sorriu para ele

— Você não vai morrer! Nós não vamos morrer esta me ouvindo? – gritou o macho

— Eu nunca te agradeci por ter se sacrificado por mim, mas quero que saiba que independente dos motivos, eu reconheço seu esforço e roguei a Virgem por sua vida todos os dias

— Você era só uma criança assustada precisando de ajuda, sei que não acredita, mas eu fiz por que sabia que iria conseguir. E depois, depois eu passei a ama-la, eu a amei como a filha que eu e minha shellan* sempre sonhamos em ter – Angela sorriu o olhando de forma doce enquanto lagrimas se acumulavam em seus olhos

— Eu o amei mais do que como a um pahmen* - respondeu e então fechou os olhos lentamente. No exato momento em que a vampira parou de respirar, o corpo sem vida de Ben desabou sobre o dela e as demais guardiãs cambalearam enfraquecidas pela ausência de uma alma na joia

Isabella ainda estava em sua luta sem sentindo com Edward quando fortes rugidos chamaram sua atenção. Olhou para a barreira no exato momento em que inúmeros dragões passaram por ela cuspindo fogo em todas as direções

Viu com olhos arregalados o dragão esverdeado e de postura raivosa voar diretamente para ela, como se esse fosse seu único objetivo. O bicho encheu a boca de ar pronto para cuspir nela quando Edward jogou-se sobre ela como um escudo cobrindo-lhe todo o corpo

A vampira esperou pelo calor, pela o ardor do fogo ou a entrada no fade*, mas não aconteceu. Ao invés disso, os rugidos próximos a si intensificaram. Edward saiu de cima dela a pegando no colo como se fosse uma grande inútil e correu com ela para longe dali. A vampira ainda nos braços do humano olhou ao céu para o dragão esverdeado e esse agora brigava nas alturas com um dragão negro ainda maior que ele, o dragão negro parecia tentar impedir que o esverdeado fosse atrás do humano que corria com ela nos braços

Viu três portais abetos ali por onde os soldados fugiam e antes que Edward passasse por um deles a levando consigo, pode ver um terceiro dragão, não tão grande quanto o negro se juntar a luta no céu, também atacando o esverdeado

...

— Você disse que não iria escolher um lado! Que se manteria neutra nessa guerra – acusou Alice em revolta apontando o dedo para a rainha sentada ao trono. Imediatamente elfos seguraram a fada pelos braços, mas esta não se intimidou, permaneceu olhando em fúria para a rainha que permanecia em sua habitual pose de tranquilidade

— E foi exatamente o que fiz criança. Não lutamos ao lado nem dos vampiros, nem dos lessers*. Nos retiramos e permitimos que brigassem entre eles

— Você os traiu! Ajudou a armar a armadilha

— Você diz coisas que não sabe criança. Não fui eu e nem ninguém sobre meu comando quem informou os elementais de onde a princesa dos vampiros estaria. Fui informada sim, que os metamorfos atacariam, mas se tivesse alertado os vampiros sobre isso, ai sim estaria escolhendo um lado – a fada se encolheu olhando de maneira entristecida para o chão - soltem-na

— Isso não está certo. A maioria dos meus companheiros morreram – choramingou

— É uma guerra criança. Antes eles do que nós. Deixaremos que se matem aos poucos e quando essa guerra por poder já estiver ao fim, veremos qual lado evidentemente sairá vencedor e declararemos nosso apoio a ele. Não perderemos nenhuma fada ou elfo para uma guerra que não é nossa! Se tivermos sorte, a raça que sobreviver estará tão debilitada que não será difícil pegarmos a joia de quatro almas para nós mesmos. – Alice bufou contrariada, virou as costas pronta para sair dali

— Onde vai? – questionou a rainha

— Tomar partido nessa guerra

— Se sair de nossas terras esqueça que é uma fada, esqueça que somos sua tribo!

— A partir de agora, vampiros são a minha tribo – bateu asas para fora dali

...

A noite caiu e todos estavam reunidos no grande salão da torre de primavera, no centro dela, o corpo de Angela repousava sobre uma bancada completamente coberta por flores coloridas contornando a vampira

O sacerdote passava incensos e ervas na fêmea conforme entoava palavras no antigo idioma e todos a volta acompanhavam a cerimonia em silêncio e expressão chorosa

— Quem se apresenta como hellren* dessa fêmea? – perguntou o ancião. Imediatamente as guardiãs romperam em choro

— Ela não possuía um hellren* - informou Phury em tom respeitoso

— Pois bem – falou o sacerdote olhando significativamente para a pobre criança morta – Quem sangrará por essa vampira? – Emmett deu um passo a frente chamando a atenção dos demais

— Não nos conhecemos a muito tempo, mas no pouco tempo que tivemos, Angela se mostrou uma grande amiga, dividiu comigo suas alegrias e angústias. – olhou a amiga e em seguida o sacerdote – Eu sangro por essa fêmea!

— Ben foi meu irmão de voto, lutamos juntos muitas batalhas e o macho tinha meu respeito – começou Laurent também dando um passo a frente – Era de desejo dele sangrar por sua guardiã, mas sabia que não poderia, por isso me incumbiu de tal ação. Em respeito ao desejo de meu irmão, eu sangro por essa fêmea!

— A Virgem me presenteou com duas filhas maravilhosas, e depois as reclamou de volta para si, quando as escolheu como guardiãs – começou Phury – Eu respeitei a vontade de minha deusa e parei de me lamentar quando percebi que a mãe da raça não tinha me tirado duas filhas, ela tinha me presenteado com mais duas – olhou para Jessica que sorriu emocionada para ele – Por não ter o meu sangue, mas ainda assim ser minha filha, eu sangro por essa fêmea – deu um passo a frente

— A verdade – iniciou Riley – é que quando uma fêmea é escolhida como guardiã, passa pela transição e nós juramos a ela nossa lealdade como ahstrux nohstrum*, passamos a compartilhar dos mesmos problemas, os mesmos medos, as mesmas dificuldades e somente nós podemos nos apoiar nesses momentos por que somos os únicos que sabem exatamente o que o outro está sentindo. Quando entramos nessa jornada, nos tornamos mais do que um grupo seleto e diferenciado, nos tornamos a nossa própria família. Angela era a mais nova e meiga de minhas irmãs, a que sempre tinha a palavra certa de conforto para dizer, mesmo quando todos sabiam que a vida dela sempre foi a mais difícil, e por isso hoje, eu sangro por essa fêmea! – o sacerdote assentiu

— Aproximem-se e ajoelhem guerreiros

...

Zsadist permanecia ajoelhado sobre o chão da capela ainda sangrando por sua shellan*. Todas as vezes em que a ferida fechava ele próprio a abria novamente desejando que assim pudesse pagar não somente pela entrada da fêmea ao fade* mas também por todos os atos errados que cometera com ela.

De olhos fechados, mentalizava o bonito rosto da vampira enquanto entoava cânticos de louvor a Virgem quando escutou um pio de coruja. Abriu os olhos vendo não o chão quadriculado de onde estava, mas um gramado branco. Imediatamente olhou em volta notando que estava em um jardim completamente branco, das flores e folhas aos troncos das árvores, tudo era branco, em um galho de árvore próximo a ele a coruja branca que piara o observava

— Levante-se guerreiro – a voz de sinos foi ouvida atrás dele e imediatamente Zsadist virou-se para trás abrindo os olhos em assombro ao ver o manto negro flutuar próximo a ele. Não podia ver o rosto da figura devido ao brilho que emanava dela. Mas tinha certeza, estava diante a Virgem Escriba. Prostrou-se ainda mais diante a deusa encostando o rosto no chão enquanto proferia palavras de glória a ela no antigo idioma – Eu disse para que se levante guerreiro

Zsadiat obedeceu se colocando de pé ainda desacreditado de que fosse real. Olhou tudo a volta reparando nas enormes escadas brancas que levavam aos portões de uma imensa casa, ambos também na cor branca

— Estou no santuário? – perguntou embasbacado

— Não. Você está do lado de fora dele. Sua linhagem não lhe dá direito de adentra-lo – Z se encolheu chateado mas não ousou lamuriar-se perante a deusa – Sua shellan* quebrou muitas regras por você guerreiro – o macho apenas assentiu – virou as costas a família, abriu mão da própria casta para estar a seu lado e o que você fez por ela? – o macho se encolheu

— Nada

— Exatamente, não fez nada. Não só não fez como ofendeu a sua deusa. Disse que eu errei quando a vinculei a você. Sabe o tamanho de sua afronta e o quanto essa me magoou? – imediatamente Z se voltou para a deusa, os olhos forrados de culpa – quando os criei, com exceção das guardiãs e das sacerdotisas, não os dividi em castas Zsadist, primeira família* ,glymera*, soldados, escravos, foram todas nomenclaturas que vocês inventaram, não eu. Quando criei especificamente você, sabia o quanto iria sofrer por ser escravo. Mas sabia também das grandiosidade que faria, do quanto seria um macho de valor e por isso, como forma de compensa-lo pela escravidão, te vinculei a uma fêmea também de estremo valor, uma fêmea com coragem suficiente para lutar contra a desigualdade que o seu povo criou em meu nome, uma princeps* para que tivesse autonomia e influência suficiente para falar diretamente ao rei. E o que você faz? Não apenas recusa meu lewlhen* como também me acusa de ter errado em minhas escolhas – Z se pegou chorando no exato momento em que a compreensão lhe pegou

— Permitiu que ela morresse para me punir – afirmou enquanto chorava

— Exatamente. Se eu errei em minha escolha e a fêmea não era de seu agrado, nada mais justo do que a toma-la de volta – Z abaixou a cabeça e se perdeu em seu choro – Mas notei que errei ao escolher o castigo, estive com Nalla nos portões do fade* e ainda aqui ela preocupa-se com você, rogou-me que lhe ajudasse a superar sua morte, que o fizesse compreender que ela estava bem e que você deveria seguir em frente. E foi ai que percebi que tinha razão eu errei, errei quando lhe dei por companheira uma vampira muito mais virtuosa do que de fato merecia e errei quando a puni pelas suas palavras, mas estou disposta a corrigir o meu erro e deixa-la voltar a vida – os olhos do vampiro chamuscaram de esperança – claro que isso dependerá única e exclusivamente de você

— Eu faço qualquer coisa

— É mesmo? Qualquer coisa? Mesmo sabendo que se voltar a vida será vinculada a outro, não lembrar-se de você e de nada que tenha dito respeito a vocês, assim como todos os que estiveram a volta de vocês durante esse tempo? Sabendo que essas lembranças existirão única e exclusivamente em sua cabeça?

— Sim, aceito qualquer coisa. Desde que ela possa voltar a vida e ser feliz

— Ainda que saiba que, com a volta de Nalla, volta também a prática dos escravos de sangue? – todos os músculos do vampiro tremelicaram em pavor e ele imediatamente fechou os olhos tentando apagar as imagens e o som do chicote estralando em suas costas

— Sim, ainda assim – respondeu em um fio de voz

...

Isabella acordou naquela manhã sentindo o corpo dolorido por todo o estresse do dia anterior. Em sua mente, a imagem dos três dragões brigando ainda eram nítidas e seu significado uma incógnita para a vampira. Por que os dragões negro e avermelhado pareciam a proteger?

Decidiu que precisava parar de pensar nisso ou enlouqueceria, puxou os cabelos para trás esfregando o rosto em seguida. Saltou da cama olhando as próprias mãos. No centro da palma direita havia um símbolo negro, um desenho arredondado coberto por insígnias no antigo idioma com finas e pequenas linhas saindo do centro dele para fora do circulo

— Não! – choramingou a vampira com os olhos fixos no desenho – Não! – repetiu esfregando a mão freneticamente como se o ato fosse capaz de apagar a imagem dali – Não! – gritou socando o colchão inúmeras vezes com a mão desenhada, as lágrimas já descendo pelos olhos – Desgraçada! – gritou com toda a força de seus pulmões – Desgraçada! – Continuou gritando enquanto jogava tudo o que via pela frente ao chão

...

Edward pegou a bandeja com alimento naquela manhã e olhou em volta na tenda em busca de um lugar para sentar-se. Logo avistou Jasper que acenava freneticamente para que se juntasse a ele. O problema era que o loiro estava sentado junto ao vampiro de ego grande. Mas ainda assim, juntou-se a ele

Como sempre, por pegar uma quantidade de alimento menor do que os demais o humano terminou primeiro o que fez Jessica declara-lo cuidador oficial de Anne que estava melancolia aquela manhã, tal como se compreendesse a morte de Angela. A tristeza nos olhos da vampirinha partia o coração do humano que a embalava em seus braços quando Isabella juntou-se aos demais em seu costumeiro mal-humor

— Bella estamos na torre de verão – observou Emmett falando pela primeira vez naquela manhã o que fez Edward revirar os olhos enquanto se empenhava em animar Anne com brincadeiras infantis

— Muito bem observado Emmett – respondeu a vampira com desdém

— Por que está usando luvas? – perguntou o outro de maneira desconfiada e Edward acabou olhando de soslaio para a vampira identificando que de fato ela estava usando luvas, mas ainda não conseguia compreender o motivo do incômodo do outro com a escolha da fêmea. Isabella travou o maxilar e manteve os olhos fixos nos próprio prato o que fez a atenção do humano ser dirigida completamente a ela

— Não é da sua conta Emmett – respondeu carrancuda evitando olhar o macho. Emmett abriu os olhos como se a resposta da amiga tivesse lhe dito mais do que realmente disse e em um único movimento rápido puxou a mão da fêmea arrancando-lhe a luva e virando a palma para cima

Edward olhou com curiosidade o símbolo negro jamais visto por ele enquanto se perguntava se a expressão de pânico no rosto do macho deveria significar que aquilo não era uma coisa boa

— Leelan* - choramingou e Isabella imediatamente ficou em pé segurando o rosto do macho com as duas mãos o olhando fundo nos olhos

— Está tudo bem nallum* não precisa se preocupar - tranquilizou-o enquanto secava as lagrimas que escorriam dos olhos do macho – Eu tenho escolha, você sabe disso. Eu direi não e ficará tudo bem

— Você sabe que será persuadida a dizer sim, não sabe? – perguntou Jessica em cumplicidade e Edward começou a sentir uma sensação estranha de medo daquele símbolo

— Mas não direi! – garantiu Isabella – Eu juro a você que direi não – ressaltou grudando a testa na de Emmett enquanto o vampiro ainda chorava

— Mas afinal de contas, o que está acontecendo? – perguntou Jasper

— Bella foi escolhida como a nova guardiã da joia – respondeu Mike e Edward imediatamente se colocou de pé derrubando a cadeira em que estava sentado no percurso. A vampira e o humano trocaram um profundo olhar de temor

Continua...


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Notas finais do capítulo

Glossário do antigo idioma:

Thally: Querida
Shellan: Companheira
Lesser: Sociedade redutora de vampiros
Fade: Reino atemporal onde os mortos reunem-se com seus antepassados
Tumba: Cripta sagrada usada para cerimônias
Ahstrux nohstrum: Guardião pessoal com proezas para matar
Hellren: companheiro
Glymera: semelhante a aristocracia
Mahmen: mãe
Pahmen: pai
Lewlhem: presente
Princeps: o nivel mais elevado da aristocracia, estando abaixo somente das guardiãs, sacerdotisas e primeira familia
Primeira familia: familia real
Leelan: muito amada
Nallum: amado


Eita que esta começando a ficar bom kkkkkkk FDS último cap da 1° fase.

Gostaria de fazer uma observação geral sobre a Bella, me divirto muito com os comentários de vcs e ate com as MPS xingando ela sério gargalho quando leio kkkk
Primeiro por ser engraçado a revolta de vcs com ela. Segundo pq é uma grande satisfação pessoal saber que estou conseguindo o que me propus desde o começo. Ao contrario das minhas outras fics, a ideia não era fazer uma personagem fácil de amar, mas sim uma que despertasse a indignação de quem a conhecesse e estou muito feliz já que aparentemente estou conseguindo

Bjus e não deixem de comentar



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