Meu mundo pequeno escrita por Myah


Capítulo 6
Sequestro Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Oie... gente, o capítulo vai ser mais longo, mas espero que gostem.
Esse capítulo da história vai ser dividido em partes, e aqui vai a parte um.



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Cheguei em casa, tudo revirado, do chão até o teto. Os móveis estavam quebrados, o piso sujo de alguma coisa que parecia sangue e as paredes quebradas em algumas partes. Vidro estilhaçado enfeitava o chão como floquinhos de neve mais brilhantes e mortais do que o normal. O ar cheirava a enxofre, a a atmosfera do meu lar não era nada agradável de se sentir. Estava mais quente e mais úmido, a casa parecia guardar escuridão entre as paredes, daquelas que te pegam e não te largam nunca mais. Eu ouvi um gemido abafado vindo do segundo andar. Tentei não parecer apavorada, podia não ser uma coisa ruim. Bom, eu estava enganada.

Cheguei no segundo andar e vi um rastro de sangue indo pro quarto do meu irmãozinho. Fiquei realmente assustada. Podiam levar tudo, mas se encostassem num FIO DE CABELO do meu Gui, então ia se ver comigo. Pois é, eu estava considerando a possibilidade de ter ocorrido um assalto. Caminhei lentamente até a porta, e encostei a cabeça para ouvir um pouco. O que eu ouvi não estava muito claro.

*Choro*

— Me matem, mas deixem meu filho em paz!

— *Voz abafada* diz logo!

— Eu *Voz abafada* mal!

*Mais choro, agora desesperado*

— NÃO! DEIXA ELE!

Foi nessa hora que eu percebi o que estava acontecendo ali. Assalto coisa nenhuma. Desci o mais rápido possível e procurei o telefone, pra chamar a polícia urgentemente. Qual foi a minha surpresa ao saber que tinham cortado o fio... peguei o meu celular, mas foi só eu começar a discar que uma mão tapou minha boca enquanto outra mão tirava o celular de mim.

— Você não ia ligar pra polícia, não é mesmo?

— Mmmn!

— Foi o que eu pensei. - O cara disse isso e jogou meu celular no chão, e depois pisou nele.

— MMMMNN!

Eu não conseguia falar  direito com aquela mão na minha boca. Então ele imobilizou meus braços e começou a me levar pra cima, provavelmente para o quarto do meu irmão onde estavam ele e minha mãe, supostamente. Na metade da escadaria eu resolvi reagir: mordi a mão do homem e aproveitei a distração que eu tinha criado para fugir dele. Corri o mais rápido que eu pude, para fora da casa. Chegando no jardim, eu olhei para trás e ele estava logo atrás de mim. O problema é que eu iria ficar cansada logo, e ele venceria. Mas eu não queria que ele vencesse. Corri para um pequeno bosque que ficava atrás da minha casa, pulei uma cerca baixa que nos separava e entrei no bosque. Eu corria o risco de me perder? Sim. Mas se perder é melhor do que morrer. A menos que você morra  enquanto está perdido.

Fui por um caminho que não tinha muitos galhos, portanto eu faria menos barulho, mas percebi que ele estava bem atrás de mim. Acelerei o passo, e corri mesmo, até eu me arrepender. Nisso de correr muito rápido e ficar olhando para trás, eu acabei não percebendo o barranco logo à minha frente. Não deu outra, eu caí mesmo, e fui rolando ladeira abaixo, engolindo terra, enganchando em raízes e batendo a cabeça em pedras. Mais pro final da queda, um galho pontudo furou minha perna e rasgou do joelho até o pé. Então eu caí numa lama nojenta lá embaixo, que me sujou inteira. Bom, melhor lama do que sangue. Então eu percebi o cara que tinha tentado me capturar lá em cima olhando pra mim. Fiz uma coisa típica da autodefesa dos animais: me fingi de morta. Parar de me mexer foi fácil, parecia que cada pedacinho do meu corpo estava grudado no chão lamacento, então eu só tive que manter os olhos parados e abertos. Minha visão estava turva, e eu só conseguia enxergar as formas das coisas, sem mais detalhes.

O cara ficou olhando por mais ou menos um minuto, para ter certeza, e eu quase estava piscando, de tanto que meus olhos ardiam naquele momento. Quando o homem foi embora, eu finalmente pisquei e me levantei dali o mais rápido que pude. Continuei andando (para ser mais específica, eu estava rastejando), mesmo com toda aquela dor, até chegar em um lago bem pequeno. Era raso, também, chegava somente no meu joelho, mas serviu pra mim beber água e limpar meu sangue, que escorria de todos os lugares: boca, nariz, mãos, barriga, perna... Depois de mais ou menos limpa, sentei perto do lago e descansei.

Não sei quanto tempo fiquei ali, dormindo, mas foi o suficiente pra me tirar a tarde: quando acordei já era noite. A minha perna tinha parado de sangrar, o corte não tinha sido profundo, mas o desespero continuava. Meu irmão estava sofrendo, minha mãe mais ainda, tinha gente má na minha casa e tudo que eu queria era sair daquele bosque escuro. Bebi mais água do que meu estômago conseguia aguentar, e comecei a andar de novo. Depois de um tempo, comecei a ver as luzes da cidade, e percebi que estava na minha casa de novo. Um pouco mais longe de onde eu tinha entrado. Tentei pular a cerquinha, mas com aquela perna era impossível. Fiquei sentada atrás da cerca observando a casa, e percebi que todas as lâmpadas da casa estavam desligadas. Me bateu um aperto no coração só de imaginar minha única família que restava ainda nas mãos daqueles carrascos. Decidida a ajudá-los, pulei a cerca e ia em direção à rua quando alguém me viu saindo e correu atrás de mim. Com a minha perna daquele jeito, eu não conseguiria escapar outra vez.

— Eu sabia que você não tinha morrido!

O cara me imobilizou de novo e eu não tinha mais o que fazer. Dessa vez, nada de mãos perto da boca cheia de dentes pontudos. Nada de esperanças de fuga. Ele me levou para onde eu já esperava que ele me levasse, o quarto do meu irmão. Quando eu cheguei lá, gritos vinham do quarto, e eu fiquei desesperada. Ele abriu a porta, e eu vi meu irmão chorando, com um corte feio na cara, minha mãe também chorando, porém estava com cortes feios por todo o corpo, e os dois estavam amarrado. Meu irmão estava amordaçado, e a mordaça da minha mãe foi tirada pra ela falar com o bandido. Fui jogada perto do meu irmão e amarrada também. Quando a mordaça veio, a fixa finalmente caiu: eu estava perdida.

— Vamos! Você não tem medo de morrer? Diz onde tá o dinheiro!

— Eu não tenho nada! Não sei que dinheiro é esse! Por favor, deixa a gente!

O cara puxou uma arma, meus olhos arregalaram e meu irmão chorou ainda mais.

— Ou você diz onde tá ou o seu filhinho morre!

— EU NÃO SEI!!!! EU JURO!

— Mas que frieza, hein? - Vez do cara que me prendeu falar.

— É mesmo. Nem pelo filho... mas eu também faria a mesma coisa.

— Mas... eu sou seu filho...

— Se você não quer dizer, então eu vou fazer mais! Mato o seu filho e levo a garota!

— MAS EU NÃO SEI QUE DINHEIRO É ESSE, ME MATA, MAS NÃO MATA MEUS FILHOS!

BAM!

Vi os olhos do meu irmão arregalarem. O tiro acertou na coxa.

BAM!

Na barriga.

— Pega a menina e leva ela pro carro.

Eu comecei a chorar. Eu não sabia mais o que iria acontecer, e eu poderia perder meu irmão. Não, isso não.

 


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Notas finais do capítulo

Talvez eu demore pra postar a outra parte, tá?
Tchau!



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