The beginner teenager escrita por Hetsan Peppers


Capítulo 5
Capítulo 5 - A noite - parte 2.


Notas iniciais do capítulo

E vamos ao final deste longo capítulo dividido em dois ♥
Boa leitura.



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A rota até a casa do brutamonte Joe foi curta, porém longa para mim já que Thália insistia em se abraçar no meu braço, apertando seus vastos úberes em mim. Tentava ignorar esse fato olhando para papai pelo retrovisor interno que, de vez em quando, espiava para conferir se estava tudo bem ali atrás. Aposto que ele via em meus olhos o quão desesperado eu estava, pedindo para ele me salvar daquela situação peculiar. Eu realmente não sabia por que a de cabelo azul estava daquele jeito em mim, queria o máximo de contado, mas aquilo era contato demais.

—Thália – Falei baixo, tentando dispersar a observação constante de Frankie Oliver, sem sucesso, pois ele rapidamente virou-se para o retrovisor, olhando-nos e esperando por ação.

—Domi – Respondeu meio confusa, já que estava prestando atenção no lado de fora da janela.

—Você pode... – Mexi um pouco meu braço, fazendo um sinal para que ela soltasse. Ela sorriu um pouco e obedeceu, libertando-me de seus úberes por completo – Obrigado.

—Você é gay mesmo – Apoiou seu cotovelo na janela, ajeitando seu decote. Isso fez papai olhar-me desconfiado, como se quisesse dizer algo que havia esquecido. Mesmo que já estivesse cansado de ouvir sobre essas coisas desconhecidas por mim, ignorei tentando ser gentil e não ficar uma pilha de nervos como fico quando papai e mamãe me escondem as coisas. Apenas cruzei os braços e continuei a encarar, pacífico, a silhueta perfeita de Thália Anderson pelas luzes da calçada. Seu cabelo estava mais belo que nunca, seu corpo mais a mostra que tudo. Ela era com certeza muito bela.

Chegamos à casa de Joe e logo na frente podíamos ver três de seus amigos gigantes e animais, entre eles, Owen que não era tão gigante e animal, lançando de lá para cá uma espécie de bola colorida. Jogavam-se no chão, socavam-se e coisas do tipo. Realmente não entendia essa diversão em machucar os outros. A casa tinha uma enorme varanda de madeira com janelas que pareciam mostrar todo o interior da casa, as luzes estavam todas acesas e o som estava alto, tocando uma melodia estranha, psicodélica e sem noção.

Eu e Thália saímos do carro e logo a garota correu até Owen, interrompendo sua brincadeira com os brutamontes. Abraçou-o forte como se nunca tivesse o visto na vida. O loiro estava, com certeza, muito estranho. Ficava sorrindo demais, olhava para Thália como se olhasse para um bife suculento. Ela deu dois tapinhas em suas costas e voltou-se a mim, indo em minha direção novamente.

—Para quem não queria vir ele está bem feliz...

—O que houve com ele...? – Questionei, percebendo a estranheza no rosto de Owen. Ela riu, colocando a mão adoravelmente sobre sua boca, para cobrir os dentes.

—Ele ta chapado – Puxou-me pelo braço e foi me levando até a entrada da casa. Eu estava realmente muito assustado – Vou tentar não te deixar em encrenca ta?

—Encrenca é meu segundo nome – Tentei ser “descolado”, falhando pessimamente – Dominic Encrenca Oliver Campbell.

Ela mal ouviu.

Seguimos para dentro, o lugar deveria ser arrumado, mas já estava cheio de copos nas mesas e nos pés da cadeira. Três adolescentes conversavam descontraídos na sala, dois na cozinha, enchendo mais os copos de um líquido transparente semelhante à água, mas numa garrafa bem mais ornada, alguns como eu e Thália desciam uma escada. Seria este o tal “porão enorme”? Onde aconteciam as festas?

Não era tão escuro lá em baixo, tinha os sofás, uma mesa de bilhar, um aparelho na parede que, com meu pouco conhecimento distingui que fosse uma televisão, uma mesa de centro onde três pessoas jogavam cartas e riam alto. A que ria mais alto era Joe, que parecia estar ganhando e debochando bastante da cara dos outros convivas.

Eu e a de cabelo azul sentamos em um sofá de dois lugares e ali ficamos. Eu sabia que Thália estava esperando que Joe a olhasse e viesse até ela, mas esse desejo não durou mais de cinco minutos, pois ela se levantou e foi até ele meio que sem paciência para espera-lo. Foi até a mesinha de centro e a chutou de leve, apenas para chamar a atenção do moreno, que logo virou seus olhos para ela.

Logo, mais pessoas foram descendo até que uma boa parte da gente (a parte que não estava sorridente e com fumaça saindo da boca, exceto Owen) já estava lá em baixo, então Joe largou as cartas, se levantou e foi até as escadas, fechando a porta do porão. O cheiro do que eles tomavam havia se acumulado fortemente ali e aquilo me enjoava terrivelmente. Thália havia ido sentar com o capitão do time e eu havia ficado sozinho no sofá de dois lugares, segurando-me para não tontear e cair. Meus olhos pesavam e uma dor de cabeça tensa ocupava-me, queria sair dali, mas não podia deixar a minha futura esposa sozinha. Alguns adolescentes cantavam sobre a letra de músicas chamando aquilo de “karaokê”, as garotas dançavam, os caras jogavam cartas e seguravam na cintura das meninas. Cada vez mais minha cabeça girava, estava muito quente e abafado lá. Até que...

 -Hey gente – Um cara de cabelo vermelho espetado parou o tal karaokê e fez todas as atenções se voltarem para ele – Alguém topa jogar 15 minutos no paraíso?

Alguns murmurinhos de risadas e sorrisos surgiram. Perguntava-me o que era isso.

—Que viadagem é essa, Turner – Joe gritou, rindo.

—Toda galera fica de olhos fechados – O garoto fazia movimentos estranhos com as mãos, fazendo-as bater nas suas calças de couro – E o dono da festa escolhe duas pessoas para ficarem no armário juntas, “se divertindo”.

E continuaram rindo.

—Depois todos abrem os olhos e fica no ar o casal – O louco de couro foi até Joe, esperando sua resposta.

—Pode ser – Fez um sinal com a mão, pedindo para que todos sentassem – Todo mundo fecha o olho ai galera.

Todos fizeram, então decidi obedecer também. Eu realmente não havia visto aquele armário alojado na parede (que também parecia grande). O silêncio era evidente, até que depois de alguns minutos risadinhas e passos começaram e atravessaram o salão. A porta do armário fora aberta, a pessoa estava lá dentro.

—Senta ai – Joe falou rindo, acho que a pessoa decidiu obedecer.

Ele esperou mais alguns minutos, contei quatro, e continuou a andar. Andou pelo meio do porão, batucou nas escadas, passou a mão pela parede, balançou alguns copos e finalmente... Aproximou-se calmo de mim, colocando a mão no meu ombro. Isso me fez automaticamente a abrir os olhos e levantar-me. Eu estava tremendo como nunca. “Se divertir” não era do jeito que eu imaginava como jogar um jogo de tabuleiro ou contar piadas sobre animais, ou charadas. Levantei-me e olhei diretamente para o moreno, que tirou meus óculos e o pendurou sobre sua cabeça: - Não precisa disso no paraíso.

—N... – Tentei murmurar uma negação para ele, mas Joe logo tapou minha boca.

—Não vale falar – Rosnou –Se vocês conversarem, estarão fora da festa.

Todos riram.

Ele me ajudou a entrar no armário, pondo-me sentado em um banquinho pequeno no chão. Era com certeza muito desconfortável, mas aceitei minha punição, ele logo fechou a porta. Chegou a hora de todos abrirem os olhos, pareciam notar a falta de duas pessoas, e logo riram alto e bateram palmas, assoviando também. Joe ordenou que a música continuasse a rolar, e rolou.

Minha visão estava muito embaçada e a única luz dali era a que vinha das frestinhas da porta do armário, era com certeza um lugar muito desconfortável. A outra pessoa parecia tímida, muito encolhida e sem se mexer. Meus seis graus de astigmatismo não conseguiam focar no rosto da pessoa, para mim era apenas uma sombra de pele pálida.

A pessoa foi se aproximando, até alcançar-me e passar a mão sobre minha nuca, pousando-a por fim no meu queixo e o puxando para ele. Eu estava muito assustado, tentava desviar de sua mão, que insistia em segurar-me. Elas eram um misto de macio e áspero, não eram muito pequenas, eram do tamanho das minhas. Com o outro palmo voltou-se a minha nuca, trazendo-me mais para perto, até que o tempo pareceu voltar a passar muito devagar. Certo que aquilo deve ter acontecido em um piscar de olhos, mas pareceu uma eternidade. A pessoa grudou seus lábios nos meus, puxando-me cada vez mais para perto de si, até que me pegou em um momento de fraqueza e arrastou-me para o seu colo, ficando sentado sobre suas pernas. Eu me debatia, estava quase chorando, mas tentei me acalmar. Eram apenas quinze minutos. A pessoa era com certeza maior que eu já que podia levar-me em cima de suas coxas, prender-me em seus braços longos. Pelo perfume, defini que aquilo não era uma menina. Não conseguia mais resistir, o cheiro forte da bebida dos jovens e o ar abafado do armário me davam uma sensação de sufoco, a única coisa que eu não podia evitar era a respiração constante daquela pessoa junto a mim, roçando seus lábios nos meus, tentando enfiar sua língua ali também, mas aquilo eu não iria tolerar. Será... Que teria alguma chance daquilo ser Thália? Os lábios eram grossos e úmidos, do mesmo jeito que eu havia imaginado os dela.

Apenas fechei os olhos e aceitei, teria que passar quinze malditos minutos daquele jeito com essa pessoa desconhecida. Todas as minhas esperanças de que aquilo seria a minha querida futura esposa estavam acabadas, mas eu realmente não ligava mais, porque o calor do ser junto a mim já tomava conta das minhas costas, a qual acariciava por baixo do meu moletom vermelho. O cheiro daquela pessoa era muito forte e nossos lábios, depois do inicio, se separaram apenas uma vez em uma relutância minha. Em alguns momentos mal me importava em virar-me para o lado, porque a pessoa continuava, grudando seus lábios no meu pescoço e acariciando-me ali, fazendo-me emitir sons meio animalescos e estranhos, baixos. Já passava do ponto em que eu nem lembrava-me mais de Thália, lembrava apenas de que eu estava lá com essa pessoa que, de certa forma, me dava o que ninguém nunca havia me dado antes. Descobri tempo depois que o nome daquilo era “beijo” e tinha várias categorias, de diferentes modos e era com certeza muito viciante e envolvente. Pensava que, não importava com quem fosse, era uma coisa maravilhosa, fazia minhas costas ficarem quentes e minha virilha formigar. Abaixo do meu traseiro eu sentia algo incomodar enquanto a pessoa ainda insistia em me puxar para mais perto dela, usando-me como um boneco em seu colo. Eu tinha noção do que se tratava esse volume e foi nesse momento que percebi que eu estava grudando meus lábios com outro homem, e que não era Thália Anderson, e que era uma pessoa que eu nem devia conhecer, e que eu estava gostando, e que a outra pessoa também estava, e que todos na escola ficariam sabendo disso afinal, era a festa do capitão do time de futebol o cara mais famoso de lá.

Foi uma mistura de emoções muito grande, medo por não conhecer a pessoa a qual tive meu primeiro beijo, por pensar em Thália em um momento repentino e aleatório, assim que a pessoa começou a fazer mais movimentos e a acariciar minhas calças, e a abrir o fecho da minha calça e continuar o trabalho, mexendo ali sem nenhum pudor. Doía demais.

—Ok, ok, acabou o tempo... – Joe abriu o armário, revelando a todos nossa situação. Ele não devolveu meus óculos, mas corri e fiz minha mão voar sobre sua cabeça apanhando-os rápido. Não quis saber de mais nada, eu apenas ouvia risadas altas, muitas e muitas, todos riam de mim, debochavam. Mal me preocupei em ver a pessoa a qual eu havia passado esses quinze minutos “amorosos” no armário. As risadas ecoavam em minha cabeça e a faziam latejar, naquele momento, mais que nunca, eu iria sair dali o mais rápido possível sem olhar para trás, sem esperar Thália Anderson. Ela e outro adolescente eram os únicos que não riam, pois estavam afastados, ela sentada em seu colo, ele grudando seus lábios nela. Foi à única cena que eu pude observar antes de subir as escadas, abrir a porta do porão e sair correndo o mais rápido possível. Eu apenas conseguia chorar em um misto de desespero, desprezo de mim mesmo por ter agarrado uma pessoa que eu mal conhecia por uma droga de jogo e uma tristeza profunda por ver outro macho agarrando Thália. Teria ela feito o mesmo que eu? O que eu estava pensando... Ela nunca teria os mesmos sentimentos que eu tinha, nos conhecíamos há apenas um dia e o local estava cheio de cães selvagens prontos para brigar comigo, um mero rato, por ela. Aceitei a derrota e fui para a calçada arfando.

Retirei meus óculos, tentei aliviar a minha cara de choro e as lágrimas. Durante a rota de carro até a casa de Joe, papai havia me cedido seu “numero de telefone” e, pelo fato de Thália não gostar de carregar bolsas, pediu para que eu pudesse carregar o celular dela comigo.

Ajeitei os óculos na frente dos meus orbes úmidos e encarei aquele objeto estranho e um tanto luminoso em minha frente. Apertei o único botão que havia ali e aquilo ascendeu num só, em meus olhos em um clarão. A imagem de um urso surgiu, era de pelúcia e era roxa com um coração preto no centro, a tela indicava “deslize para desbloquear”. Fui eu como um australopitecos mexer naquilo e acabei por conseguir desbloquear. Na outra tela, uma foto de Thália era o plano principal. Estava em um traje de banho na frente de um espelho. Evitei. Meu coração já estava, com certeza, muito despedaçado para uma noite só.  Localizei uma figura com o formato de um telefone fixo e apertei. Contei a papai tudo que havia acontecido.

Papai chegou a um piscar de olhos.

—Vamos – Falou muito preocupado ao ver meu estado – Conversaremos...em casa.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Obrigado por lerem e até a próxima.



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