Capítulo 16.

Por: Bubblegum.

Jolly Roger.

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A portinha no chão rangeu anunciando minha presença. Dei os primeiros passos pelo convés, atraindo a atenção dos piratas. Percorri os olhos pelo local, procurando por Hook. Olhei para o alto e o encontrei. Hook estava na parte de cima do navio, escorado na madeira observando o mar.

Ponderei se deveria chama-lo ou ir até ele. Resolvi ir.

Subi a pequena escadinha, escutando os rangidos da madeira antiga. Não demorei a chamar a atenção do pirata. Hook desviou o olhar do mar e me encarou.

— Pensei que ficaria trancada lá dentro até amanhã. – Ele falou rindo.

Me encostei no navio e fiquei junto a ele. Hook pareceu não se importar.

Ao longe eu conseguia ver a ilha de Neverland, porém o navio já estava bem distante da mesma. Ironicamente, parecia ser tudo bem pequeno agora. Até meus problemas com Peter.

O vento soprou de leve, bagunçando meus cabelos e me causando um certo arrepio.

— Vocês já jantaram? – Perguntei juntando meu cabelo para prende-lo num coque.

— Não. Está com fome? – Hook perguntou. Fiz uma careta como resposta. – Imaginei.

— Estou enjoada. – Falei. – Nunca estive em alto mar.

Hook deu uma risada pelo nariz.

— Despois você se acostuma. – Falou simples.  Dei de ombros. – Eu pelo contrário, estou morrendo de fome.

Hook se distanciou descendo as escadas. Porém, ele se deteve e me olhou.

— Você vem? – Perguntou. Assenti, caminhando até ele.

Passamos pelos piratas indo até o outro lado do navio.

— Ah, eu ainda não te apresentei. – Ele falou, parando no meio do percurso. – Tripulação! – Gritou, fazendo todos os piratas pararem e se organizarem diante nós.

Abri a boca meio assustada e respirei fundo.

— Vocês já devem ter percebido que temos uma nova marinheira conosco, não é? – Ele perguntou. Os piratas gritaram. – Bem, conheçam a nossa nova amiga, Kethelyn. – Ele me apresentou. O olhei com o cenho franzido. – Bem-vinda ao Jolly Roger, querida.

Hook tinha um sorriso simpático no rosto, ou pelo menos era o que parecia.

— Obrigada. – Agradeci olhando para os piratas.

— Bem, agora vamos comer! – Exclamou, fazendo um alvoroço se iniciar.

Os piratas correram para dentro de um pequeno quartinho deixando eu e Hook para trás. Senti a mão de Hook em meu ombro. O encarei e ele levantou as sobrancelhas, se dirigindo até o quartinho. Suspirei o acompanhando.

Entramos e eu fitei os piratas enquanto eles pegavam suas comidas, as devorando com pressa.

— Venha. – Hook me puxou até uma pequena mesinha num canto. Ele puxou um das cadeiras e eu me sentei.

— Não imaginei que fosse tão educado. – Falei o encarando com uma sobrancelha levantada. Ele riu.

— Não sou como Pan, querida. – Rebateu. – Vou pegar nossa comida. – Hook se afastou, indo até uma mesa grande onde estava o jantar.

Franzi os lábios, apoiando os braços sobre a mesa. Olhei ao redor, procurando algo que chamasse minha atenção. Não encontrei nada.

— Aqui. Espero que goste de peixe. – Falou me entregando um prato. Analisei o conteúdo e comecei a comer.

— Não tem veneno aqui, né? – Perguntei de boca cheia. Hook gargalhou.

— Sabia que estava esquecendo alguma coisa. – Ele brincou, começando a comer.

Nós comemos em silêncio e eu sentia Hook me olhar vez ou outra. Diferentemente de Peter, seu olhar não me incomodava tanto.

— Vou dormir. – Falei assim que acabei de comer.

— Ok. – Respondeu. Hook se levantou e me acompanhou até o quartinho em que eu dormiria.

Andamos calmamente pelo convés e eu tremi ao sentir o vento frio da noite.

— Está com frio? – Hook perguntou.

— Você não? – Retruquei. Hook tirou a jaqueta pesada e de couro e a colocou sobre meus ombros.

Senti o peso da jaqueta grande de couro em meus ombros e  me perguntei como ele consegue usar essa coisa pesada durante tanto tempo.

— É melhor se aquecer. Aqui faz mais frio do que na ilha. – Ele disse, abrindo a portinha no chão.

— Ou seja, se na ilha faz frio aqui neva? – Perguntei brincando. Hook abriu um sorriso divertido.

— Durma bem, querida. Amanhã seu dia será cheio. – Falou me olhando de uma forma estranha. Resolvi ignorar.

— Boa noite. – Desejei fechando a porta.

Percebi uma iluminação no quarto e vi que se tratava de uma vela. Caminhei até a rede e me sentei, tirei os sapatos e vesti a jaqueta de Hook. Puxei um cobertor velho e fino que estava enrolado na rede e me cobri.

Fechei os olhos, sentindo minhas pálpebras pesadas e me entreguei ao cansaço mental e físico que eu sentia.

[...]

“Estava num lugar escuro e fechado. Olhei em volta procurando por algo. Não havia ninguém ali.

Do nada algo apareceu em minha frente. Uma pessoa. Cabelos loiros escuros, magro e alto, uma roupa verde e engraçada o vestindo e botas longas com aspecto pesado.

— Peter? – Perguntei me aproximando. Não podia ver seu rosto, pois ele estava com a cabeça baixa. – Peter! – Chamei.

Ele levantou a cabeça e me olhou. Parei estática no mesmo lugar enquanto o observava.

— Eu sou um monstro, querida. E agora eu vou devorar o seu coração. – Falou com uma voz rouca e assustadora.

Me apavorei ao ver Peter se aproximando de mim. Seus olhos estavam num tom vermelho sangue, e sua expressão era a de um psicopata.

Tentei correr, mas meus pés pareciam estar presos, grudados no chão. Voltei a olha-lo apavorada e de olhos arregalados. Cada vez mais ele se aproximava.

Dei um grito agudo ao sentir a mão de Peter ultrapassar meu peito. Ele agarrou meu coração e o puxou para fora”.

— Não! – Dei um grito agudo, me sentando bruscamente na rede e indo de encontro ao chão em seguida.

Ofeguei sentindo a madeira fria. Minha roupa estava colada em meu corpo e minha testa suada.

Olhei para cima, me deparando com três piratas me olhando sérios. Os encarei atordoada e tentei me levantar, mas eles foram rápidos e vieram até mim, me puxando para cima. Os piratas me seguraram fortemente pelos braços e me empurraram até a escada. Um deles subiu na frente enquanto os outros dois mandaram que eu subisse, subindo atrás de mim em seguida.

Cerrei os olhos recebendo uma luz forte em meu rosto. Pisquei algumas vezes e minha visão focou novamente.

Escutei uma risada e percebi que Hook estava a minha frente. Junto com ele estava o resto dos piratas.

— Olha, é tão fácil te enganar que chega a ser inacreditável. – Falou rindo com escárnio.

— Hook? – Perguntei meio perdida. - O que está fazendo? – Olhei em volta, vendo uma roda de piratas ao nosso redor. – O que está acontecendo?

Ele gargalhou e veio até mim.

— Eu disse que não sou como Pan, querida. – Falou, fazendo uma pausa. – Eu sou pior. – Completou.

— Han? – Franzi o cenho.

— Você fez uma péssima escolha quando resolveu confiar em mim, querida. – Ele continuou, me fazendo lembrar as palavras de Peter.

— Está me dizendo que me enganou? – Perguntei, trincando os dentes com força.

Ele sorriu de lado maldoso, segurando minha mandíbula inferior.

— Se chama atuar, minha linda idiota. – Ele falou.

Fechei minhas mãos, cravando as unhas na palma e tentei acertar um soco em Hook ou algo que o fizesse tirar suas mãos sujas de mim. Porém antes de conseguir realizar meu ato, dois piratas seguraram meus braços, um de cada lado.

— A amarrem e tranquem-na no porão. – Ele ordenou.

Abri a boca para dizer algo, mas fui interrompida por um pano que foi colocado agressivamente contra a minha boca. Um forte cheiro impregnou minhas narinas e eu me senti dopada radicalmente.

Depois disso só senti um peso grande em meu corpo e apaguei.

[...]

Continua...