O cabo de vassoura caiu das minhas mãos. Eu permanecia imóvel, sem acreditar no que estava acontecendo. E ele continuava ali, sorrindo. Depois de um tempo em silêncio, eu finalmente consegui falar algo.
— V-você é r-realmente Jung Ho...Seok?!
O mesmo sorriu abertamente.
— Sim, S/N, eu sou Jung Hoseok.
Ele se aproximou e eu me afastei, até ser parada pela parede.
— Permita-me dizer que você é linda, S/N.
Eu pensei em gritar por socorro, dizer que havia um maluco dentro do meu quarto, mas antes que pudesse dizer algo, ele me entregou um envelope. Ao abrir, havia uma foto do lago em que minha avó havia me levado. Atrás da foto, havia uma mensagem:

"Enjoy your wish."*

Olhei novamente para "Hoseok" e lá estava ele, sorrindo. Não sabia se poderia ter dúvidas. Seu sorriso, seus olhos, seu cabelo... Era tudo muito igual. Lentamente passei minhas mãos pelo seu braço, os apertando de leve. Eram, de fato, pele, carne e ossos. Olhei séria para seu rosto sorridente.
— Se você é mesmo Jung Hoseok, quero que faça o dance solo de Silver Spoon e de No More Dream aqui e agora.
Ele se locomoveu até o centro do meu quarto e fez os dois solos perfeitamente iguais aos do show. Estava quase tendo certeza de que realmente ele era o J-Hope.
— Está bem... Agora cante 1 Verse.
Imediatamente ele o fez. Sua voz era indiscutível. Eu estava ficando assustada. Tranquei a porta do meu quarto.
— Como você veio parar aqui e como você está falando tão fluente o português?
— Eu não faço ideia. - Disse se aproximando de mim novamente. - Mas seja o que quer que tenha acontecido, eu agradeço. Nossa S/N, você é muito linda!
Eu senti meu corpo tremer e minhas mãos suarem frias. Por mais que eu não quisesse acreditar, ele era tão idêntico. Parecia uma cópia perfeita.
— O-o-briga-da. - Disse me esquivando. - Mas eu ainda não consigo acreditar que você é mesmo Jun...
Ouvi batidas na minha porta.
— S/N? Por quê trancou a porta, filha?
Ouvi a voz do meu pai e entrei em desespero. Peguei o suposto Hoseok pelo braço e o levei até meu banheiro.
— Entra no boxe, não faça nenhum barulho e muito menos saia daí para nada! Ouviu bem?
O maior assentiu com a cabeça e assim o fez. Corri para abrir a porta.
— Oi pai.
— Que demora para abrir, S/N. O que estava fazendo?
— E-eu estava trocando de roupa.
— Entendi. Bem, vim tirar o lixo do seu banheiro...
Peguei o saco de sua mão.
— Pode deixar que eu tiro, pai. E levo para você depois.
Meu pai me olhou erguendo a sombrancelha.
— Está bem, querida. - Ele se virou para sair. Quando ele se virou eu prendi a respiração de nervosismo. - Ah! Sua mãe mandou avisar que o café estará pronto em 10 minutos.
Assenti com a cabeça e ele saiu. Voltei a trancar o quarto e deixei o saco em cima da cama. Olhei para a porta do meu banheiro.
— OK. Se acalma, S/N. Não é nada demais. É somente Jung Hoseok no boxe do seu banheiro. - Chacoalhei a cabeça. - Você está vendo coisas, isso sim.
Houve batidas na porta novamente. Abri e vi meu irmão do lado de fora.
— Ouvi seu grito. Acontec...
Puxei S/I para dentro do quarto, trancando a porta novamente.
— Mas o que foi isso, S/N?!
Peguei o pedaço de madeira novamente.
— Vem comigo ao banheiro.
S/I riu.
— Já sei. Tem um bicho lá dentro, né? - Disse, estendendo as mangas do moletom. - Vamos lá, irmãzinha.
Chegamos lá e S/I viu o boxe fechado.
— Ah, ele deve estar dentro do boxe né? - Disse ele abrindo o boxe. - Deixa comigo que e...
S/I perde a fala ao ver Hoseok dentro do boxe.
— Já posso sair, S/N?
S/I dá um grito, pega o cabo da minha mão e dá uma pancada em Hoseok, que desmaia na hora. Arregalei meus olhos.
— O QUE DIABOS VOCÊ FEZ, S/I?!
S/I olha assustado e nervoso para mim.
— Tem um homem no seu boxe, S/N! POR QUÊ TEM UM HOMEM DENTRO DO SEU BOXE?!
— Você já olhou para a cara desse homem?!
S/I se aproxima para olhar seu rosto. Ele me encara boquiaberto, apontando para o corpo estirado no boxe, encontrando as palavras.
— É.. Ele... É... É... J-J...
— É, seu idiota! É o J-Hope!
S/I ia gritar mais uma vez quando eu consegui tampar sua boca.
— Isso! Grita para o papai e a mamãe ouvir, seu mongolóide.
S/I pôs as mãos na cabeça, as arrastando para o rosto. Olhando fixamente para Hoseok. Até que ele me olhou, com o semblante de desespero.
— Vamos ligar para a Interpol, S/N.
Revirei meus olhos e imitei sarcasticamente.
— "Alô, é da Interpol? Encontrei Jung Hoseok dormindo ao meu lado e agora ele está desmaiado no boxe do meu banheiro porque meu irmão o acertou com um cabo de vassoura." - Olhei séria para ele, distribuindo vários tapas, enquanto ele se acanhava de dor. - Nós é que vamos presos, S/I!
— Ai S/N... - Disse ele tentando se levantar novamente. - E o que a gente vai fazer então?
Ouvi batidas na porta novamente.
— S/N? S/I?
— Sim? - Respondemos uníssono.
— O café está na mesa.
S/I me olhou.
— Estamos indo, mãe.
Dei mais um tapa em seu ombro, que fez o maior se acanhar e me dar atenção.
— É o seguinte: nada de contar para eles, nem para ninguém. Vamos deixar ele aqui escondido, tomamos o café e você vai inventar alguma desculpa para pegarmos a carro e levá-lo até a casa da vovó.
— Mas o que a vovó tem a ver com isso, S/N?
— Ai, S/I! - Bati nele novamente. - Só faça isso!
— Para de me bater, disgramada! Que eu saiba não sou seu saco de pancadas.
Lancei um olhar mortal para ele.
— Continua me irritando que você vai virar rapidinho.
S/I saiu apressadamente do quarto, enquanto eu escondia o corpo de Hoseok de volta no boxe. Peguei o lixo do meu banheiro e o tranquei por fora.
— Deus, que ele não acorde até eu voltar do café!