Love Story escrita por Queenie Winchester


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olás, sejam bem-vindos a Love Story. Eu não tenho muito o que falar, então serei breve. Essa é a minha primeira fic Olicity e eu estou um pouco nervosa. Espero que gostem, boa leitura.



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Esse amor é difícil / Mas é real / Não fique com medo / Nós vamos sair dessa bagunça / Essa é uma história de amor / Querido apenas diga que sim

Love Story - Taylor Swift

 

“Faltavam duas semanas para o baile de inverno da escola, mas Sara agia como se fosse na próxima noite. Ela estava visivelmente preocupada com a roupa que iria usar, afinal depois de ter o segundo melhor par para o baile o mínimo que ela merecia era o melhor vestido da ocasião.

Diferentemente dos outros anos, o baile seria temático este ano e depois de inúmeras discussões entre os membros do corpo discente — do qual Sara fazia parte — ficou estabelecido que o tema seria “A corte dos sonhos”. Pelo que Sara havia me dito, se tratava de um baile no melhor estilo conto de fadas, onde todos seriam príncipes e princesas até que no fim da noite um casal fosse consagrado rei e rainha do baile.

Sara estava animada, ela fazia parte da organização do baile e queria que tudo fosse o mais encantador possível, assim como o príncipe que lhe acompanharia durante toda noite, o glorioso Thomas Merlyn.

Tommy, como ele era conhecido pelos corredores do Starling College, era filho de um dos empresários mais importantes de Starling City. Herdeiro da Merlyn Global Group, dono de uma fortuna incontável, Tommy era o típico playboy. As roupas caras, os carros de luxo, as festas enormes e uma coleção de corações despedaçados por sua causa contribuíram para tamanha popularidade.

— Acho que você deveria reconsiderar, Licie. — Sara me chamou pelo apelido como uma tentativa de me fazer mudar de opinião.

— Sara, eu já disse que não tenho a menor intenção de ir a esse baile — respondi pela milésima vez, torcendo para que ela não me fizesse justificar o motivo.

Afinal, a história de que a CDF do clube de xadrez, da banda da escola e do grupo de informática não se encaixava nas festas das líderes de torcida e dos jogadores do colégio já não poderia mais ser usada. Barry — meu melhor amigo, membro do clube de xadrez e do clube de ciências — iria ao baile com ninguém menos que Caitlin Snow, provavelmente a pessoa mais popular daquele colégio, depois de Laurel Lance, irmã gêmea de Sara.

— E por que não? — Sara pressionou me olhando nos olhos.

— Porque não me sinto à vontade. — Estava sendo sincera, embora não fosse apenas esse o motivo.

— E por causa de Laurel, não é? — Sara me olhou com uma sobrancelha erguida. — O que a vaca da minha irmã disse para você que te fez pensar em não ir ao baile?

— Laurel não me disse nada — respondi indiferente.

— Mentirosa! — Sara me acusou prontamente. — Conheço você desde que tinha sete anos Felicity Smoak, eu sei muito bem quando você mente para mim!

Okay — dei-me por vencida. — Laurel e eu discutimos e ela me disse algumas coisas que não foram legais. Para ser honesta, sua irmã é uma vaca.

— Eu sabia! — Sara exclamou furiosa. — Não deixe a Laurel te intimidar Licie, vamos ao baile, vamos dançar muito!

— Sara, o problema não é só esse — eu disse calmamente.

— E qual seria?

— Está implícito no contexto de ir ao baile que a pessoa deve ter um par, mas principalmente que esse par deve ser do mesmo nível que ela — expliquei. Aquela era minha mais forte dentre todas as razões para não ir ao baile. — E a única pessoa que poderia ser o meu par é justamente uma exceção a essa regra. — Completei satisfeita com a minha justificativa.

— Pois é... — Sara pareceu pensativa. — Você fala demais... Allen vai com a Snow, eles são ótimos juntos... — divagou. — Oliver não tem um par... — continuou pensativa. — Espera! — gritou de repente. — Oliver não tem um par! OH. MY. GOD. Felicity! Você vai com Oliver Queen.”

Se eu pudesse prever toda a confusão que tomaria conta da minha vida no exato momento em que Sara proferiu tais palavras eu jamais teria concordado com a sua sugestão. De todas as encrencas em que Sara me meteu — e eu admito nunca ter ao menos tentado me livrar delas — Oliver Queen foi sem dúvidas a mais perigosa.

Oliver era — e ainda é — o mais próximo que a civilização moderna irá chegar de um deus mitológico. Se eu pudesse relacioná-lo a um deles, provavelmente seria Apolo, o deus sol, aquele pelo qual todas suspiram. Todas, inclusive eu.

Se houvesse algum tipo de maldição sobre mim, certamente seria a de me apaixonar por Oliver Queen. Não que eu reclame dos seis anos em que nos conhecemos e fomos amigos, ou dos dois anos de namoro e um de noivado. Mas o modo como acabou, bem, não foi dos melhores. E tudo o que me restou, foi estar diante da minha TV vendo a mais um jornal anunciar a minha desgraça:

“Oliver Queen vai casar!”

Era o que diziam a maioria das reportagens, após alguns paparazzis terem flagrado o herdeiro da Queen Consolidated em um jantar romântico com ninguém menos que Dinah Laurel Lance, a promotora da cidade, a aluna exemplar, a filha exemplar, a mulher exemplar.

Ela era a definição da palavra exemplar, ou pelo menos aparentava ser.

Laurel era o tipo de garota que tinha os pais nas mãos Fazia-se de coitadinha, mas por dentro era o próprio diabo. Na escola, por exemplo, ela comandava o famoso “CheelerClub” que era nada mais nada menos que o grupo mais popular do lugar, repleto de líderes de torcidas, jogadores do time da escola, pessoas ricas e Laurel Lance.

Enquanto Laurel esbanjava sua beleza e atraia todos os olhares de orgulho e admiração, sobrava à Sara apenas as críticas. Sara não era como Laurel, fútil e cheia de manias. Sara tinha um sorriso simples no rosto e comentários divertidos em qualquer ocasião. Talvez tenha sido por isso que nós nos aproximamos.

Não que em algum momento da minha vida eu tenha sido divertida como ela, ou até mesmo sociável. Eu era apenas eu. Primeira aluna da classe, formada no MIT com honras, QI acima da média, tagarela em plantão e ex-noiva de Oliver Queen. Prazer, Felicity — completamente azarada — Smoak.

Ouvi a campainha de meu apartamento tocar. Ótimo, visita. Já não estava atrasada mesmo.

— Licie! — Minha mãe gritou assim que eu abri a porta, me abraçando fortemente em seguida.

— Mãe?! — Eu estava surpresa, não era todos os dias que Donna Smoak aparecia em minha porta.

— Ah, que saudade do meu bebezinho! — Ela fazia uma voz que deixaria qualquer criança traumatizada por soar incrivelmente idiota.

Minha mãe era do tipo que nunca iria envelhecer. As roupas exageradamente curtas e coladas ao corpo, a maquiagem sempre bem-feita, os saltos, e claro, a mente de uma adolescente maluca resumiam perfeitamente a pessoa de Donna Smoak.

— Mãe. — Rolei os olhos. — Não sou um bebê.

— Para mim ainda é. — Respondeu, entrando em meu apartamento. — Já disse que adoro esse lugar? Todas essas cores e esses móveis maravilhosos quem diria que um dia você teria o seu próprio cantinho?!

— Mãe... — chamei-a arrastando a voz, mostrando claramente que eu queria que ela fosse direto ao ponto.

— Ah Felicity, você é uma estraga prazeres. — Disse ela, enquanto se sentava no sofá. — Parece até que não me quer por perto.

— Não é isso, é que eu estou atrasada. — Aquela era a verdade, se não fosse por isso eu certamente aceitaria sua companhia, estava mesmo precisando de algo fora do normal para espairecer as ideias. E não havia nada mais fora do normal que Donna Smoak.

— Você trabalha demais Licie. — Ela me encarou com certo pesar nos olhos. — Não tem tempo para nos visitar, Quentin sente sua falta nos almoços em família. Às vezes penso que era tudo melhor quando você trabalha em Central City, com o Dr. Wells. Desde que veio para Starling e começou a trabalhar para os Queen parece que só se distancia mais da gente.

Pude sentir o peso de suas palavras em minha consciência. Ela tinha razão, desde que voltei para Starling City as coisas estavam um pouco fora de ordem — e com um pouco eu queria dizer muito.

Eu havia voltado há mais ou menos seis meses, depois de ouvir inúmeras reclamações de Oliver e de minha mãe. Não que eles fizessem um complô ou algo do tipo, afinal eles não se conheciam. Ou pelo menos não se conheciam do jeito certo. 

Porque, convenhamos, quem não conhecia Oliver Queen nessa cidade?

Nesse meio tempo eu me dividia entre correr atrás de um apartamento, correr atrás de um emprego e tentar impedir que Oliver me contratasse para qualquer cargo que fosse na sua empresa. E embora hoje eu trabalhasse lá, vamos deixar claro que foi por mérito próprio e um pouquinho de sorte.

— Eu sei mãe — admiti, sentando-me ao seu lado. — E eu sinto muito. Não quero ser a filha ingrata, mas é que aconteceram tantas coisas ultimamente.

— Então fale comigo Felicity. — Donna Smoak havia assumido o seu tom de conselheira.

Se ela ao menos soubesse como eu queria poder falar.

— Não hoje — afirmei. — Mas me diga: o que te traz aqui, a essa hora?

— Vim te fazer um convite — ela respondeu sorridente, com olhos brilhando. Nada de bom poderia vir disso, absolutamente nada. — Amanhã, às 20h lá em casa vamos dar um jantar em comemoração ao aniversário de Sara e Laurel. A família toda tem que estar presente — afirmou. — Os Queen irão, e você sabe como eu provavelmente irei ficar desconfortável perto de Moira. Ela vai me olhar estranho.

— Mãe, todo mundo te olha estranho. — Ela me olhou brava. — A questão é que eu não posso ir.

— Por que não?

“Porque até algumas semanas atrás eu estava dormindo com o noivo de Laurel”, eu pensei em dizer, mas era melhor não espalhar esse tipo de coisa perto da minha mãe.

— Porque Laurel me odeia. — Lembrei-a de maneira simples e direta, sabendo que ela não iria questionar.

— Imagine, vocês não se veem há anos...

— Há cinco anos mãe, os cinco anos mais felizes da minha vida. — Contei de maneira teatral.

— Aquilo era implicância de criança, você sabe que Laurel sempre foi um poço de ciúmes.

“Oh sim, eu sei, e como sei... Lembra do meu primeiro computador? Aquele em que ela ‘acidentalmente’ derrubou água? Pois é, aquilo definitivamente foi um sinal de ciúme. ”

— Okay, mãe, se eu disser que vou a senhora me deixa trocar de roupa e ir trabalhar? — Perguntei dando-me por vencida, afinal eu estava atrasada.

— Claro meu bebê! — Minha mãe bateu palmas animadas.

— Então, amanhã às 20h, aniversário das Lance. — Tentei passar a ela a segurança de quem iria, o que obviamente não iria acontecer. — Combinado.

— Ótimo! — Ela correu e me abraçou fortemente. — Agora vou deixar você trabalhar. — Afirmou, pegando sua bolsa e indo em direção a porta. — Mamãe ama você! — Gritou ela, enquanto fechava a porta do meu apartamento.

Segui para meu quarto, precisava me trocar e correr para a empresa. Iria ser um longo dia. Assim que cheguei ao meu departamento fui avisada de que minha presença era solicitada no andar da presidência. O andar onde Oliver passava a maior parte do seu tempo. Eu só torcia para que não tivesse sido ele a me chamar.

Assim que as portas do elevador se abriram eu pude encarar as paredes de vidro daquele andar. Tudo era tão transparente e tão frágil que eu não conseguia parar de questionar o porquê.

— Meu pai queria mostrar a todos que não tinha nada a esconder. Que o que acontecesse aqui seria visto por todos. Fosse algo bom ou ruim. — A voz rouca às minhas costas me fez prender a respiração por um momento.

Eu não sabia o que fazer. Não queria encará-lo. Não queria lembrar das coisas boas que aconteceram entre nós. Mas eu precisava olhar em seus olhos e tentar encontrar algum pequeno sinal de que ele ainda era meu.

Então, eu me virei e me deparei com aquele par de olhos azuis brilhantes me encarando como dois globos de luzes. Aquilo com que a minha mente vagasse para longe. 

Muito longe...

“A festa acontecia do lado de dentro da casa. Eu podia ouvir a música eletrônica alta tentando abafar alguns gritos de extrema felicidade de alguns adolescentes. Da varanda da casa, eu via a lua e as estrelas no céu brilhando muito mais que os globos de luzes que a pouco eu encarava no salão. Eu não deveria ter vindo. Sair de casa nesse imenso vestido de gala foi definitivamente a pior coisa que eu havia feito na vida.

Eu deveria ter ouvido Sara. 

Teria sido mil vezes melhor ser mais uma de Oliver Queen que a abandonada pelo Cooper.

Lá estava eu no único lugar que eu havia jurado nunca estar: no fundo do poço. Eu havia sido humilhada de várias formas em uma única noite, mas ainda insistia em estar aqui. Por quê? O que de tão importante teria esse baile repleto de pessoas mesquinhas e egoístas com quem eu provavelmente nunca troquei uma palavra nos quatro anos no Starling College? Não havia nada para mim ali. Nada.

Virei-me decidida a inventar qualquer desculpa à Sara por sair às pressas e ir embora. E foi então que eu o vi. Ali passando por entre a multidão. Desviando de vários casais, eu o vi. E ele me viu também.

— Oi. — Foi tudo o que ele precisou dizer para que meu coração pulasse dentro do peito.

— Oi — eu respondi sem graça.

— Você deve ser Felicity. — Ele me encarava e o medo se apoderou de mim. Ele era bom demais para ser apenas gentil comigo. — Oliver Queen, o cara com quem você não quis vir ao baile.

Eu não sei exatamente quanto tempo eu fiquei sem respirar. Então ele era Oliver Queen? Definitivamente, de perto, ele era ainda mais bonito e atraente do que eu esperava.

— Eu… bem… eu… — Eu não conseguia pronunciar uma palavra sequer. Eu estava intimidada, tanto pela atitude ousada dele de vir falar comigo quanto pela presença dele.

— Se for um pedido de desculpas que você pretende formular, guarde-o. Vamos dançar. — Oliver me estendeu a mão.

Eu tinha consciência de que no momento em que aceitasse o convite, todo mundo saberia sobre isso. Todo mundo, principalmente Laurel. Mas era como Sara havia me dito na última tentativa de me convencer a vir ao baile com Oliver: “Oliver não quer mais saber de Laurel, logo ela não tem que se intrometer na vida dele. ”

Apoiei minha mão trêmula sobre a dele e deixei que ele me guiasse para o meio do salão. Eu podia sentir alguns olhares sobre nós, mas tudo o que importava era o que se passava entre a gente naquele momento. “

— Srta. Smoak? — Agradeci mentalmente quando a voz de Walter preencheu o ambiente.

— Sr. Steele. — Virei-me rapidamente para encarar o homem. — Disseram que a minha presença foi solicitada aqui na presidência, em que posso ser útil?

— Preciso que a senhorita me ajude com um imprevisto — respondeu de forma casual. — Por favor, me acompanhe.

— Claro — respondi dando o meu melhor sorriso. — Com licença, Sr. Queen. — Encarei Oliver brevemente e segui Walter até sua sala.

Walter Steele era um homem bom, um patrão bom. Ele sempre fora gentil comigo, desde o primeiro dia, mesmo depois de eu entrar surtando na sua sala por achar que seria demitida. Então qualquer coisa que ele me pedisse eu faria.

Concluir a tarefa de Walter foi fácil. Difícil era não querer questionar o motivo que o levou a fazer uma investigação minuciosa a respeito de um garoto de nome Roy Harper.

— Sr. Steele — chamei-o. — Eu sei que vou me arrepender disso, mas o que esse Roy aprontou para que o senhor tivesse que o investigar?

Ele me olhou de forma estranha. E por um momento eu temi perder algo mais que o emprego, algo como a minha vida, por exemplo.

— Desculpe, senhor — eu me apressei em dizer. — Não tenho nada a ver com isso. Embora seja uma surpresa um homem da sua importância se preocupar com um ex-presidiário órfão. Quer dizer, ele é só um garoto. Está prestes a completar vinte e um anos. Eu não sei o que o senhor poderia ter contra ele.

— Srta. Smoak. — O Sr. Steele me chamou e eu pude me dar conta de que só havia piorado a minha situação. — O garoto, Roy, é amigo da minha enteada. Estava pensando em oferecer o emprego de office-boy aqui na QC.

— Oh! Eu sinto muito se pareceu que eu estava pensando mal do senhor. Não foi minha intenção. — Eu estava vermelha, tinha certeza. Walter Steele era um homem bom, eu não tinha o direito de insinuar o que quer que fosse a respeito dele.

— Tudo bem Srta. Smoak — ele disse. — Já estou acostumado com as suas divagações, acho até que elas são divertidas. Mas não comente isso com ninguém, ou nos causará problemas. — Ele riu sutilmente e eu o acompanhei. — Agora pode ir, acho que já tomei muito o seu tempo. Obrigado.

— Eu que agradeço a confiança. Com licença.

Sai da sala do senhor Steele e segui rumo ao elevador. Eu estava pronta para voltar ao meu andar, quando ouvi uma voz me chamar:

— Srta. Smoak?

Dinah Drake, a secretária de Oliver, vinha apressada em minha direção.

Respirei fundo. O que ela poderia querer comigo?

— Dinah — chamei-a pelo nome. — Por favor me chame de Felicity.

— Tudo bem, Felicity. — Ela sorriu e continuou: — O Sr. Queen deseja vê-la.

Oh não. Deus isso não.

— Claro — respondi forçando um sorriso.

Queria poder dizer que percorri o pequeno trajeto até a sala do meu ex-noivo de forma tranquila. Que minhas pernas não bambearam. E que eu não estava suando mais que um maratonista em dia de prova. 

Mas eu estava verdadeiramente aterrorizada. Não havia motivo para isso, ou havia?

— Mandou me chamar? — Questionei colocando a cabeça para dentro da sala.

Ele me encarou por um instante antes de sorrir levemente e me deixar entrar. Deveria existir uma lei que proibisse Oliver Queen de usar ternos, aquela visão era muito tentadora. Eu só queria me jogar nos braços dele e despi-lo vagarosamente.

Deus! Eu parecia a minha mãe falando.

— Felicity — ele disse meu nome e eu senti meu corpo todo se arrepiar. — Esse é John Diggle, meu amigo e guarda-costas.

Olhei para Oliver incrédula, ele realmente estava me apresentando para alguém da vida dele? Justo agora? Por quê?

— É um prazer conhecê-la Srta. Smoak, Oliver fala bastante a seu respeito. — O homem, alto e de postura militar, me ofereceu a mão e eu a apertei prontamente tentando entender o que estava se passando por ali.

— É um prazer conhecê-lo Sr. Diggle, gostaria de poder dizer o mesmo, mas o Sr. Queen nunca me falou sobre o senhor. — Respondi da maneira mais profissional possível.

Mas a verdade é que eu estava com raiva, nunca escondi ninguém de Oliver e ele me esconde um amigo.

— Felicity — Oliver me chamou. — Ele sabe.

Okay, então ele sabia. 

Ótimo. 

Eu poderia surtar. Mas preferi fazer algo que eu estava com vontade de fazer desde o nosso término.

— Sabe do que Sr. Queen? — Sim, eu iria me fazer de desentendida.

— Sabe sobre nós. — Oliver replicou sem perder a pose.

— Nós? — Eu sabia que estava o incomodando com toda aquela dissimulação, mas iria até o fim. — Não sei do que o senhor está falando.

— Fe.li.ci.ty — ele disse pausadamente. — Ele sabe que nós estávamos juntos. Que éramos um casal.

— Sabe também que eu prendia você? Que te sufocava? — Revidei sem evitar a raiva. — Então ele deve ter uma excelente imagem da minha pessoa.

Oliver iria contestar, mas o barulho da porta se abrindo violentamente e a voz desesperada de Dinah o impediram.

— Desculpe Sr Queen. — A secretária se adiantou. — Eu avisei que o senhor estava ocupado

Oliver havia perdido a cor. Parecia que tinha visto um fantasma.

— Não se preocupe Srta. Drake — Garantiu calmamente depois de alguns instantes. Oliver não costumava chamar a secretária pelo sobrenome, então eu realmente me preocupei com quem havia acabado de entrar.

Quando estava pronta para me virar e encarar a pessoa, ouvi a última voz que desejava ouvir:

— O que pensa que faz na sala do meu noivo Felicity Smoak?

“Eu não saberia dizer há quanto tempo estávamos dançando no meio do salão. Ou qual era o significado das palavras que Oliver sussurrava em meu ouvido enquanto nos movíamos lentamente ao som de uma música romântica. Tudo o que eu desejava, era não ter que ir para casa.

Mas como em qualquer filme de romance, aquilo era a calmaria antes da tempestade. 

Senti meu corpo ser jogado para frente de uma forma nada sutil, fazendo com que eu me soltasse dos braços de Oliver. Virei-me para encarar a pessoa que havia esbarrado em mim. Laurel nos olhava furiosa, enquanto ao longe Sara e Tommy paravam de dançar e vinham em nossa direção. Felizmente, Caitlin e Barry chegaram primeiro e nos arrastaram para um lugar mais afastado, onde Laurel poderia fazer seu escândalo sem estragar a festa que eles tiveram tanto cuidado para montar.

Estávamos os sete em um dos quartos da casa, quando Laurel começou a gritar:

— Então você acha que pode roubar o MEU namorado, Felicity Smoak? — Ela me olhava enraivecida e eu só queria sair dali. 

Mais humilhação. Eu não merecia isso, merecia?

— Não sou seu namorado Laurel. — Oliver respondeu no mesmo tom que ela. — Deixei de ser há muito tempo. Você sabe.

— Além do mais — Tommy se meteu na conversa —, você viu o Oliver com várias garotas no colégio, mesmo quando vocês namoravam. Qual a diferença agora?

— A diferença é que eu ainda era a namorada do Oliver! A diferença é que o casal mais popular da escola tinha seus altos e baixos, mas permanecia junto! — Laurel gritava cada vez mais alto. — Só que a partir do momento em que o Oliver apareceu aqui sozinho e foi atrás dela — ela apontou para mim — tudo ficou diferente.

— Isso é ridículo da sua parte. — Caitlin saiu em minha defesa.

— Claro que a Santa Snow iria se pronunciar. — Laurel declarou sarcástica. — O que esse nerdzinho te ofereceu para vir ao baile com ele?

— Barry me ofereceu respeito e caráter! — Caitlin gritou pela primeira vez desde que eu a conhecia. — Coisa que o seu tipo de gente, o seu tipo de cara, não tem!

— O meu tipo de gente? — Laurel riu. — Espero que Tommy e Ollie não levem para o lado pessoal. Pois eles são o meu tipo de gente. — Ela encarou os dois e depois fixou seu olhar em Oliver. — Fique longe dela, Ollie. Ela não é como as garotas com quem você se diverte. Ela não tem nada para te oferecer.

— Eu não entendo o porquê de você pensar que eu vou te escutar ou até mesmo obedecer. — Oliver tentava manter a calma. — Não me interessa se Felicity pode ou não me oferecer o que quer que seja.

— Oh! Que gracinha! — Laurel exclamou teatralmente. — Não vai dizer nada pequena nerd? — Ela me olhou se aproximando perigosamente enquanto eu dava passos para trás.

— Laurel! — Sara gritou.

— Eu não vou bater nela, se é isso que te preocupa irmãzinha. — Laurel me analisou de cima a baixo. — Ela não vale o esforço. Não vê? Tire o vestido caro, provavelmente alugado, a maquiagem bem-feita no melhor estilo que só uma Lance poderia fazer, tire também as joias, bijuterias obviamente, solte o cabelo e voilá. — Ela me encarou com um brilho maligno no olhar. — Não sobra nada. Porque é isso que você é, Felicity Smoak. Nada.

— Laurel! — Eu ouvi Oliver gritar antes que eu pudesse sair pela porta sem rumo. “

— Laurel! — Oliver a repreendeu.

— Não se preocupe Sr. Queen. — Usei meu melhor tom de pessoa paciente e virei-me para a mulher.

Laurel estava diferente. Estava mais magra e loira. Há cinco anos, quando nos vimos pela última vez, Laurel tinha os cabelos castanho-escuros e compridos. Hoje eles passavam apenas alguns centímetros dos ombros.

— Devo repetir a pergunta Felicity? — Ela me encarou com os braços cruzados e cara de poucos amigos, mas mantendo o olhar de quem se achava superior.

Como eu queria jogar na cara dela que era na minha cama que o noivo dela havia passado os últimos anos. Mas respirei fundo, sabia que dizer isso era o mesmo que assinar a minha morte. Laurel não iria cansar de esfregar na minha cara que depois de anos era para ela que Oliver havia corrido.

— Laurel — comecei — eu trabalho aqui. É inevitável que em algum momento o seu noivo — não disfarcei o meu desprezo ao dizer tal coisa — precise dos meus serviços.

— Eu sei bem o tipo de serviço que você quer oferecer ao meu noivo, Smoak. — Laurel levantou a sobrancelha de forma desdenhosa.

Ela estava mesmo insinuando o que eu achava que ela estava insinuando?

“Calma Felicity, conte até três. Ela só quer te provocar. Ela só sabe fazer isso.”, eu repetia para mim mesma numa tentativa de controlar a minha vontade de bater nela.

— Laurel — Oliver disse irritado. — Felicity está aqui porque John precisa de um favor. Ela é a melhor do departamento de TI, além de ser de extrema confiança. Essa sua cena não faz o menor sentido.

Laurel não respondeu, apenas bufou de forma nada discreta e passou por mim esbarrando em meu ombro fazendo com que eu me desequilibrasse momentaneamente. 

Afinal, quantos anos tinha Laurel Lance?

Se aproximando de Oliver, ela fez o que qualquer garota mimada e popular faria ao ver o namorado conversando com a nerd: puxou-o pela gravata e o beijou. 

Se é que alguém poderia chamar aquilo de beijo.

Eu queria vomitar. Provavelmente eu iria vomitar a qualquer momento, eu sabia disso.

Quando os dois finalmente se separaram Laurel me olhou vitoriosa, enquanto Oliver não se dignou a me encarar. Ele apenas olhou de forma significativa para John que balançou a cabeça de forma positiva.

— Srta. Smoak? — O homem me chamou e eu o encarei. — Podemos ir até a sua sala tratar de negócios?

— Na verdade eu não tenho uma sala, é mais um cubículo, mas sinta-se à vontade para me acompanhar — respondi sorrindo para ele que sorriu de volta. — Com licença Sr. Queen.

Não esperei resposta e tão pouco me despedi de Laurel, apenas sai da sala com John Diggle em meu encalço.

— Oliver não a ama. — John comentou e eu fiquei em dúvida se ele falava de Laurel ou não. — Eu vi o modo como ele olha para você, os olhos dele brilhavam enquanto você estava perto. O modo como ele falava sobre Felicity Smoak era único.

— Aparentemente você não o conhece tão bem — disse com um pouco de amargura. — Ou não o via há muito tempo. Oliver não estava feliz comigo. Acho que nunca esteve.

— Está enganada Srta. Smoak — ele me respondeu.

— Por favor, me chame de Felicity, Sr. Diggle — disse sorrindo. Afinal para alguém que, aparentemente, sabia tanto sobre mim não havia motivo para formalidades.

— John — ele replicou e eu automaticamente entendi o que ele estava dizendo. Estava pondo fim na barreira que existia entre nós, deixando claro que poderíamos ter um relacionamento mais pessoal.

— Claro, John.

Passei grande parte da minha manhã desenvolvendo para John um sistema para gerenciar sua empresa de segurança. Aparentemente aquilo era um trabalho por fora da Queen Consolidated, o que explicava Oliver ter me chamado para realizá-lo.

Pelo que eu havia entendido, John — que era um ex-militar — e sua esposa Lyla, também ex-militar, estavam investindo em um novo ramo e Oliver havia se oferecido para ser sócio do casal. Aparentemente ele entraria com o capital e os dois com todo o resto.

Oliver era um bom empreendedor. Tinha sua boate no Glades, a Verdant, onde ele passava a maior parte de suas noites. Era o CEO da maior e mais próspera empresa de Starling City. E agora seria sócio de um investimento muito lucrativo e que estava crescendo de forma violenta em Starling. Afinal, todos os playboys e patricinhas milionários de Starling estavam inseguros com a criminalidade do Glades que aumentava a cada dia. 

Pensar no Glades me lembrou o jovem Roy Harper, que o Sr. Steele me pediu para investigar, não era culpa dele ter se tornado um ladrão. O lugar onde cresceu, somado à falta de condições e a pais muito doentes, não lhe ofereceu muitas opções de escolha.

Quando meu expediente finalmente acabou, mal pude acreditar. Estava exausta. Sai apressada para chegar a minha vaga o quanto antes. Não sabia se Oliver já havia ido para casa, apenas queria evitar um encontro.

Infelizmente, para mim, isso não ocorreu. 

Ali, diante dos meus olhos, estavam Oliver e Laurel envoltos no beijo mais selvagem que alguém poderia dar. Senti as lágrimas nos meus olhos, eu sabia que aquilo não deveria me afetar. Os dois já haviam se beijado na minha frente mais cedo, mas aquilo era diferente. 

Eu queria correr dali, correr para longe, sem olhar para trás.

“A pessoa que disse que saltos e corrida não combinam estava certa. Junte isso à uma escada imensa e a uma Felicity com os olhos repletos de lágrimas e tem-se o desastre ambulante que eu era naquele momento. Não sei quanto tempo levei para descer as escadas e muito menos quanto tempo gastei para encontrar uma saída daquele lugar. A única certeza que eu possuía era que precisava me distanciar daquele local.

De todas as vezes que eu havia sido humilhada naquela noite, a última sem dúvidas iria me atormentar pelo resto da vida. Quem Laurel pensava que era para dizer coisas tão horríveis para mim? Como ela capaz de ser tão má? Tão mimada? 

Talvez tenha sido esse o motivo que levou Sara a se afastar da irmã.

Sara era uma pessoa tão doce, tão gentil, sempre disposta a ajudar as pessoas. Mas Laurel não conseguia ser assim, havia algo de ruim dentro dela que dificilmente iria embora.

E pensar que minutos antes eu estava nas nuvens. Envolta pelos braços de Oliver Queen, respirando o perfume caro e marcante dele, ouvindo-o dizer que gostaria de me encontrar depois dessa noite, questionando se eu desejava o mesmo.

Isso, antes de Laurel.

Antes de Laurel eu teria dito sim. Teria me permitido cair em uma aventura amorosa ao lado de Oliver Queen. Mas agora isso estava fora de cogitação. Eu não queria vê-lo de novo. Não queria encontrá-lo de novo, porque sabia que se isso acontecesse Laurel faria da minha vida o pior dos infernos. Não existia um final feliz para o conto de fadas quando se tratava da nerd do clube de xadrez e do popular playboy do time da escola. 

Oliver não seria o meu príncipe e eu estava mais do que longe de ser sua princesa.

— Licie! — Eu ouvia Sara gritar de algum lugar.

Finalmente, eu havia parado de correr. Estava cansada, suando pelo enorme jardim. Por mais que quisesse fugir dela, eu não iria conseguir. Não enquanto meus pulmões lutavam para conseguir um pouco de oxigênio.

— Licie! —  Agora era Caitlin quem gritava.

Não respondi, ao invés disso procurei um lugar entre as várias árvores e me escondi. Patética. Quem foge dos próprios amigos?

— Licie! — Outra voz, Barry, eu sabia que era ele.

“Por favor, vão embora, por favor”, eu implorava mentalmente. Eu só queria ficar sozinha. Longe de todos eles. Eu queria apenas poder chorar em paz.

— Felicity! — A luta dos meus pulmões em busca de ar cessou ao ouvir Oliver me chamar.

“Ele não, por favor. Ele não”.

Eu estava encurralada, eu sabia. Fechei meus olhos e tentei ao máximo respirar sem fazer barulho, apenas ouvindo-os me chamar.

— Procurei dentro da casa. — Tommy contou notavelmente cansado. — Nem sinal dela. Acho que ela foi embora.

— Droga! — Oliver praguejou furioso. — Eu vou matar a sua irmã, Sara! Eu juro que vou!

— Não se eu fizer isso antes —  Sara emendou irritada. — Laurel é a pior dentre todas as vadias do mundo. Como eu posso ter uma irmã dessas! Inferno!

Sara estava com raiva de Laurel, eu sabia. E sabia também que a situação entre as duas nunca mais seria a mesma depois dessa festa. Mas honestamente, eu não me importava. Se Laurel não se importou com o que eu iria sentir enquanto me humilhava, eu não me importaria com o que ela iria sentir quando Sara quebrasse de vez o vínculo entre elas.

***

Quando o sol bateu nos meus olhos pela manhã eu mal pude acreditar que estava em casa. Sentia meus pés doerem, mas aquilo não me afetava. Eu estava em casa, ou parcialmente em casa, já que minha casa havia passado a ser a residência dos Lance. Eu havia dito ao meu pai que passaria o fim de semana com ele e a esposa na casa que a família dela tinha em Starling City. O que analisando os acontecimentos da noite anterior tinha sido uma excelente escolha.

Olhei para o relógio ao lado da cama. Meio-dia. Levantei-me correndo, indo até o banheiro tomar um banho para ao menos parecer apresentável na hora do almoço. Eu estava assustada não costumava dormir tanto. Escovei os dentes com pressa, não tinha realmente um motivo, mas eu o fiz mesmo assim.

Quando cheguei na cozinha, vi meu pai sentado em uma das cadeiras lendo um jornal tranquilamente.

— Bom dia — eu disse baixo.

— Bom dia luz do meu dia —  ele respondeu, como sempre respondia desde que eu me lembrava. — Como foi o baile ontem? — perguntou interessado.

— Chato — menti. — Não sirvo para essas coisas.

— Você espera que eu acredite nisso? —  Meu pai levantou uma das sobrancelhas.

— O que quer que eu diga? — Sentei-me de frente para ele dando-me por vencida. Eu sabia que ele sabia a verdade.

— Duas coisas apenas. — Ele me olhou deixando o jornal de lado. — Quem era o garoto que estava gritando na sua janela ontem a noite. E foi por causa dele que você voltou para casa chorando?

Eu congelei. Não me lembrava de ninguém gritando na minha janela. Ou me lembrava. Mas eu poderia jurar que estava sonhando.

— Oliver — deixei escapar num sussurro.

— Queen? — Ele me encarou interessado. — Não existem tantos Oliver’s nessa cidade. Foi ele quem te fez chorar?

— Não diretamente. — Contei a verdade. Oliver não tinha culpa de nada. — A ex-namorada dele nos viu dançando e não gostou.

— Ótimo, então eu fiz bem. — Informou ele, voltando a pegar o jornal. Eu o encarei sem entender. — Quando mandei ele ficar longe de você.”


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Notas finais do capítulo

Bom eu não sei se o tamanho do capítulo ficou bom. Até agora todos os que eu já escrevi tem o mesmo tamanho. Caso vocês achem que está muito grande, avisem que nos próximos eu divido em duas partes.
Muito obrigada por lerem até aqui, até o próximo!
Obs.: Vou postar uma vez por semana as sextas ou aos sábados, então não se assustem haha



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