O Vingador Infernal escrita por Elliot White


Capítulo 9
Guerra – Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/731051/chapter/9

Sangue pingava do corte no meu corpo, eu tremia fraco e amarrado com cordas nas mãos e nos pés, agora todos os serviçais do ‘deus’ estavam presentes, a rainha, o rei, o valete e o coringa.

Sentia dor e estava preso em uma cruz de tamanho humano da igreja.

— Se quer deixar de ser o meu cão, é isso que vai ter. Saiba que não tem volta. – Ele me olhou com seus olhos infernais.

— Procure outra pessoa para fazer o meu trabalho. – O provoquei, imobilizado.

— Sabe, não foi fácil transforma-lo em cão infernal, Gary. Reza a lenda que apenas o Hades em pessoa pode fazer isso, mas não é verdade. Eu consegui, depois de alguns sacrifícios. O cargo passa de geração em geração, e todos os cães infernais que já existiram, nenhum deles estava vivo.

— Como é? – Perguntei, desconfiado de que estava blefando.

— Se você está no inferno, é porque está morto, rapaz. Você morreu naquele dia em que apanhou dos bandidos terroristas. Depois, eu o trouxe de volta a vida. Bom, como um cão e não um humano.

“Ele tem razão. ”

“Todos os receptáculos que já habitamos, nenhum deles estava vivo. ”

As vozes caninas sussurraram mentalmente.

“Tem certeza de que quer isso mesmo? ”

Eu não iria voltar atrás, e repetia isso para mim mesmo incansavelmente.

Palavras começaram a ser proferidas em voz alta pelo ‘Hades’, enquanto dores insuportáveis faziam meu corpo formigar, como se estivesse sendo batido em um liquidificador.

O sujeito erguia suas mãos para mim, como um magico apresentando o seu truque. Os servos apenas assistiam a minha agonia, alguns sérios, outros sorrindo.

Se isso era morrer, de novo, eu estava preparado.

Um estrondo soou, seguido de um clarão forte na igreja, e três rapazes apareceram na minha frente do nada, e não estavam antes lá. A dor passara, mas eu suava frio. E não estava morto.

Os três se levantavam devagar, um tinha cabelos dreadlocks e uma barba por fazer, e se vestia como um surfista, o outro era mais velho e careca, mas mesmo não tendo cabelo ainda assim parecia bem jovem. O terceiro era moreno, usava um moicano social, de pele bronzeada e tinha uma cicatriz no rosto.

Olhei para o meu corpo. As tatuagens dos braços sumiram.

— Não pose ser.… eu pensei que vocês se pareciam com cães. – Pronunciei, ainda exausto.

— Ainda somos cães... mas possuímos uma forma humana também. – O rapaz alto de dreads respondeu.

— Muito bem, agora venham até o papai. Ainda preciso de vocês. E encontraremos outro corpo para os três. – O homem anunciou.

— Não tão fácil. – O cão de cabelos escuros afirmou. – Não pertencemos mais a você.

— Eu criei vocês! – Gritou, enraivecido.

— Nunca nos criou. Existimos desde que Hades mora no inferno, e já vivemos muito para tolerar ordens de um riquinho como você. – O rapaz careca entoou, exigente.

— Você nada mais é do que um humano pecador e nojento. Agora vemos o seu passado. Um pastor de igreja, que viveu odiando os homossexuais e defendendo o machismo e a agressão domiciliar. Viveu extorquindo o povo com dízimos. – O cão com ares de surfista bravejou, vendo uma expressão na face do adversário cada vez mais vulnerável.

— Eu cometi alguns erros, mas errar é humano. Eu nunca pensei que iria parar no inferno por causa disso. Tudo que fiz foi tentar concerta-los, este lugar é uma confusão, nada funciona aqui. Quando comecei a fazer cultos, pelo menos tínhamos voz. E essas almas precisavam de alguém para liderá-las.

“Foi por isso que li sobre como hipnotizar um demônio, e fazer obedecer a mim, e como criar um cão infernal. Demorou, mas consegui alguma coisa. E vocês três não irão tirar isso de mim agora! ”

— Tem certeza? Só porque está no inferno não muda o fato de que é um humano. Não tem poderes. Não é páreo para nós. – O moreno de cicatriz insinuou.

— Rainha! – Exclamou o sujeito.

A mesma, com seu vestido colorido, cujas cores eram as únicas no local que eu enxergava, levantou os babados do tecido, enquanto seu corpo caia, como se desmaiasse e fosse uma boneca, sem vida, e debaixo da saia surgia outra forma, do mesmo tamanho humano, traços femininos, porém completamente monstruosa, rugas estampavam sua pele, como se fossem tatuagens, e no lugar das suas mãos existiam laminas grandes como navalhas, seu rosto era feio, demoníaco e seus dentes afiados. Estava certo de que aquela era a verdadeira forma dela.

— Parece que teremos um osso para brincar hoje. – O mais velho, o careca brincou.

— Eu fico com ela. – A voz grave do barbudo interrompeu.

Em seguida o Coringa abriu sua roupa de bobo da corte, que mais parecia um macacão como se fosse uma fantasia de carnaval por um zíper, e de dentro saiu seu corpo rechonchudo e obeso, enquanto os ornamentos pontudos caiam e suas pelancas ficavam livres, era muito maior do que antes, era até desproporcional todo aquele corpo adiposo estar dentro de uma roupa tão pequena. O monstro tinha um rosto papudo e asqueroso, sua boca era tingida de tumores e sua língua gigantesca.

Depois o Valete começou a se despir, revelando sua verdadeira forma, a de um demônio braçudo e musculoso, devia ser o guarda costas do rei. Chifres brotavam da sua cabeça e também dos seus ombros, suas perninhas eram bem menores que os membros superiores. Por algum motivo ele segurava uma espécie de larva gigante nas mãos, como se fosse uma arma, uma lagarta viva e gorda.

A seguir o Rei removeu sua coroa, que perdeu o brilho assim que abandonou o dono, assim como a roupa quando foi descartada passei a enxerga-la como todo o resto do cenário – em preto e branco. Seus olhos eram leitosos e nebulosos, como se fosse cego, e no lugar dos braços e das mãos tinham grandes tentáculos com ventosas, como as de um molusco. Onde deveriam estar as pernas e os pés, também estavam tentáculos, como os de um polvo.

— Cães, se separem e lutem! – O careca, que lembrava um líder, ordenou, e todos partiram para os adversários. Estavam em desvantagem numérica, mas eu confiava no potencial deles.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nos vemos nos comentários!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Vingador Infernal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.