New Day escrita por Kemily Bez


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi! estou de volta com um novo capítulo, muito obrigada as pessoas que leram e as que estão acompanhando.



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Capítulo 2



                          Prim dormia em uma poltrona que a fazia parecer muito mais nova. Me agachei e toquei o seu rosto suavemente. Ela despertou no mesmo instante, os olhos azuis vermelhos e inchados.

                    Ela me encarou surpresa, depois pulou da poltrona e me abraçou, começando a soluçar logo em seguida. Minha irmãzinha que tinha acabado de fazer dez anos, tão nova e frágil tinha passado por isso sozinha.

                       Envolvi seu corpo com um só braço ainda agachada. seu rosto repousava no meu pescoço, ela se agarrava a mim com toda a sua força. Minhas próprias lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto pela primeira vez desde a ligação a algumas horas, tudo vindo de uma só vez.

                       Não consegui ignorar a culpa que crescia dentro de mim, eu tinha deixado elas sozinhas. Eu não voltava para casa a anos, em nem uma situação, meu contato com a minha família não passava de ligações. Eu tinha prometido cuidar delas, mas isso foi tudo que eu não fiz, de tudo que eu fugi.

                 -Vai ficar tudo bem garotinha, vou te levar para casa.-sussurrei no seu ouvido, ela deveria estar no hospital a horas. Prim se afastou de mim no mesmo instante, olhando nos meus olhos de novo, só que dessa vez tinha raiva é não surpresa.

                  -Não Katniss. A mamãe precisa de nós, temos que ficar!

                  -A mamãe vai ficar bem, tem bons médicos cuidando dela.

                  -Nós temos que ficar! Ela vai ficar assustada se não me ver quando acordar, Eu tenho que vê la.

                  -Prim,ela não pode receber nem uma visita agora, a situação dela é muito complicada. Prometo te explicar tudo querida. Mas temos que ir para casa agora, você passou a noite aqui.

                        Ela pareceu pensar, até que acenou com a cabeça, suspirando. -Promete? que vai me contar tudo?

 

                       -Eu prometo.

 

                      Prim pegou seu casaco e a Senhora Davis finalmente nos deixou ir, ela já tinha me dito o que precisava. Arrumei Prim no banco de trás do carro, ela já estava dormindo antes de sairmos do estacionamento.

         

               Hopkinton, a pequena cidade onde nasci e morei por dezoito anos da minha vida estava exatamente igual a sete anos, quando fui embora. As lojas eram as mesmas, assim como as ruas e as árvores, como se eu nunca tivesse ido embora.

                         E se eu não tivesse ido? me repreendi mentalmente, afastando o pensamento conhecido, eu não precisava ressuscitar mais fantasmas agora.               Depois de passar por vários lugares conhecidos, como a Igreja e a Escola secundária finalmente entrei no bairro onde vivi por anos, as casas não tinham mudado nem um pouco.

                         Fiz a curva e virei na rua familiar, tinha parado na frente da minha casa.  Estava exatamente como no dia em que eu me mudei, pintada de um ton de cinza e as portas e janelas brancas.

              o gramado parecia maior que o normal. Procurei na bolsa, mas estava sem as minhas chaves, a chuva já se preparando para cair.

                     Saí do carro e fui até a varanda, torcendo para a chave reserva ainda estar no lugar de sempre, no vaso de plantas que ficava suspenso na varanda.

                  Depois de mexer um pouco na terra encontrei a chave e respirei aliviada, a última coisa que eu precisava era ter que chamar um chaveiro para arrombar a porta. Deixando a porta aberta corri até o carro, abrindo a porta do carona e pegando Prim nos braços, que ainda  dormia.

                             A carreguei pelo caminho até dentro de casa, fechando a porta e a levando direto para o seu quarto. Depois de a colocar na cama tirei suas roupas, a deixando mais confortável.

                         Fui de novo até o carro é peguei a minha mala arrumada às pressas e a trouxe para dentro. Meu quarto estava da mesma forma, nada fora do lugar, os livros em seus lugares nas estantes, a escrivaninha arrumada é a cama feita, pela segunda vez no mesmo dia a sensação era de que eu nunca tinha ido embora.

                       Instintivamente olhei pela janela, em direção a casa ao lado. As cortinas estavam abertas o suficiente para ver que as paredes ainda eram

pintadas de laranja, mas não qualquer ton, era o laranja calmo do pôr do sol do tipo que não víamos aqui nunca, era a cor preferida dele. Me afastei da janela e fechei as cortinas, me repreendendo mentalmente, não era a hora disso.                                                                                                                                                                                                                                                                            

                 Me sentei na cama e puxei o celular do bolso, mas não tinha nem uma mensagem ou ligação perdida então o fechei e joguei para longe.

          Quanto tempo eu teria que ficar em Hopkinton? a Sra Davis não tinha me dito exatamente, mas a ideia de ficar nessa cidade por meses, que no mínimo era o que a minha mãe passaria na clínica, me assustava.

                          Por dois anos eu tinha me dedicado inteiramente ao meu trabalho na universidade, não tinha tirado nem um dia de férias. O reitor provavelmente entenderia quando eu explicasse a minha situação, mas é a minha pesquisa?

                          Eu estava fazendo progresso, depois de anos trabalhando finalmente meus experimentos estavam tendo bons resultados. Se afastar do Laboratório agora me causaria dor física.

                  Levei minha mala até o armário e comecei a arrumar as roupas que tinha jogado com pressa na mala antes de sair de casa.

                        Prim dormia profundamente na sua cama, seu quarto não tinha mudado nada, as paredes ainda eram pintadas de amarelo é com prateleiras para todos os ursos dela, as cortinas brancas tinham desenhos de flores coloridas.

                        Voltei para o meu quarto e tomei um banho, passando quase uma hora na água quente, tentando relaxar. Tudo que eu tinha segurando nas últimas horas finalmente caindo. Depois do banho me vesti com roupas confortáveis e deitando na cama, o cansaço da viagem de cinco horas fazendo efeito, mal fechei os olhos é já estava dormindo.  

 

                   O quarto da minha mãe estava uma zona, nunca teria acreditado se não estivesse vendo. Roupas e lençóis sujos estavam espalhados pelo chão todo, fora as outras dezenas de coisas espalhadas pelo chão.

                 Eu tinha acordado há algumas horas, pela pequena fresta na janela vi que o céu já estava escuro lá fora. Prim ainda dormia então decidi resolver logo a situação.

                        Fui até o quarto onde minha mãe tinha tentado Suicídio no dia anterior, queria limpar tudo antes que Prim acordasse, não queria que ela tivesse que ver isso de novo.

               Depois de recolher todas as roupas e lençóis é colocar na máquina de lavar comecei a jogar as outras coisas em sacos de lixo preto. Embaixo da cama encontrei várias garrafas de bebidas, do tipo bem forte.

                       O chão estava cheio de cacos de vidro, livros destruídos com folhas jogadas em todo o quarto cobrindo o chão todo, frascos de coisas variadas espalhadas. Ela deve ter tido algum tipo de surto, era a única explicação para tudo que tinha sido quebrado ali.

                             Depois de recolher a maior parte comecei a ver os vários frascos de remédios que teoricamente ela deveria estar tomando, minha mãe estava tomando Zoloft e até Lexapro . Tinham centenas de pílulas espalhadas pelo chão. juntei todas, não deixando sobrar nem uma, ate o cheiro me incomodava.

                   Varri e esfreguei o chão o máximo possível com alvejante, depois de colocar as poucas coisas que não tinham sido quebradas no lugar, saí e fechei a porta, o esforço físico tinha ajudado mas agora minha mente estava inundada de pensamentos.    

                     Por que ela tinha feito isso? eu sabia que ela tinha estado ruim depois que do papai ter morrido, mas não que as coisas estavam nesse nível.

                         O único remédio que ela tinha me dito que tomava era um calmante para a  insônia, mas pelos frascos de remédio ela devia estar em uma depressão severa. Porque ela não me contou? sentia o remorso apertar ainda mais.           

                        Aquilo era culpa minha, era para eu estar cuidando delas, mas eu não tinha nem voltado para casa nos últimos anos. Mas ela não tinha pensado em Prim nem por um segundo? no que ela estava fazendo com nós duas? era isso que ela queria, deixar Prim aos dez anos sem uma mãe também?

                                Felizmente o único cômodo bagunçado era o quarto da minha mãe, o resto da casa estava impecável como sempre.

                          A geladeira é a dispensa estavam abarrotadas de comida, pela primeira vez fiquei feliz por minha mãe achar que a Rússia iria invadir os EUA a qualquer momento, eu não precisaria fazer compras por muito tempo.

                          Mas só porque tinha comida não significava que eu sabia preparar muita coisa, essa era uma parte que eu nunca tinha aprendido. Minha mãe me ensinou o básico antes de eu ir pra faculdade, mas era só.  Acabei preparando uma das poucas coisas que sabia fazer bem, sopa.

              Eu já estava quase indo acordar Prim para comer quando ouvi ela me chamar da sala, ainda usando as roupas abarrotadas é os cabelos loiros estavam um ninho de passáros.  Ela parecia cansada, mas aparentemente estava bem.

                 -Você dormiu o dia todo, quer comer? ela apenas assentiu e voltou lá para cima.

                -Vou tomar banho.

                Depois de arrumar a bagunça que tinha feito na cozinha tentando fazer uma sopa  decente e colocar em tigelas para Prim e eu, já estava subindo para chamá la quando a campainha tocou. Não consegui não rolar os olhos, naquela hora toda Hopkinton já estava sabendo sobre a minha mãe, e consequentemente sobre mim, a garota que foi embora e nunca voltou para casa. Naquele lugar esquecido pelo mundo onde nada de interessante nunca acontecia a minha mãe seria o assunto discutido pela próxima década, se não mais.

                                    Só queria que não fosse alguma senhora desocupada querendo dar suas condolências falsas, fingindo que se importava com a minha mãe.     

             Até onde eu sabia ela nunca tinha se dado muito bem ou até gostado das mulheres da cidade, ela sempre tinha sido a forasteira de Hopkinton, sua única amiga era a Dra Ashcroft, a bibliotecária local.  Felizmente ou infelizmente não era nem uma senhora desocupada, mas não consegui esconder a surpresa ao ver a pessoa parada na minha frente, já fazia anos desde a última vez que eu tinha encarado aquelas piscinas azuis.

            -Peeta? Não fossem as olheiras arroxeadas embaixo dos olhos ele não tinha mudado nada. O cabelo loiro estava curto, a fisionomia era a mesma da adolescência é seu corpo também tinha mudado pouco, só parecia mais forte.  Ele pareceu tão surpreso quanto eu.

             -Oi Katniss, Passei aqui para ver se vocês estavam bem.

              Peeta é claro já sabia de tudo, trabalhando no Hospital da cidade.

             -Prim parece bem, mas acho que levar ela a um especialista parece ser uma boa ideia.

              -Posso te indicar alguns psicólogos infantis se você quiser.

              -Eu agradeço, você quer entrar?

              -Adoraria, mas não posso. Tenho um compromisso agora.

              -Tudo bem, mas só queria agradecer. A assistente do Hospital me disse que Prim chamou você, foi você quem prestou os primeiros socorros e chegou com ela no Hospital. Obrigada Peeta, você salvou a vida dela.

            

                   -Katniss tudo bem, não foi nada. Além disso crescemos juntos, nossos pais pescavam juntos,  Somos quase uma família.

                   

              Por um segundo pensei que ela ia dizer o que nós teria tornado família de verdade, o motivo de eu ter ido embora é não voltado desde então, até que ele pareceu perceber o que tinha dito.

                         -Obrigado mesmo assim.  ficamos nos olhando envergonhados, eu procurava qualquer coisa na minha cabeça, mas estava tudo branco. Eu tinha fantasiado esse momento milhares de vezes nos últimos anos, na minha mente nos abraçamos como milhares de vezes antes, tudo voltaria a ser como antes.         

                           Mas eu estava errada, o que tínhamos antes não voltaria. Eu tinha perdido a minha chance de um amor grande é bonito há muito tempo, tudo tinha mudado agora. Eu tinha que aceitar isso, tinha que aceitar que era hora de parar de sonhar, hora de esquecer.

               -Eu tenho que ir, Delly é meus pais estão esperando. Tchau Katniss, foi bom te ver. Boa noite. Delly? eu só conhecia uma garota com esse nome  em Hopkinton, foi quando entendi. Delly Cartwright, a garota que sempre foi apaixonada por Peeta Mellark.

                -Boa noite.   Ele estava já tinha atravessado o gramado em direção a sua casa, quase sumindo de vista na escuridão da noite quando sussurrei as palavras que tive medo de dizer durante anos mas que eram tão necessárias agora.

                 -Adeus.

                  

 


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? por favor, comentem o que estão achando, é importante!



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